segunda-feira, abril 3

QUAL O PRINCIPAL OBJETIVO DE NOSSA VIDA; TEXTO ( 1 CORÍNTIOS 7: 29-31 )

“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa.” – ( 1 coríntios 7: 29-31 ).

O apóstolo Paulo chama a nossa atenção para o que é principal: “Irmãos, o tempo é curto”, e, portanto, se ocupem com estas coisas como se vocês não as tivessem porque a aparência deste mundo passa. Esta é a razão pela qual ninguém, senão um verdadeiro cristão pode relacionar-se moderadamente com as coisas deste mundo. Por quê? Porque ninguém, senão um cristão fiel tem um objetivo principal que permeia toda a sua vida; ele busca o céu e a felicidade, porque isto estará com ele mais tarde e para toda a eternidade.
Por isso a sua fé permeia todos os assuntos: o casamento, compras, o mundo. E não deve se importar com se entristecer ou se alegrar, porque há um grande e principal objetivo em vista.
Ele não será negligente na execução dos seus deveres, relativos ao casamento, ao uso do dinheiro, às suas funções neste mundo, procurando sempre, em tudo, fazer o melhor com a ajuda e a direção do Espírito Santo, todavia, sempre terá este sentimento de que o Reino de Deus e a sua justiça, sempre deve ocupar o lugar principal em sua mente, coração e ações.
Assim, não concentrará o principal de seus esforços em objetivos terrenos e passageiros, mas naqueles que se referem a Deus e às coisas espirituais e eternas, porque é isto o que lhe ordena o seu Senhor.
Ele sabe que o tempo é curto, e portanto, deve ser moderado em todas as coisas deste mundo.
O envolver-se em demasia com tudo o que respeita à vida que temos aqui embaixo conquista totalmente as nossas afeições por estas coisas, e não poderemos ter e manter o nosso amor a Deus acima de tudo e de todos, conforme é ordenado por Ele.
Se temos um afeto desmedido por qualquer coisa desta vida, faremos todo o empenho para não perdê-la, e ficaremos fatalmente imobilizados e desmotivados caso aconteça a perda, o que é de se supor, que aconteça mais cedo ou mais tarde.
Daí nosso Senhor ter afirmado tão categórica e expressamente: “Assim, pois, todo aquele que dentre vós não renuncia a tudo quanto tem não pode ser meu discípulo.” ( Lucas 14-33 ) “Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a sua vida neste mundo preserva-la-á para a vida eterna.” ( João 12-25 ); “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim; ( Mateus 10-37 ).
Deus não consentirá que nosso afeto por Ele esteja em competição com qualquer outra coisa ou pessoa deste mundo.
Nada e ninguém deve ser motivo para que Ele não seja servido em primeiro lugar por nós. Nem bens terrenos, ou cônjuges, ou filhos, ou carreira, nem nossas tristezas, nem nossas alegrias, enfim, nada é nada.
De tudo cuidaremos com zelo e amor, mas não deixaremos de tributar a honra, o culto, o serviço que são devidos ao Senhor, antes de tudo o mais.
Sem este sentimento e prática de renúncia jamais poderemos servi-lo e amá-lo do modo pelo qual importa fazê-lo.
E há uma urgência no uso que fazemos de nossa vida aqui embaixo porque a vida é curta, e o tempo do nosso encontro com o Senhor é certo, e ele julgará todas as nossas obras.
E o que tivermos deixado de fazer para o Senhor não poderá ser recuperado, porque não poderemos voltar atrás e começar tudo de novo! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, NOS CONSOLA, E AINDA NOS ANIMA ".

ESQUIZOFRENIA: TIPOS, FAZES, SINTOMAS E TRATAMENTO;

Este artigo será um guia completo sobre esquizofrenia, em que vamos debater e entender um pouco sobre os tipos, as fases, os sintomas e os tratamentos para a esquizofrenia. Teremos, portanto, a oportunidade de sabermos mais sobre:

  • O que é a Esquizofrenia
  • Os sintomas de Esquizofrenia
  • Tipos de Esquizofrenia
  • Tratamentos para Esquizofrenia

Ou seja, os seus conceitos, tipos de esquizofrenia , fases e os seus impactos na vida dos pacientes portadores da doença.

É importante saber que que a abordagem sobre a Esquizofrenia traz esclarecimento da população. Isso porque,  muitas vezes, pessoas muito próximas a nós, apresentam sintomas da Esquizofrenia. E sem o conhecimento, podemos atribuir à pessoa um rotulo que não condiz com a verdadeira doença mental. Apenas com conhecimento podemos ajudar ou orientar as pessoas.

Na 1 ª parte desse artigo  abordaremos características e considerações gerais da doença.

Na 2 ª parte, focaremos nos tipos de esquizofreniasintomas da esquizofrenia e tratamentos para a esquizofrenia.

Na 3 ª parte, por fim, a estrutura de um cérebro doente e formas de como orientar pessoas com a Esquizofrenia.

Para isso foram empregadas metodologias de  pesquisa bibliográfica e casos da doença.

Parte 1 – Características gerais da Esquizofrenia

O termo Esquizofrenia foi criado por E. Bleuler em 1.911, para denominar um grupo de psicoses em três formas que se tornaram clássicas:

  • a Hebefrênica
  • a Catatônica
  • a paranoide

O  sintoma fundamental da doença é a dissociação, o que não significa uma “dupla personalidade” como muitos pensam devido ao significado da sua tradução: Esquizo = fragmentada ou partida e Frenia = mente.

Importante saber também que segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a doença tem predominância no sexo masculino e nem sempre é diagnosticada no seu início. Alguns sintomas precoces podem aparecer meses ou anos antes de outros sintomas se  manifestar.

Tanto que, em alguns dos casos, esses sintomas da esquizofrenia são confundidos com depressão ou outros tipos de transtornos de semelhantes ao da Esquizofrenia. A Esquizofrenia não é tão comum como outros transtornos mentais, porém os sintomas podem ser incapacitantes.

O paciente pode ter delírios e alucinações e para fazer uma melhor abordagem no paciente, o médico de certa forma, precisa “entrar no mundo do esquizofrênico”,  para poder fazer um melhor diagnóstico terapêutico.

Esquizofrenia em gêmeos:

Estudos com gêmeos monozigóticos apresentam taxa de concordância de 50% em sintomas da esquizofrenia, o que significa que a doença em si, carrega fatores biológicos genéticos e os ambientais. Ainda sugere-se a influência genética é prevalente à influência ambiental (psicológica ou biológica), como pode ser visto a seguir .

Sazonalidade climática X Esquizofrenia

Estudos da doença e dados de pesquisa têm mostrado que pessoas com Esquizofrenia têm maior probabilidade de terem nascido no inverno e início da primavera. E menor probabilidade de terem nascido no final da primavera e verão.

No hemisfério Sul,  nascem nos meses de julho a setembro e no hemisfério Norte, de janeiro a abril. Incompreensível também é o fato de a doença apresentar em algumas regiões, um número muito desproporcional da doença.

Desafios da Esquizofrenia para a Psicanálise:

O tema da esquizofrenia é carregado de desafios para a psicanálise, se diversifica em formas que distinguem as características:

  • incoerência do pensamento, da ação e afetividade;
  • discordância, dissociação, desagregação: afasta-se da realidade e se entrega a uma vida interior com produções fantasiadas, como um autista, com atividades sempre mal sistematizadas.
  • deterioração intelectual: o caráter da doença se evolui com diversos ritmos para uma “deterioração” intelectual e afetiva. Isso resulta em estados de feição demencial, que é um traço muito importante para o diagnóstico da maioria dos psiquiatras, para a Esquizofrenia.

Esquizofrenia, idade e sexo:

A Esquizofrenia geralmente atinge as pessoas no final da adolescência ou no início da fase adulta, deixando a pessoa incapaz de ter uma vida normal. Embora na maioria das vezes os sintomas da esquizofrenia aparecem no começo da idade adulta, podem também começar mais tardiamente, principalmente em mulheres.

Segundo o The Global Burden of Disease, a Esquizofrenia está entre as 10 principais causas na faixa dos 15 aos 44 anos. O neurotransmissor da dopamina e também o glutamato, estão relacionados com o desenvolvimento da Esquizofrenia.

Parte 2 – Esquizofrenia: Tipos, Sintomas e Tratamentos:

A história natural da esquizofrenia é dividida em fases:

  1. Fase pré-mórbida: caracterizada pela baixa sociabilidade, a pessoa prefere atividades solitárias ou possui ansiedade social e alterações cognitivas – déficits de memória verbal, atenção, etc. A criança pode apresentar essas alterações no comportamento, sendo observável desde a infância e progredir e estar associada ao desenvolvimento da Esquizofrenia;
  2. Fase prodrômica: caracterizada por um período variável de tempo, é um momento onde o paciente tem a sensação de que algo está para acontecer. Nota-se mudança no comportamento do paciente que passa a ficar mais isolado, podendo também ocorrer alguns sintomas psicóticos breves e transitórios.

Nesta fase ainda prodrômica pode ocorrer o primeiro episódio de psicose e , inicia a fase progressiva. A fase progressiva foi usada como categoria da doença pela extinta União Soviética e, hoje, se enquadra na fase prodrômica.

Vale saber que o termo “prodrômico” significa um conjunto de sintomas anteriores a manifestação de alguma patologia.

3. Fase de estabilização: acontece quando  a doença evolui para uma fase mais estável, ficando sujeita a recaídas. Aqui o quadro clínico se apresenta com alterações de sintomas da esquizofrenia : percepção, pensamento, linguagem, memórias e funções executivas.

Tipos de Esquizofrenia:

A doença pode ser dividida em tipos de esquizofrenia:

  • Esquizofrenia simples: apresenta mudanças na personalidade. O paciente tende a ficar isolado – vive inibido do convívio social, é disperso aos acontecimentos do dia a dia e insensível a afetos.
  • Esquizofrenia Paranoide: são alucinações auditivas frequentes onde não aparece o discurso, nem o pensamento desorganizado, nem comportamento catatônico ou afeto embotado ou inadequado. Além do isolamento social, o doente apresenta falas confusas, falta de emoção e tende a achar que está sendo perseguido por pessoas ou espíritos. Em geral os delírios são de perseguição ou de grandeza, os pacientes são tensos, desconfiados, hostis e agressivos, às vezes se comportam bem, preservando a inteligência intacta nas áreas não invadidas pelos delírios.
  • Esquizofrenia Tipo Desorganizado ou Hebrefrênico: nesse tipo de doença, é proeminente o discurso desorganizado, comportamento desorganizado, afeto embotado ou inadequado. Há geralmente um grande prejuízo na sua aparência e no seu comportamento social, respostas emocionais inadequadas, como gargalhar sem qualquer razão aparente.
  • Esquizofrenia tipo catatônico: é caracterizada por alterações na atividade psicomotora, como imobilidade motora, atividade motora excessiva e às vezes com alternâncias de estupor e excitação. É comum os extremos negativos, resistência a toda e qualquer instrução, postura rígida contra tentativas de imobilização, mutismos, posturas inadequadas ou bizarras, maneirismos proeminentes, trejeitos faciais, repetição de palavras ou sons e imitação de gestos e atitudes. Podem se ferir ou ferir outras pessoas durante a estupor, às vezes chegam à desnutrição ou à exaustão, requerendo um atendimento clínico.
  • Esquizofrenia tipo indiferenciado: quando se observa características mistas, com agitação e pensamentos desorganizados, mas sem critérios que possa caracterizar os outros subtipos.
  • Esquizofrenia tipo residual: quando o paciente apresenta evidências contínuas de perturbação caracterizada por sintomas negativos, crenças estranhas ou experiências perceptuais incomuns, é caracterizado pela esquizofrenia tipo residual. Há embotamento emocional, retraimento social, comportamento excêntrico, pensamentos ilógicos e afrouxamento das associações.
  • Transtorno esquizofreniforme: esse tipo de transtorno é idêntico ao da esquizofrenia, porém com a duração dos sintomas de pelo menos um mês, e após menos de 6 meses já retorna a normalidade. No auge do episódio psicótico pode aparecer confusão ou perplexidade, ausência do embotamento afetivo. Podem entrar em depressão após o período de crise, melhorando quando acompanhado psicoterapicamente.
  • Transtorno esquizoafetivo: o paciente com esse tipo de transtorno apresenta tanto características da esquizofrenia, quanto dos transtornos de humor, podem ser concomitantes ou alternados.
  • Diagnóstico diferencial: muito embora os sintomas psicóticos são encontrados em outras doenças, incluindo abuso de substâncias, os transtornos que devem ser diferenciados são o transtorno esquizoafetivo, o transtorno do humor, transtorno delirante e de personalidade. Na Esquizofrenia os delírios tendem a ser bizarros, com presença de alucinações.

Sintomas da Esquizofrenia:

Em relação aos sintomas da esquizofrenia, pode-se agrupá-los em 3:

1- Sintomas Negativos:

Estão associados a interrupções nas emoções e comportamentos normais. Ausência de manifestações psíquicas que deveriam estar presentes.

  • Embotamento Afetivo: expressão facial inalterada, diminuição dos movimentos espontâneos, pobreza de gestos expressivos, pouco contato visual, diminuição ou ausências de resposta afetiva, afeto inapropriado, falta de modulação vocal.
  • Alogia: pobreza de fala, pobreza de conteúdo da fala, bloqueio do pensamento, maior latência de resposta.
  • Abulia-apatia: deficiência nos cuidados pessoais e na higiene. Falta de persistência no trabalho ou nos estudos. Anergia física.
  • Anedonia: poucos interesses, poucas atividades recreativas, comprometimento das relações afetivas, poucos relacionamentos com amigos.
  • Atenção: diminuição de concentração. 

2 -Sintomas Positivos:

Trata-se de comportamento psicótico geralmente não observados em pessoas saudáveis. Pessoas com sintomas positivos para a Esquizofrenia podem “perder contato” com alguns aspectos da realidade. Presença de manifestações psíquicas que deveriam estar ausentes.

  • Alucinações: auditivas, vozes que fazem comentário, vozes que conversam entre si, somáticas, táteis, olfativas, visuais.
  • Delírios: persecutórios, de ciúmes, culpa, pecado, grandiosidade, religiosos, somáticos, de referência, de ser controlado, de leitura da mente, transmissão de pensamento, inserção de pensamento, retirada do pensamento.
  • Comportamento bizarro: roupas, aparência, comportamento social, comportamento sexual, agressivo/agitado, repetitivo/estereotipado.
  • Alteração formal do pensamento: descarrilamento, tangencialidade, incoerência, falta de lógica, fala acelerada, reverberação, neologismo.

3 – Sintomas Cognitivos:

Para algumas pessoas com Esquizofrenia, os sintomas cognitivos são sutis, para outros são mais graves e os pacientes podem perceber mudanças na memória ou outros aspectos do pensamento. Sintomas: baixo funcionamento intelectual (capacidade de entender informações e usá-la para tomar decisões), dificuldades para manter-se focado ou prestar atenção em atividades cotidianas.

A Esquizofrenia é uma doença psicótica que ainda vem sendo debate de estudos por não ser totalmente compreendida, e não ter uma lógica intrínseca, onde mesmo após a remissão da doença, o paciente ainda pode apresentar pensamentos confusos.

Os sintomas que caracterizam a doença em todos os seus subtipos quando se apresentam mais de um mês, são:

  • delírios
  • alucinações
  • discurso desorganizado
  • comportamento desorganizado ou catatônico
  • sintomas negativos
  • embotamento afetivo
  • mutismo: dificuldades de se comunicar
  • avolição: não ser capaz de começar ou de persistir em um objetivo
  • delírios bizarros
  • vozes conversando entre si

Tratamentos e precauções para a Esquizofrenia:

tratamento para a Esquizofrenia é realizado com o uso de antipsicóticos, ministrados por um médico psiquiatra e intervenções psicossociais. Entre elas: terapia ocupacional, psicoterapia individual, treinamento de habilidades sociais e terapia familiar.

  • os pacientes deverão ser tratados com neurolépticos prescritos pelo médico, sendo que muitos pacientes vão necessitar da medicação ao longo da sua vida;
  • a equipe de saúde deve ter uma relação empática com o paciente, que é uma tarefa desafiadora, porque muitos pacientes apresentam prejuízos na esfera afetiva, volitiva e cognitiva;
  •  intervenções psicossociais;
  • a equipe de saúde deve desenvolver uma relação muito próxima com os serviços de assistência social local. Os pacientes tendem a apresentar baixa renda e incapacidade para o trabalho. Os assistentes devem estimular e ajudar a obter benefícios como a  aposentadoria e auxílio-doença.
  • a terapia familiar é importante para que todos que mantém laços familiares próximos, pois muitos pacientes devido a doença, rompem laços com a família. A família por sua vez, necessita de informações sobre a esquizofrenia para se ajustar as suas expectativas em relação ao paciente.

Também, o tratamento para a Esquizofrenia deve ser feito através de medicamentos específicos com o médico psiquiatra. Como as causas ainda são bastante desconhecidas, os tratamentos se dão através da concentração da eliminação dos sintomas da doença e não da causa.

Existem dois tipos principais de medicação antipsicótica:

  1. Antipsicóticos típicos (convencionais) que controlam os sintomas “positivos”.
  2. Antipsicóticos atípicos (os de “nova geração”) que tratam os sintomas positivos e negativos da Esquizofrenia.

Ainda, há uma terceira categoria menor que é usada para o tratamento da esquizofrenia, é conhecido como “agentes antipsicóticos diversos”, que age de maneira diferente dos medicamentos antipsicoticos diversos e é usado para o tratamento da agitação nas pessoas com a esquizofrenia.

Depois de encontrado o remédio que responde bem ao paciente, é importante que o tratamento seja também com a psicoterapia, para assim, o paciente aprender habilidades de enfrentamento de desafios cotidianos da esquizofrenia, ajudando a pessoa a buscar seus objetivos de vida, bem como, trabalhar e estudar.

É provado que os pacientes tratados com psicoterapia adequado, são menos propensos a sofrerem recaídas ou serem hospitalizados.

Sintomas de sinais de alerta precoce de Esquizofrenia:

Os sinais são diferentes para todos, podem ir se desenvolvendo lentamente ao longo dos meses ou anos, ou podem aparecer de forma abrupta.

Comportamentos que são sinais precoces de esquizofrenia incluem:

  • ouvir ou ver algo que não está lá;
  • uma sensação constante de estar sendo observado;
  • modo peculiar ou sem sentido de falar ou escrever;
  •  posicionamento corporal estranho;
  • sentir-se indiferente a situações muito importantes;
  • deterioração do desempenho acadêmico ou profissional;
  • mudança na higiene pessoal e aparência;
  • uma mudança na personalidade;
  • aumento da retirada de situações sociais e isolamento;
  •  respostas irracionais, zangadas ou com medo dos entes queridos;
  • incapacidade de dormir ou se concentrar;
  • comportamento inadequado ou bizarro;
  •  preocupação extrema com a religião ou o ocultismo.

Fatores de risco:

Vários fatores podem contribuir para o risco de a pessoa desenvolver a Esquizofrenia.

A genética e o ambiente: a esquizofrenia pode ser hereditária e ocorrer em determinadas famílias. Entretanto, há muitas pessoas que tem a doença e que não possuem nenhum membro da família com a desordem e, ao inverso, também, muitas pessoas com um ou mais membros da família possuem a doença e a pessoa não desenvolve.

Fatores ambientais que podem envolver:

  • exposição a vírus;
  • desnutrição antes do nascimento;
  • problemas durante o nascimento;
  • fatores psicossociais.

Como ajudar pessoas com Esquizofrenia?

A esquizofrenia é uma doença biológica e por mais difícil que seja saber responder a alguém que faz afirmações estranhas, ou falsas, a pessoa que está com o doente deve procurar entender a doença, respeitar o paciente, cuidando e apoiando.

  • Procurar um médico psiquiatra e uma psicoterapia para o paciente. Incentivá-lo a fazer e permanecer em tratamento;
  • Lembre-se que as alucinações ou crenças são muito reais para o paciente;
  • Dizer que você reconhece que todos têm o direito de ver coisas de sua maneira;
  • Ser respeitoso, solidário e gentil sem tolerar os comportamentos que são perigosos ou inapropriados;
  • Verificar grupos de apoio na cidade para pessoas com Esquizofrenia.

Parte 3 – A química e a estrutura dos cérebros diferentes:

Um desequilíbrio nas reações químicas complexas e inter-relacionadas do cérebro envolvendo os neurotransmissores (substâncias que as células cerebrais usam para se comunicar entre si) como a dopamina e o glutamato, e possivelmente outros, podem desempenhar um papel no desenvolvimento da Esquizofrenia.

Alguns especialistas acreditam também que problemas durante o desenvolvimento do cérebro antes de o bebê nascer, podem levar a conexões defeituosas. O cérebro também sofre muitas mudanças durante a adolescência e essas mudanças podem desencadear os problemas psicóticos em pessoas que são vulneráveis devido a genética ou por diferenças cerebrais.

Conclusão:

Ainda que Freud tenha fornecido muitas indicações sobre o funcionamento do pensamento e da linguagem esquizofrênica, a tarefa de definir a estrutura dessa patologia continua pertencendo aos seus sucessores. Enquanto isso, com esse índice de 1% da população com essa doença tão incapacitante, faz-se necessário uma divulgação ampla a fim de que o maior número de pessoas tenham acesso a informação da Esquizofrenia, seus sintomas e suas consequências, levando-as a buscar ajuda de um profissional, para que se não puder curar totalmente a doença, que pelo menos possa ser feito um tratamento no paciente para ter uma vida muito próxima a uma vida saudável.

domingo, abril 2

AS BEM EVENTUARANÇAS ETERNAS:

“1 Jesus, pois, vendo as multidões, subiu ao monte; e, tendo se assentado, aproximaram-se os seus discípulos,
2 e ele se pôs a ensiná-los, dizendo:
3 Bem-aventurados os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus.
4 Bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça porque eles serão fartos.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.
9 Bem-aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus.”. ( Mateus 5:1-10 ).

Tendo feito uma apresentação nos capítulos anteriores, das credenciais de Jesus que confirmavam ser apenas Ele o Messias prometido, Mateus passaria a demonstrar o ensino e as ações de Jesus nos capítulos seguintes do seu evangelho, começando partir do quinto capitulo, com o seu ensino do Sermão do Monte, que é concluído no sétimo capitulo.
O ensino e as ações do Senhor comprovam a Sua divindade, e dão pleno cumprimento às profecias que durante séculos haviam sido dadas a Seu respeito, no Antigo Testamento.
O Rei, o Messias, apresenta no Sermão do Monte as características essenciais daqueles que são súditos do seu reino espiritual, celestial e divino.
O reino é de glória e majestade, e todos os súditos são distinguidos com honrarias, mas não por serem prepotentes, violentos, arrogantes, poderosos, influentes, vaidosos, louvados pelo mundo, mas ao contrário, pobres de espírito, misericordiosos, mansos (submissos), pacificadores, amantes da justiça divina, de coração puro, que choram por causa do pecado, e perseguidos por amarem a Cristo e a justiça do evangelho.
É isto que os distingue como herdeiros do reino dos céus e da terra, como filhos de Deus, que O conhecem pessoalmente, e que por isto são consolados e contemplados pela misericórdia divina.
O melhor modo de se conhecer a Deus é vendo implantadas em nossa nova natureza recebida pela fé, as virtudes alinhadas pelo Senhor nas bem-aventuranças.
À medida que estas graças e virtudes vão habitando em nós e aumentando, pela implantação e trabalho do Espírito Santo, mais conhecemos o caráter do Deus ao qual servimos.
Um filho de Deus tem todas estas graças no seu coração, ainda que seja em semente, e necessite ainda crescer em graus.
Ser pobre de espírito não é o mesmo que ser pobre de bens terrenos, mas reconhecer que é dependente de Deus para tudo no que se refere especialmente à vida espiritual.
É pelo reconhecimento da nossa necessidade que recorremos ao Senhor para vencer o pecado, e receber graça, do Espírito, para sermos santificados.
Pobre de espírito significa então aqueles que são trazidos ao senso da sua própria miséria, em razão dos seus pecados, e que não veem nenhuma bondade em si mesmos, e que se entregam completamente à misericórdia de Deus, recebida por causa dos méritos de Cristo.
Nós vemos esta pobreza de espírito sendo citada no texto de   ( Isaías 61-1 ).
“O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu para pregar boas-novas aos mansos; enviou-me a restaurar os contritos de coração, a proclamar liberdade aos cativos, e a abertura de prisão aos presos;”.
É pelo reconhecimento de nossa pobreza que recebemos maiores medidas da graça, para sermos enriquecidos espiritualmente, no progresso da nossa transformação à imagem e semelhança com Cristo.
É portanto, pelo reconhecimento da nossa pobreza, que somos conduzidos à riqueza de Deus.

Tiago nos diz em ( Tiago 2-5 )
“Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?”.

Jesus diz em ( Mateus 5-4 )que os que choram são bem-aventurados porque serão consolados (segunda bem-aventurança).
Aqueles que estão muito satisfeitos com a vida que têm neste mundo, com aquilo que são, sem terem se convertido ao Senhor, não são bem-aventurados, porque enquanto mantiverem este estado de espírito, dificilmente se humilharão diante de Deus, lhe pedindo que transforme os seus corações.
Mas os que lamentam pela condição da natureza pecaminosa que possuem (que é comum a todas as pessoas), e que têm buscado o conhecimento do que é justo, santo e verdadeiro, são bem-aventurados, porque haverão de conhecer ao Senhor.
Muitos lamentam e choram pelo que perdem ou não podem desfrutar, e outros pelos danos e más consequências que sofrem por causa do pecado, mas nunca choram por causa dos seus próprios pecados. Não é portanto, a estes, que se refere a segunda bem-aventurança.
Um arrependimento verdadeiro é espiritual, pois nos faz lamentar muito mais pelo pecado do que pelo sofrimento ao qual o nosso pecado deu causa.
Um pecador pode assim lamentar os juízos que acompanham os seus pecados, e não lamentar propriamente pelo pecado.
É para evitar o endurecimento do nosso coração que o apóstolo Tiago nos ordena a transformar o nosso riso em pranto, quando há pecados em nós ou em outros para serem lamentados, em vez de vivermos nos alegrando desconsiderando tais pecados, numa clara demonstração de desprezo aos juízos de Deus.
“Senti as vossas misérias, lamentai e chorai; torne-se o vosso riso em pranto, e a vossa alegria em tristeza.” ( Tiago 4-9 )
É melhor chorar pelo pecado e ser alegrado por Deus, do que se alegrar agora no pecado, e depois chorar eternamente num juízo eterno.
É neste sentido que entendemos as palavras proferidas por Cristo em ( Lucas 6: 24-25 ).
“24 Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação.
25 Ai de vós, os que agora estais fartos! porque tereis fome. Ai de vós, os que agora rides! porque vos lamentareis e chorareis.” ( Lucas 6: 24-25 ).
Não há misericórdia para aquele que não pretende abandonar o pecado, que não chora por causa dos seus pecados.
Por isso se diz que apenas os que choram são bem-aventurados.
Somente os de coração contrito podem receber a graça e a habitação de Deus, conforme Ele falou através do profeta Isaías.
E aos que choram e são de coração quebrantado é feita a promessa que serão consolados por Deus.
Deus tornará o seu pranto em pura e verdadeira alegria, pelo poder do Espírito Santo.
Convertendo-se e conhecendo a Deus, pela pobreza de espírito, e andando em contrição de espírito, confessando os seus pecados, e os mortificando, pelo Espírito, o cristão é introduzido à terceira bem-aventurança, porque Deus lhe ensinará a ser manso (submisso, longânimo) tanto em relação ao cumprimento da Sua vontade, quanto a suportar as injustiças que sofre da parte dos homens.
É a estes que é feita a promessa de serem herdeiros da terra, quando o ímpio e violento for dela desarraigado, para um lugar de tormento eterno, no dia do Grande Juízo divino; e o manso a terá conquistado para estar aqui com Cristo no milênio, não pela força do seu próprio braço, ou pela engenhosidade do seu gênio, mas justamente por ter sido manso, submisso, longânimo (tardio em se irar).
A virtude da mansidão é contrária ao espírito iracundo.
É ela que traz a paz de Cristo à vida, em toda e qualquer circunstância.
A mansidão também nos disporá ao perdão e a suportar danos com paciência cristã.
Ela nos tornará semelhantes a Cristo, que é manso e humilde de coração.
É pela mansidão que somos também habilitados a cumprir o mandamento do Senhor de amarmos os nossos inimigos, de orarmos pelos que nos perseguem, e abençoar os que nos maldizem.
A estarmos com nossos espíritos desarmados diante dos nossos ofensores, e dos que são injustos para conosco.
Temos o dever de buscar a graça da mansidão, porque temos este exemplo fixado na Bíblia, na vida dos servos de Deus e na do próprio Cristo.
“Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, manso, e assentado sobre uma jumenta.” (Mateus 23-5 ).
Jesus foi insultado, mas não insultou os seus agressores como se lê em ( 1 Pedro 2-23 )
Jesus nos ordena em ( Mateus 11-29 )a aprendermos do Seu próprio exemplo de mansidão.
Moisés era o homem mais manso da terra, conforme se afirma em  ( número 12-3 )Quando os israelitas murmuravam contra ele em vez de se irar, ele intercedia em favor deles ( Êxodo 15: 24-25 ).
A mansidão é um atributo da natureza de Deus. Ele é completamente longânimo e paciente. Por isso não somos logo julgados ou condenados. E Ele tem revelado este traço do Seu caráter, especialmente na presente dispensação da graça.
Quando o cristão começa a experimentar na sua própria vida a presença do Espírito Santo, pela conversão, ele sentirá automática e instantaneamente daí por diante, uma fome e sede de justiça cada vez mais crescente.
Porque a justiça do evangelho, a lei de Deus, a Sua vontade, é inscrita por Ele, em sua mente e coração, pela habitação do Espírito Santo.
Como é o próprio Deus que produz em nós tal fome e sede espiritual, Ele mesmo faz a promessa na quarta bem-aventurança de saciá-la em medida.
Quanto mais nos aproximarmos de Deus, pela oração e prática da Sua Palavra, maior será a nossa fome e sede, e portanto, maior será também o banquete da graça que Ele disponibilizará para nós, para o louvor da glória da sua graça, e para o benefício e avanço do reino de Cristo.
Porque fortificados com a graça da justiça de Cristo, operando em nosso viver, teremos maior poder espiritual para torná-lo conhecido através do nosso testemunho de vida, e pela pregação e ensino do evangelho.
É a justiça de Cristo que nos dá a vida eterna. Ela é perfeita, completa. Todavia é implantada em nós em graus de graça cada vez maiores, que nos leva a confiar e a colocar a nossa fé inteiramente nele, em tudo o que vivemos e fazemos, especialmente naquelas coisas que se referem aos interesses da sua igreja e reino.
Assim, essa fome de justiça não é de justiça própria, que procure estabelecer os nossos méritos, mas é a justiça de Cristo, que nos leva a promover e a exaltar exclusivamente os seus méritos.
Estando no caminho estreito da pobreza de espírito, do choro pelo pecado, da mansidão e longanimidade, da justificação e da justiça implantada em nós pelo Espírito, teremos também um crescimento no conhecimento da misericórdia divina.
Seremos misericordiosos (quinta bem-aventurança) para com todas as pessoas, independentemente de serem pecadoras, porque sendo também pecadores teremos experimentado, pela conversão a Cristo, as grandes medidas da sua misericórdia em nossa própria vida.
E assim não julgaremos o próximo, não apenas para não sermos julgados, mas porque saberemos por experiência própria, que não há quem não necessite da misericórdia de Deus.
Por melhor que seja o fariseu, é aos olhos do Senhor, tanto ou mais pecador do que o publicano.
Ai do homem se não fosse Deus misericordioso!
Seríamos todos instantaneamente destruídos, mas as suas misericórdias não têm fim, e se renovam a cada manhã, e por isso não somos consumidos pelos atributos da sua ira e juízo divinos.
É pelo evangelho que a misericórdia se mostra em toda a sua glória. Porque é por ele que a graça está sendo oferecida para livrar condenados da prisão eterna, e conduzi-los à plena liberdade dos filhos de Deus.
Então a maior prova de misericórdia pelo próximo é lhe anunciarmos o evangelho de Cristo, por amor das suas almas.
E fazer isto sem qualquer distinção de pessoas ou preconceitos, porque isto contraria o caráter mesmo do evangelho, em seu aspecto de ser o veículo da misericórdia divina para todos os pecadores, grandes ou pequenos.
À medida que se progride no conhecimento, por experiência pessoal, das virtudes de Cristo, surge no cristão, o desejo de mantê-las puras, sem qualquer mistura, com as obras das carne que se lhas opõem.

Como por exemplo: Não deixará que a maledicência conviva com um falar santo, a ira injustificada com a longanimidade, A soberba com a humildade.
Enfim, tudo o que é vil, com o que é precioso aos olhos de Deus.

Fazendo assim, valer e prevalecer cada vez mais um procedimento santificado em sua vida.
O coração limpo ou puro, traz a sexta bem-aventurança de se ver a Deus, conforme a promessa embutida em ( Hebreus 12-14 )de que os que se santificam verão a Deus.
Um coração puro é portanto um coração santificado pela Palavra de Deus, porque somente ela é o instrumento da nossa santificação, e o seu agente, o Espírito Santo.
Então teremos o cuidado diligente de nos aplicarmos à prática de toda a Palavra. Nós a amaremos, honraremos, observaremos e cumpriremos.
E enquanto estivermos empenhados neste trabalho, ainda que sujeitos ao pecado, que remanesce na nossa velha natureza, nós seremos considerados pelo Senhor, como os puros de coração aos quais a bem-aventurança se refere.
Um coração puro terá uma vida pura, como se ordena em ( 2 coríntios 7-1 ).
“Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor de Deus.”.
Jesus não disse que bem-aventurados são os que forem purificados dos seus corações no céu para poderem ver a Deus; mas que bem-aventurados são os que são puros de coração neste mudo, porque estes, e somente estes podem ter a certeza de que verão a Deus no céu.
O conjunto destas seis bem-aventuranças já citadas será completado por mais duas, mas somente por estas pode ser dito que estamos diante de um cristão, que as possuindo, somente se pode dizer dele que é bem-aventurado, tanto diante de Deus quanto dos anjos e dos homens.
Mas para que seja completo, deve ser um promotor da paz de Jesus neste mundo de ódio e trevas.
Ódio, pasmem! Contra o próprio Deus.
Porque a natureza terrena humana (de qualquer pessoa) está indisposta contra Deus. É sua inimiga como afirma a Bíblia, independentemente do querer do homem.
Há uma guerra contra Deus. Há um estado de rebelião que pode ser extinto e apenas apaziguado por meio da fé em Cristo, que nos reconcilia com Deus.
Assim, todos aqueles que agirem em prol desta reconciliação, pela oração e pregação do evangelho em favor de toda a humanidade, serão conhecidos como filhos de Deus, porque é o próprio Deus, que ama ao homem, seu inimigo, e o procura incansavelmente para conduzi-lo a uma condição espiritual de paz.
E como o apóstolo afirma em (Romanos 5-1 ) é por meio de Cristo, pela justificação que é pela fé nele, que temos paz com Deus.
E esta paz é para ser oferecida a todos, sem distinção, porque é este o desejo do Senhor.
Por isso é que se afirma na sétima bem-aventurança que serão chamados de filhos de Deus, todos aqueles que se empenharem no trabalho de evangelização, quer pela intercessão, quer pelo serviço ao próximo, pela pregação e ensino do evangelho.
Porque este é o meio de se conduzir os pecadores à paz com Deus, transformando-os de inimigos em amigos de Deus.
É a esta paz que nosso Senhor se refere.
Finalmente, seria de se esperar, se é este o resultado positivo do evangelho, que os seus promotores fossem achados em vida tranquila e sempre sossegada neste mundo.
Achados em alturas espirituais abençoadas nas quais seriam intocáveis pelo mal.
Todavia, é justamente por serem assim bem-aventurados, e por conduzirem muitos outros à bem-aventurança, que despertam a fúria do arqui-inimigo de Deus, Satanás, o diabo, e seus anjos caídos.
Então, em vez de se afirmar que a perseguição que sofrerão por amarem a Deus e a justiça de Cristo e do evangelho, que isto seria uma desventura, ao contrário, nosso Senhor a confirma como sendo a causa da oitava bem-aventurança, porque estas perseguições que sofremos com paciência cristã, por motivo da prática fiel da justiça do evangelho, contribuirão para o aumento dos nossos galardões, e serão exatamente elas que confirmarão a nossa entrada no reino dos céus.
Afinal, comprovamos para nós mesmos, que somos de Cristo, quando sofremos juntamente com Ele as injúrias e perseguições, que são levantadas por causa do nosso testemunho do evangelho.
É na nossa identificação com nosso Senhor, nos Seus sofrimentos, no carregar paciente diário da cruz, que temos a testificação do Espírito Santo, com o nosso espírito, que somos de fato filhos de Deus, porque, de outro modo, não poderíamos suportar tais perseguições com paciência. É o poder do Espírito Santo em nós, que nos capacita a isto.
Além disso, somos bem-aventurados, porque as tribulações refinam a nossa fé, e promovem o nosso amadurecimento espiritual no crescimento da graça e do caráter e virtudes de Jesus, que são melhor implantadas em nós, quando o nosso ego é quebrado pelo fogo da provação.
Por isso tanto nosso Senhor, quanto Tiago, dizem que devemos ter por motivo de grande alegria o passarmos por várias provações.
O bom soldado de Cristo suporta o sofrimento como se afirma em ( 2 Timóteo 2-3 ) sofrimento este que lhe sobrevém no bom combate da fé.
Jesus nos exorta à fidelidade mesmo em face da morte porque nos tem prometido a coroa da vida em ( Apocalipse 2-10 ).Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONDUZ, NOS ORIENTA, NOS CONSOLA, E AINDA NOS ANIMA ".

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA ( TEA ): UMA ABORDAGEM PARA PSICANÁLISE:

Neste artigo, desenvolveremos o conceito de tea e de que é possível abordagem Psicanalítica no Transtorno do Espectro Autista, ou TEA, de forma precoce na observação de bebês. Esta abordagem é relevante, porque a Psicanálise possui competência suficiente para manipular conteúdos do Inconsciente, conteúdo pelo qual os Autistas são imersos.

Como hipótese, partimos do princípio que o Autismo provém de fatores biológicos, porém também ambientais, que em grande parte não é inato. Como objetivos, vamos mostrar que a abordagem psicanalítica pode ser eficaz no contexto do Autismo.

Na primeira parte deste artigo  sobre o Tea, abordaremos a definição do Transtorno do Espectro Autista, a segunda parte focará nos fatores de predisposição, na terceira parte trataremos do mundo simbiótico relacional e suas influências no TEA entre mãe bebê, na quarta será citado a sintomatologia, na quinta será mencionado sobre os desafios do diagnóstico, na sexta sobre a diversidade de tratamentos e na sétima e última parte sobre a abordagem psicanalítica.

Entendendo o TEA:

Para atingir esses objetivos, a metodologia empregada foi de árdua pesquisa de artigos acadêmicos brasileiros e internacionais, literatura psicanalítica, Conceito e definição do TEA De acordo com a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID–10 (Organização Mundial de Saúde [OMS], 1993), o autismo é classificado na categoria dos transtornos invasivos do desenvolvimento. O autismo infantil manifesta-se antes da idade de três anos.

Caracteriza-se por anormalidades qualitativas nas três áreas seguintes:

  • interação social,
  • comunicação e
  • comportamento, que é restrito e repetitivo (OMS, 1993).

As classificações do autismo por muito tempo foram identificadas como “esquizofrenia infantil” ou “esquizofrenia da criança” (POTTER, 1933; LUTZ, 1936; DESPERT, BENDER 1937 apud. MARCELLI E COHEN, 2009).

Em 1944 um psiquiatra austríaco, Kanner, passou a denominar a síndrome com Autismo Infantil Precoce. Somente na década de 70 e 80 que o autismo deixou de ser visto como uma psicose, graças à contribuição de pesquisadores como Christian Gauderer, porém apenas na década de 90, com o surgimento do CID-10 que o Autismo passou a ser definido e classificado como um Transtorno Invasivo do Desenvolvimento.

A partir de 1º de janeiro de 2022 o Transtorno do Espectro Autista ou TEA, passou a constar como diagnóstico unificado na nova Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, a CID-11, na nova versão do Manual de Diagnóstico e Estatística dos Transtornos Mentais, o DMS-5 (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders), o documento reuniu todos os transtornos que estavam enquadrados dentro do Espectro do Autismo num só diagnóstico, as subdivisões passaram a ser apenas relacionadas a prejuízos na linguagem funcional e no desenvolvimento intelectual.

Por que o termo Psicose Infantil?

A intenção é facilitar o diagnóstico e simplificar a codificação no sistema de saúde. Conforme a CDC (Central of Disease Control) a prevalência do Autismo está em cerca de um a cada 44 nascimentos. Nem todas as crianças apresentam todas as defasagens no desenvolvimento, cada criança é única, as aquisições e habilidades de cada criança referem-se ao processo de defesa e a de experiências vividas em seu processo, por esse motivo o autismo é um ESPECTRO.

Nos primórdios da Psicanálise onde o tea e o Transtorno Invasivo do Desenvolvimento ainda não era conhecido em sua essência, foi determinado primeiramente como psicose  devido à perda da realidade que essas crianças tinham. Segundo Winnicott (1988-1990), psicóticos fazem parte das pessoas cujo amadurecimento não foi possível desde os estágios mais primordiais do desenvolvimento. Dias (2003) afirma que há, no caráter psicótico, a característica da impossibilidade que o indivíduo apresenta de “ter tempo”, de poder “contar com o tempo”.

TEA e a falha no desenvolvimento:

Para o autor, isso ocorreria devido à falha no desenvolvimento subjetivo da noção de tempo, que corresponde à primeira tarefa básica, a integração no tempo e no espaço. De forma clara se resume a rotina que a mãe faria (alimentação, hora de dormir, de despertar) respeitando, no primeiro momento, o funcionamento fisiológico do bebê e dando o ritmo dos cuidados para além de necessidades e capacidades da criança.

É somente através desses cuidados que o bebê consegue se temporalizar de forma subjetiva (DIAS, 2003). Essa ausência de rotina e cuidados poderiam gerar essa perda de contato com a realidade. Para o psicanalista Donald winnicott, a raiz das psicoses seria a ausência dos primeiros cuidados, o que é ameaçador para o bebê que passa somente a se defender desse ambiente ameaçador, ela pára de exercer sua continuidade de ser e muitas vezes permanecem completamente isoladas, ensimesmadas.

O Autismo em sua essência se difere da psicose pelo fato que segundo Kanner, que a esquizofrenia infantil, as crianças estabeleciam relações e vínculos até uma determinada idade , quando então se desencadeava algo da ordem da psicose e esse vínculo era interrompido, ao contrário do Autismo, onde esse vínculo não ocorria desde o início. O Autismo segundo Kanner se distancia da psicose no que se define como uma perturbação inata do contato afetivo, uma incapacidade biológica da criança para constituir esse contato. Bem como a presença de ecolalias e estereotipias que trataremos mais à frente.

O estado autístico seria a expressão máxima da organização de defensiva do indivíduo frente às ameaças de um ambiente falho, invasivo e ameaçador, então o isolamento utilizado visa alcançar a invulnerabilidade como defesa primordial.

Como o autista voltou-se ao isolamento para se defender apresenta defasagens em algumas áreas como: alojamento da psique humana no soma,  organização de tempo e espaço, alcance do estágio “eu sou” e a constituição do “si mesmo”. Teorias e fatores de predisposição Nossa psique é constituída pelo cotidiano, pelas primeiras trocas corporais, impulsos, afetos, olhares, contatos, mímicas, gestos, sentimentos e palavras.

Durante a história da descoberta do Transtorno do Espectro Autista, houve inúmeras teorias e descobertas no que diz aos fatores de predisposição que iremos explorar a seguir. Alguns fatores de risco são citados como fatores pré-natais e perinatais, nutrição e estilo de vida materno, idade materna avançada (>40), paterna (>50), intervalos curtos de gestações (<24 meses), fatores não ideais durante a gestação como fatores metabólicos, hipertensão, sobrepeso, infecções, histórico familiar de doenças autoimunes.

O multiverso do psiquismo:

Porém nesse multiverso existem também as teorias no que tangem ao psiquismo. “Kupfer e Pechberty (2010) enquadram o autismo como um problema psíquico, foi excessivamente associado aos distúrbios do apego ao passado, fato que culpabilizou os pais resultando numa pesada crítica”.

Por fim, Lima (2010), evidencia que o autismo é resultante de falhas na instalação da pulsão no sujeito, ou seja, durante o processo de constituição do psiquismo do bebê, ou seja, os cuidados primários como cuidado, acolhimento, espelhamento, significação, apresentação, condução, entre outros. Quando não supridos esses cuidados, ocorre uma interrupção no processo de amadurecimento da criança.

Juntamente com Marfinati e Abrão (2014) a etiologia do autismo é proveniente de uma deficiência na constituição do ego que consiste na interrupção no desenvolvimento do sujeito, devido a uma adaptação falha às suas necessidades, perdendo assim o sentido do self.

Isso pode ser percebido através do isolamento, incomunicabilidade, hipersensibilidade sensorial, pobreza dos processos simbólicos e pela aparente “desconexão” entre a criança frente ao outro e aos objetos, que ocorre devido ao fato de estar tomada por intensas sensações que ficam concentradas em seus processos corporais, tais características fazem parte da sintomatologia do autismo.

Já Pavoni e Rafaeli (2011) tecerem críticas sobre as teorias, pois apontam a causalidade também como biológica e a correlação entre elas. Na visão de Winnicott, apesar de reconhecer alguns casos de autismo com danos cerebrais, sabia que outros casos não apresentavam qualquer alteração orgânica. Em sua teoria, para que a criança tenha um desenvolvimento saudável, o ambiente (a mãe), deverá ser capaz de atender e suprir as necessidades do bebê em cada fase de seu amadurecimento.

Percebeu-se que mães de crianças autistas apresentavam um desamparo nem sempre percebido à primeira vista e muito menos notado por ela mesma. Esse desamparo mostrou-se antes mesmo do nascimento da criança. Outro conceito fundamental pelas quais psicanalistas se orientam e apropriam, é a noção da epigenética. Esse conceito oferece suporte teórico para a investigação da possibilidade de modificação das estruturas neuronais a partir do ambiente, favorecendo um novo olhar quanto às questões etiológicas.

Trata-se de um modelo que considera a ligação entre as questões de ordem genética e os fatores ambientais, considerando as alterações intracelulares no material genético do organismo (Freitas-Silva & Ortega, 2014). Então, o ambiente pode causar essas modificações neuronais levando o bebê a desenvolver comportamento autístico.

O desenvolvimento emocional no transtorno do especto autista:

As primeiras semanas são cruciais segundo Winnicott para o desenvolvimento emocional saudável do bebê, o grande desafio é que muitas mães não se “doam” por completo nos primeiros meses tão necessários ao bebê, com medo da perda de “identidade própria”, carreira e vida individual. Esse misto de sentimentos faz com que a mãe se sinta desamparada ante a um bebê que também precisa de amparo, tal terror faz com que a mãe não consiga a identificação necessária com o bebê. Dessa forma o amparo emocional à mãe é muito importante. Pais ausentes são um grande risco, pois a incapacidade de perceber as necessidades das esposas não traz o respaldo e a atmosfera necessária na criação de ambiente suficientemente bom.

Esse desamparo inconsciente da mãe, o não olhar segundo Laznik-Penot (1997), promove uma fratura significativa no estádio ou estágio do espelho, conforme proposto por Jacques Lacan, como o tempo particular do reconhecimento do bebê pelo Outro a partir da imagem especular, proporcionando ao pequeno sua imagem corporal.

Essa mãe olhou para seu bebê a fim de adquirir essa conexão? Será esse fato o motivo pelo qual a maioria dos autistas não conseguem o contato visual? O sujeito que exerce a função materna atribui sentidos aos objetos, aos sentimentos e às sensações, atribuindo significação ao que o bebê faz e sente para que posteriormente essa suposição venha a se tornar um diálogo, permitindo a ele apropriar-se dessas significações (Jerusalinsky, A., 2015b). Será que essa ausência de diálogo com o bebê pode ser o fator do desenvolvimento da linguagem ser prejudicada no autismo?

Françoise Dolto (1987), afirma que é necessário que se estabeleça a linguagem com o bebê desde o seu nascimento, tudo é linguagem, é através dela que há conecção entre a mãe e o bebê Fonseca (2012) cita que não devemos negligenciar que as rápidas mudanças nas práticas parentais na atualidade, como nos centros urbanos; desse modo associado aos aspectos biológicos e ambientais, a suscetibilidade inata ou a presença de algum transtorno neural, pode favorecer o surgimento do TEA – transtorno do especto autista.

A criança que sofre perturbações no ambiente tem sérios índices de desenvolver uma situação autística, porém reversível. Mas a diferença é quando a criança “liga” sua defesa contra a angústia constantemente e tem a revivência de agonia, ou seja, não superando essa fase ela permanecerá no autismo. Portanto “o autismo seria então a expressão maior da manifestação de defesa frente ao um ambiente que se apresentou falho no estágio de dependência absoluta, durante as realizações básicas para a integração do eu (ARAÚJO, 2003).” Essa defesa inibe sua relação com o outro de forma adequada.

Mundo simbiótico mãe-bebê e o TEA:

O conceito simbiose entre mãe e bebê vem desde o momento da concepção embrionária, o bebê formado no útero materno, nutrido pelo cordão umbilical, imerso no líquido amniótico, aquecido pela circulação sanguínea e já é capaz de sentir, todo sentimento materno (em forma de substâncias químicas que chegam através da circulação) é experimentado por esse pequeno ser ainda informe em desenvolvimento. Mais tarde com cerca de 24 semanas ele passa a ouvir os batimentos cardíacos e entre 26 e 30 semanas já é capaz de responder a voz materna.

Esse bebê passa 39 semanas de sua vida no aconchego, sendo suprido a todo tempo. Nessa fase intrauterina ele já pode ter experimentado sentimentos de amor, alegria, rejeição  angústia ou desamparo. O parto é extremamente traumático para o bebê, ele é expulso do lugar que ele conhecia de onde era todo tempo acolhido e nutrido, tem seu elo cortado, o som do mundo é assustador, a claridade impede de abrir os olhos, ele passa a sentir fome, frio, desconfortos, temores.

Se o bebê não pode ser visto pelos olhos da mãe, ele também não consegue ver-se e consequentemente não consegue existir como pessoa. Para o bebê o cordão umbilical ainda existe. “O holding inclui o segurar e o envolver o bebê como uma totalidade psicossomática. A mãe precisa saber que o essencial constitui o mais simples de todas as experiências, a que se baseia no contato sem atividade” (Winnicott).

O recém-nascido é dependente de um humano para a organização de seu psiquismo a princípio diática e depois triádica. Winnicott afirma que inicialmente o bebê só existe fundido à mãe, e essa fusão significa que a mãe e o bebê são um só; que o bebê não diferencia eu e não-eu e que, quando olha para o rosto da mãe, ele vê a si mesmo. A criança para se desenvolver de forma saudável precisa que sejam supridas necessidades emocionais de contato humano, íntimo, corporal e afetivo (cf. LEJARRAGA, 2008).

Porém pode ocorrer em algum momento o desamparo, é importante ressaltar se a incapacidade da mãe de “maternar”, não se ancora justamente na inconsistência paterna. Esse pai é presente? Como essa mãe estava anteriormente à gestação? Durante a gestação? Winnicott comenta: “As mães serão ajudadas se forem capazes de expressar suas angústias no momento em que as sentem. O ressentimento reprimido deteriora o amor que está subjacente a tudo”.

“Sugiro que a mãe odeia o bebê antes que o bebê a odeie, e antes que o bebê possa saber que sua mãe o odeia” (Winnicott.1982, p. 350). Esse ódio conforme Winnicott é devido à constatação do sentimento assassino contra o bebê, relação com o recalque do qual faz objeto aquele que o sente. (Ódio na Constratransferência de 1958).

O ódio inconsciente: 

O ódio inconsciente da mãe pelo bebê recoberto por formações reativas; uma incapacidade da mãe para um envolvimento total com o bebê, nem que seja por um pequeno período de tempo; e uma loucura instalada na mãe que irrompe inesperadamente na vida do bebê” (Dias, 1998, p.311). Essa formação reativa (o mimar a criança no intuito secundário de suprir o que foi perdido) impede que o auxílio à mãe chegue, pois impede a percepção das pessoas. Quando o ódio chega à tona o prejuízo já foi causado.

Essa relação de sentimentos chegam à mãe, sem que ela perceba conscientemente, pode ser constatado a partir da observação da relação mãe-bebê. Quando a mãe mantém a confiabilidade ambiental, para o bebê tudo se mantém dentro do controle de forma integrada.

Para Winnicott o bebê precisa ser “segurado” suficientemente bem (contato), o resultado de um bebê que não foi segurado tem um desenvolvimento deturpado e protelado, e algum grau de primitiva agonia estará sempre presente ao longo de sua vida, seu ego precisou se desenvolver muito prematuramente ou tenha se tornado confuso é possível dizer que na experiência comum de segurar adequadamente o bebê teve um ego desde o primeiro instante, um ego frágil e pessoal, mas impulsionado pela adaptação da mãe e pela capacidade desta se identificar com o bebê.

Ex: Quedas do bebê, a falta de segurança ao o segurar não o sustentando da forma certa (cabeça), o bebê sendo deixado por muito tempo chorando sozinho. Winnicott ainda relata que uma criança que não recebeu o cuidado pré-verbal em termos de “segurar” e do manuseio, a confiabilidade humana, é uma criança carente.

Existem estágios primitivos de amadurecimento que ocorrem entre a dependência do bebê e sua mãe, os estágios conforme os estudos Winnicottiano são:

  • dependência absoluta,
  • seguida da dependência relativa e,
  • por último, rumo à independência.

Para o avanço saudável nesses estágios, entra a mãe suficientemente boa que é o primeiro ambiente do bebê. “O ambiente não faz a criança, Na melhor das hipóteses possibilita à criança concretizar seu potencial”. Nem toda criança que passa por um ambiente “hostil” quando bebê desenvolverá o autismo. Um lactante bem amparado, ainda segundo Winnicott, pode ter simples experiências que, porém passam a “consciência deliciosa de estar vivo”, a alegria de ser carregado, entusiasmo e prazer que decorrem do movimento, sensação de relaxamento e repouso.

O TEA e uma experiência sólida nos primórdios da sua infância:

Quando há falha ambiental na adaptação às necessidades primárias do bebê, este tem que se adaptar ao ambiente, reagindo ao abandono, o que implica uma perda e uma quebra na sua continuidade de ser – o trauma – é vivido pelo bebê como uma agonia impensável, ou seja, uma agonia que não pode ser pensada, nem representada, nem integrada. O bebê ainda possui um sentimento do “si mesmo” muito precário nesses estágios iniciais, essa ruptura na continuidade de ser (que é a mãe) é vivida como aniquilamento (cf. WINNICOTT, 1960a).

As agonias impensáveis são, assim, angústias psicóticas que dizem respeito ao ser: a ameaça não é, como na angústia da castração, a perda da onipotência narcísica, mas o aniquilamento do ser – a morte psíquica – já que o bebê interrompe sua experiência de ser quando reage às falhas do ambiente. O bebê que não tem a presença da mãe suficientemente Boa, seu calor, seu colo, sentir sua respiração é privado da atmosfera afetiva, prazerosa ou alegre, isso o impede de desenvolver os processos fundamentais do amadurecimento psíquico.

Essas experiências de alegrias iniciais criam uma base sólida para que a criança no futuro se torne um adulto capaz de lidar com frustrações, perdas, desilusões de forma saudável, se tiver tido uma experiência sólida nos primórdios da sua infância. Se o bebê não receber essa atenção primária correrá um grande risco de desenvolver além das falhas psíquicas citadas anteriormente, uma grande probabilidade de entrar no Espectro Autista, segundo demonstra estudos psicanalíticos.

As necessidades inerentes ao bebê, não atendidas de modo suficientemente bom, provocam ansiedades terríveis que se pudessem ser nomeadas pelo bebê, seriam assim descritas por ele: ser feitos em pedaços, cair para sempre, morrer, morrer e morrer, perder todos os vestígios de esperança e renovação de contatos.

O lado bom é que se houver uma assistência satisfatória, esses sentimentos terríveis se tornam em experiências positivas. Quando o bebê se sente seguro, mesmo quando só ele sabe que tem alguém que se preocupa com ele. (Winnicott 1970a, p. 76 – A casa e o Holding). A abordagem patológica de crianças é quase impossível se as necessidades de apoio ao tratamento não forem levadas em consideração ao mesmo tempo, suas mães. O ambiente do bebê não é o único determinante no seu desenvolvimento, a mãe, como objeto de amor para ele, também como indicadora de limites e, portanto objeto de frustração, ela se tornará tela de projeções e introjeções que de fato são determinantes, e que, portanto, irão sem dúvidas marcar o desenvolvimento futuro de sua personalidade e funcionalidade psíquica. Sabemos que alguns aspectos são inatos, porém outros são adquiridos na vivência.

Sintomatologia do TEA:

Quando falamos sobre sinais e sintomas no TEA, precisamos nos atentar que nem todas as crianças apresentarão todos os sintomas, todas as dificuldades bem como todas as deficiências cognitivas. O Transtorno do Espectro do Autismo é divido em “graus” (anteriormente denominados), ou níveis de suporte sendo:

  • Nível 1 (autismo leve): problemas para iniciar interações, menor interesse nas relações sociais, comportamento inflexível a dificuldades nas atividades do cotidiano.
  • Nível 2 (autismo moderado): Dificuldade acentuada na comunicação verbal e não verbal, habilidades sociais limitadas e inflexibilidade.
  • Nível 3 (autismo severo): níveis graves de comunicação verbais e não verbais, acentuada dificuldade de funcionamento.

Não é correto a utilização de “graus” ou níveis de suporte ao tratar um autista, eles existem para fins de laudo médico. Sinais e sintomas conforme descrito em DSM-5

  1. Déficit na reciprocidade socioemocional (por exemplo, abordagem social anormal e falha na conversa normal de vaivém; ou compartilhamento reduzido de interesses, emoções ou afeto).
  2. Déficits em comportamentos comunicativos não verbais (por exemplo, comunicação verbal e não verbal mal integrada, anormalidade no contato visual e linguagem corporal, ou déficits na compreensão e utilização de gestos).
  3. Déficits no desenvolvimento, manutenção e compreensão de relacionamentos (por exemplo, dificuldade em ajustar o comportamento para se adequar a vários contextos sociais; ou dificuldades em compartilhar brincadeiras imaginativas ou fazer amigos).
  4. Comprometimento cognitivo na capacidade de metarepresentação, isto é, a capacidade de atribuir estados mentais para si próprio e para os demais, ela é necessária para as habilidades sociais e simbólicas (por exemplo, dificuldades em identificar fisionomias: bravo, feliz, triste; interferindo assim na empatia).
  5. Segundo Sielski e Cardoso (2004), na criança com autismo, não se efetua a construção de uma imagem corporal, a inscrição de significantes e a organização pulsional. Seu corpo fica fragmentado, pois não há nada que o delimite, que marque suas bordas, seu contorno.

Assim, não há possibilidade de diferenciação entre seu corpo e o mundo externo. (por exemplo, no desenho a criança pode representar o seu “eu” como a continuidade de algo).

Padrões restritos de comportamento:

Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses ou atividades, conforme manifestado por:

  1. Movimentos motores estereotipados ou repetitivos, o uso de objetos ou fala (por exemplo, estereotipias motoras simples, brinquedos alinhados ou lançando objetos).
  2. Insistência na mesmice, adesão inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal e não verbal (por exemplo, angústia extrema em pequenas mudanças, dificuldades com transições ou padrões de pensamentos rígidos).
  3. Interesses altamente restritos e fixos que são anormais em intensidade ou foco (por exemplo, forte apego ou preocupação com objetos incomuns).
  4. Hiperreatividade ou hiporreatividade à entrada sensorial ou interesses incomuns em aspectos sensoriais do ambiente (por exemplo, indiferença aparente à dor ou a temperatura, ou respostas adversas a sons ou a texturas específicas).
  5. Seletividade alimentar, a criança por sua vez possui déficits em sua alimentação devido a grande seletividade decorrente das texturas, odores ou cores.
  6. Pode apresentar comorbidades como TOD (Transtorno Opositivo Desafiador) e/ou TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), nem toda criança com TDAH tem Autismo, porém quase sempre a criança com TEA pode desenvolver TDAH.
  7. Atraso no desenvolvimento da linguagem verbal, apresentando ecolalia (repetição do que lhe é comunicado), não consegue manter diálogo. Às vezes não desenvolve a fala em período considerado normal para idade, podendo ser desenvolvida posteriormente ou não.

Diagnóstico do transtorno do espectro autista:

“Para identificar los rasgos nucleares, tuvimos que buscarlos debajo de la superficie de los sintomas” (Autismo y Psicosis Infantil – Marita Manzotti). Sobre essa citação de Marita, ela afirma que há muito mais do que sintomas, que são apenas a superfície do autismo. Para que sejam identificados os traços centrais do Transtorno é necessário olhar o centro, abaixo da superfície sintomática do mesmo. O diagnóstico por vezes pode ser difícil ainda mais nas famílias em que ainda não foram notados atrasos. A priori pode ser realizado por pediatras, psiquiatras e psicólogos, porém por vezes ao levar no pediatra ao relatar algum comportamento, o médico por sua vez pode não reconhecer os sintomas mais leves, a criança pode ter o contato visual e ser verbal; o que leva por vezes o diagnóstico tardio.

Virá posteriormente com aparecimento das comorbidades como TDAH, ansiedade e transtornos do humor. Sexo feminino também na maioria dos casos recebe diagnóstico mais tardiamente, pois as meninas possuem mais facilidade para adaptar-se aos ambientes e já cedo aprendem a imitação.

O diagnóstico precoce deve ser observado em:

  • Crianças menores de 24 meses: já que seu curso de desenvolvimento está em andamento.
  • Crianças a partir de 3 anos: já possuem uma ampla gama de formações verbais e não-verbais capazes de diagnosticar com mais precisão.
  • Crianças a partir de nove anos: já se pode observar a interação social, independência e adaptabilidade.

A seguir, citarei alguns métodos e protocolos regulamentados para que seja realizado o diagnóstico corretamente. A primeira fase do diagnóstico é realizada em casa, com os pais e familiares que convivem com a criança e podem levantar suspeitas em algum comportamento atípico. Ainda não há marcadores biológicos e exames específicos para detectar autismo, alguns médicos pediatras podem não estar preparados para diagnósticos de autismo de leve.

Além da sintomatologia característica citada anteriormente neste trabalho há protocolos que são aplicados por especialistas na área caso houver alguma dúvida, são eles: MCHAT, ADI-R e ADOS. A escala MCHAT classifica a criança em três níveis, sendo:

  • Baixo risco – pontuação de 0 a 2,
  • Risco Moderado – pontuação de 3 a 7 e
  • Alto risco – pontuação de 8 a 20.

Essa escala consiste em uma entrevista com os pais, com perguntas de rastreamento que podem ser realizadas em todas as visitas, como por exemplo: “O seu filho olha para você, no olho, por mais de um segundo ou dois?”, “Se você apontar um brinquedo do outro lado do cômodo, o seu filho olha para ele?”. O pediatra ou psicólogo responsável por aplicar essas questões somará ao final as respostas e dará um parecer, porém, não o diagnóstico final.

Entrevista de Diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista – TEA:

Até a chegada de um “diagnóstico fechado”, há um longo caminho a ser percorrido. A Entrevista de Diagnóstico Revisada (ADI-R) e a Programação de Observação Diagnóstica (ADOS) são questionários estruturados, sendo que o ADI-R conta com um total de 93 questões respondidas pelos responsáveis e cuidadores da criança, a pontuação de cada questão varia de 1 (menos grave) a 3 (mais grave).

Já o teste ADOS consiste na entrevista incluindo atividades lúdicas, o tempo de avaliação vai de acordo com a idade, sendo que com crianças de 4 a 10 anos de idade dure cerca de uma hora e meia, para adolescentes e adultos pode durar um pouco mais. A intervenção é feita com brincadeiras e jogos com o avaliador e é composta por quatro módulos de trinta minutos cada. Cada módulo explora uma habilidade sendo assim:

  • Módulo 1: destinado a crianças pequenas que ainda não verbalizam de maneira eficiente e consistente. O examinador irá testar a habilidade da criança em responder ao chamado pelo nome e realizará brincadeiras de seu interesse.
  • Módulo 2: destinado a crianças que falam, mas que podem não ser verbalmente fluentes, a avaliação consiste em brincadeiras de faz de conta para avaliar os níveis de habilidade da criança.
  • Módulo 3: destinado a crianças verbalmente ativas com utilização de brinquedos compatíveis com a idade mental.
  • Módulo 4: preferencialmente utilizado adolescentes e adultos verbalmente fluentes com questões socioemocionais além de perguntas da vida diária.

O objetivo do ADOS é forçar a interação para que o comportamento transpareça de maneira clara para assim realizar o diagnóstico. Notas sobre o diagnóstico: Indivíduos com um diagnóstico DSM-IV bem estabelecido de transtorno autista, Síndrome de Asperger (conhecida com autismo leve) ou Transtorno Invasivo do Desenvolvimento não especificados de outra forma (conhecida como autismo grave), devem receber o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista, hoje já não há mais essa separação.

Os sintomas devem estar presentes no início do período de desenvolvimento (mas podem não se manifestar totalmente até que as demandas sociais excedam a capacidade limitada, ou podem ser mascarados por estratégias aprendidas mais tarde na vida). O indivíduo deve ter déficits de comunicação social (passado ou presente) em cada uma das áreas já definidas aqui. O indivíduo deve ter dois dos quatro padrões repetitivos restritos (passado ou presente).

Tratamento medicamentoso para o TEA:

Os sintomas devem causar prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas de funcionamento atual. Antes do diagnóstico conclusivo o indivíduo passará por uma equipe multiprofissional.  Há uma gama de tratamentos utilizados para que o indivíduo possa se desenvolver e manter uma qualidade de vida saudável para si mesmo e seus familiares.

Daremos início às citações de tratamentos comumente utilizados em seus vários aspectos, e após daremos início a definição do possível tratamento Psicanalítico que pode ser utilizado para intervenção precoce bem como terapia complementar com grandes ganhos ao paciente. Dependendo do nível de suporte que o paciente possui, bem como suas comorbidades, faz-se necessário o tratamento medicamentoso associado às terapias:

  • RISPERIDORA: Agitação, irritabilidade no TEA Medicamento antipsicótico atípico, restaura o equilíbrio de neurotransmissores.
  • RITALINA: Redutor da sonolência diurna, redutor de comportamento impulsivo, estimula atividade mental e concentração no TDAH. Aumenta as doses de dopamina e noradrenalina causando efeito de euforia, aumentando o poder de concentração.
  • GUANFACINE: Regulador da Hiperatividade em crianças de 6 a 17 anos. Fármaco simpatológico Anti-hipertensivo, regulador da norepinefrina controlando os impulsos nervosos.
  • ARIPRIPAZOL: Trata a mania, transtorno de humor – transtornos bipolar  utilizado no TEA Antipsicótico antagonista estimula receptores dopaminérgicos e serotoninérgicos.
  • CLONAZEPINA: Relaxante, muscular, sedação, ansiolítico, acatisia e efeito tranquilizante, utilizado no TEA Benzodiazepínico, inibidor leve das funções do SNC.
  • OLANZAPINA: Esquizofrenia, psicoses, isolamento emocional, utilizado no TEA.
  • Antipsicótico atípico de segunda geração atuante no SNC.
  • QUETIAPINA: Regula o humor, pensamento e comportamento. Utilizado no TEA. Antipsicótico regulador de dopamina e serotonina.
  • ZIPRASIDONA: Regulador de agitação aguda Antipsicótico, antagonista dos receptores de serotonina do tipo 2A (5HT2A), como dos receptores de dopamina do tipo 2.

Terapias mais usuais para TEA:

Além das medicações, por vezes necessárias há uma gama de profissionais envolvidos em uma ampla estrutura de tratamento a longo prazo.

  • Terapia ABA: Análise do Comportamento Aplicada – jogos lúdicos, ensino de habilidades básicas e sociais, imitação, iniciação comunicativa, realizados utilizando a recompensa. Treinos intensos de até três vezes por semana.
  • NDBI e TEACCH: Tratamento e Educação de Crianças e Adultos e com Deficiência de Comunicação – que é a forma de usar o ambiente para aumentar a independência.
  • Fonoaudiologia: Ensino correto de pronúncias e desenvolvimento da fala, exercícios vocais e musculares.
  • Terapia ocupacional: Integração sensorial, auditiva.
  • Musicoterapia: Para desenvolvimento da fala, atenção e melhora da agitação.
  • Dançaterapia: Auxilia no desenvolvimento motor e gestual, equilíbrio corporal e na marcha.
  • Equoterapia: Terapia com cavalos, auxilia no desenvolvimento de esquema corporal, postura, equilíbrio, estruturação espacial, estabelecimento de relações.
  • Psicologia: Trabalha autoregulação emocional, comportamento adequado, ajuda a lidar com ansiedade, depressão, frustrações.
  • Psicanálise: Não completamente diferente do trabalho da Psicologia, porém mais profunda está a PSICANÁLISE. Detentora do conhecimento vasto sobre a psique humana, no que se refere ao Inconsciente, é pautada nessa base que todo trabalho se baseará.

Abordagem do Autismo pela Psicanálise:

A chave de todo este artigo é demonstrar que sim, é possível o trabalho de um psicoterapeuta na intervenção precoce e tratamento analítico de pacientes com Autismo. Houve muitos questionamentos sobre o tratamento realizado por psicanálista por parte da Psicologia, porém inúmeros estudos confirmaram a eficiência da psicoterapia em autismos de funcionamento superior. “É importante que a criança possa fazer-se ouvir, fazer-se ver, para que, possam ser realizadas as construções que deveriam ter acontecido nos primeiros anos de vida”. (Sielski & Cardoso, 2004).

O psicoterapeuta atua como um tradutor de língua estrangeira do sujeito com autismo. Segundo David zimerman (1999), cabe ao analista a delicada tarefa de reconhecer e suplementar eventuais falhas, que, desde a infância, o paciente teve em sua ânsia de ser acolhido, contido, compreendido, e em ser reconhecido nas suas manifestações de ilusão onipotente, de amor e agressividade.

Esses aspectos são inerentes aos processos de diferenciação, separação e individuação. Durante a terapia é importante não se preocupar com as significações dos atos da criança com TEA. A criação de vínculo terapêutico é de extrema importância para o entendimento do “Eu” e “Não Eu”. O terapeuta deve adiantar-se para captar de maneira empática o sentido de cada gesto e expressão do paciente, pois, alguns poderão não ser verbais. A experiência contra-transferencial do analista o permite entrar no mundo fechado do autista para abrir uma comunicação intersubjetiva.

Graças ao recurso de extensão (o objeto em sentido metapsicológico, não está separado de seu corpo, nada mais do que um prolongamento por falta de extensão do domínio da experiência da criança; não poderia ser de outra forma, uma vez que ela não pode ter outra experiência além, corporal, sensual), nota-se que a criança utiliza as mãos do seu cuidador ou terapeuta como ferramenta para apontar ou pegar algo, ao invés de utilizar a própria.

O analista deve aprofundar-se nos sentidos para assim obter sucesso na intervenção. O analista fará o manejo da transferência através do vínculo terapêutico, holding, oferecerá sustentação egoica ao paciente, semelhante ao da mãe. Após o processo de constituição, avançará para o estágio da imitação, fazendo assim que o paciente consiga se comunicar e expressar suas angústias, isso o conduzirá à percepção de si, seu corpo e sensações em conjunto com o desenvolvimento emocional, do jogo e da simbolização, ao qual o indivíduo com autismo tem sérias dificuldades.

Demanda uma atenção especial à sua expressão corporal, pois a criança autista não utiliza brinquedos para se comunicar e sim o próprio corpo e o corpo do analista. F. Tustin alegara durante as sessões fazer movimentos leves com seu corpo (imitando estereotipia) a fim de inteirar-se com o autista; a criança tem necessidade de se reencontrar em si mesmo na interação que teve com sua mãe, dessa forma há uma identificação com o analista.

Uma reestruturação psíquica:

É necessária uma reestruturação psíquica através do desenvolvimento da capacidade simbólica: o psicanalista, ao ocupar a significação das pulsões do mesmo. O tratamento analítico com ênfase no jogo simbólico é de extrema importância, a participação do analista nesses jogos, como sons, ludoterapia ( terapia do brincar)  jogo da natureza (utilizando espaços abertos e elementos naturais), inversão de papéis. Com relação a aquisição da linguagem que será feita em sintonia com a fonoaudióloga, pode ser realizada sim pelo analista, com técnicas adequadas e assim obter uma melhora surpreendente nos sintomas do TEA. A pessoa com autismo tem sérias dificuldades em ser escutada e compreendida, isso propõe ao analista a finalidade de estabelecer essa comunicação, ouvindo.

Quando falamos sobre intervenção no autismo, precisamos nos ater que a intervenção deverá começar sem dúvida precocemente desde antes da concepção como já foi citado anteriormente na sessão sobre a simbiose da mãe e do bebê, na psicoterapia perinatal a mãe precisa ser instruída sobre o gerenciamento de suas emoções. Logo após o parto o acolhimento e os cuidados maternos de forma integral ao bebê devem ser realizadas de forma suficientemente boa.

Já é notável durante a amamentação a interação mãe e bebê costuma relacionar-se com sua mãe, olhando em seu rosto. A intervenção nesse caso é “reativar” esse relacionamento, esse olhar da mãe para o bebê e o bebê para sua mãe.

Sabemos que muitas vezes o Autismo é proveniente de alterações biológicas, porém também sabemos que quanto mais cedo houver a intervenção, maior o prognóstico essa criança terá em seu desenvolvimento.

Técnicas da psicanálise na abordagem com autistas:

A seguir citarei algumas técnicas que podem trazer grande ganho nas terapias psicanalíticas com crianças autistas.

  1. Sala: Manter móveis e organização da sala sempre a mesma, um espelho grande como estratégia de reconhecimento corporal. Ter vários objetos com texturas diferentes, sons diferentes. Caixa com vários objetos não usuais.
  2. Entrevista: Na entrevista preliminar, o analista deverá selecionar cinco objetos diferentes (brinquedos) e cinco tipos de comida, colocar sobre a mesa que a criança mais goste. Anote em uma folha os itens e as preferências, deixe que a criança escolha um por vez, o primeiro será o que mais gosta e assim por diante, remanejando os objetos da direita para a esquerda. Dessa forma o analista saberá o que acalma a criança e o que pode redirecionar sua atenção em momentos que ela ficar entediada, bem como ajudar na comunicação. Chamamos de recompensa.
  3. Trabalhar com desenhos: não somente o lápis, mas pode utilizar outros meios para fazer desenho, como por exemplo, a Arteterapia que falaremos mais adiante.
  4. Caixa sigilosa: uma caixa com materiais gráficos e brinquedos, de uso exclusivo de cada criança que somente ela poderá abrir nas sessões. Assim, cria-se um vínculo terapêutico que pode se originar desde o início do tratamento psicanalitico.
  5. É necessária uma visualização do todo, sendo a voz, o corpo, o olhar e o tratamento com objetos e seus corpos, dessa forma se calcula uma hipótese antecipada do ponto de espera em que o sujeito não calcula o encontro. (Anota-se cada manifestação e característica apresentada).
  6. Afeto Surpresa: Uma técnica excelente onde o terapeuta pode posicionar-se da mesma maneira que a criança antes da sua chegada na sala. Dessa forma ela terá um imprevisto e nessa surpresa se instaura um código comum, já não pode iludir a si mesmo, deverá inventar outra maneira. Essa reciprocidade das regras possibilitou o encontro e através desse encontro surge a produção de outros atos que darão conta de um novo modo de regulação.
  7. Musicoterapia: Não é necessário ser musicoterapeuta para trabalhar com música, você pode adquirir alguns instrumentos simples, como pandeiro, chocalho ou confeccionar. A música pode ajudar na sessão psicanalítica para alternar as atividades e em contrapartida ajudar no desenvolvimento da fala e imitação.
  8. Arteterapia na sessão de psicanálise: Alguns podem discordar que uma não tem ligação com a outra, no que discordaremos; a arte terapia um modo de auto expressão e comunicação e está reconhecida como um poderoso apoio ao tratamento e investigação da saúde mental.

A arteterapia nos presenteia com a comunicação não verbal e alternativa linguagem pela qual os autistas utilizam onde ela é parcial ou até inexistente, o mais importante na arte terapia é a pessoa e o processo. A arte é criada como um discurso simbólico. Florence Cane (1882 – 1952), precursora da arte terapia na educação descobriu métodos para ajudar as crianças a libertarem-se das estereotipias desenhando e pintando. Usou técnicas de movimento, sons e rabiscos, tinha como meta liberar as barreiras, evocando assim um tipo de associação livre e assim alcançando as fantasias do inconsciente.

TEA e o terapeuta:

Edith Kramer (1916 – 2014) pintora realista, austríaca seguidora da teoria psicanalítica e pioneira em arte terapia, dizia que se considerava uma terapeuta da arte e que se tivesse algo de bom a oferecer só as artes poderiam dar. Através da terapia artística vemos a possibilidade de manifestar os conflitos inconscientes (repressões), a possibilidade terapêutica do desenho infantil se baseia também na interpretação. Para isso o psicanalista precisa manejar bem este assunto. Ao desenhar a criança traz a partir dos pensamentos manifestos na forma de recordações ou representações mentais, não são de modo exclusivo do inconsciente. Para dibujar necesitamos la maduración y la participación de muchas estructuras que componen una zona amplísima que se extiende desde el lóbulo prefrontal al lóbulo occipital del hemisferio hablante (generalmente el izquierdo) llamada «mano cerebral». Desde esa zona van a partir órdenes motoras para activar y coordinar a los músculos del antebrazo. (Trecho artigo: Creatividad, art terapia y autismo – Mª Isabel Fernandez Añino)

Tradução: Para desenhar precisamos da maturação e participação de muitas estruturas que compõem uma área muito grande que se estende desde o lobo pré-frontal até o lobo occipital do hemisfério falante (geralmente o esquerdo) chamado de “mão cerebral”. A partir dessa área eles iniciarão ordens motoras para ativar e coordenar os músculos do antebraço. Quando vemos essa afirmação, fica claro que a psique está intimamente ligada com o desenhar, o criar.

A partir disso, podemos aplicar essas técnicas em sessões psicanalíticas como “pontes” para acessar o Inconsciente, pois sabemos que a intervenção em crianças se diferencia do adulto, por sua maturidade cerebral, bem como quando apresenta algum transtorno global de desenvolvimento. O Analista que escolha atender indivíduos com TEA, precisa estar devidamente preparado e ser conhecedor de tal transtorno.

A psicanálise abordando o transtorno do espectro autista:

São muitas vertentes quando falamos sobre o Transtorno do Espectro Autista ou Transtorno Global do Desenvolvimento, há dados científicos que demonstram com clareza que o autismo é um transtorno biológico sem explicação, porém que é geneticamente transferido entre as gerações. Há também dados explicativos e cientificamente comprovados na vertente da Psicanálise que o TEA pode se fortemente desenvolvido após o parto por fatores ambientais, que nada mais é do que o déficit do holding. A criança que não é devidamente “olhada”, “acolhida”, “nutrida”, “ouvida” e “tida como ser”, pode vir a criar vários mecanismos de defesa muito precocemente, ao qual produzirá os sintomas do autismo.

Winnicott já dizia que a raiz das psicoses (termos utilizado anteriormente ao autismo) seria a ausência dos primeiros cuidados o que se torna ameaçador para o bebê, ele pára de exercer sua continuidade de ser e muitas vezes permanecem isoladas ensimesmadas; característica predominante do TEA. Françoise Dolto relata a importância de conversar com o bebê desde os primórdios de seu nascimento.

Tudo pode ser dito ao bebê:

Não se pode culpar as mães pelos transtornos de seus filhos, elas por sua vez não receberam ajuda, apoio paterno, tão crucial nesta fase, podem não ter sido orientadas. Sentiram-se sozinhas e desamparadas, não conseguiram se doar por completo ao seu bebê pelo fato de terem medo da “perda de identidade própria”, precisaram sair precocemente para seus trabalhos externos. Todos esses fatores atrapalham a conexão do bebê com sua mãe e a mãe com seu bebê.

Essa desconexão simbiótica faz com que o bebê passe por uma angústia impensável que segundo Winnicott é de ser feitos em pedaços e morrer. Sentimentos tão terríveis já sentidos por um bebê tão frágil que não possui seu Ego maduro traz grandes consequências futuras durante a infância. Por ser de forma ampla e os bebês não terem a mesma experiência, o autismo é um espectro, ou seja, ele não se manifesta necessariamente da mesma forma em todas as crianças que possuíram problemas nos primórdios de sua existência. Pode ser um caminho árduo até que os genitores consigam um diagnóstico certeiro.

O Transtorno do Espectro Autista e a Psicanálise:

Como foi citado neste artigo o TEA geralmente vem com comorbidades como TOD e/ou TDAH, transtornos pelos quais as crianças podem ser diagnosticadas primeiramente ou erroneamente. O objetivo deste artigo  é demonstrar que pelo amplo conhecimento da Psicanálise nas instâncias psíquicas no Tea, os bebês e as crianças podem sim ser tratadas pela técnica psicanalítica, pois a criança autista é puramente Inconsciente. Suas dores foram recalcadas, elas possuem essa necessidade de expô-las e serem tratadas, ouvidas e acolhidas.

O papel do psicanalista no Tea será o de representante materno e que prestará todo amor e atenção que foram perdidos quando ainda era lactante. Trabalhar o autismo pode ser um trabalho muito difícil, crianças chegarão com dificuldades em se reconhecer, muitas não serão verbais, outras usarão as estereotipias para se comunicarem e se expressarem. Trabalhar o Inconsciente no Tea é como iniciar a caminhada sem saber andar, porém a cada sessão será uma oportunidade de treino, a cada pequeno passo os músculos se fortalecem e então a marcha inicia e assim os passos abrem caminho para novas descobertas e então a corrida até o desconhecido se concretiza.

O analista que escolhe o autismo pode ser comparado a um alpinista que arrisca a vida subindo o monte mais alto em uma nevasca. Porém o pior é a descida, pois é nela que tudo se consuma, mas a esperança está nos olhos de quem vê com o coração.

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?