Freud, o pai da psicanálise, criou diversas teorias que compõem a terapia da Psicanálise. Dentre elas, há o conceito de inconsciente. Você sabe o que isso significa? continue a leitura e aprenda tudo sobre esse elemento da psicanálise!

Para entender o que é Inconsciente é preciso, antes de mais nada, compreender seu duplo de seu significado. Essa palavra define todos aqueles processos mentais que ocorrem sem que o indivíduo se dê conta. Sem que tenha consciência sobre eles. Esse é o significado mais amplo, – ou genérico – atribuído ao termo.

A maior parte dos pesquisadores da psicologia e psicanálise defendem a existência desses processos. No entanto, quando esse termo é apropriado pela psicanálise, ele se torna um conceito. Por isso, dentro desse campo de pesquisa e trabalho, ela assume um significado mais específico.

O que é Inconsciente na Psicanálise

Uma metáfora comum para compreender o sentido psicanalítico do inconsciente é a do iceberg. Como a gente sabe, a parte emersa do iceberg, aquela que fica visível, representa apenas um pequeno pedaço de sua verdadeira dimensão. Sua maior parte permanece submersa, escondida sob as águas. Assim é a mente humana. Aquilo que a gente entende forma fácil na nossa mente é apenas a ponta do iceberg, o consciente. Enquanto o inconsciente é esse pedaço submerso e insondável.

Ademais, ele pode ser definido então como o conjunto de processos psíquicos misteriosos para nós mesmos. Nele, estariam explicados os nossos atos falhos, nossos esquecimentos, nossos sonhos e até mesmo paixões. Uma explicação, no entanto, sem acesso para nós mesmos. Desejos ou memória reprimidas, emoções banidas do nosso consciente – por serem dolorosas, ou de difícil controle – se encontram no inconsciente, quase sem acesso para a razão.

Essa definição pode variar dentro da própria psicanálise. Isso porque diferentes autores identificaram diferentes aspectos dessa parte de nossa mente. Por isso, vamos ver as distinções principais.

O que é Inconsciente Freudiano

A definição básica dada acima vai de encontro com a teoria psicanalítica de Freud. Para ele, o inconsciente seria como a caixa-preta da pessoa. Ela não seria a parte mais profunda da consciência, nem a que possui menos lógica, mas uma outra estrutura que se distingue da consciência. A questão do inconsciente é abordada por Freud sobretudo nos livros “Psicopatologia da vida cotidiana” e “A Interpretação dos sonhos”, que são, de forma respectiva, dos anos 1901 e 1899.

Muitas vezes Freud utiliza esse termo para se referir a qualquer conteúdo que se encontre fora da consciência. Outras vezes, ainda, refere-se ao inconsciente não para tratar dele em si, mas de sua função enquanto estado mental: é nele que se encontram as forças sublimadas por algum agente repressor, que as impede de chegar ao nível da consciência.

Para ele, é nos pequenos erros que acontecem em nosso dia a dia que se expressa o inconsciente. Tais como:

  •  confusões;
  • esquecimentos;
  • ou omissões.

Esses pequenos erros são uma forma de exprimir opiniões ou verdades que a razão consciente não permite. Dessa forma, a intenção do indivíduo veste um disfarce de acidente.

O que é Inconsciente para Jung

Para Carl Gustav Jung, o inconsciente é onde se encontram todos aqueles pensamentos, memórias ou conhecimentos que foram, um dia, conscientes mas sobre os quais a gente não pensa no momento. Está também no consciente aquelas concepções que começam a se formar dentro de nós, mas que apenas no futuro vão ser percebidas de forma consciente, pela razão.

Além disso, este autor ressalta a diferença entre seu conceito de inconsciente e o de pré-consciente de Freud, que são:

  • No pré-consciente estariam aqueles conteúdos que estão a ponto de emergir à consciência, prestes a se tornarem claros para o indivíduo.
  • O inconsciente, por sua vez, se encontra mais profundo, com esferas quase sem alcance para a razão humana.

Jung ainda diferenciou dois tipos de inconsciente, o coletivo e o individual:

  • o inconsciente pessoal seria aquele formado a partir das experiências individuais,
  • enquanto o inconsciente coletivo é formado a partir de concepções herdadas da história humana, esta que é alimentada pela coletividade.

É importante ressaltar que não há um consenso quanto a existência de um inconsciente coletivo, ainda que os estudos de mitologia ou religião comparada fortaleçam a tese.

O que é inconsciente para Lacan

O francês Jacques Lacan promoveu em meados do século XX uma retomada da perspectiva freudiana, Retomada porque esta se encontrava deixada de lado pela psicanálise daquele momento. À concepção do antecessor ele acrescenta a linguagem como aspecto fundamental para a existência do inconsciente.

Sua contribuição se baseia sobretudo na obra de Ferdinand de Saussure, um linguista e filósofo francês que teve como principal avanço a ideia de signo linguístico. Segundo ele, esse signo seria composto por dois elementos independentes: o significado e o significante. O signo não iria se formar a partir da união entre um nome (significado) e uma coisa (significante), mas entre um conceito e uma imagem. Segundo Lacan, assim também iria funcionar o inconsciente.

O autor ainda coloca que nos fenômenos chamados de lacunares – que são os sonhos ou aquelas confusões do dia a dia já citadas – o sujeito consciente se sente atropelado pelo sujeito do inconsciente, que se impõe.

Exemplos

São exemplos de expressões do inconsciente:

  • os sonhos;
  • trocar o nome de alguém;
  • soltar alguma palavra descontextualizada;
  • coisas que fazemos sem perceber;
  • quando a gente faz algo que parece não ser do nosso feitio ou não corresponde com nossa forma de agir

Mas porque reprimimos essas forças?

Não cabe aqui neste artigo de hoje aprofundar essa questão. Mas, apenas para complementar o conteúdo exposto, ressalto que o sofrimento é o que reprime algum conteúdo. Nossa mente visa sempre a guardar.

Por isso afasta do consciente qualquer conteúdo que leve a uma dor profunda, que coloque em risco a vida da pessoa. Esses conteúdos, no entanto, não podem ser mantidos super reprimidos ao se expressar por meio daquelas ações já citadas.

A importância é incontestável

Entender o que é o inconsciente sempre foi um desafio na psicanálise. Cada autor e grande psicanalista contribuíram para essa questão com suas teorias e pensamentos.

De certo, existem algumas divergências entre os principais teóricos, nos seus modos de entender e estudar esse elemento. Porém, é correto afirmar que o entender o inconsciente e seus desdobramentos, são a base inicial do estudo psicanalítico.

O mundo por trás do inconsciente

Nosso conhecimento sobre nossos próprios inconscientes é muito vago. Apesar de ele ser capaz de influenciar e determinar ações, pensamentos e outras atitudes.

Tudo, ou boa parte, do que fica armazenado nessa parte a qual não temos acesso, nesse mundo secreto, pode ser alcançado através da psicanálise, da psicologia e do estudo do mesmo.

Entender o que acontece no inconsciente, permite ao paciente tratar:

  • problemas;
  • traumas;
  • defesas que ele poderia nem saber possuir.