terça-feira, janeiro 2

ANATOMIA DO SISTEMA LINFÁTICO:

O sistema linfático é o complexo corporal que permite a drenagem do sistema venoso. Dessa maneira, ele atua garantindo o retorno de fluidos dos tecidos circundantes para o sangue através da circulação linfática. Esta, por sua vez, está ligada à circulação sanguínea e aos líquidos teciduais. Ele possui função de produzir células de defesa, atuar na defesa imunológica, filtrar a linfa ou o sangue, transportar materiais pelos vasos linfáticos, produção de imunoglobulinas e fagocitose. Além disso, também podem ser responsáveis por absorção e transporte de gordura dos alimentos.

Componentes:

  • Plexos linfáticos – redes de capilares linfáticos formados por um endotélio muito fino podem ser penetrados com facilidade junto com o excesso de líquido tecidual
  • Vasos linfáticos – são vasos de parede fina que possuem três camadas e muitas válvulas linfáticas, permitindo a linfa ser drenada em uma direção. Eles estão presentes em quase todo o corpo e drenam a linfa para os capilares e possuem a característica de colar de contas.
  • ·         Linfa – o líquido tecidual que entra nos tecidos presentes nos vasos linfáticos é conduzido por vasos linfáticos. Geralmente, a linfa se apresenta transparente, aquosa e discretamente amarela, entretanto no intestino delgado pode ter apresentação leitosa por conta dos lipídios digestivos.
  • Linfonodos – pequenas massas localizadas no trajeto dos vasos linfáticos. Eles drenam a linfa e possuem a função de criar uma barreira para microrganismos, toxinas ou substâncias nocivas. Quando está com tamanho aumentado, pode ser doloroso, formando o que é chamado popularmente de íngua.
  • Linfócitos – células de defesa do sistema imune que reagem a materiais estranhos.
  • Órgãos linfoides – são os órgãos responsáveis pela produção dos linfócitos, ou seja, neles estão o timo, a medula óssea vermelha, o baço, as tonsilas.

Vasos linfáticos superficiais e profundos:

Existem os vasos linfáticos superficiais e profundos. Os superficiais são mais numerosos e podem se anastomosar livremente, além de acompanhar a drenagem venosa e drenar os vasos linfáticos profundos. Já os profundos, são responsáveis por receberem drenagem de órgãos internos e acompanharem as artérias. A comunicação entre a rede linfática superficial e profunda acontece apenas em regiões poplíteas, inguinais e axilares.

Esses vasos atravessam os linfonodos durante o seu trajeto no sentido proximal, podendo se fundir com vasos que drenam regiões adjacentes e tornarem-se maiores. Os grandes vasos linfáticos se juntam com os troncos linfáticos e formam o ducto linfático direito ou ducto torácico.

Drenagem:

O ducto linfático direito é responsável pela drenagem do quadrante superior direito do corpo, ou seja, lado direito da cabeça, pescoço, tórax e membro superior direito. Na raiz do pescoço tem a presença do ângulo venoso direito que entra na junção das veias jugulares interna e subclávia direita.

O ducto torácico é a união de vasos linfáticos dos membros inferiores no nível do abdômen aos viscerais. Ele é responsável por drenar a linfa do restante do corpo. Os troncos linfáticos que drenam a metade inferior do corpo unem-se no abdome, podendo formar a cisterna do quilo, ou seja, um saco coletor dilatado. A partir disso ou da união dos troncos, o ducto torácico ascende, entrando no tórax e atravessando-o para chegar ao ângulo venoso esquerdo, isto é, junção da veia jugular interna esquerda com a subclávia.

Correlação Clínica:

  • A disseminação pelos vasos linfáticos é uma via comum de disseminação de carcinomas. As células que se desprendem do tumor primário seguem através dos vasos linfáticos e acabam sendo filtradas e aprisionadas pelos linfonodos, tornando-se locais de câncer secundário.
  • Linfangite (inflamação dos vasos linfáticos) e linfadenite (inflamação dos linfonodos) são distúrbios que podem ocorrer com o transporte de substâncias químicas ou bactérias pelo sistema linfático após lesões ou infecções graves. No caso dos vasos linfáticos, eles podem ser vistos como estrias vermelhas na pele. Já os linfonodos se apresentam aumentados e dolorosos. Além disso, esses distúrbios podem causar sepse.
  • Linfedema é um edema localizado que acontece devido a falta de drenagem da linfa de uma área do corpo. Inicialmente, esse edema é mole e depressivo, podendo regredir com o repouso. Entretanto, com o passar do tempo a presença de proteínas no interstício estimula a proliferação fibroblástica, ocasionando fibrose, tornando-se duro, pouco depressível e não desaparecendo com o repouso.

Podemos Concluir que:

O sistema linfático é o responsável pela drenagem de líquido do espaço extracelular para corrente sanguínea. Ele possui um papel importante no sistema de defesa do corpo. Além disso, é uma via importante de disseminação de câncer, tornando-se uma importante área de conhecimento, guando acontece a inflamação dos linfonodos é um indicador importante para lesões, infecções ou doença.

segunda-feira, janeiro 1

DOENÇAS AUTOIMUNES: QUAIS OS PRINCIPAIS SINTOMAS? COMO DIAGNÓSTICAR?

Doenças autoimunes são um grupo de doenças distintas que tem como origem o fato do  sistema imunológico passar a produzir anticorpos contra componentes do nosso próprio organismo. 

Normalmente, o sistema imunológico é responsável por combater invasores estranhos, como bactérias e vírus, para manter o corpo saudável. No entanto, em pessoas com doenças autoimunes, o sistema imunológico se confunde e ataca células, tecidos e órgãos saudáveis, causando inflamação e danos.

Fisiopatologia das doenças autoimunes:

A fisiopatologia das doenças autoimunes é complexa e envolve uma série de processos imunológicos e genéticos que levam à ativação inadequada do sistema imunológico e à resposta autoimune.

Em doenças autoimunes, células do sistema imunológico, como linfócitos T e B, podem ser ativadas de forma inadequada. Os linfócitos T ajudam a coordenar a resposta imunológica, enquanto os linfócitos B produzem anticorpos. Ambos desempenham papéis críticos na resposta autoimune.

susceptibilidade genética desempenha um papel importante na predisposição para doenças autoimunes. Muitas dessas condições tendem a ocorrer em famílias, sugerindo uma base genética. No entanto, não é um único gene que causa uma doença autoimune, mas sim uma combinação complexa de genes.

Fatores ambientais, como:

  • Infecções virais
  • Exposição a toxinas
  • Hormônios e estresse

Esses fatores podem desencadear ou contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes em indivíduos geneticamente suscetíveis. Esses fatores ambientais podem desencadear uma resposta imunológica que leva à autoreatividade.

Em algumas doenças autoimunes, como o lúpus, há um ciclo de amplificação, onde a inflamação e a ativação imunológica são auto-sustentáveis. Isso significa que quanto mais o sistema imunológico ataca os tecidos, mais danos são causados e mais o sistema imunológico é ativado, resultando em um ciclo contínuo de inflamação e dano.

Quais são as principais doenças autoimunes?

Existem muitas doenças autoimunes diferentes, e a lista de condições autoimunes reconhecidas continua a crescer à medida que a pesquisa avança.

Separei algumas das principais doenças autoimunes que são amplamente reconhecidas e estudadas:

  • Lúpus eritematoso sistêmico (LES)
  • Artrite reumatoide (AR)
  • Esclerose múltipla (EM)
  • Doença de Crohn e colite ulcerativa
  • Diabetes tipo 1
  • Doença celíaca
  • Esclerose sistêmica (esclerodermia)
  • Doença de Hashimoto
  • Miastenia gravis
  • Doença de Sjögren
  • Psoríase
  • Doença de Addison
  • Vitiligo
  • Dermatomiosite
  • Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI)

Lúpus eritematoso sistêmico (LES):  diagnóstico e tratamento:

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES), frequentemente referido simplesmente como “lúpus”, é uma doença autoimune crônica e complexa que pode afetar múltiplos órgãos e sistemas do corpo.

Nesta condição, o sistema imunológico do organismo ataca células e tecidos saudáveis, levando à inflamação e ao dano em vários órgãos e tecidos. O LES pode variar em gravidade, com alguns pacientes apresentando sintomas leves e outros enfrentando complicações mais graves.

Quais os sintomas do LES?

Os sintomas do LES podem ser diversos e incluir:

  • Fadiga
  • Dor nas articulações
  • Febre
  • Erupções cutâneas (geralmente em forma de borboleta no rosto)
  • Fotossensibilidade (sensibilidade à luz solar)
  • Ulcerações na boca e nasais
  • Dores musculares
  • Inflamação em órgãos internos como rins, coração, pulmões e sistema nervoso
  • Além de outros sintomas variados.

Diagnóstico:

O diagnóstico do Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) pode ser desafiador, pois os sintomas podem variar amplamente e imitar outras condições médicas.

O processo de diagnóstico do LES geralmente envolve uma combinação de história clínica, exame físico, exames de sangue, exames de imagem e, às vezes, avaliação de biópsias. Separei os principais componentes do diagnóstico do LES:

  • História clínica e exame Físico
  • Exames de Sangue: os exames de sangue são uma parte importante do diagnóstico do LES. Alguns dos testes laboratoriais que podem ser solicitados incluem: anticorpo antinuclear (ANA)anticorpos específicos. Além do ANA, são avaliados anticorpos específicos, como o anti-dsDNA (anti-DNA de cadeia dupla) e o anti-Sm (anti-Smith), que são marcadores mais específicos para o LES
  • Exames de Imagem: Em alguns casos, o médico pode solicitar exames de imagem, como radiografias, ultrassonografias ou ressonância magnética, para avaliar o envolvimento das articulações ou outros órgãos afetado

Como tratar LES?

O tratamento do LES visa controlar a inflamação e minimizar os danos aos órgãos afetados. Isso geralmente envolve o uso de medicamentos imunossupressores, anti-inflamatórios e esteroides.

O tratamento é altamente individualizado e pode variar dependendo da gravidade da doença e dos órgãos envolvidos.

Artrite reumatoide (AR): como fazer o diagnóstico?

A Artrite Reumatoide (AR) é uma doença autoimune crônica que afeta as articulações do corpo, causando:

  • Inflamação
  • Dor
  • Rigidez
  • Danos articulares

É uma das formas mais comuns de artrite autoimune e tende a afetar predominantemente as articulações, embora possa também ter efeitos sistêmicos em todo o corpo.

Como fazer o diagnóstico da artrite reumatoide?

O diagnóstico da AR é baseado em uma combinação de:

  • Exame físico
  • História clínica
  • Exames laboratoriais (como o fator reumatoide e o anticorpo antipeptídeo citrulinado cíclico)
  • Exames de imagem, como radiografias e ultrassonografias das articulações.

Tratamento:

O tratamento da AR visa aliviar a dor, controlar a inflamação e retardar ou prevenir o dano articular.

Isso geralmente envolve o uso de medicamentos, como:

  • Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs)
  • Medicamentos modificadores da doença (DMARDs)
  • Em casos mais graves, medicamentos biológicos

A fisioterapia e a terapia ocupacional também podem desempenhar um papel importante no manejo da AR.

Esclerose múltipla (EM): ataque ao sistema nervoso central:

A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença neurológica crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central (SNC), incluindo o cérebro e a medula espinhal.

Nesta condição, o sistema imunológico ataca erroneamente a mielina, uma substância que reveste e protege as fibras nervosas, resultando em inflamação, danos às fibras nervosas e cicatrizes (esclerose). Isso interfere na comunicação entre o cérebro, a medula espinhal e outras partes do corpo.

Existem vários tipos de EM, separei aqui as mais comuns:

  • EM Recorrente-Remitente (EMRR): caracterizada por surtos de sintomas seguidos de períodos de remissão
  • EM Secundária Progressiva (EMSP): começa como EMRR e evolui gradualmente para uma forma progressiva

Quais os sintomas da esclerose múltipla?

Os sintomas da EM podem variar amplamente e incluir:

  • Fadiga
  • Dificuldades de coordenação
  • Fraqueza muscular
  • Problemas de visão, como visão turva ou diplopia
  • Dormência ou formigamento
  • Problemas de equilíbrio e coordenação
  • Disfunção da bexiga e intestinos
  • Alterações cognitivas e emocionais, como depressão e ansiedade.

Doença de Crohn: definição e sintomas:

A Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa são duas doenças inflamatórias intestinais (DII) crônicas que afetam o sistema gastrointestinal. Ambas as condições envolvem inflamação crônica, mas têm diferenças significativas em termos de localização, padrão de inflamação e sintomas.

A doença de Crohn pode afetar qualquer parte do trato digestivo, desde a boca até o ânus. No entanto, é mais comum na parte inferior do intestino delgado (íleo) e no cólon.

A inflamação na doença de Crohn é caracterizada por áreas afetadas intercaladas com áreas saudáveis (inflamação em “saltos”). Isso pode resultar em complicações, como estreitamento (estenose) e formação de fístulas.

Sintomas da doença de Crohn:

Separei alguns sintomas da Doença de Crohn mais comuns:

  • Dor abdominal
  • Diarreia crônica
  • Perda de peso
  • Fadiga
  • Sangramento retal
  • Febre

Em casos mais graves, fístulas ou abscessos.

Doença celíaca: como fazer o diagnóstico:

A doença celíaca é uma condição autoimune crônica que afeta o trato gastrointestinal e é desencadeada pela ingestão de glúten, uma proteína encontrada em cereais como trigo, cevada e centeio.

Quando uma pessoa com doença celíaca consome glúten, o sistema imunológico responde de forma anormal, causando danos à mucosa do intestino delgado e levando a uma série de sintomas e complicações.

Os sintomas da doença celíaca podem variar amplamente e afetar diferentes sistemas do corpo. Separei alguns dos sintomas mais comuns:

  • Diarreia crônica
  • Dor abdominal
  • Inchaço
  • Fadiga
  • Perda de peso
  • Anemia
  • Erupções cutâneas
  • Depressão
  • Irritabilidade

Como fazer o diagnóstico:

O diagnóstico da doença celíaca envolve uma combinação de exames clínicos e testes laboratoriais.

Isso inclui a realização de exames de sangue para detectar anticorpos específicos, como anti-anticorpos antiendomísio (EMA) e anticorpos antitransglutaminase tecidual (tTG), que podem estar elevados em pessoas com doença celíaca.

Geralmente para se ter uma confirmação mais concreta é preciso fazer uma biópsia do intestino delgado, para poder avaliar as lesões. 


sábado, dezembro 30

ANATOMIA DO SISTEMA DOS ÓRGÃOS DO PÂNCREAS:

O pâncreas é uma glândula retroperitoneal que é dividida anatomicamente em diferentes estruturas: a cabeça, corpo e cauda. Pesa entre 60 e 170g e mede de 12 a 25cm. Esse órgão é dividido funcionalmente em exócrino e endócrino. 

Anatomia do pâncreas
Em relação a anatomia topográfica, a cabeça do pâncreas encontra-se em íntimo contato com o duodeno, enquanto a cauda faz contato com o hilo esplênico e flexura cólica esquerda. O corpo e a cauda do pâncreas se estendem pelo retroperitônio em direção ao baço.

O colo é marcado anatomicamente pela relação com os vasos mesentéricos superiores que passam posteriormente ao colo pancreático. À direita do colo do pâncreas, localiza-se a cabeça e sua projeção mais inferior, denominada processo uncinado.

O canal de Winsurg é um ducto excretório, o qual acompanha toda a extensão do pâncreas. Conecta-se ao duodeno através da ampola de Vater, onde se junta ao ducto biliar. O esfíncter de Oddi, juntamente com a ampola de Vater, regula a secreção pancreática no trato gastrointestinal.

RELAÇÕES DO PÂNCREAS:

PÂNCREAS EXÓCRINOS:

Mais de 95% da massa pancreática corresponde a células exócrinas, agrupadas em lóbulos (ácinos). As células acinares sintetizam enzimas digestivas, em sua forma inativa, tais como amilases, proteases, lipases e nucleases. 

Posteriormente, essas enzimas são secretadas nos ductos pancreáticos e transportadas até o duodeno, onde são ativadas.  As células dos ductos produzem mucina e fluidos ricos em bicarbonato, úteis na neutralização do conteúdo ácido estomacal. 

Elas são responsáveis pela digestão no intestino delgado. Os principais exemplos são a amilase pancreática (para carboidratos), lipase pancreática (para gordura), tripsinogênio e quimiotripsinogênio (para proteínas). 

PÂNCREAS ENDÓCRINA:

A função endócrina é desempenhada por aglomerados de células, dispersas no tecido acinar pancreático, denominados Ilhotas de Langerhans. O pâncreas adulto normal, contém cerca de 1 milhão de ilhotas, o que constitui até 2% da massa pancreática. São distribuídas irregularmente pelo parênquima exócrino, mais densamente na região da cauda.  

Existem pelo menos 6 tipos de células pancreáticas descritas: α, δ, β, células PP (ou células Ƴ), G e ε. Dessas as mais importantes e prevalentes são as células α e β. 

As células α correspondem a cerca de 15-20% das células das ilhotas. Localizam-se na periferia e sintetizam e secretam glucagon, glicentina, GRPP (peptídeo pancreático relacionado com glicentina), GLP 1 e GLP 2 (peptídeo tipo glucagon 1 e 2). 

Já as células β são as mais numerosas, correspondendo a aproximadamente 70 – 80% das células das ilhotas pancreáticas.  Localizam-se no centro da ilhota (“medula”) e são responsáveis pela síntese e pela secreção, principalmente, da insulina e peptídeo C. Em menor escala, produzem amilina, também conhecida como IAPP (polipeptídeo amilóide das ilhotas), que é um antagonista insulínico, dentre outros peptídeos. 

Suprimento sanguíneo e inervação do pâncreas
O suprimento sanguíneo arterial pancreático é proveniente principalmente das artérias esplênicas (cauda e corpo) e pancreático duodenais superior e inferior (cabeça). A drenagem venosa do pâncreas se dá na veia porta hepática. Assim, o fígado se torna exposto a altas concentrações dos hormônios pancreáticos, sendo o principal órgão-alvo dos seus efeitos fisiológicos. 

A inervação pancreática é proveniente dos nervos vago e esplâncnicos abdominopélvicos que atravessam o diafragma. As fibras simpáticas e parassimpáticas chegam ao pâncreas são distribuídas para as células acinares e ilhotas pancreáticas. 

Como a inervação simpática passa ao longo das artérias do plexo celíaco e do plexo mesentérico superior, ela é a responsável pelo quadro de dor abdominal em barra que irradia para região intercostal, característico dos quadros de pancreatite.

DOENÇAS DO PÂNCREAS:

A pancreatite, que é classificada em aguda ou crônica, e o câncer de pâncreas são as principais doenças relacionadas ao pâncreas. Além disso, existem várias doenças relacionadas aos hormônios pancreáticos, em especial à insulina, destacando-se o Diabetes Mellitus (DM). 

Pancreatite é uma inflamação do pâncreas, causada pela ativação das enzimas pancreáticas dentro da glândula, que acabam digerindo a própria glândula, provocando dor e outros sintomas. 

sexta-feira, dezembro 29

ONDE ESTÁ LOCALIZADO O HIPÓFISE E O HIPOTÁLAMO? O QUE SÃO? PARA QUE SERVE?

A hipófise ou glândula pituitária é um pequeno órgão localizado na cavidade do osso esfenoide – a sela túrcica. Se liga ao hipotálamo, situado na base do cérebro, por um pedículo que representa a ligação entre a hipófise e o sistema nervoso central.

Hipotálamo:

O hipotálamo apresenta os sistemas integradores que, através dos sistemas efetores autônomo e endócrino, controlam o equilíbrio de líquidos e eletrólitos, a ingestão de alimentos e o equilíbrio de energia, a reprodução, a termorregulação, as respostas imunológicas e muitas respostas emocionais.

Componente do diencéfalo, estende-se da lâmina terminal até um plano vertical posterior aos corpos mamilares, e do sulco hipotalâmico até a base do encéfalo, abaixo do terceiro ventrículo. Encontra-se abaixo do tálamo e anterior à parte tegmental do subtálamo e ao tegmento mesencefálico. Lateralmente, é delimitado pela parte anterior do subtálamo, pela cápsula interna e pelo trato óptico.

Além disso, abrange algumas formações anatômicas visíveis na face inferior do cérebro Corpos mamilares – Eminências lisas e de formato hemisférico, dispostas lado a lado, anteriores a substância perfurada posterior, compostas por substância cinzenta.

  1. Quiasma óptico – Recebe as fibras dos nervos ópticos que ali cruzam em parte e continuam nos tratos ópticos, direcionadas aos corpos geniculados laterais.
  2. Túber cinéreo – Entre os corpos mamilares e o quiasma óptico, é uma massa convexa de substância cinzenta.
  3. Infundíbulo – A extremidade superior do infundíbulo dilata-se para constituir a eminência mediana do túber cinéreo, enquanto sua extremidade inferior continua com a hipófise.

O hipotálamo é composto por substância cinzenta agrupada em núcleos e sistemas variados de fibras, como o fórnix, estrutura que divide-o em área medial, rica em substância cinzenta e abriga os principais núcleos; e área lateral, que contém menos corpos de neurônios e onde predomina as fibras de direção longitudinal.

Principais funções do hipotálamo:

  • Controle do sistema nervoso autônomo
  • Regulação da temperatura corporal
  • Regulação do comportamento emocional
  • Regulação do equilíbrio hidrossalino e da pressão arterial
  • Regulação da ingestão de alimentos salgados (apresenta o centro da fome e o centro da saciedade)
  • Regulação do sistema endócrino – relação com a hipófise
  • Geração e regulação dos ciclos circadianos
  • Regulação do sono e vigília
  • Integração do comportamento sexual

Além dos elementos neurais comuns, encontramos, no hipotálamo, neurônios específicos capazes de sintetizar hormônios peptídicos – neurônios peptidérgicos. Eles possuem as mesmas propriedades elétricas dos neurônios comuns e seus produtos agem de forma diferentes, não realizando sinapse.

  1. Neurônios: parvocelulares: caracterizados por axônios curtos, produzem peptídeos inibidores/estimuladores da adeno-hipófise
  2. Neurônios: magnocelulares: caracterizados por axônios longos, produzem o ADH, no núcleo supraóptico, e ocitocina, no núcleo paraventricular, os quais são armazenados na neuro-hipófise.

Hipófise:

A glândula hipófise é uma estrutura ovoide, de tonalidade vermelho – acizentada, contínua com o infundíbulo e que se encontra na fossa hipofisial, ou sela túrcica, do osso esfenoide. É coberta superiormente pelo diafragma da sela, derivado da meninge dura-máter, que apresenta um furo centralmente para a passagem do infundíbulo, além de separar a face superior da hipófise do quiasma óptico.

Em geral, os cânceres que afetam a hipófise têm apenas um caminho para se expandir, ou seja, crescem para cima, para o interior do cérebro e contra os nervos ópticos. Por essa razão, qualquer aumento de tamanho da glândula pituitária está frequentemente associado a tonturas e/ou problemas visuais.

A hipófise possui dupla origem embriológica e é, consequentemente, dividida com base na funcionalidade de cada componente.

A parte epitelial é denominada adeno-hipófise, localizada na porção anterior da glândula, sendo frequentemente denominada lobo anterior. É composta de três partes: a pars distalis (cerca de 90% da adeno-hipófise), a pars tuberalis (circunda a haste infundibular) e a pars intermedia (separa a parte epitelial da nervosa, pouco desenvolvida em humanos).

A parte neural da pituitária é a neuro-hipófise, cuja porção mais inferior é chamada de pars nervosa ou lobo posterior. Além disso, inclui a haste infundibular e a eminência mediana do túber cinéreo.

A glândula é revestida por uma cápsula de tecido conjuntivo, contínua com a rede de fibras reticulares, que suporta as células do órgão.

Embriologicamente, a adeno-hipófise se desenvolve de uma evaginação do ectodema oral (bolsa de Rathke) que reveste a cavidade oral primitiva. O teto da boca primitiva cresce em direção cranial, formando a bolsa de Rathke e uma constrição na base dessa bolsa acaba separando-a da cavidade bucal. Ao mesmo tempo, a parede anterior da bolsa se espessa, diminuindo a cavidade da bolsa a uma pequena fissura. Enquanto isso, a neuro-hipófise se desenvolve do neuroectoderma, como uma evaginação do diencéfalo.

Dentre os tipos de cirurgia para acessar a hipófise, sobretudo para a retirada de tumores pituitários, a técnica mais comum é a cirurgia transesfenoidal. Para esta abordagem, o neurocirurgião faz uma pequena incisão ao longo do septo nasal ou sob o lábio superior. Esta abordagem tem muitas vantagens. Nenhuma parte do cérebro é tocada durante o procedimento, portanto, a possibilidade de dano ao cérebro é muito baixa. Também não há nenhuma cicatriz visível. As taxas de cura são altas, mas é difícil a remoção de tumores. A depender do tamanho do tumor, as possibilidades de cura são mais baixas e as chances de lesões no cérebro, nervos e vasos sanguíneos são maiores.

A craniotomia é menos comum, porém necessária para tumores maiores. Nesta abordagem, a 

 é realizada através de uma abertura na parte frontal e lateral do crânio. É mais segura para lesões grandes e complexas, pois proporciona uma melhor visualização e controle de importantes estruturas, como nervos e vasos sanguíneos.

Eixo Hipotálamo-Hipófise:

Quase toda a secreção hipofisária é controlada por sinais hormonais e nervosos vindos do hipotálamo. A secreção efetuada pela região posterior da hipófise é controlada por sinais neurais que têm origem no hipotálamo.

Por outro lado, a secreção da adeno-hipófise é controlada por hormônios, chamados hormônios (ou fatores) estimuladores e hormônios (ou fatores) inibidores, secretados pelo hipotálamo e levados para a adeno-hipófise pelos vasos sanguíneos.

Cada eixo endócrino é composto de três níveis de células endócrinas: (1) neurônios hipotalâmicos; (2) células da glândula pituitária anterior e (3) glândulas endócrinas periféricas. Os neurônios do hipotálamo liberam hormônios estimuladores hipotalâmicos (XRHs) específicos que estimulam a secreção de hormônios tróficos pituitários (XTHs) também específicos.

Em alguns casos, a produção de um hormônio trófico pituitário é regulada secundariamente por um hormônio inibidor da liberação (XIH). Os hormônios tróficos da pituitária agem então sobre glândulas-alvo endócrinas periféricas específicas e estimulam essas glândulas a liberarem hormônios periféricos (X).

Em cada nível dessa cascata hormonal, é possível uma retroalimentação negativa (ou feedback negativo) das etapas prévias; um nível desnecessariamente elevado de um hormônio inibe a liberação dos hormônios anteriores na cascata, mantendo as concentrações dos hormônios em níveis normais.

Em muitos casos, os hormônios hipotalâmicos são secretados em pulsos e estão atrelados a ritmos diários e sazonais por intermédio de estímulos do SNC. Além disso, os núcleos hipotalâmicos recebem uma variedade de estímulos neuronais oriundos de níveis mais altos e mais baixos do cérebro. Esses estímulos podem ser de curta ou longa duração.

Assim, a inclusão do hipotálamo em um eixo endócrino permite a integração de uma quantidade considerável de informação para a determinação ou alteração do ponto de equilíbrio deste eixo (ou ambas).

O nanismo psicossocial é um grande exemplo da função integradora de estímulos do ambiente exercida pelo hipotálamo. Essa doença ocorre em crianças que apresentam taxas de crescimento mais baixas após sofrerem abusos ou serem submetidas a intenso estresse emocional. Tal fato resulta da diminuição da secreção do hormônio de crescimento pela hipófise.

quinta-feira, dezembro 28

QUAL A FUNÇÃO DA GLÂNDULA PINEAL NO TRATAMENTO DE DOENÇAS?

Define-se como glândula pineal uma estrutura fotoneuroendocrina localizada no centro do encéfalo. Também chamada de epífise, tal glândula é responsável por regular o ritmo circadiano, secretar melatonina, hormônio com forte efeito sobre a ação gonadal, mas também possuindo efeito oncostaticos, geroprotetor, antioxidante, assim atuando também como importante imunoprotetor, já sendo descrito em tratamento de doenças degenerativas como Alzheimer, por exemplo.

ANATOMIA DA GLÂNDULA PINEAL:

A glândula  pineal trata-se de uma estrutura com o formato de uma pinta, da onde surge seu nome, localizada dentro do sistema nervoso central no epitálamo, ou seja, na parte superior e posterior do diencéfalo, alojada sobre o mesencéfalo, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, posteriormente aos dois tálamos, com sua base inserida por meio de uma haste à comissura das habênulas, tendo volume em humanos de cerca de 7,4mm (comprimento) X 6,9mm (largura) X 2,5mm ( espessura). 

Quanto a sua vascularização, seu suprimento sanguíneo deriva de uma rede capilar, organizada pelo parênquima, formando um eixo central, com
seus capilares apresentando fenestrações e a característica
de não ter barreira hemoencefálica, o que implica que as trocas de substâncias entre os tecidos e os vasos sejam efetuadas de modo mais rápido e fácil. Sua rede vascular  corre pelas paredes da sua cápsula posterior e lateral, sendo composta de capilares abundantes. A artéria pineal, seu vaso principal, é ramo da
coroidea posterior mediana, contribuindo também para a irrigação do trígono das habênulas, podendo ser única ou não. A drenagem venosa principal é realizada pela veia pineal também chamada de veia talâmica
póstero-mediana, veia epitalâmica ou veia látero epifisária.

FISIOLOGIA DA GLÂNDULA PINEAL:

Quando a fisiologia de tal glândula se destaca, a produção e secreção de indolaminas, sintetizadas a partir do triptoptofano, na qual se destaca a N-acetil-5-metoxitriptamina, mais conhecida como melatonina, por parte das células pineais.
Asíntese de melatonina começa com a captação de triptofano pelos pinealócitos por meio de um mecanismo de transporte ativo sob controle adrenérgico. Uma vez, no pinealócito, o triptofano é transformado em serotonina, através de processos de hidroxilação e descarboxilação. A serotonina, cuja concentração na pineal excede a de qualquer outro órgão do corpo e apresenta variações circadianas (níveis que aumentam durante o dia e diminuem no escuro), é transformada em N-acetilserotonina (NAS) pela ação da arilalquilamina N-acetiltransferase (AANA). Essa enzima, que também apresenta marcada ritmicidade circadiana, parece ser a etapa limitante da velocidade na cadeia de síntese da melatonina. O NAS é metilado em melatonina (N-acetil-5-metoxitriptamina) pela ação da enzima hidroxiindol-O-metiltransferase (HIOMT).
Devido ao seu alto grau de lipossolubilidade, uma grande quantidade de melatonina se difunde na circulação à medida que é sintetizada. A melatonina é transportada no plasma, tanto ligada à albumina (70%) quanto na forma livre (30%).

Devido ao seu alto grau de lipossolubilidade, uma grande quantidade de melatonina se difunde na circulação à medida que é sintetizada. A melatonina é transportada no plasma, tanto ligada à albumina (70%) quanto na forma livre (30%).
Além disso, a melatonina não só desempenha um papel fundamental na indução do sono, mas também tem um efeito hipotensor e inibidor da atividade tireoidiana é também um antioxidante, neuroprotetor, modulador do sistema imunológico e oncostático, já que controla o desenvolvimento de tumores.

Não obstante, também é responsável pela secreção da serotonina, um hormônio neurotransmissor responsável por estabelecer a comunicação entre os neurônios, atuando na regulação do humor, do sono, do apetite, do sistema digestivo, da temperatura do organismo, entre outros. A serotonina é um 
hormônio oposto à melatonina. Ou seja, quando o dia clareia, a glândula pineal para de produzir melatonina e começa a produzir serotonina, preparando o corpo humano para o dia de atividades que se inicia.

Uma baixa concentração de serotonina pode levar a diversos sintomas, como:

• mau humor no período da manhã;
• sono durante o dia;
• baixa libido;
• aumento da vontade de ingerir doces;
• fome constante;
• dificuldade de aprendizado;
• distúrbios na capacidade de se concentrar e problemas de memória;
• irritabilidade.

TRATAMENTO DE DOENÇAS:

Atualmente, alguns distúrbios e doenças podem ser tratadas a partir da  melatonina, como insônias. No caso dos idosos, por exemplo, a insônia é tratada com melatonina, já que esse hormônio apresenta uma queda acentuada na síntese com a idade. Estima-se que a produção de melatonina seja 75% menor em idosos que em pessoas jovens.

Além dos distúrbios do sono, a melatonina pode ser recomendada para doenças neurológicas que cursam com o distúrbio do sono e para pessoas que fazem viagens internacionais constantemente. Nesse último caso, a melatonina adequa o corpo ao novo fuso horário.

Existem ainda outros benefícios relatados, entretanto,a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia enfatiza que ainda não há evidências atuais que justifiquem o uso para outros casos que não os relacionados ao sono. A melatonina pode ser benéfica para tratamentos de enxaqueca, depressão, obesidade, algumas lesões isquêmicas e doenças como Parkinson e Alzheimer, porém, os estudos sobre essas ações ainda estão sendo concluídos.


COMO ATIVAR A GLÂNDULA PINEAL:

O correto funcionamento da glândula pineal depende do tempo que fica expostos à luz ou à ambientes escuros. É preciso que haja um equilíbrio  para promover ao corpo humano ambiente propício para produzir os hormônios na quantidade ideal para o bom funcionamento do organismo.

Dessa forma, para estimular a glândula é importante buscar uma exposição sensível e saudável à luz, além de evitar a exposição a aparelhos luminosos, como longos períodos conectado à TV e aparelhos digitais, antes de dormir principalmente, já que a luz emitida pelos dispositivos pode causar redução na produção de melatonina e serotonina.

Regular ciclos e hábitos de vida também é uma importante maneira de manter uma rotina adequada com os ritmos da luz solar. Em outras palavras, dormir todos os dias no mesmo horário, por exemplo, contribui com a higiene do sono e favorece a correta produção dos hormônios sintetizados pela glândula pineal.

Podemos Concluir que, é de suma importância entender que o organismo funciona por meio de um complexo sistema de feedback entre o meio interno e externo. Com um estilo de vida mais saudável, por exemplo, alimentação completa e variada, prática de atividade física, boas noites de sono e controle do estresse, os ciclos internos do corpo tendem a se regular naturalmente. 

quarta-feira, dezembro 27

MECÂNICA RESPIRATÓRIA: TUDO SOBRE O SEU FUNCIONAMENTO:

A função básica do sistema respiratório é suprir o organismo com oxigênio (O2) e dele remover o produto gasoso do metabolismo celular, ou seja, o gás carbônico (CO2). Nos seres unicelulares, as trocas gasosas ocorrem diretamente entre a célula e o meio circunjacente por intermédio da difusão simples. Já nos organismos multicelulares, a difusão entre o meio externo e o interior da massa celular faz-se lentamente, em decorrência da distância a ser percorrida pelos gases.

Há diversas adaptações na natureza para contornar este problema. Analisando-se diretamente os mamíferos, observa-se que os pulmões são os órgãos encarregados de fornecer O2 ao organismo e dele retirar o excesso de CO2. Para tanto, nos seres humanos, a superfície pulmonar encarregada das trocas gasosas é de 70 a 100 m² (sendo esta a maior área de contato do organismo com o meio ambiente).

Essa enorme superfície fica contida no interior do tórax, distribuída por 480 milhões de alvéolos pulmonares, variando entre 270 e 790 milhões, com base na altura e no volume pulmonar do indivíduo. Para que as trocas gasosas entre o gás alveolar e o sangue se efetuem adequadamente, a circulação pulmonar é muito rica, sendo de apenas 0,5 micrômetro a espessura do tecido que separa o gás alveolar do sangue.

Os pulmões, todavia, não são apenas órgãos respiratórios. Participam do equilíbrio térmico, pois, com o aumento da ventilação pulmonar, há maior perda de calor e água. Auxiliam ainda na manutenção do pH plasmático dentro da faixa fisiológica, regulando a eliminação de ácido carbônico (sob a forma de CO2).

A circulação pulmonar desempenha também o importantíssimo papel de filtrar eventuais êmbolos trazidos pela circulação venosa, evitando, assim, que provoquem obstrução da rede vascular arterial de outros órgãos vitais ao organismo. O endotélio dessa circulação contém enzimas que produzem, metabolizam ou modificam substâncias vasoativas. Finalmente, o homem também utiliza seu aparelho respiratório para outros fins, tendo fundamental destaque a defesa contra agentes agressores e a fonação.

Organização Morfofuncional do Sistema Respiratório

O sistema respiratório dos mamíferos é compreendido pela zona de transporte gasoso, formada pelas vias respiratórias superiores e pela árvore traqueobrônquica, encarregadas de acondicionar e conduzir o ar até a intimidade dos pulmões; pela zona respiratória, na qual efetivamente se realizam a trocas gasosas; e por uma zona de transição, interposta entre as duas primeiras, onde começam a ocorrer trocas gasosas, porém em níveis não significativos.

Zona de transporte:

O ar inspirado passa pelo nariz ou pela boca e vai para a orofaringe. Em seu trajeto pelas vias respiratórias superiores, este ar é filtradoumidificado e aquecido até entrar em equilíbrio com a temperatura corporal. Isso decorre de seu contato turbulento com a mucosa úmida que reveste fossas nasais, faringe e laringe. Além disso, nessa região também são filtradas as partículas de maior tamanho em suspensão no ar.

As vias respiratórias superiores atuam, por conseguinte, acondicionando o ar, protegendo do ressecamento, do desequilíbrio térmico e da agressão por partículas poluentes de grande tamanho, as regiões mais internas do sistema. A respiração nasal é a mais comum e tem duas importantes vantagens sobre a respiração bucal: filtração e umidificação do ar inspirado.

Entretanto, o nariz pode apresentar uma resistência maior que a boca, principalmente em situações nas quais haja obstrução por pólipo, adenoides ou congestão da mucosa nasal. Nesse caso, frequente em crianças e adultos, a respiração passa a ser feita principalmente pela boca. Outra situação em que a respiração bucal pode ocorrer juntamente com a nasal é durante o exercício. A árvore traqueobrônquica ou zona de transporte aéreo se estende da traqueia até os bronquíolos terminais. A traqueia se bifurca assimetricamente, com brônquio-fonte direito com menor ângulo com ela em relação ao esquerdo. Logo, a inalação de corpos estranhos vai preferencialmente para o brônquio-fonte direito.

A partir da traqueia, a árvore traqueobrônquica se divide progressivamente, em geral por dicotomia, podendo ocorrer trifurcação a partir da sexta geração de vias respiratórias. Os brônquios-fonte (direito e esquerdo) são considerados a primeira geração, ou subdivisão, da árvore traqueobrônquica. A segunda corresponde aos brônquios lobares, e assim sucessivamente até os bronquíolos terminais (16ª geração).

A remoção de partículas poluentes, contudo, não se faz apenas nas vias respiratórias superiores. A cada bifurcação do sistema de condução, há geração de turbulência, com consequente impactação de partículas. Também com a progressiva bifurcação do sistema de condução, acontece aumento da área de seção transversa total do sistema tubular, com consequente diminuição da velocidade do ar conduzido.

terça-feira, dezembro 26

O QUE É O SISTEMA NERVOSO ENTÉRICO? QUAL A RELAÇÃO COM A SAÚDE EMOCIONAL?

E aquele que faz parte do sistema nervoso, o qual exerce total influência nos processos:

– Digestivo e na motilidade;
– Transporte de íons associados à secreção e à absorção;
– Fluxo sanguíneo gastrointestinal.

Contudo, este controle não é todo realizado apenas pelas conexões existente entre sistema digestivo e sistema nervoso central. O sistema digestivo também está dotado pelo seu próprio sistema nervoso local, que se chama sistema nervoso entérico.

Ele é tão importante que é considerado nosso “segundo cérebro”. Nele, há uma complexa rede de mais de cem milhões de neurônios (quase tantos quanto na medula espinhal) que que vão desde o esófago até ao ânus. Como se não bastasse, o sistema nervoso entérico é capaz de agir de forma independente do cérebro.

Essa área do sistema nervoso autônomo, é uma das mais interessantes do nosso corpo, sem sombra de dúvidas. Ultimamente, há várias publicações sobre essa ideia do sistema nervoso entérico ser nosso segundo cérebro. Contudo, vale ressaltar que ainda não é uma unanimidade na comunidade científica.

Um dos trabalhos mais conhecidos sobre o assunto é o do Dr. Michael D. Gershon, presidente do departamento de anatomia e biologia celular da Universidade de Columbia. Em seu livro, ‘Segundo Cérebro’, o conhecido pai da neurogastroenterologia desenvolve ideias importantes, como o interessante fato de que 95% da serotonina e 50% da dopamina são produzidos no sistema gastrointestinal.

Como se isso já não fosse super interessante, em maio deste mesmo ano a Universidade de Flinders, em Adelaide (Austrália), descobriu algo ainda mais impressionante que foi publicado na revista The Journal of Neuroscience. O sistema nervoso entérico é capaz de gerar atividade elétrica, e o faz com um padrão único e diferente do cérebro.

Outro fato curioso é que este segundo cérebro é sensível às emoções que ameaçam a nossa vida, ou seja, a resposta de combate ou fuga e os sinais que captam serão enviadas à outra rede nervosa do nosso intestino, o sistema nervoso central, para executar a resposta, como a ativação dos centros de defecação (o que se traduz em ir mais vezes ao banheiro) ou a alteração da produção de suco gástrico através de sinais enviados ao estômago.

Sistema nervoso entérico: localização e funções:

O sistema nervoso entérico é bem extenso. Como já abordamos no início, ele começa no esôfago, termina no ânus e recobre toda a área do nosso sistema digestivo que tem uma extensão média de 10 a 12 metros. Dentro desses órgãos, como é o caso dos próprios intestinos, existe uma vasta camada de neurônios.

Além disso, outro aspecto interessante é o fato de que esta parte do nosso corpo, além de ser altamente especializada, realiza as suas funções de forma autônoma. E mais, embora se comunique com o sistema nervoso central, é capaz de enviar um grande número de informações ao cérebro.

Os dois plexos do sistema nervoso entérico:

O sistema nervoso entérico está formado principalmente por dois plexos, os quais estão incrustados na parede de todo o trato digestivo (do esófago ao ânus):

O plexo mientérico:

está situado entre as capas do músculo da túnica muscular e, de forma adequada, exerce um controle sobre a motilidade do trato digestivo, que são os movimentos peristálticos para excreção do bolo fecal.

O plexo submucoso:

está enterrado na submucosa. A sua função principal é detectar o ambiente dentro do lúmen, regular o fluxo sanguíneo gastrointestinal e controlar a função das células epiteliais. Em regiões onde estas funções são mínimas, como o esófago, o plexo submucoso é escasso e pode faltar em secções.

Além dos plexos nervosos entéricos maiores, existem plexos menores embaixo da serosa, dentro do músculo liso circular e na mucosa.

Os três tipos de neurônios do sistema nervoso entérico:

Dentro dos plexos entéricos existem três tipos de neurônios os quais são multipolares em sua maioria:

Os neurônios sensoriais:

recebem informação dos receptores sensoriais na mucosa e no músculo. Foram identificados pelo menos cinco receptores sensoriais diferentes na mucosa, que respondem a estímulos mecânicos, térmicos, osmóticos e químicos. Foram encontrados quimiorreceptores sensíveis aos ácidos, à glucosa e aminoácidos que, em suma, permitem a “degustação” dos conteúdos lumínicos. Os receptores sensoriais no músculo respondem ao alongamento e à tensão. Coletivamente, os neurônios sensoriais entéricos apresentam um grupo completo de informações sobre o conteúdo intestinal e o estado da parede gastrointestinal.

Os neurônios motores:

dentro do plexo entérico controlam a motilidade e secreção gastrointestinal, e possivelmente a absorção. No desempenho dessas funções, os neurônios motores atuam diretamente sobre um grande número de células efetoras, incluindo o músculo liso, as células secretoras (principais, parietais, mucosas, enterocitárias, exócrinas pancreáticas)

Os neurônios internos:

são, em grande medida, responsáveis por integrar a informação dos neurônios sensoriais e de proporcioná-la aos neurônios motores entéricos.

Separei mais alguns dados sobre o sistema nervoso entérico:

Os neurotransmissores que regulam os processos desse conjunto de fibras nervosas são a acetilcolina, noradrenalina e adrenalina.

Além disso, assim como o próprio sistema nervoso, o sistema entérico também sintetiza a serotonina, a dopamina, os opioides para a dor, etc. Tudo isso faz com que, muitas vezes, seja conhecido como o nosso laboratório químico.

Especialistas do Departamento de Ciências Neurológicas da Universidade de Vermont, ressalta que nada é tão complexo e delicado quanto a própria digestão. Devemos considerar que o sistema nervoso entérico determina, por exemplo, quais enzimas digestivas são as melhores para decompor cada alimento.

Ele monitora até mesmo a acidez estomacal, promove a movimentação intestinal e supervisiona o nível das nossas defesas.

Sabe-se até que é capaz de detectar se há alguma bactéria no alimento ingerido. Se assim for, provocará processos como vômitos ou diarreia.

A relação entre sistema nervoso entérico e as emoções:

Como ja sabemos, a maioria da serotonina e dopamina é produzida pelo intestino. Os níveis desses neurotransmissores no nosso corpo podem afetar o nosso estado de ânimo e sono. A relação entre neurotransmissores e emoções é muito estreita, logo, podemos observar uma relação direta entre as emoções e o sistema nervoso entérico.

Você já deve saber que a serotonina é chamada de “hormônio de felicidade”. Por isso vários estudos encontraram níveis baixos de serotonina em indivíduos diagnosticados com depressão. Além disso, o nosso cérebro usa serotonina para produzir melatonina, um hormônio fundamental para ajudar-nos a dormir. Logo, a quantidade de serotonina que o corpo produz teria um impacto direto na qualidade e quantidade do sono.

O intestino é o único órgão do corpo que pode funcionar de forma autônoma, como vimos no início do artigo. No entanto, em certos momentos, precisa da comunicação essencial com o cérebro. Essa comunicação acontece através do nervo vago. Como curiosidade, um estudo realizado na Faculdade de Bioengenharia da Universidade. Especialistas  observaram que, de cada dez comunicações estabelecidas entre o cérebro e o intestino, 9 partem do cérebro.

Uma das comunicações entre o sistema nervoso entérico e o cérebro é informar quando comer e quando estamos saciados. Isso é feito regulando uma série de hormônios que produzem uma sensação de bem-estar e saciedade (crelina e leptina basicamente).

Da mesma forma, é também este conjunto de fibras nervosas que oferece ao cérebro uma sensação de prazer quando consumimos a comida de que gostamos ou que nos agrada.

Outro fato importante: quando sentimos estresse, o sistema entérico é muito sensível a esse estado e gera mudanças. Assim, o clássico nó no estômago, por exemplo, se dá pelo aumento do nível de sangue nessa área.

Nos últimos anos, diversas pesquisas (ainda não conclusivas) foram realizadas para descobrir como a microbiota intestinal condiciona o nosso comportamento e emoções. Sabe-se que uma flora bacteriana ruim pode afetar o nosso humor, mas os dados ainda não são conclusivos de maneira consistente.

O microbioma intestinal e a nossa saúde emocional e mental:

A população da bactéria intestinal tem um impacto na saúde emocional e mental, assim como na nossa capacidade para dormir durante a noite. Um estudo que contou com 40 mulheres saudáveis concluiu que as mulheres com um porcentagem mais alto da espécie de bactérias Prevotella nas suas fezes apresentaram uma maior propensão a terem emoções negativas depois de verem imagens negativas em comparação com as mulheres com uma porcentagem mais alta da espécie de bactérias Bacteroides nas suas fezes.

Da mesma forma, os indivíduos com autismo parecem ser mais susceptíveis a problemas gastrointestinais como a doença intestinal inflamatória e o intestino permeável, e isso pode ser devido à alteração da composição microbiana do intestino. Contudo, quando este grupo de indivíduos recebeu uma determinada cepa probiótica, notaram uma melhoria na integridade da barreira intestinal, assim como uma redução nas condutas relacionadas caracteristicamente com o autismo.

Por último, existe uma estreita relação entre as nossas bactérias intestinais e o sono. As bactérias no nosso intestino ajudam na produção de serotonina (que logo passa a formar melatonina), mas talvez poucas pessoas saibam que a nossa população microbiana intestinal também pode ser afetada pela falta de sono ou por um sono de má qualidade. Isso significa que existe um círculo vicioso de privação de sono, má qualidade do sono e má saúde intestinal.

Vale a pena mencionar um detalhe: esse conjunto de fibras nervosas não “pensa”, não apresenta nenhum processo cognitivo, mas sente. É sensível ao estresse, às emoções, e é capaz de regular múltiplas funções para mediar o nosso bem-estar.

O sistema entérico é, portanto, outro centro de comando essencial para a vida. Por isso, é importante colocar em sua rotina técnicas que ajudam a deixar o seu intestino saudável.

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?