quinta-feira, dezembro 8

ESTUDO E REVISÃO SOBRE OS MALEFÍCIOS DO ÓLEO DE COCO:

Um estudo de revisão e meta-análise publicado em 14 de janeiro na revista Circulation, o mais renomado periódico de cardiologia dos Estados Unidos, é a mais recente evidência sobre os malefícios do consumo de óleo de coco. Novo estudo de revisão sobre os malefícios do consumo de óleo de coco

Apesar de haver alertas de importantes sociedade médicas publicados nos últimos anos sobre o risco cardiovascular de consumo de óleo de coco, ele ganhou popularidade recentemente quando alguns proponentes de seu uso (incluindo profissionais de saúde) começaram a preconizar a sua utilização baseado no fato que ele possui em sua composição os ácidos graxos (um tipo de gordura) de cadeia média e que os ácidos graxos de cadeia média estariam mais envolvidos como substrato para produção de energia do que para a produção de colesterol. Entretanto, o ácido graxo de cadeia média presente no óleo de coco é o ácido láurico e diferentemente dos outros ácidos graxos de sua classe, este age como um ácido graxo de cadeia longa, contribuindo para a piora do colesterol dos consumidores de óleo de coco. Traduzindo, o óleo de coco NÃO pode ser considerado benéfico para a saúde.

De fato, o óleo de coco possui mais gordura saturada (prejudicial à sáude) do que qualquer outro ou a manteiga. O consumo de gordura saturada é um dos fatores de risco para a formação de placas nas artérias que podem evoluir para eventos como o infarto do miocárdio e o AVC ("derrame"). Na tabela abaixo extraída do documento quinquenial Dietary Guidelines for Americans 2015-2020 produzido pelo Ministério da Agricultura e o Departamento de Saúde do Governo dos Estados Unidos, é possível observar que o óleo de coco é o óleo com a maior proporção de gordura saturada, ou seja, o mais perigoso.

No estudo publicado em janeiro de 2020, os pesquisadores analisaram dados de 16 estudos anteriores (incluindo dois estudos brasileiros) que compararam o consumo de óleo de coco versus o consumo de óleos não-tropicais como óleo de soja, canola, azeite de oliva e óleo de cártamo. Os participantes que usaram óleo de coco tiveram níveis de LDL colesterol ("colesterol ruim") 8,6% mais elevado quando comparados com consumidores de óleos não-tropicais. Os autores do estudo consideraram que este efeito hipercolesterolêmico do óleo de coco se deve ao seu alto teor de gordura saturada e isso poderia implicar em um aumento de 6% no risco de eventos cardiovasculares (infarto do miocárdio ou AVC) e de 5,4% no risco de desenvolver doença coronariana. Pesquisadores comentam que os profissionais de saúde devem fazer recomendação aos seus pacientes CONTRA o consumo de óleo de coco e recomendar óleos vegetais não-tropicais como azeite de oliva, óleo de canola, soja, girassol para a prevenção de doenças do coração.

Algumas sociedades médicas brasileiras como a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO) e a Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) também possuem documentos com posicionamentos contrários ao uso do óleo de coco.

ABRAN recomenda que:

  1. o óleo de coco não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento da obesidade;

  2. o óleo de coco não deve ser prescrito na prevenção ou no tratamento de doenças neuro-degenerativas;

  3. o óleo de coco não deve ser prescrito como nutriente antimicrobiano;

  4. o óleo de coco não deve ser prescrito como imunomodulador​"

O documento conjunto da SBEM/ABESO diz:

"A SBEM e a ABESO posicionam-se frontalmente contra a utilização terapêutica do óleo de coco com a finalidade de emagrecimento, considerando tal conduta não ter evidências científicas de eficácia e apresentar potenciais riscos para a saúde.A SBEM e a ABESO também não recomendam o uso regular de óleo de coco como óleo de cozinha, devido ao seu alto teor de gorduras saturadas e pró-inflamatórias. O uso de óleos vegetais com maior teor de gorduras insaturadas (como soja, oliva, canola e linhaça) com moderação, é preferível para redução de risco cardiovascular.

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