sexta-feira, junho 2

PSICANÁLISE E RELIGIÃO: UMA ANÁLISE CONCEITUAL E HISTÓRIA


Neste artigo desenvolveremos o conceito de Psicanálise e Religião. Trata-se de uma abordagem relevante, pois desde o princípio a influencia da religião foi de fundamental importância para entendermos como o sujeito formulou suas plataformas culturais, que de certa forma, ajudou na formação do desenvolvimento psíquico do sujeito de acordo com o contexto existencial em que o indivíduo foi formado, contribuindo no processo da análise, dando ao analista a capacidade de interpretar dores, traumas que surgem a partir da busca do sujeito por um alívio em torno da religião.

Entendendo a Psicanálise e Religião:

Sigmund Freud, criador da Psicanálise, demonstrou grande e significativa preocupação com a influência da Religião na forma de como a Psicanálise deveria tratar o indivíduo, razão pela qual, algumas manifestações radicais do ponto de vista de como esta força religiosa influenciariam na pratica da Psicanálise, Sigmund Freud  demonstra claramente seu interesse em blindar a Psicanálise de qualquer outra ciência (inclusive da medicina), que pudesse engessar a forma com o qual a Psicanálise trataria livremente, as lesões de ordens psíquicas desenvolvidas pelo sujeito.

Com a tese aqui abordada, buscaremos com este trabalho desmistificar, com responsabilidade e conteúdo histórico, que grande parte das declarações de Freud em torno da Religião, caminhou na via da concepção pessoal, sempre tendo como pano de fundo, os relatos advindos de sua convivência existencial judaica, contudo, em nenhum momento, tanto em sua fala informal, como nos métodos fundamentais em Psicanálise, o conteúdo psicanalítico desconstruiu a Religião colocando-a como um mal, ou uma intervenção antagônica que pudesse levar ao sujeito para um nível de intratabilidade no que concerne aos mecanismos contidos no tratamento Psicanalítico.

No primeiro capítulo desta abordagem, traremos o perfil do médico fundador da Psicanálise Sigmund Freud, tendo como objetivo, delinear sua legalidade para expor suas preocupações e percepções em torno de uma visão negativa, ou seja, mostraremos que, ao se posicionar em relação à Religião, Freud não tem como objetivo usar a psicanálise em detrimento da Religião exatamente, mas não deixar acessos para que a Psicanálise fosse vista como “ciência religiosa”, ou “ciência judaica”.

Psicanálise e Religião no segundo capítulo:

Em nosso segundo capítulo, mostraremos o que e psicanálise e vamos refletir sobre como a Psicanálise chegou ao contexto religioso e como importantes autores, como o Pastor protestante Oskar Pfister, soube identificar e distinguir o capricho e a preocupação de Freud em torno do cuidado em deixar a Psicanálise livre de forças científicas periféricas, sem a necessidade de ver a Religião como uma opção desnecessária e antagônica.

Concluindo, procuramos em síntese pontuar em nosso capítulo terceiro as considerações de Pfister em torno da crítica de Freud à Religião.

O pastor protestante procura trazer a baila a importância da Psicanálise e da Religião em torno do objetivo comum em aliviar o sofrimento da alma doente, mesmo que por caminhos e meios distintos. Freud e Oscar pfister são defensores de vias distintas, porém com objetivos iguais: a cura do sofrimento da alma.

Freud no contexto da Religião:

Sigmund Freud foi um médico judeu neurologista talentoso, crítico, e de certa forma, com perfil libertário. Ele nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de 1856. É tido como o “pai da Psicanálise”. Na verdade, o primeiro nome de Freud era: Sigismund Schlomo Freud, obtendo a mudança de seu nome em 1878. Freud era filho de Jakob Freud e Amalia Nathansohn e era o primogênito de oito filhos do casal. A história do povo judeu mostra a devoção judaica em torno da religião monoteísta mais antiga do mundo que pode ainda incluir o cristianismo e outras ramificações.

Era extremamente incomum a existência de um judeu que não estivesse ligado de corpo e alma a religião judaica e suas tradições. Tratava-se de um povo extremamente devoto e fiel aos princípios do judaísmo já na infância. Por ser judeu, Freud foi perseguido pelo nazismo em 1933 diante da grande fúria anti-semita e boa parte de seus livros foram queimados na Alemanha. Não obstante a sua origem judaica, Freud declarou-se “ateu convicto”, e relutou com todas as forças ser visto com as lentes do judaísmo em torno de suas teses. Suas obras elaboradas e suas formulações sobre a psicanálise e outras abordagens jamais carregaram sentimentos genealógicos, ou quaisquer conotações que pudessem trazer a baila um sentimento voltado ao povo judeu como sempre foi até os dias de hoje, bastante comum em biografias de ícones judaicos.

Diante de todo este desejo de não deixar exposto qualquer vínculo religioso-judaico sobre sua trajetória como médico, bem como mais tarde sobre suas teorias em relação a Psicanálise, é possível perceber que há uma preocupação primária, que só poderá ser entendida a partir de alguns personagens que começam a surgir no cenário de uma Psicanálise com as bases já organizadas. Carl Gustav Jung – Em 1900, Freud traz ao público uma Obra concluída em 1899 (A Interpretação dos Sonhos), este conteúdo é visto pelo médico como a sua principal obra em torno de suas teorias. É através desta Obra que um médico Psiquiátrico jovem, habilidoso, suíço, Carl Gustav Jung, obtém uma extraordinária experiência no estudo sobre os sonhos, que daria mais tarde os pilares de sua teoria sobre Psicologia analítica.

Jung e Freud:

Jung não se contenta em apenas acompanhar de longe os comentários de Freud sobre os sonhos e em 1907, se integra ao lado de Freud e se estabelece como seu principal discípulo. Embora Jung tivesse trazido significativas contribuições para Freud no amadurecimento de suas teorias, como por exemplo, um melhoramento da visão de Freud sobre a psicose no tratamento com psicanálise, uma vez que a psiquiatria já se avançava bastante no tratamento de psicóticos e já dominava com solidez o campo da esquizofrenia tendo no bojo do tratamento destas doenças significativos conhecimentos, o desejo primordial de Freud em relação a Jung estava exatamente fora destas contribuições de desenvolvimento em torno da teoria psicanálise, Freud via em Jung uma grande oportunidade de extirpar de uma vez a possibilidade da psicanálise se transformar numa ciência-judaica.

Em princípio, Freud se vê confortável com o desempenho e o ajuste de Jung em torno da psicanálise e a possibilidade desta continuidade aos conteúdos apresentados por Freud ao seu discípulo admirável. Nosso compromisso nesta abordagem, não seria expor aqui como se deu a não continuidade desta parceria entre Freud e Jung, pois isto desviaria nossa finalidade em relatar a preocupação de Freud quanto o envolvimento da Religião na teoria Psicanalítica, contudo, é importante registrar que o rompimento de Jung com Freud se deu por volta de 1914, depois de 7 anos de trabalhos juntos. Jung acreditava que a visão dualista de Freud em torno do que é libido bem como o inconsciente concentrado apenas no sujeito precisava ser amadurecida.

O psiquiatra autor da psicologia analítica, tornou mais abrangente à questão do inconsciente, trazendo uma linha que ele chamou de “Inconsciente coletivo”, bem como desenvolveu a teoria dos arquétipos e simplificou a libido como apenas “uma só coisa”, diferente de Freud que a dividiu entre a sexualidade e o interesse. É importante aqui salientar que foi através de Jung que Freud conheceu o Pastor protestante, também suíço, Oskar Pfister.

Freud e Oskar Pfister:

Um debate construtivo entre Psicanálise e Religião, Oskar Pfister era um pastor protestante (luterano) suíço, contemporâneo de Carl Gustav Jung, que o apresentou a Freud. Sua história, seus artigos, sua interação com Freud mostra um religioso apaixonado pela psicanálise e que não foi vencido pela forma característica e incisiva com a qual Freud o refutava.

Ao contrário disso, Pfister, se mostra seguro e convicto na sua interlocução, com estilo ético e com argumentação elegante fundamentada sempre na motivação prioritária da psicanálise e da Religião, ou seja, suas respostas sempre caminhavam em torno, não da supremacia da Religião em detrimento da psicanálise, mas no objetivo das duas vias terem como finalidade lutar para livrar o sujeito do sofrimento, provenientes das lesões provocadas pelas crises traumáticas do cotidiano existencial do sujeito.

Pfister chegou e escrever mais de 200 artigos sobre diversos temas. Em sua Obra: “O Cristianismo e a Angustia” de 1944, já no prefácio, ele transcorre de forma envolvente a maneira com a qual conheceu os degraus da psicanálise e exclama: “Tão logo procurei aplicar os novos conhecimentos na cura de almas, provei a alegria do descobridor e do auxiliador, sempre de novo experimentada. Principalmente o estudo das neuroses fóbicas e compulsivas, como também suas seqüelas na vida religiosa e moral, abriu meus olhos para as principais conexões e suas leis…”

Embora Pfister demonstrasse uma busca apaixonante pelo entendimento profundo da psicanálise na interação com Freud, era patente o vínculo de afetividade que havia entre ambos, é o que descreve Carlos Dominguez Morano em sua Obra intitulada: “Psicanálise e Religião – um diálogo Interminável”: “… era agradável o impacto que este causava em seus filhos. São numerosas as referências a este respeito em sua correspondência” (p. 35). O entendimento de Pfister em trazer a religião para uma interatividade em consonância com a psicanálise se deu em observância ao mal que os dogmas trouxeram para os conceitos de religiosidade contidos no cristianismo.

Psicanálise e Religião da angústia:

Segundo suas próprias afirmações, a religião saiu da via do amor para uma “religião de angustia” em função dos dogmas, ou seja, entende-se que, em sua avaliação, Deus saiu da condição de um Pai amoroso, fazendo do cristianismo uma estrada coercitiva, apresentando-se como um Pai dogmático. Impregnado pela magia da teoria psicanalítica, Pfister se ajusta a sua convicção, transformando-se num potencial psicanalista, sem se afastar de sua fé e sua vocação sacerdotal. Embates entre ateus e religiosos sempre foram agressivos, aliás, é uma característica comum entre ambos. Freud, ateu convicto, e Pfister, protestante do mesmo naipe, deram uma nova roupagem para este embate.

No livro Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939) – Um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã, deparamo-nos com duas figuras antagônicas atípicas, pois, de certa forma, ambos se entrelaçam diante da busca em torno do sofrimento humano, mostrando com isto que, Psicanálise e Religião, embora sejam caminhos distintos e livres em suas construções e bases, estão correlacionadas no seu objetivo áureo, ou seja, ajudar ao indivíduo no alívio de dores existenciais.

Diante deste exposto, surge uma reflexão importante que responde, talvez, a razão pela qual esta relação entre Freud e Pfister não transcorre num rompimento de amizade a exemplo do que aconteceu entre Freud e Jung, pois a psicanálise, objeto de defesa de Freud e Religião sendo representada por Pfister, não obstruíram o contato permanente entre ambos, ao passo que, na relação Freud e Jung, não há nenhum viés religioso envolvido, contudo, o rompimento da amizade entre estes dois ícones foram expressivos.

Declarações de Jung em resposta ao campo religioso não dão apoio concreto do ponto de vista positivo em torno da religião, bem como também, não há nada tão radical que coloque em xeque a força da Religião e a sua eficácia em torno do sujeito. Ao contrário da relação entre Freud e Jung, a Religião, ou o perfil sacerdotal de Pfister, parece ter sido a razão pela qual não houve cisão entre Freud e Pfister, uma vez que, não é comum o entrosamento ajustado entre ateus e religiosos como se deu entre o médico e o pastor. A relação entre Freud e Pfister no que concerne a Psicanálise e a Religião não corresponde coerentemente com as reações de Freud na temática religiosa em outros momentos.

A obra de Freud:

Na Obra “O futuro de uma ilusão" Freud responde a um colega de medicina sobre uma entrevista concedida no outono de 1927, onde um jornalista teuto-americano, depois de uma visita, publicou a resposta de Freud sobre sua “falta de fé religiosa”, bem como sua indiferença em relação à vida depois da morte. Segundo Freud declara na página 179 no título: “Uma experiência Religiosa”, as declarações de Freud foram amplamente lida pelo público, trazendo entre outras, uma carta descrevendo um testemunho de um médico americano que teve sua fé esmorecida quando observou uma senhora sendo levada para uma sala de dissecção, fazendo-o questionar a existência de Deus diante de uma cena tão comovente, provocando com isso, o seu afastamento da igreja. Na continuidade da experiência, o médico conta que ouviu uma voz que falou a sua alma, pedindo-lhe que considerasse o passo que ele estava planejando dar em torno de sua fé.

Depois de replicar sobre a voz ouvida na sua alma, o médico relata: “No decorrer das semanas seguintes, Deus tornou claro à minha alma que a Bíblia era a sua Palavra, que os ensinamentos a respeito de Jesus Cristo eram verdadeiros e que Jesus Cristo era a nossa única Salvação. Após uma revelação tão clara, aceitei a Bíblia como sendo a Palavra de Deus, e Jesus Cristo como meu salvador pessoal. Desde então, Deus se revelou para mim, por meio de muitas provas infalíveis” (p. 179). Depois de ter implorado a Freud para refletir sobre sua posição em função da crença de que Deus existe e de que este se revelaria a ele em sua alma, Freud relata a forma com a qual respondeu ao seu colega de profissão: “Enviei-lhe uma resposta polida, dizendo que ficava feliz em saber que essa experiência o havia capacitado a manter sua fé.

Quanto a mim, Deus não fizera o mesmo comigo. Nunca me permitiria escutar uma voz interior e se, em vista da minha idade, não se apressasse, não seria culpa minha se eu permanecesse até o fim da minha vida o que agora sou – um judeu infiel” (p. 180). O relato desta experiência contada por Freud como “Uma experiência Religiosa” é relatada por Freud em Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939), onde ele diz: “Não sei se o senhor adivinhou a ligação secreta entre “A Questão da Análise Leiga” (1926), e o “O Futuro de uma Ilusão” (1927)… Freud continua dizendo: “Na primeira, quero proteger a psicanálise dos médicos; na segunda, dos sacerdotes.

A crítica de Oskar Pfister à concepção de Freud sobre Religião:

Quero entregá-la a uma categoria de curas de alma seculares, que não necessitam ser médicos e não podem ser sacerdotes.” Esta afirmação de Freud à Pfister parece demonstrar uma expressão radical com objetivo de não permitir que haja uma “apropriação indébita” em torno não só da Religião, como também da medicina em relação a teoria psicanalítica, preocupação já mencionada no primeiro capítulo desta tese como quando Freud deseja ter Jung como uma possibilidade de blindar a psicanálise da religião judaica.

A maneira com a qual Freud viu a religião valendo-se da forma psicanalítica de abordagem acabou mostrando um caminho jamais explorado antes. Para o médico, a religião estava apoiada numa diretriz de relação ambivalente entre o pai e o filho, questão relacionada à sua tese sobre o Complexo de Édito, Freud entendia que, como a religião estava focada em uma “ilusão”, este foi o caminho pelo qual o sujeito buscou lidar com a realidade. O que Freud quer dizer na verdade, é que a Religião tem como base estrutural diligente a dinâmica da pulsão e que isso se resolveria através de um estímulo sistemático em torno da racionalidade e que bastava o indivíduo caminhar nas vias da razão.

Para Freud, bastava “educar” a sociedade em torno da realidade, foi o que ele propôs em sua obra: “O futuro de uma ilusão” de (1927). Embora em sua obra “O futuro de uma ilusão” Freud procura trazer à baila sua forma característica contundente de defesas técnicas e filosóficas, ficou claro as lacunas expostas diante das tendências em escrever os processos biológicos com as mesmas explicações que permeiam as leis físicas da química que permite interpretar a matéria inanimada, ou seja, foi uma forma freudiana de decompor os conceitos complexos da discussão por vias simplificadas.

Complexo de Édipo, Psicanálise e Religião:

Oskar Pfister vai estruturar sua crítica à Freud contrapondo sua afirmação sem desconstruir a beleza estética do discurso de Freud, pelo contrário, ele (Pfister), caminha na estrada em que Freud está, porém, adiciona razões significativas fazendo paralelos com o que foi exposto sem a necessidade de desconstruir radicalmente as afirmações do pai da psicanálise. Para Pfister, uma coisa era apresentar a conotação dúbia ambivalente na Religião a partir da relação pai e filho, mostrar a relação entre o Complexo de Édipo e a criação de uma Religião e outra coisa é dizer que a Religião possa ser resumida a apenas essas facetas especificamente. As discussões entre a psicanálise e os conceitos da fé cristã entre Freud e Oskar Pfister se dá entre os anos de 1909 e 1939.

As cartas trocadas entre os autores destacam um desempenho de cordialidade amistosa, porém que em dado momento a temperatura aquece e decorre numa conotação sarcástica entre ambos, contudo, é patente o respeito. Durante as trocas de correspondências o pastor Pfister procura mostrar ao médico Freud uma via da religião da qual o pai da psicanálise, não atentou, isto é, a parte positiva da Religião que levava o sujeito para o mesmo lugar na qual os objetivos da psicanálise estavam correlacionados. O assunto sobre fé cristã foi evidente desde as primeiras correspondências entre o médico e o pastor. Em 18 de Janeiro de 1909, Freud escreve ressaltando sobre suas pesquisas psiquiátricas terem encontrado guarida em uma “cura de almas espiritual”. Apesar destas afirmações aparentemente amigas, na prática, Freud insiste na preocupação em deixar a psicanálise exposta.

A resposta crítica de Pfister Os debates entre Freud e Pfister sempre foram conduzidos de forma bem branda e amistosa, até que Freud publica: “O futuro de uma ilusão” em 1927. A amizade entre Freud e Pfister era tão expressiva que mesmo antes da publicação desta obra Freud envia uma carta a Pfister afirmando que a obra seria lançada em breve, e que o motivo do adiamento até o presente momento se daria em consideração ao próprio Pfister (carta de 16/10/1927). O que Freud relata é o seguinte: “Nas próximas semanas sairá uma brochura da minha autoria, que tem muito a ver com o senhor.

Eu já a teria escrito há tempo, mas adiei-a em consideração ao senhor, até que a pressão ficou forte demais. Ela trata – fácil de adivinhar – da minha posição totalmente contrária à Religião – em todas as formas e diluições, e mesmo que isto não seja novidade para o senhor, eu temia e ainda temo que uma declaração pública lhe seja constrangedora.

Música, Filosofia e Religião:

O senhor me fará saber, então, que medida de compreensão e tolerância ainda consegue ter para com este herege incurável.” A resposta do pastor protestante Oskar Pfister demorou apenas 5 dias para ser enviada, e diga-se de passagem, com uma dissertação bastante cordial. Segue: “No tocante à sua brochura contra a Religião, sua rejeição à Religião não me traz nada de novo. Eu a aguardo com alegre interesse. Um adversário de grande capacidade intelectual é mais útil à Religião que mil adeptos inúteis. Enfim, na Música, Filosofia e Religião eu sigo por caminhos diferentes dos do senhor. Não poderia imaginar que uma declaração pública sua me pudesse melindrar; sempre achei que cada um deve dizer sua opinião honesta de modo claro e audível.

O senhor sempre foi paciente comigo, e eu não o seria com o seu ateísmo? Certamente o senhor também não vai levar a mal se eu oportunamente expressar com franqueza minha posição divergente. Por enquanto fico na posição de alegre aprendiz” (FREUD, 2009, carta de 21/10/1927). Ao receber a resposta de Pfister, Freud parece ter ficado aliviado, contudo, a elegância com a qual o pastor responde parece motivar a exposição da “obra de guerra”.

Freud ainda recebe com entusiasmo o desejo de Pfister em publicar uma resposta critica. Em 22 de Outubro de 1927, Freud responde: .“Da sua magnanimidade eu não esperava outra resposta à minha ‘declaração de guerra’. Alegro-me diretamente pelo seu posicionamento público contra minha brochura; será um refrigério em meio ao coro desafinado de críticas, para o qual estou preparado. Nós sabemos que, por caminhos diferentes, lutamos pelas mesmas coisas para os pobres homenzinhos.”

Freud então cumpre com o enunciado e publica seu livro: “O futuro de uma ilusão” em 1927. Após a publicação da obra de Freud, Pfister responde de uma forma a deixar exposta sua atenção minuciosa em torno daquilo que Freud expôs na obra em tese. A resposta de Pfister não está fundamentada exatamente em defender a Religião, mas em trazer ao debate com Freud, o paralelo de finalidade e objetivos comuns entre a Psicanálise e a Religião.

No percurso da exposição de Pfister, o pastor não omite os caminhos tortuosos da Religião em torno dos dogmas que incentivam neuroses psíquicas bem como também, não deixa de expor os caminhos extremos contidos no entendimento de Freud quando este coloca a Religião como uma ilusão fruto da busca do sujeito neurótico. Em sua resposta, Pfister deixa clara a sua visão de como ele entende a relação Psicanálise e Religião. O religioso é ousado em afirmar que a Psicanálise de certa forma, serve para “purificar” a fé imatura, sendo ainda, um instrumento que contribui no amadurecimento de uma Religião concisa e sólida.

Sofrimentos humanos, Psicanálise e Religião:

Ousadamente, Pfister descreve que Freud combate a Religião valendo-se da própria religião, pois sua busca e seu objetivo é chegar à verdade e que de certa forma, tenta entender o amor. Segundo Pfister: “Quem trabalha para aliviar os sofrimentos humanos trabalha em favor do reino de Deus” (2003, p. 18): “Afinal, quem lutou de modo tão gigantesco pela verdade e brigou tão heroicamente pela redenção do amor, este é, quer queria sê-lo ou não, segundo os parâmetros do evangelho, um fiel servo de Deus. E não está longe do reino de Deus quem, pela criação da Psicanálise, elaborou o instrumento pelo qual são serradas as cadeias das almas sofredoras e são abertas as portas do cárcere” É patente que a principal arma de Pfister é insistir em mostrar que Psicanálise e a Religião obedecem aos mesmos objetivos, mas que, diferem nos meios.

O protestante não hesita em caminhar na direção de que, tanto a Psicanálise, quanto a Religião, busca aliviar sofrimentos em torno do sujeito. O desejo de Pfister em eliminar a rixa existente entre ambos os domínios parece querer dizer que os dois caminhos estão significativamente relacionados. Em Pfister (2003, p. 19): “Volto-me com toda a determinação contra sua apreciação da Religião […]. Contudo, faço-o também na esperança de que alguns, que ficaram refratários à Psicanálise com a rejeição da fé religiosa pelo senhor, voltem a contrair amizade com essa ciência, como método e síntese de reconhecimentos empíricos”.

Estrategicamente, Pfister busca trazer o conceito de “ilusão” para o debate e usa o termo para fundamentar sua tese e seu pensamento, tudo isso, sem colocar em xeque a tônica que Freud idealizou para transcorrer sua elucidação em torno da Religião. Inicialmente, o que Pfister vai dizer sobre “ilusão”, tem conotação positiva em torno daquilo que ele pretende afirmar.

Na verdade, o que Pfister quer ressaltar é que há possibilidade de coexistência da ilusão em torno da realidade, se este caminho for adaptado. Segundo Pfister (2003, p. 20), “na ilusão pode estar investido muito raciocínio realista existente”. Dessa forma, a relação entre ilusão e realidade se afasta daquela proposta por Freud (1927) em “O futuro de uma ilusão”. Freud defendia que a Religião seria uma “neurose obssesiva ou obsessão neurótica", Pfister, não nega tal conceito, contudo, ele define esta neurose a partir de uma “religião” que não foi concebida a partir de sua essência. O que Pfister diz é: “as obsessões são inconfundíveis em várias religiões primitivas, que ainda não conhecem nenhuma constituição eclesiástica, e também em todas as ortodoxias” (2003, p. 21).

A figura do Deus Pai:

Na concepção de Pfister, a Religião era evolutiva e que na medida em que o amadurecimento vai chegando, a culpa existencial recebido pelo sujeito na ortodoxia dogmática vai sendo vencida e superada: “creio que, pelo contrário, as mais sublimes elaborações religiosas justamente suspendem a obsessão” (2003, p. 23). Pfister não se restringe apenas em trazer ao representativo da religião a figura do Deus Pai, mas também traz ao debate a figura de Jesus Cristo como fator primordial em torno da neurose propriamente dita.

Segundo sua exposição, Jesus não só supera a neurose coletiva de seu adeptos, como também trás um caminho mais maduro, possibilitando a cura de lesões traumáticas. A trajetória de Jesus enquanto homem designou-se em retirar a reflexão do sujeito pela via da culpa, levando-o para o caminho do amor: “Jesus contrapõe seu ‘mandamento’ do amor ao monismo neurótico obsessivo-compulsivo, que impõe um pesado jugo através das crenças ao pé da letra e do meticuloso cerimonialismo” (2003, p. 23).

Falando sobre a neurose coletiva intensificada pela figura de Jesus Cristo, Pfister diz o seguinte: “Jesus venceu a neurose coletiva de seu povo introduzindo no centro da vida o amor que, na verdade, é moralmente purificado. Na sua concepção de pai, totalmente purificada das toxinas da ligação edípica, constatamos que foram totalmente vencidos a heteronomia e todo o constrangimento das amarras. O que se exige das pessoas não é outra coisa senão aquilo que corresponde à sua essência e sua vocação verdadeira, o que favorece o bem comum e – para também dar lugar ao ponto de vista biológico – uma saúde máxima do indivíduo e da coletividade” (2003, p. 23-24), Entende-se nesta colocação de Pfister, que o amor no Evangelho por meio de Jesus Cristo, a Lei mosaica está superada e cumprida, pois, ao contrário da Lei que apenas mostrava o erro e a forma com o qual o sujeito deveria ser punido, agora, pela Lei do amor, em Jesus Cristo, Deus não deve ser aplacado com cerimoniais de sacrifícios, mas visto pelo próximo através do amor, ou seja, para Pfister, a religião dentro de um processo de desenvolvimento e amadurecimento provoca a humanização combatendo o primitivismo obsessivo.

Pfister ainda não perde a oportunidade de lamentar o fato de Freud ter negligenciado as partes mais sublimes da religião. Na concepção de Oskar Pfister, as compulsões individuais concebidas pelo sujeito estão na “pré-religião” e que o cristianismo “israelita-cristão” seria um vislumbrar de um amadurecimento libertário com objetivos de anular a compulsão, sendo esta a fonte de humanização proposta pelo discurso do pastor psicanalista. Pfister não hesita em discorrer sobre a questão da religião imaginária em torno do desejo. Sua palavra é cristalina e e concorda com Freud no ponto de que a Religião é permeada pelo desejo.

Segundo Pfister (2003, p. 27), “eu já sabia havia tempo que as representações de Deus e do além muitas vezes são pintadas com as cores da paleta do desejo” Quando Pfister faz a sua defesa dentro deste desempenho de avaliação sistemática, seu objetivo não é desmerecer o entendimento do pai da psicanálise, mas trazer a baila o descuido de Freud em restringir na religião esta brecha, pois não seria algo caro apenas à Religião, e sim estaria presente também na própria ciência, assim como o desejo também permearia o próprio ateísmo.

Conclusão sobre Psicanálise e Religião:

O desejo, portanto, circula em todo tipo de criação humana, e tenderia a uma evolução que parte de desejos egoístas para aqueles que visam se afastar do seu caráter egocêntrico à medida que o ser humano evolui. É percebível que Pfister não deseja priorizar o discurso religioso em detrimento da concepção de Freud com a psicanálise, pelo contrário, o pastor protestante busca fomentar a importância da psicanálise em harmonia com os princípios maduros da fé cristã. Outro ponto a considerar neste debate entre Freud e Pfister, é o cuidado que o sacerdote possui com a alma de seu interlocutor no que concerne a sua aceitação dentro do contexto do público religioso.

Pfister a todo tempo, tenta apresentar Freud como uma ferramenta de Deus em torno da cura de almas, mesmo que fora dos pilares de princípios da religião. Freud, por sua vez, nunca reivindicou para si nenhum tipo de aceitação religiosa e, como foi dito no decorrer desse trabalho, sua crítica à religião é bastante incisiva e mesmo que em vários sentidos ela possa ser entendida como reducionista, abre um excelente caminho para o diálogo.

É bem fácil perceber um desvio do diálogo entre Freud e Oskar Pfister para um terreno não propriamente voltado para a psicanálise. Ambos os autores se limitam a trafegar no conceito de ilusão deixando de lado temas mais caros à doutrina psicanalítica tais como os conceitos de culpabilidade e ambivalência. Quase nenhum espaço é dado a livros como Totem e Tabu (FREUD, 1913) e Moisés e o monoteísmo (FREUD, 1939). O objetivo conciliatório de Pfister em torno da questão do amor que tem em Jesus o grande paradigma acaba por deixar a versão do conceito psicanalítico em relação ao amor centrado na análise mais importantes desse sentimento, mais ligado à agressividade, ao ódio e à pulsão de morte. 

Ao trazermos o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung para as primeiras linhas deste artigo  relaciona-se ao fato de Freud ter vislumbrado a possibilidade de a psicanálise ter sido vista como uma ciência-judaica por seus conterrâneos, apenas pelo fato de Freud ter sido judeu. A ruptura entre Jung e Freud, de certa forma, radicalizou o discurso do médico em torno da religião, pois, de certa forma, Freud acaba por continuar sendo protagonista em torno da psicanálise, obrigando-o a ter na religião, ao que parece a possibilidade de num futuro não distante, a religião se apropriar, assim como a medicina, das bases da psicanálise. 

RECUPERANDO-SE DO DESÂNIMO; TEXTO ( Salmo 43-5 )

“Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu.” (Salmo 43-5)

Este salmo foi escrito por Davi, o qual mostra as paixões de sua alma; porque os filhos de Deus conhecem o estado de suas próprias almas para o fortalecimento de sua confiança e melhoria de sua obediência.
Agora, esta é a diferença entre os salmos e outros partes da Escritura. Outras escrituras falam principalmente de Deus para nós, mas nos Salmos, é este santo homem quem fala principalmente a Deus e à sua própria alma, de modo que este salmo é uma admoestação de Davi à sua própria alma atribulada, quando se achava ausente da casa de Deus, ele expõe o assunto à sua alma: “Por que estás abatida, ó minha alma? e por que te perturbas dentro de mim?” As palavras contêm:

1. O estado de perplexidade de Davi; e
2. Sua recuperação do mesmo.

Sua perplexidade é estabelecida com estas palavras: “Por que estás abatida minha alma?”  Sua recuperação disto reside primeiro no questionamento que fizera consigo mesmo. E, então, por uma admoestação à sua alma: “Confia em Deus”, e essa confiança é amplificada pela razão pela qual a sua alma deve confiar em Deus: “pois, ainda o louvarei,” isto é, eu deverei ser livrado, para que com um coração libertado eu possa lhe dar graças. Porque este é o meu Deus, a minha salvação, e minha ajuda, o fundamento da minha fé e confiança.

Consideremos primeiro a sua perplexidade, quanto ao caminho que ele seguiu para ser achado assim tão perplexo.

(1) Ele estava em grandes problemas e aflições. Assim, vemos por isto, que Deus permite que seus filhos cheguem ao limite, por muitas e longas aflições e problemas, antes de lhes prover livramento. Eles são mais sensatos das cruzes espirituais, em razão da vida da graça que há neles; e portanto, isto é o que os deprime mais do que todas as demais coisas. A necessidade de meios espirituais os tornam mais sedentos do que o cervo que brama pelos de ribeiros de águas, ( salmo 42-1 ). A sede espiritual é forte, e a vida da graça deve ser mantida. Agora o desejo pelos meios que possam fazer isto, lhe interessará mais do que tudo o mais.

A alma que está vivendo na graça não pode suportar viver sob pequenos meios de salvação, muito menos para suportar censuras blasfemas. Portanto, as pessoas que podem se contentar com pequenos ou quaisquer meios, com pequenos confortos, sem trabalhar e se esforçar por uma mais doce e íntima comunhão com Deus, têm motivos para temer as suas próprias condições. Uma criança, tão logo nasça, chora e procura o peito, que coloca fora de toda questão que há vida nela, embora seja tão fraca. Assim, a vida da graça que começou em nós é conhecida pelos nossos apetites espirituais e desejos pelos meios da graça.

(2) A segunda coisa que perturbou este homem santo, foram as palavras blasfemas de homens ímpios. Portanto, se nós vamos tentar manter uma condição boa, devemos ver como podemos levar a sério tudo o que é feito contra a religião. Pode um filho ser paciente quando ele vê seu pai sendo abusado? Quando um homem vê o evangelho de Deus sendo pisado, se ele ficar indiferente, ele mostra que seu coração está morto. Em tal caso, é melhor se irar do que ser indiferente, porque isto revela vida, ainda que com muito destempero. Deus irá dar a luz de sua salvação a quem se importa com a Sua honra. O inimigo disse: “Onde está o teu Deus?”  (Salmo 42-10 ) Isto penetrou no coração de Davi. Agora, o que é que o inimigo nos diz neste dia? Onde está o seu Deus? Sua religião reformada? Seu Cristo? Bem, eles não são afetados com isso que é um estado ruim e perigoso; deixe que julguem por si mesmos o que eles farão. Os filhos de Deus são sensíveis a tais coisas, eles são homens, e não pedras. Carne, e não ferro. Portanto, não é à toa que eles são tão sensíveis em nossa época, e por a levarem tão a sério quanto possam; esquecendo as suas feridas, e misturando seus sentimentos com suas aflições, que deixam suas mentes perplexas.

Assim Davi se perturbou, e se entristeceu muito, pois afirma: “Por que estás abatida, minha alma?” De fato, por natureza, não temos limites em nossas afeições; se nos alegramos, nos alegramos demais; se nos entristecemos, nos entristecemos demais. A Graça somente faz qualificar todas as nossas ações e afeições, e onde não há a graça, há alegria ou tristeza total. Nabal, quando começou a se alegrar, alegrou-se muito em sua bebida, e quando começou a se entristecer, ele se excedeu nisto, ( 1 Samuel 25: 36-37 ).
O filho de Deus é mantido de pé por aquilo que é forjado em seu coração, no qual a sua tristeza e alegria são misturadas.
“Por que estás abatida, ó minha alma?” O ponto é este:

É um pecado para um filho de Deus ficar muito desanimado e deprimido nas aflições, ou melhor, eu acrescento mais, embora a causa seja boa, como era aqui no caso de Davi.
Mas como saberemos quando um homem está abatido demais? Porque isto é uma coisa pecaminosa alguém não ser sensato do que está sobre ele.
A alma está abatida demais, quando nosso luto e tristeza não nos trazem a Deus, mas nos levam para longe de Deus.
Dor, tristeza e humildade são bons, mas o desânimo é mau. Daí nosso Senhor nos ordenar que tenhamos bom ânimo em todas as nossas aflições, por ser um testemunho da nossa confiança em Deus para nos livrar ou fortalecer em meio às nossas tribulações.
O excesso de desânimo foi o motivo de os filhos de Israel não terem dado ouvido a Moisés quando lhes falou, porque estavam em angústia de espírito, ( Êxodo 6-9 ).

O permitir-se ficar desanimado por causa da aflição é um pecado porque isto coloca uma reprovação no próprio Deus, como se não houvesse força nas promessas de Deus para manter a alma no tempo de angústia e inquietação.
Porque ficar tão afundado sob aflições nunca produz qualquer bom fruto.
Sim, o próprio diabo, em tal caso , dirá: Deus te esqueceu, e assim ele junta suas tentações às tuas tribulações. E, por isso, peço que você considere que nosso Pai não negligenciará seus próprios filhos, para que eles fiquem abatidos.

Ficar debaixo do desânimo, sem buscar força em Deus, é um pecado porque nos atrapalha na execução de nossos deveres sagrados. Porque onde a alma está abatida, ou não desempenha seus deveres completamente, ou então o faz fracamente, de modo que a alma perturbada não pode fazer o bem, e nem receber o bem.
É a alma tranquila e em paz que tanto recebe quanto faz o bem como deveria ser feito, pois a quietude é a condição da alma, seja para fazer ou receber. As coisas santas são somente aceitas por Deus, pela vontade e alegria em fazê-las.
Deus habita no alto e santo lugar. É o Deus Altíssimo. Por isso nos deu um espírito que está habilitado a subir às alturas celestiais; ainda que no nosso corpo natural esteja ligado ao pó, a esta terra.

Assim, é próprio da natureza terrena decaída no pecado trazer juntamente consigo o nosso espírito para baixo.
A tristeza e o pecado concordam tanto nisso, porque eles não vêm do alto, mas de baixo, então trazem a alma para baixo. O diabo, desde que ele foi precipitado do céu para as profundezas, se esforça para lançar tudo na mesma condição. Sua voz é, desce, desce até o chão.
A nova criatura criada pelo Espírito de Deus é o oposto, pois busca totalmente o que é do alto. Onde a esperança está, aí a alma gosta de estar em pensamento e meditação, e tudo o que ela faz ou pode fazer é subir.
“Por que estás abatida, ó minha alma? e Por que te perturbas?”
O que se entende por abatimento? E por que Davi se queixa disto?
Porque gera inquietação. Lança para baixo, quando não é com humildade, mas com desânimo.

Deus nos lança para baixo para nos humilhar, senão com o propósito de nos exaltar com a mais doce consolação, porque tanto a alma está abatida por Deus, quanto é levantada por Deus. Mas a pessoa que está abatida por Satanás ou pelo pecado não descansa em Deus, mas está preocupada.
Assim, um homem pode saber, quando suas murmurações da alma, são contra o próprio Deus, ou contra o instrumento do desânimo pecaminoso de sua alma. Aqui não há verdadeira humilhação, senão abundância de corrupção, que traz aflição e desânimo.
Qual foi a razão pela qual a alma de Davi ficou assim tão abatida?
Ao examinar sua alma ele verificou que não havia nenhum bom motivo para ficar assim desanimado. Por isso ele procurou indagar qual foi a causa que o conduziu àquele estado: “Por que te perturbas dentro de mim?”

Não há desânimo em qualquer aflição ou problema, mas isto é por falta de conhecimento da razão pela qual Deus permitiu que fôssemos afligidos ou atribulados. Primeiro, por vezes, para o exercício de nossas graças, bem como por causa dos nossos pecados. Ainda, o esquecimento do modo de Deus lidar conosco nos corrigindo,  (Hebreus 12-5 ) e também porque não examinamos a causa de maneira correta com as nossas próprias almas.
Rogo-vos, vamos ser mais sábios. Há algumas pessoas que fazem o problema por si mesmas, buscando seu conforto apenas em sua santificação, quando deveria ser procurado em sua justificação, e alguns há que se afligem sobre a questão de coisas para o tempo por vir, quando temos o mandamento de não ficarmos ansiosos com o amanhã, ( Mateus 6-34 ) e no tempo presente negligenciam o seu dever no uso dos meios da graça, e na confiança em Deus. Novamente, a falta de confiança em Deus, pois quando não confiamos em Deus, então temos uma confiança falsa na criatura, ou em qualquer outra coisa.

Então, isto se segue: a vaidade trará aflição de espírito. Assim, quando a vaidade vai adiante, a vexação virá em seguida. Portanto, quando os homens decidem fazer qualquer bem ou sofrimento para o bem, por sua própria força, e não confiando em Deus para um suprimento constante, isto fará com que Deus remova o seu apoio, e então eles caem mais vergonhosamente. Sem dúvida, quando um homem que confia em si mesmo e no seu dom de graça, mais do que em Deus, ele pode ter a certeza que cairá, pois devemos confiar em Deus para o tempo por vir, por uma graça renovada, e orar para que Deus renove as nossas graças, para nos fortalecer em todos os problemas e aflições.

A razão pela qual os filhos de Deus fracassam em momentos de dificuldade é porque eles se preocupam e não confiam em Deus para uma nova oferta de graça. Nós não podemos realizar novas funções, e nos submetermos a novos sofrimentos, que nos sobrevirão na obra de Cristo, com as graças antigas. Então agora você tem algumas causas por que os homens ficam assim abatidos e inquietos; falsa confiança, ou então não confiança em Deus, como o profeta tinha dito: “Por que estás abatida, minha alma?” A razão é esta, tu não confias em Deus como tu deves fazer e foi por isso que o nosso Salvador repreendeu Pedro, quando ele temia, dizendo: “Homem de pouca fé,” ( Mateus 14-81 ) Não foi o tamanho das ondas, mas a fraqueza de sua fé, que o fez afundar. Na verdade, a causa dos nossos problemas e inquietações é necessidade de fé, sem a qual não podemos confiar em Deus em nossos problemas e aflições; porque a alma sendo fraca de si mesma, tem necessidade de alguma coisa para confiar, como uma planta fraca tem necessidade de um amparo. Ora, o que nos dá força é a nossa confiança em Deus. Quando falta isto, então há inquietações e desânimos em nossas almas.

Então, os filhos de Deus, quando estão em tribulações, podem se recuperar e achar consolo. E, na verdade, a Sagrada Escritura mostra isso; porque esta confiança e dependência de Deus em situações extremas, é o que difere o filho de Deus do ímpio.
Uma pequena cruz não tentará as graças dos homens assim como as grandes. Veja o que fez Saul, que em grandes problemas, procurou uma feiticeira, ( 1 Samuel 27-7 ) Mas o filho de Deus, em seus maiores problemas, tem o Espírito de Deus para fortalecê-lo, ele descansa em Deus, como se vê em ( Romanos 8-26 ).

Agora, o Espírito opera por fé, que nos habilita a enviar orações e fortes clamores ao ouvido de Deus. O filho de Deus pode clamar, chorar, e conversar, esforçando-se contra a apatia, e contra a sua infidelidade, e por isso, quando eles se encontram, ainda que na angústia mais profunda, eles podem se recuperar! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

segunda-feira, maio 29

DIFERENÇAS E SEMELHANÇAS ENTRE LUTO E MELANCOLIA:

Luto e Melancolia (Freud, 1917) é uma obra na qual Freud descreve a forma como o ser humano lida com perdas e como cada indivíduo lida com as mesmas para sua reconstrução. Manter uma ligação com o que se perde é essencial para o ser humano, porém cada indivíduo age e reage a esta perda de forma específica.

Significado de luto e melancolia:

A seguir descrevo algumas de minhas impressões, porém antes de iniciar com minhas colocações a respeito do tema escolhido e estudado deixo a seguir explicado os significados descritos pelo dicionário de Oxford languages, desta forma, entendo, ficará um pouco mais fácil o entendimento das semelhanças e diferenças.

Luto (Definições de Oxford Languages) substantivo masculino;

1. sentimento de tristeza profunda pela morte de alguém.

2. luto (acp. 1) originado por outras causas; amargura, desgosto. 

3. tempo durante o qual devem manifestar-se certos sinais do luto (acp. 1).

4. conjunto de sinais externos (p.ex., negro no vestuário do mundo cristão, mas azul no Japão, branco na China etc.) que os costumes associam à perda de parente próximo ou pessoa querida.

5. FIGURADO (SENTIDO) • FIGURADAMENTE a morte.

Melancolia substantivo feminino:

1. PSICOPATOLOGIA•PSIQUIATRIA estado mórbido caracterizado pelo abatimento mental e físico que pode ser manifestação de vários problemas psiquiátricos, hoje considerado mais como uma das fases da psicose maníaco- depressivo. 

2. estado de grande tristeza e desencanto geral; depressão. “a morte do pai mergulhou-o em profunda m.”

O que é Luto em Psicanálise?

Manifesta-se quando ocorre a perda de alguém amado, ou um animal de estimação ou de algum objeto de grande estima. O luto não é considerado patologia, não está relacionado a uma condição patológica, uma vez que ocorre por um certo período de tempo e em decorrência de uma perda específica.

Este período pode levar de 1 ano a 2 anos e para que o luto seja superado, para que a pessoa enlutada se recupere, o processo deve ocorrer gradativamente e de forma individual. Este processo despende muita energia e esforço do enlutado.

Diferenças entre luto e melancolia:

O luto possui como características o desânimo, pode haver desinteresse pelo que acontece à volta do enlutado, condição que pode se modificar caso se trate de algo ligado ao ente / objeto perdido. Pode ocorrer também a cessação de atividades.

No processo de luto não ocorre, como veremos na melancolia, baixa auto-estima e auto-recriminação, o enlutado não se sente culpado pela morte que ocorreu, o que pode ocorrer é um sentimento de culpa por não ter ajudado mais ou de perda de oportunidade para desfrutar mais a companhia do ente que partiu. Como já mencionado acima o luto pode durar entre 1 a 2 anos, o primeiro ano é onde ocorrem situações antes desfrutadas em conjunto com a pessoa que partiu, tais como aniversários, comemorações de Natal e Ano Novo, etc.

No segundo ano a tendência é ocorrer um alívio nestes sentimentos. Caso o luto se estenda se faz necessário analisar bem o indivíduo enlutado para garantir que não tenha ocorrido uma evolução à um processo de depressão.

Os cinco estágios do luto:

Há cinco estágios do luto a se considerar:

1) Negação: ocorre quando se recebe a notícia da morte;

2) Raiva: quando não se pode negar o fato ocorrido (a morte do ente querido), há a ocorrência da revolta;

3) Barganha: há uma falsa esperança de cura ou retorno do ente querido, pois o enlutado acredita que merece receber esta graça;

4) Depressão: surgem sentimentos de solidão, abandono, saudade;

5) Aceitação: quando finalmente o enlutado entende e aceita a perda ocorrida. Neste momento a vida passa a ter outro significado e o passado vira lembrança e respeito à história vivida.

Características da Melancolia:

Na melancolia também ocorre uma perda, mas não necessariamente por uma morte real, física, do objeto de amor ou do ente querido. Na melancolia ocorre uma tristeza intensa, sem motivo e pode chegar a causar uma evolução para uma depressão. Em ambos os processos pode-se considerar que cada indivíduo tem seu tempo e sua forma de processar a perda.

Para quem perde um ente querido, por exemplo, alguém a quem se tinha muita afinidade, pode ocorrer um período um pouco mais longo de adaptação a vida sem este ente. O amor pelo ente ou objeto perdido não pode ser esquecido, mesmo que ambos o sejam, e isso causa sofrimento profundo. A melancolia tende a se transformar em mania e é caracterizado pelo abatimento mental e físico.

A pessoa melancólica perde o interesse por coisas que antes ela gostava, se interessava. Para Freud a definição de melancolia é: “Luto sem perda” onde há uma tristeza intensa, sem motivo e que pode desenvolver-se a uma depressão.

Sintetizando as diferenças e semelhanças entre Luto e Melancolia

Luto / Melancolia

Sentimento de perda real / Sentimento de perda abstrato

Prazo específico para terminar / Sem prazo específico para terminar

Desânimo com o que ocorre à sua volta, porém pode ocorrer interesse quando é algo relacionado ao objeto/ente que morreu / Desânimo com o que ocorre à sua volta

Não é considerado patologia / Relacionado à patologia maníaco-depressivo

Há algum interesse e interação pelo mundo externo / Nenhum interesse pelo mundo externo

Inibição curta de atividades / Inibição de atividades.

Abordagens e tratamentos para luto e melancolia:

A melhor forma de tratar uma pessoa com quadro de melancolia é o acolhimento, o psicanalista deve escutar ativamente o que lhe revela o paciente. Tanto para quadro de luto quanto para melancolia a sugestão deve ser sempre para o paciente buscar atividades que lhe proporcionem prazer, algo que o leve a ter seu foco no objeto que lhe traz prazer desviando assim o foco da perda.

TODOS NÓS TEMOS O DEVER DE AMAR A VIDA; TEXTO ( ISAÍAS 38-3 )

“E disse: Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos; e chorou muitíssimo.” ( Isaías 38-3 ).

O rei Ezequias não estava disposto a morrer, mesmo quando chegou uma mensagem para ele da parte do Senhor, dizendo: “Põe a tua casa em ordem, porque morrerás, e não viverás.” A mensagem foi dada de forma absoluta e imutável – “tu morrerás, e não viverás”. Mas o rei não entendeu assim, e o resultado mostra que ela foi projetada para não ser assim entendida. Isto não foi mais, de fato, do que a sua doença em sua própria natureza que era mortal, e terminaria fatalmente. Se Deus iria interferir e curá-lo da doença, restaurando-lhe a saúde, era outra questão. Ele sabia que as doenças estavam sob o controle daquele que as envia – que elas iam e vinham conforme a Sua vontade, e que nada era difícil demais para o Senhor.
Havia um desejo natural de viver, e neste caso especial havia razões para confirmarem e aumentarem esse desejo. Na possibilidade de ter a saúde restaurada e a continuação da vida, repousam os fundamentos da esperança.
Porque, na incerteza, ele esperava o melhor – vendo o lado claro, mais do que o sombrio, e pensou mais sobre o poder de Deus, do que sobre o poder da doença. E a esperança encorajou a oração. Deus lhe tinha dado a vida, e esta vida ainda permaneceria, e era o seu negócio viver enquanto Deus deixasse ele viver, e usar todos os meios adequados para este fim, e os meios adequados, no seu caso, foram orações e lágrimas.
E não houve nenhuma submissão à morte, enquanto havia uma possibilidade de vida. Sua vida lhe foi dada com o encargo de ser guardada, e ele estava ansioso para guardá-la, e para utilizar os meios adequados para mantê-la, até que aquele que lhe havia dado, mantivesse o dom. Ele não estava cansado de viver e, portanto, ansioso para se livrar de suas funções, encargos e responsabilidades. Nem estava tão encantado com o porvir, a ponto de fazer este mundo parecer um espetáculo fugaz, ou um deserto triste. Seu desejo e oração a Deus foi para que ele continuasse a viver.

Mas não foi esta sua fraqueza e enfermidade, assim registradas para a nossa advertência e não para o nosso exemplo? Isso certamente é uma importante questão, e merece uma análise cuidadosa, pois até mesmo o piedoso nem sempre sente ou age do modo correto em relação a isto, nem é seguro em todos os casos imitar este exemplo. Jó era um homem piedoso, e ainda assim tinha um grande desejo de morrer, e Ezequias era também um homem piedoso, e por que não poderia ter um grande desejo de viver? A mera natureza humana certamente é capaz de ambos os extremos, e este último, talvez , é muito mais comum do que o anterior. Foi esse desejo de viver vencendo sua enfermidade e fraqueza, reto aos olhos de Deus – como aprovado por Ele? Esta questão deve ser decidida pelas circunstâncias do caso.
A oração de Ezequias foi fundada no fato de que tinha empregado a sua vida a serviço de Deus, e para o benefício de seus semelhantes. “Lembra-te, Senhor, peço-te, de que andei diante de ti com fidelidade, com inteireza de coração e fiz o que era reto aos teus olhos”. Ele não edificou sobre a sua própria justiça, para que pela mesma fosse justificado diante de Deus, mas pleiteou isto como uma prova de seu interesse na grande salvação. Ele não demandou a vida como uma recompensa por seus serviços, mas ainda em seu estado extremo pleiteou uma lembrança graciosa desses serviços. Ele reformou o reino, removeu os altos, purificou o templo, e reavivou as ordenanças que haviam sido negligenciadas, e que eram melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios, ele tinha se consagrado a Deus com um coração honesto e sincero, não somente nessas coisas exteriores, mas no que respeita a uma vida santa. Tenho andado diante de ti em verdade e sinceridade, e com um coração íntegro e reto – porque a retidão é uma perfeição, a única perfeição que o homem conhece sobre a Terra – e tenho feito o que é bom aos teus olhos.

Seu apelo não é fundado sobre belas promessas e boas intenções, mas sobre um coração reto e bom, quanto ao que já havia feito, e não sobre o que tencionava fazer. E o Senhor deu ouvidos e lhe atendeu, e, assim, confirmou a verdade do seu argumento na oração que fizera, e o mesmo profeta que foi enviado com um aviso para se preparar para a morte, foi enviado com a promessa de restauração. “Eu tenho ouvido a tua oração, e vi as tuas lágrimas, eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos.” Sua ansiedade de viver, então, não era a sua enfermidade ou fraqueza. Foi o produto legítimo de sua piedade. Deus o aprovou e lhe atendeu, e a concessão do pedido era um sinal de aprovação divina. Nós podemos de fato dizer, talvez, que todo o objeto desta visitação foi para trazer para fora o verdadeiro espírito do homem – o espírito certo que possuía. Portanto, uma doença, em sua própria natureza mortal, é um aviso para colocar a sua casa em ordem. Sua vida valia tão pouco que ele poderia desistir sem luta?

Ele temia tanto a dor que poderia procurar um abrigo na sepultura? E para tornar a provação completa, a morte deveria ser trazida muito perto e toda a esperança de sua advertência seria removida, exceto pela interposição de Deus.
Deus disse: “Tu morrerás, e não viverás”, e ele não deve se submeter à vontade de Deus? Mas também Deus disse: “A alma que pecar, essa morrerá”, e não convém a cada alma que pecou se submeter à morte eterna? O dito “morrerás, e não viverás”, mostrou o resultado natural da doença mortal; como o dito, “A alma que pecar, essa morrerá”, mostra o resultado natural do pecado, pois “o salário do pecado é a morte.”

Mas este último não faz a morte do pecador ser inevitável, há uma condição, muitas vezes expressada e sempre implícita, e milhões de pessoas que pecaram têm sido salvas diante desta ameaça de morte. Portanto, neste caso, a declaração “morrerás, e não viverás”, embora de forma absoluta, não foi assim, de fato. Para a pergunta, não convinha que ele se submetesse à vontade de Deus, e morresse? pode ser respondida, ele não sabia que a sua morte daquela doença era a vontade de Deus, e ele não tinha meios de saber isto. Deus era capaz de restaurá-lo. A própria linguagem que anuncia a sua morte, implica uma condição. Pelo menos, assim ele a entendeu, e o resultado mostrou que foi concebida para ser assim entendida.

Houve então fundamento para a sua esperança, e a esperança inspirou a oração. Mas se ele não tivesse orado? E se ele tivesse tomado como certo que era a vontade de Deus que ele deveria morrer, e por isso somente se resignasse à morte? Ora, ele teria morrido. Assim como neste caso: dois dos discípulos estavam indo para uma aldeia chamada Emaús, e Jesus se aproximou e ia com eles. Mas quando eles se aproximavam de Emaús, ele agiu como quem deveria ir mais longe. “Mas eles o constrangeram, dizendo: Fica conosco; porque já é tarde e o dia está muito avançado. E ele entrou para ficar com eles.” Agora, o que aconteceria se não tivessem lhe convidado? Ele teria ido embora.
Mas por que Ezequias desejou viver? Por que essa forte e sincera súplica para a vida? Ele não temia a morte; em qualquer grau e não tinha nenhum motivo para temê-la. Ele estava em paz com Deus, e preparado para morrer, e havia chegado muito perto das portas da morte. Por que deveria ele desejar voltar – para as mesmas cenas tristes novamente – para retornar das próprias fronteiras do céu para a terra de novo? Nenhum homem, por uma questão de fato, vive para si mesmo ou morre para si. Nenhum homem piedoso deseja ou projeta, viver ou morrer. O que pode ser desejável para um homem sozinho num deserto, não é desejável para o homem no meio da sociedade. Ele é interessado em tudo o que respeita a seus semelhantes, e em tudo o que promove a glória de Deus. E este mundo não é apenas um lugar de tribulações, é um campo de utilidade. Há necessidade e espaço suficiente para todos. E vendo o que, pela graça de Deus, ele tinha feito, e que, se a sua vida fosse poupada, ele ainda poderia realizar, então foi parte da sua piedade o desejo de viver em vez de morrer.
Então Ezequias louvou ao Senhor com as seguintes palavras que lemos na parte final do cântico que ele compôs após ter sido curado:
“Eis que foi para minha paz que tive eu grande amargura; tu, porém, amaste a minha alma e a livraste da cova da corrupção, porque lançaste para trás de ti todos os meus pecados. A sepultura não te pode louvar, nem a morte glorificar-te; não esperam em tua fidelidade os que descem à cova. Os vivos, somente os vivos, esses te louvam como hoje eu o faço; o pai fará notória aos filhos a tua fidelidade. O Senhor veio salvar-me; pelo que, tangendo os instrumentos de cordas, nós o louvaremos todos os dias de nossa vida, na Casa do Senhor.” ( Isaías 38: 17-20 ).

Este assunto contém instruções de profundo interesse para todos nós.

I. Destaca a importância da vida.
Há um amor natural pela vida, e ainda quão poucos compreendem o seu valor, ou o propósito para o qual foi dada. Quão poucos sentem que a eternidade inteira depende disso. Dias e anos são desperdiçados em coisas que não têm valor. A grande maioria parece não ter nenhum meio adequado, senão ir para os extremos da presunção e do desespero.
A vida é desperdiçada como se não pudesse ter fim e ser esgotada, ou ela é gasta como a ferrugem em ociosidade, como se não tivesse nenhum objetivo ou utilização adequada. Mas, se os homens estão conscientes disso ou não, a vida tem um objetivo determinado, que não pode ser realizado sem esforço.
Há muito para suportar – há muito, muito mesmo, para ser feito. E o que as nossas mãos encontram para fazer, devemos fazer com todo o nosso empenho. Devemos entrar de coração em todos os assuntos apropriados da vida. Nós formamos caracteres para a eternidade. Nós semeamos frutos do bem ou do mal, de acordo com o que semeamos para a eternidade.

II . Há sempre um motivo legítimo para se viver.
A vida não é muito longa, e a mais longa deve responder à grande finalidade da vida.
Há “algo ainda para ser feito.” Nenhum ser humano na Terra deveria, por causa de espíritos deprimidos, ou pontos de vista falsos sobre a vida, tornar-se inútil. Todos não podem servir às suas respectivas gerações da mesma forma, nem é o mesmo tipo de serviço necessário de todos, mas cada um segundo a sua capacidade, ou circunstâncias em que a providência de Deus o colocou.
Um exemplo de fé e paciência em meio a grave e prolongada aflição não é perdido para o mundo, nem a alegre renúncia em situação de pobreza extrema. O mundo necessita de tais exemplos.
Aqueles que não podem trabalhar para Cristo , podem sofrer por ele, e aqueles que não têm o poder da oratória para falar por ele, podem ainda exibir na vida real o poder da sua graça, e exibi-lo com tal força e vivacidade que nenhuma língua pode ser capaz de exprimir. E então, quem calculará a influência de suas orações, que têm o poder de prevalecer com Deus?

III. Não devemos desistir de viver, até que todos os meios de salvar a vida estejam esgotados.
Por que devemos estar dispostos a morrer, quando, por alguma coisa que saibamos, é a vontade de Deus que devemos viver? Quanto tempo pode ser a sua vontade de continuar a viver, não podemos saber. Ninguém conhece o dia da sua morte. Mas existem meios para serem utilizados para preservar a vida, ou esquecidos para acelerar a morte. E esses meios nunca serão usados de forma eficiente, enquanto houver uma indiferença sobre o resultado. Aquele que está disposto ou ansioso para morrer, pode usar meios para viver, a partir de uma sensação fria do dever, ou para salvar as aparências.

Mas ele pode usá-los como ele poderia ou deveria se fosse desejoso de viver? A própria idéia de utilizar meios para alcançar um objetivo, implica um interesse no objetivo. Sem isso, os meios podem ser utilizados na forma, mas não de fato, e mesmo meios que outros usem para alcançar um objetivo para nós, podem falhar por causa da nossa falta de interesse em tal objetivo. Nós vemos isto continuamente na pregação do evangelho. Ele é o meio para salvar almas da morte.

Esse é o objetivo. Mas isso falha pela falta de interesse do ouvinte no objetivo. E por que não pode o remédio administrado para salvar o corpo da morte, falhar da mesma maneira, por falta de interesse na vida, do paciente ou de sua vontade ou ansiedade para morrer? Ele fez a sua decisão de morrer – seria uma decepção não morrer. Agora, humanamente falando, ele vai ser mais propenso a se recuperar como alguém como Ezequias, que está desejoso de viver? Julguem vocês. Se não, ele não tem utilizado os meios adequados para viver. Ele deu a si mesmo à morte antes que os meios adequados para salvar a vida estivessem esgotados. Isso está certo? Pelo contrário, não é uma espécie de suicídio, resultante de visualizações limitadas e instrução imperfeita? Mas ele não deveria estar disposto a morrer? Certamente, quando a vontade de Deus nesse sentido estiver claramente manifestada, ele saberá que todos os meios de salvar a vida serão usados em vão. Mas não, até então, porque somente quando a vontade de Deus, que deveria morrer e não viver, estiver claramente manifestada, ele deve estar preparado para morrer.

IV. O poder da oração.
A vida de Ezequias foi mantida, a seu pedido. “Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas, eis que acrescentarei aos teus dia quinze anos.” Se ele não tivesse orado, ele teria morrido.
Esta hora extrema, mais cedo ou mais tarde será sua e minha, e devemos orar. Corações que nunca oraram antes, suplicarão então. E qual será o argumento? Promessas e boas intenções para o futuro? Para lisonjear a Deus com nossos lábios e mentir para ele com as nossas línguas? E será a resposta, “Ouvi a tua oração?” Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

domingo, maio 28

CONCEITOS DE PLANTAS VASCULARES:

Plantas vasculares ( Também são conhecidas por Traqueófitos) São plantas que possuem tecidos condutores, Além de possuírem como fase denominante a fase esporófitas. As plantas vasculares correspondem as espécies pertencentes aos grupos geneticamente denominados por pteridófitos e esparmatófitos  (gimnospérmicos e angiospérmicos ) 

A reprodução, nas plantas vasculares, ocorrem de duas formas diferentes, as pteridófitas produzem esporos, já as espermatófitas produzem sementes, em ambos os casos as células produzidas dispersam-se acabando por vir a germinar. Uma vez que se trata da fase esporófitas, as suas células são diploides, isto é, possuem dois cromossomas por cada célula.

Os vasos condutores correspondem a tecidos especializados denominados por xilema e floema que transportam os nutrientes, os sais minerais e a água, este facto foi um passo de grande importância na evolução das espécies vegetais, pois passou a permitir a sobrevivência destes seres fora de água, além de permitir um aumento do tamanho dos indivíduos.

Estes vasos dispõem-se em feixes, que vão desde as raízes até às folhas, permitindo a circulação da seiva bruta e da seiva elaborada. Os feixes encontram-se em todos os órgãos da planta, facilitando a troca de substância entre o meio e a planta (respiração da planta, por exemplo). O surgimento destes vasos permitiu que a água obtida pelas raízes e os nutrientes passassem a chegar rapidamente a todas as partes da planta, favorecendo assim o seu crescimento.

O crescimento também se deve ao facto de estas plantas sintetizam lenhina, que preenche as paredes celulares tornando-as mais resistentes, permitindo o aumento do seu tamanho sem que o caule vergue devido ao efeito da gravidade.

As espécies de plantas vasculares correspondem à maior parte das plantas que habitam a superfície terrestre, esta predominância deve-se ao surgimento dos vasos condutores e de outras características, como o sistema radicular, a existência de estomas e a pressão interna criada por estes novos elementos. Estas características permitiram à planta adaptar-se às diferentes condições que encontrou, deixando de ser obrigada a viver dentro de água, uma vez que a obtêm do solo onde se encontra fixada.

Características das plantas vasculares:

  • Sistema radicular – conjunto de raízes que permitem à planta absorver a água existente no solo, o que permite a planta viver fora de água. Além da água este sistema de raízes absorve também os sais minerais que são necessários para a realização da fotossíntese.
  • Estoma – conjunto das células-guarda e o ostíolo. Esta estrutura permite as trocas gasosas entre a planta e o meio ambiente. Situam-se na epiderme das folhas e de outros órgãos das plantas.
  • Floema – tecido responsável pelo transporte de água, compostos orgânicos e sais minerais (seiva elaborada). O floema é constituído por células vivas, denominado por tubo crivoso, esta estrutura é constituída por células alongadas dispostas longitudinalmente que comunicam por poros (placa crivosa), assim como por células de companhia (estruturas celulares vivas e alongadas) que auxiliam na condução da seiva.
  • Xilema – tecido responsável pelo transporte de água e sais minerais (seiva bruta) até às folhas, onde vai ocorrer a fotossíntese. O xilema é formado por células mortas lenhificadas (traqueídos), com diversos espaçamentos, alongadas e alinhadas formando os vasos. Possui também um conjunto de células vivas, denominadas de parênquima, que armazenam água e alimento.

As estruturas mencionadas variam consoante o grupo e a espécie de plantas, mas a sua base é semelhante. Por exemplo, plantas pertencentes as gimnospérmicas possuem um segundo feixe de vasos condutores e estruturas com esclerênquima, o que conferem resistência às plantas.

A distribuição dos feixes também varia consoante as espécies sejam monocotiledóneas ou dicotiledóneas, assim como consoante a zona em estudo (a distribuição do floema e do xilema não é igual nas raízes e no caule por exemplo).

No grupo das Pteridófitas e nas Gimnospérmicas os vasos xilémicos são formados por traqueídos. Além dos tecidos primários mencionadas acima, as espermatófitas apresentam também tecidos vasculares secundários, o que não ocorre nas Pteridófitas.

SEMELHANÇAS ENTRE DEUS E SUA PALAVRA ; TEXTO ( SALMOS 138-2 )

O Evangelho de João começa chamando “a Palavra de Deus” como Deus ( João 1:1). Isso abre um estudo interessante entre “a Palavra” (Jesus) e “palavra” (Bíblia). Em nosso estudo, vamos ver que Deus é muito semelhante à Sua Palavra – a Bíblia. Os dois estão tão intimamente ligados; é impossível separar os atributos da palavra de Deus (Bíblia) do próprio Deus. Veremos a partir deste breve estudo que existem alguns atributos de Deus que são igualmente verdade para a Bíblia! Há pelo menos sete semelhanças entre Deus e a Bíblia:

1. Deus é perfeito, a Bíblia também é perfeita.
( Mateus 5-48 ) “Sede vós pois perfeitos, como vosso Pai que está nos céus é perfeito” 
( Salmos 19-7 ) “A lei do Senhor é perfeita e restaura a alma”.

2. Deus é eterno, a Bíblia também é eterna.

( Salmos 90-2 ) “Antes que os montes nascessem, ou que nunca te tivesses formado a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus”

( Mateus 24-35 ) “O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão”

3. Deus é luz, a Bíblia também é luz.

( 1 João 1-5 ) “E esta é a mensagem que temos ouvido dele, e vos anunciamos: que Deus é luz e nele não há treva alguma”

( Salmos 119-105 ) “A tua palavra é lâmpada para os meus pés, e luz para o meu caminho” 

4. Deus é Espírito, a Bíblia também é Espírito.

( João 4-24 ) “Deus é Espírito, e aqueles que o adoram o adorem em espírito e em verdade”

( João 6-63 ) “As palavras que eu vos disse são espírito e são vida”.

5. Deus é capaz de salvar sua alma, a Bíblia também é capaz de salvar sua alma.

( Salmos 72-13 ) “Ele (Deus) deve poupar o pobre e necessitado, e salvará as almas dos necessitados”

( Tiago 1-21 ) “Recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a qual pode salvar as vossas almas”

6. Deus é capaz de santificar os cristãos, a Bíblia também é capaz de santificar os cristãos. 

( 1 Tessalonicenses 5-23 ) “E Deus, o de paz vos santifique em tudo, e todo o vosso espírito, alma e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo”

( João 17-17 ) “Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade” 

7. Deus julgará no último dia, a bíblia também vai julgar no último dia.

( 1 Pedro 4-5 ) “Quem deve dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos”

( João 12-48 ) “Quem me rejeita e não recebe as minhas palavras, já tem quem o julgue: a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” 

 A partir deste breve estudo, temos cuidadosamente considerado como Deus é fortemente refletido e ligado com o caráter de Sua Palavra – a Bíblia Sagrada. Ao lado do Senhor Jesus Cristo, a Bíblia é talvez o maior reflexo da natureza de Deus.

Quem e o que é Deus, Sua palavra é muitas vezes similar. Então, dizer que a Bíblia tem erros é como dizer que o próprio Deus é imperfeito! Não podemos ter um Deus perfeito e ter uma Bíblia imperfeita, ao mesmo tempo! A Bíblia adverte os homens em   (Provérbios 13-13 ) que, “Aquele que despreza a palavra deve ser destruído, mas o que teme o mandamento será galardoado”Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

sábado, maio 27

AUTÓTROFOS E HETERÓTROFOS: O QUE SÃO? EXEMPLOS E QUAIS SÃO AS DIFERENÇAS?

Nesse sentido, podemos separar os organismos vivos em, basicamente, dois grandes grupos: autótrofos heterótrofos. Enquanto os primeiros retiram a energia que precisam para viver da luz do sol, o segundo grupo se alimenta de outros seres vivos.

O que são seres autótrofos?

Os seres autótrofos, também conhecidos como autotróficos, são aqueles organismo vivo que conseguem obter a energia e os nutrientes necessários para sua sobrevivência por meio da luz solar, no processo de fotossíntese. 

O termo autótrofo tem como origem o grego, em que auto significa si próprio, si mesmo, e trophos é a palavra usada no sentido de alimentar. Ou seja, um autótrofo é o ser que consegue alimentar a si mesmo.

São considerados autótrofos organismos vegetais, algas e algumas bactérias. Dentro da cadeia alimentar, são esses os seres que ocupam a base, servindo de alimento para os organismos que não conseguem produzir o seu próprio alimento, chamados de seres heterótrofos.

Na cadeia alimentar, os autótrofos apresentam características de seres produtores, enquanto os heterótrofos são chamados de consumidores ou decompositores, dependendo do papel que desempenham no ecossistema. 

Fotossíntese:

Fotossíntese é o processo pelo qual os seres autótrofos vegetais sintetizam seus nutrientes, formando as moléculas de glicose que construirão suas células e manterão seu metabolismo. 

Consiste em um fenômeno químico no qual a energia da luz é transformada em energia química a partir de várias reações complexas. É considerado o processo mais básico de transformação energética no planeta. As células vegetais transformam, então, CO2 (dióxido de carbono) e H2O (água) em glicose.

As moléculas de clorofila, presente nas folhas verdes de plantas, absorvem a luz e quebram a água, liberando assim o oxigênio e o hidrogênio. A seguir, o hidrogênio se une ao CO2, resultando na formação da glicose.

A fotossíntese é um processo que acontece em organelas específicas das células vegetais, chamadas de cloroplastos. É nela que se localiza a clorofila, um pigmento verde especial que dá essa cor às plantas e é responsável pela absorção da luz solar.

Essa luz, ao ser absorvida pelas plantas, tem duas importantes funções na fotossíntese:

  • impulsionar a transferência dos elétrons;
  • gerar um gradiente de prótons, necessário para a formação da energia (ATP).

Quimiossíntese:

Além da fotossíntese, existe um outro procedimento adotado por organismos autótrofos para gerar energia. É a quimiossíntese, conhecida como fotossíntese das bactérias. Nada mais é do que a produção de matéria orgânica a partir do processo de oxidação de minerais, sem precisar de luz solar.

Os organismos capazes de realizar a quimiossíntese são algumas poucas bactérias, chamadas de quimiossintetizantes, que, geralmente, existem nos ambientes completamente desprovidos de luz ou de matéria orgânica.

A obtenção de energia ocorre por meio de oxidações inorgânicas, o que faz com que seja possível obter matéria orgânica ao oxidar substâncias minerais. As principais bactérias que atuam nesse processo são as ferrobactérias, capazes de oxidar ferro, as sulfobactérias, que oxidam enxofre, e as nitrobactérias, que oxidam o nitrogênio.

Nesse processo, a produção da matéria orgânica se dá a partir de gás carbônico, água e outros elementos não-orgânicos. Se comparada à fotossíntese, a quimiossíntese apresenta resultado muito menor. Apesar disso, é fundamental para o Ciclo do nitrogênio ajudando na fixação do mesmo no solo e nas plantas, contribuindo para a sobrevivência desses organismos.

O que são seres heterótrofos?

Diferentemente dos seres autótrofos, os organismos heterótrofos não são capazes de produzir seu próprio alimento, sendo necessário consumir outros seres vivos para se manterem. Eles aproveitam as fontes de carbono que constituem outros seres, como plantas e animais.

Na organização do fluxo de energia e nas cadeias alimentares, os seres heterótrofos são aqueles que atuam como consumidores. Dependem, direta ou indiretamente, da atuação dos seres autotróficos.

Nesse caso, os animais herbívoros são considerados consumidores primários, já que se alimentam diretamente de plantas, organismos autótrofos e produtores dentro da cadeia. Já os animais carnívoros são chamados de consumidores secundários, uma vez que costumam se alimentar dos herbívoros.

Dessa maneira, uma corça pode se alimentar de gramíneas e servir de alimento para um leão, por exemplo. Nesse caso, a grama é um organismo produtor, enquanto a corça é o consumidor primário e o leão, o consumidor secundário. Assim, pode-se dizer que, mesmo indiretamente, o leão depende da produção autótrofa das plantas.

Tipo de alimentação:

No caso dos seres heterótrofos (ou heterotróficos), o tipo de alimentação e obtenção de energia varia muito de espécie para espécie. Além dos herbívoros e carnívoros, podemos ainda encontrar os animais onívoros, que se alimentam tanto de vegetais quanto de outros animais (como o morcego e o próprio ser humano).

Já aqueles que se alimentam de restos de organismos mortos, como urubus e hienas, são chamados de detritívoros. Por fim, ainda existem os hematófagos, que se alimentam exclusivamente do sangue de um animal, como os parasitas (pulgas, piolhos e carrapatos).

Na complexa organização da natureza, cada organismo ocupa seu espaço e tem um papel bem definido. Assim, é possível visualizar esse grande sistema como um fluxo contínuo de energia, que vai se acumulando no decorrer da cadeia alimentar. Assim, os seres produtores conseguem gerar energia por meio da fotossíntese. Os consumidores primários se alimentam dessa energia gerada, ao se alimentarem de plantas e demais produtores.

Na sequência da cadeia alimentar, esses consumidores primários servem de alimento para os secundários. Estes, por sua vez, estão então consumido tanto a energia armazenada do próprio animal herbívoro quanto a do organismo produtor, que serviu de alimento anteriormente. O ciclo continua e o fluxo de energia vai sendo passado adiante, até retornar ao ponto inicial.

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?