O presente estudo fará uma análise acerca da linguagem e seus limites no pensamento de Wittgenstein conforme expresso em sua obra Tractatus Logico-Philosophicus (1921). Para ele, sua tarefa filosófica consiste em analisar a relação da linguagem com o mundo, a possível coincidência entre linguagem e realidade. A filosofia da linguagem examina até que ponto proposições escritas ou ditas representam os dados da experiência sensível e, portanto, têm sentido ou são absurdas.
A função da linguagem, segundo Wittgenstein, é descrever a realidade, pois nada pode existir fora da linguagem. O que ela não diz não existe no mundo: “os limites da minha linguagem denotam os limites de meu mundo” Existe uma mesma forma entre linguagem e realidade, pois a linguagem é o espelho do mundo e só por meio dela se pode compreender a realidade; e o conhecimento neste caso consiste na análise dela.
Sendo assim, a linguagem é o conjunto de proposições que descrevem ou figuram algum estado de coisa possível; o sentido destas resulta do fato de descreverem algo que acontece na realidade. A linguagem é a totalidade das proposições e constitui figura da realidade, modelo de uma situação possível: “A proposição é figurada da realidade. A proposição é o modelo da realidade tal como a pensamos”.
A proposição, expressão do pensamento, tem algo comum com o que é descrito: a forma lógica. Como por exemplo, “o disco da vitrola, o pensamento e a escritas musicais, as ondas sonoras estão uns em relação aos outros no mesmo relacionamento existente entre a linguagem e o mundo. A todos é comum a construção lógica” O pensamento e a linguagem são uma e a mesma coisa. Ele é constituído de proposições complexas que ligam entre si nomes, signos dos objetos.
Já os limites da linguagem consistem em “dizer” e “mostrar”; não é possível “dizer” ou expressar a forma lógica comum à realidade e à linguagem. Esta apenas se mostra. As expressões que não descrevem um estado de coisa possível não têm sentido, pois não figuram nada. Dentre estas expressões, destacam-se as expressões filosóficas sobre a natureza das coisas, o valor, e o sentido da vida. Trata-se de expressões que transcendem o mundo e, portanto, carecem de sentido.
Assim, Wittgenstein critica a própria filosofia, pois segundo ele “toda filosofia é ‘critica da linguagem’” A filosofia não pode dizer nada acerca do mundo, pois ela não é ciência nem uma forma de conhecimento. Ela deve ser uma atividade de análise da linguagem, pode nos ajudar a distinguir o que se pode ou não dizer. A tarefa da filosofia é clarificar a linguagem, ou seja, o pensamento. Preocupa-se com princípios e não com a verdade, pois esta é da competência das ciências.
Esta crítica wittgensteiniana da linguagem não tem como objetivo reformá-la. Não pretende melhorar a linguagem nem as ideias nela expressas. Quer, isto sim, refleti-la, esclarecer sua estrutura lógica. O resultado de seu trabalho não pode ser formulado como uma doutrina filosófica, mas quer estabelecer limites que impeçam o homem de dizer coisas indizíveis, afinal, sobre “o que não se pode falar, deve-se calar”.
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