O comportamento que temos em relação a nossa vida sexual é indicador de uma alteração psicológica ou de uma patologia. Este artigo aborda o conceito de Parafilia, que são transtornos do afeto e da sexualidade. Veremos os seus principais tipos.

Estarão entre os tipos de Parafilias estudados neste artigo: Exibicionismo, voyeurismo, fetichismo, fetichismo transvéstico, frotteurismo, sadismo e masoquismo.

As parafilias são perversões?

Quando pensamos no conceito de perversão em psicanalise não devemos fazer uma relação com o sentido hoje empregado de “crueldade”, nem mesmo é necessariamente uma “doença”. Na psicanálise, perversões são as práticas sexuais que não sejam “padrão”. É que uma das perversões é o sadismo, então a ideia de “fazer mal a alguém” ficou associada à perversão, como as pessoas usam hoje o termo.

A perversão é uma ideia da psicanálise de “sexualidade fora do padrão”. Isto é, qualquer outra manifestação sexual que não seja genital pênis-vagina seria uma perversão. Veja que mesmo o sexo heterossexual pode ser uma perversão: por exemplo, se o casal praticar sadomasoquismo.

Neste sentido, qualquer uma das chamadas “parafilias” que vamos listar aqui são entendidas como perversão.

Hoje, o conceito de “padrão” é muito questionável em todas as áreas da vida, inclusive na sexualidade. Entendemos que ainda seja possível e relevante entender o conceito de parafilia e estudar as diferentes parafilias.

É possível até mesmo usar o termo “perversão”, mas contextualizando-o para que o interlocutor não entenda o termo como uma doença ou como uma imposição da crueldade contra outra pessoa.

Parafilia e a vida sexual do indivíduo

As parafilias são formas específicas da perversão. São preferências ou orientações que fogem do padrão pênis-vagina e que mobilizam a libido de uma pessoa.

A palavra parafilia vem do grego (para – “fora de” e philia – “amor”). Anteriormente, denominadas de perversão sexual, está relacionada ao prazer da vida sexual do indivíduo, seja pela atividade erótica ou por seu alvo erótico.

Por vezes, a parafilia é considerada como alteração psicológica decorrente das fases iniciais do desenvolvimento humano. A parafilia está ligada ao padrão de comportamento sexual onde o prazer não está restrito ao coito “pênis-vagina”.

As possibilidades para obtenção do prazer são ampliadas para outras regiões do corpo, outras pessoas, lugares, coisas, alguns desses aspectos referenciados como práticas aceitas socialmente.

Comportamento sexual “inadequado” é diferente de Patologia

Assim, consideram-se parafilia todos os comportamentos sexuais tidos como anormais quando confrontados com os comportamentos socialmente aceitos. Porém, fazem parte da psique do indivíduo, podendo ser até inofensivas. Desta forma, é necessário e importante enfatizar que nem toda parafilia é um transtorno parafílico ou uma patologia.

A forma como a pessoa lida com suas preferências na vida sexual, é o que vai determinar se são apenas caminhos prazerosos ou se se trata de uma patologia. São considerados transtornos parafílicos quando o comportamento sexual se torna destrutivo, prejudicial a si ou a outros envolvidos.

Os transtornos afloram de sentimentos de culpa e de grande intensidade. O indivíduo não consegue obter o prazer senão por meio exclusivo de tais práticas. Assim ele retorna sempre a elas para a sua satisfação, podendo ser adepto a mais de uma prática considerada parafilia.

A mudança no entendimento da relação homoafetiva

Antigamente o homossexualismo era considerado como uma prática de parafilia. Deixou de ser considerado um transtorno mental pela Associação Americana de Psiquiatria em 1973 quando foi retirada do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

No entanto, somente em 1990, a OMS retirou o homossexualismo de seu rol de doenças mentais por meio da publicação do CID10.

Preversão sexual x Carácter Perverso

A parafilia, porquanto denominada perversão sexual, está totalmente apartada da perversidade de caráter ou moral. Enquanto a primeira está ligada ao ato sexual, a segunda está ligada aos indivíduos cujas condutas visam prejudicar, machucar outras pessoas.

A perversão leva o indivíduo a desconsiderar regras e éticas de conduta, visando somente sua satisfação pessoal. Contudo, desta configuração podem surgir as parafilias, quando seu poder manipulador é utilizado para obtenção de prazer sexual.

Abaixo estão descritas algumas parafilias, destacando que somente serão consideradas como transtorno parafílico quando causar angústia e sofrimento para si ou outrem, conforme já esmiuçado acima.

7 principais tipos de parafilias

  • Exibicionismo: É a pulsão que o indivíduo tem, em sua maioria absoluta de homens, em mostrar seus genitais a uma ou mais pessoas estranhas e desprevenidas. Normalmente em público. É a reação da pessoa que foi pega de surpresa, costumeiramente de medo, aversão, até mesmo de nojo, que causa a excitação no exibicionista. A masturbação pode ocorrer durante ou após a exibição, culminando no prazer sexual pelo orgasmo.
  • Fetichismo: No fetichismo, o foco da preferência sexual está direcionado para objetos como calcinhas, sutiãs, meias, luvas e sapatos. Eles podem estar ou não sendo utilizados por alguém. O fetichista usa tais objetos para se masturbar ou mesmo pode exigir que a sua parceira faça uso dos itens durante o ato sexual. Somente assim, o indivíduo poderá chegar ao orgasmo. Como no exibicionismo, o fetichismo tem a maioria esmagadora de homens adeptos desta prática.
  • Fetichismo transvéstico: Caracteriza-se pela utilização de roupas femininas por homens heterossexuais para que haja a excitação. O intuito é a masturbação ou realização do ato sexual. No dia a dia, tais homens se vestem de maneira tradicional, com roupas masculinas. Pode ocorrer, no entanto, do fetichismo transvéstico evoluir para o uso de roupas femininas não só para o prazer sexual, mas sim para seu dia a dia. Assim, passando a ser caracterizado de fetichismo transvéstico com disforia quanto ao gênero.
  • Frotteurismo: É o ato de roçar o órgão genital, ou às vezes as mãos, nas nádegas ou outra parte do corpo de uma mulher vestida, sem o seu consentimento. Isso Proporciona ao indivíduo grande excitação, podendo inclusive chegar ao orgasmo durante o ato. Normalmente o Frotteurismo é praticado em lugares com grande concentração de pessoas como ônibus, metrôs, trens e shows.
  • Voyeurismo: É o ato de observar as pessoas em situações íntimas sem que elas percebam, como quando elas estão se despindo, praticando ato sexual ou estão nuas. A excitação além de ser pelo ato da observação se dá também pelo risco de serem descobertos. O voyeurismo é comumente praticado por homens.
  • Masoquismo: O Masoquismo está presente quando a pessoa tem a necessidade de ser submetida ao sofrimento, físico ou emocional, para obtenção do seu próprio prazer sexual. Masoquismo e Sadismo estão intimamente ligados e se completam quando em prática.
  • Sadismo: O Sadismo é quando a pessoa tem necessidade em causar sofrimento, podendo este ser físico ou mesmo emocional, à outra pessoa, e disso decorrem excitação e prazer sexual. As atividades sadomasoquistas somente são consideradas parafilias quando forem a única forma de obtenção de prazer. Sendo alternativo e esporádico, são consideradas como normal e não como uma perversão.

Outros 8 tipos de Parafilias

Existe ainda uma farta lista de comportamentos considerados parafilia, como exemplos:

  • urofilia, que está ligada ao dar ou receber urina (no corpo, ou mesmo para beber);
  • coprofilia que é a manipulação de fezes durante o ato sexual;
  • misofilia tem a ver com a sujeira, ambientes e pessoas fétidas;
  • troilismo está ligado à traição, é o prazer em ver seu parceiro tendo relações sexuais com outra pessoa;
  • odaxelagnia, prazer em dar ou receber mordidas;
  • menofilia é o prazer com uma mulher menstruada;
  • feederismo é o prazer com pessoas obesas;
  • cronofilia é o prazer em se relacionar com pessoa com grande diferença de idade.

Algumas parafilias são consideradas crime pela sua natureza, como a zoofilia, que o sexo praticado com animais, a necrofilia, que é o sexo com cadáveres (criminalmente considerado como vilipêndio ao cadáver), e a pedofilia, quando os alvos do prazer são crianças na fase pré-puberdade.

Neste artigo, estudamos 15 tipos de parafilias, que são desvios de conduta acerca do comportamento sexual tido como padrão. Indivíduos podem viver bem com esses comportamentos sexuais. A lista não é rígida: autores podem incluir ou excluir outras parafilias, segundo seus próprios critérios.

Tais comportamentos passam a ser identificados como transtornos quando passam a ser um fardo para quem os manifesta, ou quando prejudicam a integridade de outras pessoas que sejam forçadas a participar de determinadas práticas sexuais.

As parafilias estão presentes em grande parte de nossa sociedade. O Sistema Único de Saúde (SUS) tem tratamentos para a saúde mental que podem ajudar aqueles que passam por um sentimento de inadequação, ocasionados por seus comportamentos na vida sexual.

O tratamento com profissionais como psicólogos, psicanalistas e psiquiatras pode auxiliar o indivíduo a ter uma relação mais saudável consigo mesmo e com os outros.