sábado, janeiro 20

TRANTORNO DISMÓRFICO CORPORAL: O QUE É? QUAIS OS SINTOMAS? COMO TRATAR?

O Transtorno dismórfico corporal (TDC) caracterizado pela preocupação com a percepção de um ou mais defeitos na aparência física, os quais não são percebidos por outras pessoas, além disso, desenvolvem comportamentos repetitivos, por exemplo, arrumar-se excessivamente ou verificar-se no espelho. Diante disso, como não reconhecem seu defeito como mínimo ou inexistente, costuma procurar tratamentos cosméticos para um transtorno psíquico. Esses defeitos podem ter foco em qualquer área do corpo (peso, olhos, formato do rosto, mama, genitais, assimetria de áreas corporais).

Diferentemente do transtorno alimentar, no qual as preocupações são sobre gordura e peso corporal, os indivíduos com transtorno dismórfico corporal observam e acreditam que sua estrutura corporal é muito pequena e pouco musculosa. Esses indivíduos apresentam algum grau de prejuízo no funcionamento social.

Epidemiologia:

A prevalência do TDC não é bem determinada. Estima-se que acometa, na população geral, de 1% a 2%. Além disso, nota-se maior predomínio em pacientes psiquiátricos e pacientes que procuram consultas clínicas na dermatologia e cirurgia plástica.

Em geral, é iniciado na infância, os pacientes podem sofrer por até onze anos antes que procurem tratamento específico. Além disso, não parece haver diferenças entre os gêneros.

Fisiopatologia:

A fisiopatologia do TDC ainda é desconhecida, no entanto, foi observado casos com ativação cerebral que mostram padrões de percepção visual, imagem corporal distorcida e processamento emocional. Diante disso, apresenta uma combinação de disfunções no circuito fronto-estriatal, entre os hemisférios cerebrais, além da amigdala e ínsula, mediando sintomas e déficits neuropsicológicos.

Ademais, percebe-se funções anormais de serotonina e dopamina no desenvolvimento da patologia. Há relatos que demonstram como gatilho para o desenvolvimento do TDC ou exacerbação dos sintomas, doenças inflamatórias que interferem na síntese de serotonina, após lesão na região do lobo frontotemporal.

Podendo ser observado padrões de hereditariedade, 8% dos indivíduos com TDC possuem um membro da família com esse diagnóstico. Além disso, nota-se que 7% dos pacientes com TDC possuem hereditariedade com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

Fatores psicológicos
Teoria psicanalítica: 

O deslocamento inconsciente de conflitos sexuais e/ou emocionais, distorção da imagem corporal, sentimentos de inferioridade expressa o TDC.

Teoria cognitivo-comportamental: 

da interação entre fatores emocionais, comportamentais e cognitivos (atitudes não realistas sobre imagem corporal relacionados à perfeição e simetria e aumento monitoração exagerada da presença de defeitos na aparência) surge o TDC.

Quadro Clínico:

O TDC é considerado crônico, os sintomas podem ocorrer de forma gradual ou súbita.

Os indivíduos podem se incomodar com a forma ou tamanho de uma ou mais partes do corpo, por exemplo, nariz e pernas. Podem focar em acne, perda de cabelo, cor e ainda podem ter uma forma chamada dismorfia muscular, mais comumente em homens, na qual a preocupação se dá com a ideia de que seu corpo não é musculo e magro o suficiente. 

Normalmente os pacientes descrevem o corpo ou a parte que não gostam como monstruosas, feias e deformadas.

Além disso, há comportamentos compulsivos como comparar a aparência com a de outras pessoas, higiene excessiva, troca de roupas, escoriação da pele e arrancar cabelos (tricotilomania).

O funcionamento social é comprometido pelas preocupações acerca da aparência, evitam aparecer em público.

Cerca de 30% das pessoas com TDC tentam suicídio, no entanto, aproximadamente 80% dos pacientes, ao longo da vida, vivenciam ideação suicida. Além disso, isolamento social e depressão também são quadros comuns nesses indivíduos.

Diagnóstico:

A inclusão do TDC no “Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders” (DSM) e no “International Classification of Mental and Behavioural Disorders” (CID) se deu apenas em 1980, durante muito tempo foi considerado como sintoma de outras doenças psiquiátricas como esquizofrenia, transtornos de humor ou de personalidade.

No entanto, antes da década de 80, nota-se relatos de pacientes com sintomas consistentes com o TDC, descritos na literatura como dismorfofobia ou hipocondria dermatológica.

Atualmente, os critérios para diagnóstico são:

Preocupação excessiva com um ou mais defeitos percebidos na aparência e que não são identificados para outras pessoas.
Execução de comportamentos repetitivos (por exemplo, se arrumar excessivamente ou se olhar no espelho).
A preocupação causar sofrimento e prejuízo na vida social e profissional.
Essas queixas não podem ser caracterizadas por outro diagnóstico como o transtorno alimentar.
Há, ainda, a indicação sobre o insight em relação as crenças do TDC:

Insight bom ou razoável: 

O indivíduo reconhece que as crenças do transtorno dismórfico corporal podem ou não ser verdadeiras.

insight pobre:                                  

O indivíduo acredita que as crenças do transtorno dismórfico corporal são provavelmente verdadeiras.

Insight ausente/crenças delirantes:                                        

Oindivíduo está convencido de que as crenças do transtorno dismórfico corporal são verdadeiras.
Diagnóstico Diferencial
Transtornos alimentares.
Transtornos de ansiedade.
Transtorno depressivo maior.
Transtornos psicóticos.

Tratamento:

Inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS).
Clomipramina (Antidepressivo tricíclico).
Psicoterapia (Terapia cognitivo-comportamental).
Os pacientes respondem com redução do incômodo e das preocupações, redução dos comportamentos repetitivos e melhora do funcionamento social.

Treinamento de conscientização, exercícios comportamentais e técnicas cognitivas são estratégias usadas na terapia cognitivo-comportamental.

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