domingo, março 31

A RELAÇÃO ENTRE EMBRIOLOGIA E FILOGÊNESE:

Para que possamos entender o início do sistema nervoso, precisamos considerar duas dimensões de tempo complementares: o tempo das espécies e o tempo do indivíduo. A filogênese explica como o aparato nervoso surgiu dentro das diferentes espécies e foi se transformando e aprimorando até atingir o nível de complexidade do sistema nervoso central humano. Já a embriologia nos mostra como essa herança evolutiva se desenvolve através das fases pré-natais, caracterizando o início do desenvolvimento neural no indivíduo.

PORQUE SURGIU O SISTEMA NERVOSO?

Os primeiros seres vivos no nosso mundo eram organismos unicelulares. E para sobreviver e se adaptar ao meio, essa célula primitiva precisava de três propriedades básicas:

Irritabilidade: a propriedade de ser sensível a um estímulo e, assim, detectar as modificações do meio ambiente.

Condutibilidade: que permite determinar uma resposta em outra parte da célula, através da condução de uma mensagem.

Contratilidade: caracterizada como um resposta do organismo para as informações que recebeu do meio externo por meio do encurtamento da célula para fugir de um estímulo nocivo.
Um exemplo de ser vivo unicelular que possui todas essas funções é a ameba. Podemos observar isso quando a tocamos com uma agulha de um micromanipulador, ela irá sentir o estímulo através da irritabilidade, conduzir essa informação até outras partes da célula por meio da condutibilidade e, por fim, contrair de um lado e emitir pseudópodes do outro, a fim de fugir desse estímulo nocivo por meio da contratilidade celular. Apesar de apresentar todas as funções do protoplasma, a ameba não se especializou em nenhuma delas e suas reações ainda são muito primitivas.

Conforme os seres foram evoluindo, novas células foram formadas e acabaram se especializando em cada uma dessas propriedades. Os músculos foram os que se especializaram na contração e acabaram ocupando uma posição mais interna do corpo. Então eram necessárias células que conseguissem receber os estímulos do meio ambiente (irritabilidade) e passá-los para as células musculares internas (condutibilidade), foram os neurônios que se especializaram nessas duas funções.

Na verdade, especula-se que os neurônios recebem esse nome vindo de uma palavra Grega antiga traduzida como tendão ou corda, exatamente pela característica de “condutibilidade”, por parecerem fios que ligam as diversas estruturas do corpo.

O aparecimento e desenvolvimento do Sistema Nervoso nos filos animais
As redes de neurônios surgiram há 700 milhões de anos atrás, em seres marinhos ainda invertebrados, os celenterados (alguns exemplos desse grupo seriam as hidras e medulas). Eles apresentavam um sistema nervoso difuso (várias células nervosas espalhadas pelo corpo do animal), então os neurônios eram interconectados e formavam uma rede nervosa difusa.

Nos equinodermos, por exemplo, a estrela-do-mar, ocorre a formação dos nervos, um agrupamento de axônios dos neurônios rodeados por uma estrutura fibrosa. Isso ajudou na organização e condução das informações ao longo de rotas específicas.

Nos platelmintos, como as planárias, elementos do sistema nervoso começam a se agrupar na extremidade anterior e central do corpo, iniciando um processo de cafalização. Nesse momento, um pequeno cérebro e cordões nervosos longitudinais constituem o mais simples sistema nervoso central bem definido.

Esse sistema nervoso vai sendo mais aperfeiçoado em animais como anelídeos, artrópodes e moluscos cefalópodes.

Já nos vertebrados, o sistema nervoso central e a medula passam a formar o sistema nervoso central, enquanto que os nervos e os gânglios passam a formar o sistema nervoso periférico. Também observamos neste grupo especializações regionais de ambos os sistemas.

EMBRIOGÊNESE:

Durante a evolução, os primeiros neurônios surgiram na superfície do corpo, como uma forma de relacionar o animal ao meio externo. Seguindo esse raciocínio, se levarmos em consideração os três folhetos embrionários (ectoderma, mesoderma e endoderma), o folheto que está em contato com o meio externo é o ectoderma, e será dele que surgirá o Sistema Nervoso.

A partir do vigésimo (20º) dia de gestação, início da terceira semana, o ectoderma sofre um espaçamento por influência indutora da notocorda, virando a Placa Neural. Essa placa irá crescer e se curvar para dentro, formando o Sulco Neural e, posteriormente, a Goteira Neural, com formato semelhante a uma gota.

Durante essa dobradura, acaba sendo formada uma aba da ectoderme, a Crista Neural. Essa estrutura será a responsável por dar origem aos elementos do Sistema Nervoso Periférico.

Após formada, a goteira neural irá se fechar no polo superior e formar uma espécie de tubo, o Tubo Neural, que percorre todo o eixo ântero-posterior do embrião, processo conhecido como Neurulação. Essa estrutura dará origem ao Sistema Nervoso Central.

CRISTA NEURAL:

Inicialmente, a crista neural é uma estrutura contínua, sofrendo pequenas fragmentações posteriormente. Essas divisões da crista migram para muitas regiões do embrião, formando uma variedade de tecidos, como os neurônios periféricos, gânglios sensitivos e viscerais, meninges Dura-máter e Aracnóide, células de Schwann, dentre outros. As fragmentações da Crista Neural são as responsáveis pela formação do Sistema Nervoso Periférico, mas também de outras estruturas fora desse sistema, como partes dos dentes e ossos cranianos.

TUBO NEURAL:

O processo de fechamento da gota neural não ocorre simultaneamente em todo o embrião. A gota vai se fechar mais rapidamente nas regiões centrais e mais devagar nas extremidades. As últimas partes do Sistema Nervoso a se fechar são o Neuróporo Rostral e o Neuróporo Caudal, dois orifícios presentes respectivamente na extremidade cranial e caudal do embrião. O fechamento completo do tubo vai ocorrer na quarta semana, quando o Neuróporo Caudal finalmente se fecha por completo. Todo sistema nervoso central se desenvolve das paredes do tubo neural, enquanto que seu lúmen dará origem às cavidades ventriculares e ao canal central da medula.

PODEMOS CONCLUIR QUE:

Parafraseando Ernest Haeckel, a rápida e breve embriologia, parte da ontogenia, é uma sinopse condensada da longa e lenta história da filogênese. Sendo o conhecimento dessa evolução filogenética útil no estudo do aparecimento, desenvolvimento e embricamento do Sistema Nervoso, permitindo correlações entre as diferentes espécies e o próprio ser humano. Notamos por meio dessas correlações como o desenvolvimento embrionário e fetal humano refaz grosseiramente este mesmo curso evolutivo, não através de adições terminais de novas estruturas, mas por meio de fatores, principalmente, ambientais que influenciaram e selecionaram todos esses seres vivos." A DOENÇA OU A SAÚDE VEM DO NOSSO EQUILÍBRIO INTESTINAL ".

sábado, março 30

MÉTODOS DE INVESTIGAÇÃO DA FUNÇÃO ENDOTELIAL: DESCRIÇÃO E SUAS APLICAÇÕES

O endotélio é a monocamada celular que reveste o interior dos vasos sanguíneos, incluindo artérias, veias e as câmaras do coração, atuando como uma camada protetora entre os demais tecidos e o sangue circulante. Essas células são denominadas células endoteliais. O endotélio exerce função determinante no controle da homeostase vascular, participando da regulação de sinais intracelulares, permeabilidade e tônus vascular, cascata de coagulação e angiogênese, entre outros. Uma das principais funções do endotélio é a liberação de substâncias frente a estímulos, que atuam de forma autócrina e/ou parácrina. Dessa forma, agressões ao endotélio geram uma resposta inflamatória, com atuação de diversos tipos celulares (linfócitos, monócitos, plaquetas e células musculares lisas), levando a um quadro de disfunção da célula endotelial, enrijecimento da parede vascular e formação da placa de aterosclerose.

A disfunção endotelial é uma característica precoce chave no desenvolvimento e progressão da placa aterogênica e suas respectivas complicações. Essa condição é caracterizada por uma redução na biodisponibilidade de vasodilatadores derivados do endotélio, tais como o óxido nítrico (NO), e um aumento, relativo ou absoluto, da biodisponibilidade de vasoconstritores. Este desequilíbrio prejudica a vasodilatação dependente endotélio, marca funcional que caracteriza a disfunção endotelial." UM CORPO INFLAMADO É UMA PORTA ABERTA PARA DOENÇAS CRÔNICAS E DEGENERATIVAS ".

quarta-feira, março 27

FERRITINA ALTA: INTERPRETAÇÃO, CAUSAS E TRATAMENTO

A ferritina é uma proteína que se liga ao ferro e ajuda a armazenar o mineral dentro das células. Ela é encontrada em muitos tecidos do corpo, incluindo o fígado, baço e medula óssea. 

A ferritina consiste em um indicador importante do nível de ferro no corpo, pois a quantidade de ferritina presente no sangue é proporcional à quantidade de ferro armazenada. Os níveis normais de ferritina variam dependendo do sexo e idade da pessoa. 

QUANDO O EXAME DE FERRITINA E SOLICITADO?

O exame de ferritina é geralmente solicitado para avaliar os níveis de ferro no corpo. O teste é frequentemente solicitado para diagnosticar e monitorar o tratamento de condições relacionadas à deficiência ou sobrecarga de ferro. 

Algumas das condições em que o exame de ferritina pode ser solicitado incluem: 

Anemia;
Hemocromatose
Doenças do fígado
Distúrbios autoimunes
Infecções
Avaliação da eficácia do tratamento

COMO INTERPRETAR UM EXAME DE FERRITINA ALTA?

A interpretação de um exame de ferritina alta depende do contexto clínico do paciente, pois existem várias condições que podem levar a um aumento nos níveis de ferritina.

Os valores que servem como referência para normalidade da ferritina podem variar conforme o laboratório utilizado. Porém, existe uma média utilizada segundo a literatura, são eles: 

Normais: < 200 ng/mL para mulheres na pré-menopausa e < 300 ng/mL para homens; 
Limite superior a normalidade: < 200 a 300 ng/mL para mulheres na pós-menopausa; 
Acima de 1000 ng/mL: o paciente deve ser encaminhado a um especialista, como hematologista, endocrinologista ou gastroenterologista.

QUAIS OS SINTOMAS DA FERRITINA ALTA?

A ferritina alta em si não causa sintomas específicos. Na maioria dos casos, ela é detectada por meio de exames de sangue realizados para avaliar a função hepática, renal ou metabólica, ou para investigar sintomas como: 

Fadiga
Fraqueza 
Dor abdominal

Os sintomas associados à causa subjacente da ferritina alta também podem variar dependendo da condição. Por exemplo, pacientes com hemocromatose podem ter fadiga, dor nas articulações, dor abdominal, aumento do fígado e do baço, e alterações na cor da pele.

Principais causas de ferritina alta
A ferritina alta pode ser ocasionada por diversas etiologias, dentre as principais causas é possível citar: 

Sobrecarga de ferro
Inflamação
Doenças hepáticas
Obesidade
Sobrecarga de ferro
A sobrecarga de ferro pode ocorrer quando há o acúmulo de ferro no organismo por causa da ingestão de elevado índice de suplementos de ferro, grande número de transfusões de sangue ou distúrbios em que não há possibilidade de formar glóbulos vermelhos de maneira eficiente.

Nesse caso a ferritina alta pode indicar que o paciente está tendo uma sobrecarga de ferro no organismo.

INFLAMAÇÃO:

A inflamação crônica pode aumentar a produção de ferritina, mesmo que os níveis de ferro no organismo estejam normais. Isso ocorre porque quanto maior o componente inflamatório da doença do paciente, menor será a concentração de transferrina e a capacidade ferropéxica e maior será a ferritina.

Isso pode ser causado por doenças autoimunes, como: 

Artrite reumatoide
Doença inflamatória do intestino 
Infecções crônicas. 
Doenças hepáticas
A ferritina é uma proteína que armazena ferro no organismo e é produzida principalmente pelo fígado. A doença hepática pode afetar a função hepática e, consequentemente, aumentar os níveis de ferritina no sangue. Na doença hepática, a inflamação crônica do fígado pode levar a um aumento na produção de ferritina pelas células hepáticas. 

Portanto, doenças hepáticas, como hepatite crônica ou cirrose, podem aumentar os níveis de ferritina no sangue

OBESIDADE:

A obesidade é uma condição em que há um acúmulo excessivo de gordura no organismo. A ferritina é uma proteína que armazena ferro no organismo e pode ser produzida não apenas pelo fígado, mas também pelo tecido adiposo. 

Na obesidade, a produção de ferritina pelo tecido adiposo pode aumentar devido à inflamação crônica que ocorre no tecido adiposo. A obesidade também pode levar a um aumento da resistência à insulina, que pode afetar a função do fígado e aumentar os níveis de ferritina. Por isso, a obesidade pode estar associada a níveis elevados de ferritina. 

TRATAMENTO DA FERRITINA ALTA:        

O tratamento da ferritina alta depende da causa subjacente. É importante consultar um médico para avaliação e diagnóstico adequados, e determinar a causa exata da ferritina alta. 

Se a causa da ferritina alta for a sobrecarga de ferro, o tratamento pode incluir sangrias terapêuticas, que consistem em remover regularmente uma quantidade de sangue para reduzir a quantidade de ferro no organismo. Em alguns casos, medicações quelantes de ferro podem ser prescritas para remover o excesso de ferro do organismo. 

Se a causa da ferritina alta for uma doença hepática, o tratamento pode incluir medicações para controlar a inflamação e a progressão da doença hepática, além de mudanças no estilo de vida, como evitar o álcool e uma dieta saudável. 

Se a causa da ferritina alta for a obesidade, o tratamento pode incluir mudanças no estilo de vida, como dieta e exercícios para perder peso e reduzir a inflamação crônica. Em alguns casos, se a causa da ferritina alta não puder ser identificada e tratada, o médico pode prescrever a flebotomia terapêutica, que consiste na retirada de sangue regularmente para diminuir os níveis de ferro e, consequentemente, de ferritina no organismo." UM CORPO INFLAMATÓRIA E UMA PORTA ABERTA PARA DOENÇAS CRÔNICAS E DEGENERATIVAS ".

segunda-feira, março 25

NERVO VAGO: O QUE É, ANATOMIA, FUNÇÕES E TRATAMENTO

O nervo vago, também conhecido como nervo craniano X, é um dos 12 pares de nervos cranianos que se estendem diretamente do cérebro. Ele é um dos nervos mais longos e importantes do corpo humano, e desempenha um papel fundamental no sistema nervoso autônomo, que controla funções vitais como a respiração, a frequência cardíaca e a digestão.

ANATOMIA DO NERVO VAGO:

O nervo vago é composto por fibras nervosas que se originam no tronco cerebral, na região do bulbo, e se estendem até os órgãos do tórax e do abdômen. Ele é um nervo misto, ou seja, contém tanto fibras motoras quanto fibras sensoriais. As fibras motoras do nervo vago controlam os músculos da laringe, faringe, palato mole e esôfago, enquanto as fibras sensoriais são responsáveis por transmitir informações do trato gastrointestinal, do coração e dos pulmões para o cérebro.

FUNÇÕES DO NERVO VAGO:

O nervo vago desempenha uma série de funções essenciais para o bom funcionamento do organismo. Ele é responsável por regular a frequência cardíaca, controlando a contração e a dilatação dos vasos sanguíneos. Além disso, o nervo vago também influencia a respiração, estimulando a contração dos músculos respiratórios e controlando a produção de muco nos pulmões. Ele também desempenha um papel importante na digestão, estimulando a produção de ácido clorídrico no estômago e regulando o movimento do intestino.

DISFUNÇÕES DO NERVO VAGO:

Quando o nervo vago não está funcionando corretamente, podem ocorrer uma série de disfunções que afetam o organismo. Uma das disfunções mais comuns é a síndrome do intestino irritável, que causa dor abdominal, diarreia e constipação. Além disso, disfunções no nervo vago também podem levar a problemas cardíacos, como arritmias e taquicardias, e distúrbios respiratórios, como a apneia do sono. É importante ressaltar que qualquer alteração no funcionamento do nervo vago deve ser avaliada por um especialista.

TRATAMENTO PARA DISFUNÇÕES DO NERVO VAGO:

O tratamento para disfunções do nervo vago depende da causa subjacente do problema. Em alguns casos, é possível tratar a disfunção com medicamentos que ajudam a regular a atividade do nervo vago. Em outros casos, pode ser necessário recorrer a terapias complementares, como a estimulação elétrica do nervo vago, que envolve a aplicação de pequenas correntes elétricas no nervo para estimular a sua atividade. Em casos mais graves, pode ser necessário recorrer a cirurgias para corrigir problemas estruturais no nervo vago.

IMPORTÂNCIA DO NERVO VAGO PARA SAÚDE MENTAL:

Além de desempenhar funções vitais para o funcionamento do organismo, o nervo vago também desempenha um papel importante na saúde mental. Estudos têm mostrado que a estimulação do nervo vago pode ser eficaz no tratamento de transtornos como a depressão e a ansiedade. Isso ocorre porque o nervo vago está diretamente ligado ao sistema límbico, que é responsável pelas emoções e pelo controle do humor. A estimulação do nervo vago pode ajudar a regular a atividade do sistema límbico, reduzindo os sintomas de transtornos mentais.

EXERCÍCIOS PARA ESTIMULAR O NERVO VAGO:

Existem alguns exercícios simples que podem ajudar a estimular o nervo vago e melhorar o seu funcionamento. Um exemplo de exercício é a respiração profunda e lenta, que estimula a atividade do nervo vago e ajuda a reduzir a ansiedade. Outro exercício é a prática de técnicas de relaxamento, como a meditação e o yoga, que também estimulam o nervo vago e promovem a sensação de calma e bem-estar. É importante ressaltar que esses exercícios devem ser realizados de forma regular e orientados por um profissional qualificado.

PODEMOS CONCLUIR QUE:

Em resumo, o nervo vago é um dos nervos mais importantes do corpo humano, desempenhando funções vitais para o bom funcionamento do organismo. Ele está envolvido no controle da frequência cardíaca, da respiração e da digestão, além de desempenhar um papel importante na saúde mental. Disfunções no nervo vago podem levar a uma série de problemas de saúde, mas existem tratamentos disponíveis que podem ajudar a corrigir essas disfunções. Além disso, a prática de exercícios para estimular o nervo vago pode trazer benefícios para a saúde física e mental. É importante buscar orientação do profissional de saúde caso haja qualquer alteração no funcionamento do nervo vago. "UM CORPO INFLAMADO É UMA PORTA ABERTA PARA DOENÇAS CRÔNICAS E DEGENERATIVAS ".

domingo, março 24

PREBIÓTICO: O QUE É, QUAIS SÃO OS BENEFÍCIOS E ONDE ENCONTRA-LO

Uma alimentação balanceada e saudável deve incluir diversas substâncias. Nesse sentido, alguns nutrientes e componentes da dieta são mais conhecidos que outros. Por exemplo, vamos entender o que é um prebiótico

Os prebióticos, também conhecidos como fibras alimentares, fazem parte dos alimentos que ingerimos, mas nosso corpo não é capaz de digerir nem de absorvê-los. 

Porém, mesmo sem serem absorvidas, essas substâncias são responsáveis por uma série de benefícios para o organismo e devem fazer parte da alimentação diariamente.

O que é prebiótico?

De acordo com as ( Diretrizes mundiais da Organização de Gastroenterologia) os prebióticos são ingredientes que podem ser fermentados no intestino e causam mudanças na composição e/ou na atividade da microbiota (conjunto de bactérias) gastrointestinal e assim, conferem benefícios à saúde.

Alguns tipos de prebióticos são bastante utilizados na indústria de alimentos e fazem parte da produção diversos produtos alimentícios como bolachas, chocolate, laticínios, cereais e pastas, entre outros. 

São exemplos de prebióticos: o prebiótico inulina (utilizado na produção de alimentos), a oligofrutose, os frutoligossacarídeos (prebiótico fos), os galactooligossacarídeos (gos), a lactulose (usada no tratamento da constipação e da encefalopatia hepática) e os oligossacarídeos presentes no leite materno.

Como funciona o prebiótico?

Para entender como o prebiótico funciona, primeiramente é importante ter em mente que nosso intestino conta com milhões de bactérias, que juntas formam a microbiota intestinal. 

A microbiota intestinal é fundamental para diversas funções, como: melhora da imunidade, prevenção de diferentes tipos de câncer, controle da glicemia (açúcar no sangue), controle de peso, controle do colesterol e produção de hormônios. 

Esses são apenas alguns exemplos e atualmente ainda estão sendo feitos mais estudos científicos para descobrir outras funções da microbiota intestinal e sua importância para a manutenção da saúde e prevenção do surgimento de doenças. 

Precisamos entender que o prebiótico funciona basicamente como alimento para as bactérias intestinais. Como mencionamos inicialmente, o corpo humano não é capaz de digerir e absorver esses componentes dos alimentos, contudo, as bactérias se beneficiam deles através do processo de fermentação. 

As fibras ou prebióticos podem ser solúveis e insolúveis em água. Por isso, têm características e conferem benefícios diferentes. 

As fibras solúveis formam um gel e servem para atrasar o processo de digestão, por isso aumentam o tempo de saciedade e são ótimas para quem deseja emagrecer. 

As fibras insolúveis, por sua vez, diminuem o tempo de trânsito intestinal. Em outras palavras, elas fazem as fezes percorrem seu curso natural mais rápido e contribuem para que o intestino funcione corretamente, sem que haja constipação. 

Entretanto, para os prebióticos cumprirem seu papel de forma adequada é necessária a ingestão adequada de pelo menos dois litros de água por dia. Isso é especialmente importante no caso das fibras solúveis, para a formação do gel. 

Qual a importância de consumir prebióticos?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o consumo de fibras, ou seja, de prebióticos, seja de 25g por dia para adultos ( O Guia alimentar segue essa mesma para população Brasileira) segue essa mesma recomendação. 

Essa quantidade é suficiente para que o prebiótico contribua para a saúde e cumpra seu papel como alimento para as bactérias próprias do organismo, por esse motivo, deve estar presente na alimentação diariamente. 

Sem a ingestão de prebióticos na quantidade adequada, as bactérias boas são prejudicadas e sua quantidade no intestino diminui. 

Isso ocorre principalmente se o baixo consumo de fibras for associado ao aumento do consumo de gorduras e açúcares, que favorecem o aumento de bactérias ruins.  

Como consequência, podem surgir uma série de problemas de saúde. Sendo assim, a grande importância de consumir prebióticos é manter a microbiota intestinal saudável.

Benefícios do prebiótico:

Já vimos alguns benefícios do prebiótico, mas agora vamos  entender melhor. Cabe destacar que todos esses efeitos positivos já foram comprovados através de estudos científicos e instituições de saúde muito respeitadas divulgam essas informações.                                                                    AUMENTA BACTÉRIAS BENEFICAS PARA O ORGANISMO:

Segundo a ( Organização mundial de Gastroenterologia) os prebióticos contribuem para o aumento das bactérias benéficas para o organismo, como os lactobacilos e as bifidobactérias, enquanto diminuem a quantidade de microrganismos que podem causar doenças. 

DIMINUI BACTÉRIAS QUE CAUSAM DOENÇAS:

Os microrganismos que habitam o intestino humano são considerados competidores. Desse modo, a partir do momento que o prebiótico fortalece as espécies de bactérias benéficas, elas conseguem se manter em maioria e, consequentemente, as espécies causadoras de doenças diminuem. 

MENOS CONSTIPAÇÃO:

A ingestão de fibras, junto com o consumo de água e a prática de atividade física são fundamentais para acabar com a constipação (intestino preguiçoso). 

Os prebióticos diminuem a constipação de maneiras diferentes, pois as fibras solúveis atuam de uma forma e as insolúveis de outra maneira.

As fibras solúveis deixam as fezes mais macias e também aumentam o volume fecal, pois conseguem “sequestrar” alguns componentes da dieta e impedir sua absorção completa, como o colesterol, por exemplo. 

As fibras insolúveis, por sua vez, aumentam o peso das fezes e a velocidade com que elas chegam ao reto para serem eliminadas, por essa razão é comum dizerem que as fibras aceleram o trânsito intestinal. 

MENOR RISCO DE OSTEOPOROSE:

O prébiótico oligofrutose é fundamental para a diminuição do risco de desenvolvimento de osteoporose porque sua fermentação no cólon aumenta a absorção do mineral cálcio, que é essencial para a saúde dos ossos.

O processo de fermentação no intestino humano, que é realizado pelas bactérias, tem como produto alguns ácidos. É a produção dessas substâncias que faz com que o meio intestinal seja mais favorável para a absorção de minerais.

Além da oligofrutose, um outro prebiótico que também contribui para o aumento da absorção do cálcio é a inulina, um tipo de fibra solúvel da classe dos frutanos. 

Podemos destacar também que o cálcio depende da vitamina D para ser absorvido e bem aproveitado pelo organismo. Nesse sentido, já existem estudos mostrando que a vitamina D também é importante para a microbiota intestinal. 

MENOR RISCO DE ATEROSCLEROSE:

O processo de aterosclerose é uma inflamação devido à formação de placas de gordura nos vasos sanguíneos que pode levar ao aumento da pressão arterial e complicações como infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral. 

A formação dessas placas de gordura tem relação com o aumento do colesterol no sangue. Por esse motivo, o consumo de prebióticos, principalmente das fibras solúveis, é recomendado para diminuição do risco de aterosclerose.

A ( Sociedade Brasileira de Cardiologia ) explica que quanto mais solúveis em água são as fibras, maior é o seu poder de se ligar ao colesterol e impedir que ele seja absorvido, fazendo com que ele seja eliminado nas fezes. 

Além disso, os ácidos produzidos pelas bactérias intestinais a partir da fermentação dos prebióticos também contribuem para a diminuição do colesterol.

MENOS RISCO DE CÂNCER DE CÓLON:

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer ( INCA ), os cânceres de cólon e reto foram responsáveis por 9.038 mortes no Brasil em 2017. Em 2020, o câncer de cólon levou 12.422 pessoas a óbito no país,segundo ( O Atlas de mortalidade por câncer ).

A alimentação é um dos principais fatores de risco para o surgimento do câncer de intestino e principalmente do câncer de cólon.

O ( INCA ) recomenda que o consumo de carnes processadas seja limitado, enquanto a ingestão de frutas, legumes e grãos integrais seja maior, pois esses alimentos são ricos em prebióticos. 

Uma vez que os prebióticos fortalecem as bactérias boas, o intestino e o corpo como um todo ficam mais protegidos, principalmente o ( Sistema imunológico ) que é responsável pela nossa defesa.

Além disso, os prebióticos auxiliam na manutenção do peso corporal saudável e podem ser usados para contribuir com a perda de peso, quando necessário. 

Esses mecanismos são extremamente importantes para diminuir a inflamação e a produção de substâncias que favorecem o surgimento do câncer do cólon. 

Um outro motivo pelo qual os prebióticos colaboram com a prevenção do câncer é que ao aumentar o trânsito intestinal, as paredes do intestino têm menos tempo de contato com substâncias cancerígenas presentes na alimentação. 

LISTA DE ALIMENTOS PREBIÓTICOS:

Os alimentos de origem vegetal são os mais ricos em prebióticos. Também são conhecidos como alimentos in natura ou minimamente processados e devem fazer parte da alimentação diariamente. Por exemplo.

Aveia – A aveia possui uma fibra solúvel chamada beta-glucana, é um prebiótico excelente para a redução do colesterol e o controle do açúcar no sangue.

Oleaginosas (castanhas, amêndoas, nozes) – As oleaginosas são ótimas fontes de prebióticos, principalmente os insolúveis. 

Leguminosas (feijão, lentilha, grão-de-bico, soja, ervilha) — As leguminosas são excelentes fontes de fibras. Como a maior parte da população brasileira gosta de um bom feijão, é uma boa forma de inserir os prebióticos na dieta.

Banana — Praticamente todas as frutas são ricas em prebióticos, com destaque para a banana-verde, que é rica em amido resistente, um ótimo prebiótico. 

Maçã – A maçã é outra fruta que merece destaque quando o assunto são fibras, pois ela contém pectina, uma fibra solúvel muito utilizada na indústria de alimentos e que faz muito bem ao intestino. 

Grãos integrais – Os grãos podem e devem ser consumidos para aumentar a ingestão de prebióticos. Você pode incluir sem medo na dieta o arroz integral, a linhaça, a cevada e a chia, que se tornou muito popular nos últimos anos justamente por sua quantidade de fibras.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE PROBIOTICOS E PREBIÓTICOS:

Conforme a definição da ( Organização mundial de Gastroenterologia ) os probióticos são microrganismos vivos que nas quantidades adequadas são capazes de promover benefícios para a saúde do hospedeiro, no caso, os humanos.

A diferença entre prebiótico e probiótico é que enquanto o prebiótico se refere à fibra que serve como alimento para as bactérias do intestino, os probióticos são justamente esses microrganismos que são alimentados e fortalecidos.

VAMOS ENTENDER O QUE É SIMBIOTICO:

Ainda de acordo com a   (Organização mundial de Gastroenterologia ) simbióticos são produtos que contém em sua composição tanto os prebióticos quanto os probióticos e, assim, conferem benefícios à saúde.

O PAPEL DO PREBIÓTICO NA LUTA CONTRA O CÂNCER:

Já vimos que as fibras podem auxiliar na prevenção do câncer. Agora, saiba que também são úteis durante o tratamento, uma vez que a doença tenha surgido. 

Geralmente o tratamento do câncer inclui radioterapia e quimioterapia. Tais procedimentos podem causar diarreia em alguns pacientes e contribuir para a perda de peso e, consequentemente, piora do estado nutricional. 

Nesses casos, o uso do prebiótico solúvel é de grande importância, pois esse tipo de fibra é capaz de ajudar na melhora do quadro diarreico. 

PODEMOS CONCLUIR QUE: 

Agora com todas essas  informações mais importantes sobre o que é um prebiótico, quais são as suas funções, como esse componente atua no organismo, assim como quais são os alimentos em que pode encontrá-los e até mesmo opções de suplementação. 

Lembre-se que os prebióticos são essenciais para uma boa saúde, assim como a alimentação como um todo. Por isso, cuide-se.

sábado, março 23

MITOCÔNDRIAS: AS ORGANELAS E A RELAÇÃO COM A ENERGIA CELULAR:

O nosso corpo é repleto de substâncias e componentes que agem em função do bom funcionamento do organismo e sempre procuramos abordá-los por aqui.

Hoje, vamos falar sobre as mitocôndrias, estrutura presente nas células no nosso corpo e que desempenha um papel essencial, sobretudo quando falamos de energia celular, indispensável para o funcionamento do nosso organismo. 

O QUE SÃO AS MITOCÔNDRIAS?

As mitocôndrias são organelas essenciais na fisiologia celular e possuem diversas funções para o bom funcionamento das células humanas. Tratam-se de pequenas estruturas encontradas no interior de todas as células do corpo e que possuem um formato cilíndrico rígido e alongado, com uma membrana externa e a outra interna. 

No organismo humano, há uma média de 500 a 2.000 mitocôndrias por célula. Além disso, você sabia que essas organelas possuem o seu próprio DNA? A herança do DNA mitocondrial, inclusive, é materna, pois, na formação do embrião, ele recebe apenas as mitocôndrias do ovócito, não dos espermatozoides.

Um outro fato interessante é que as mitocôndrias são responsáveis por produzir aproximadamente 90% de energia do corpo. A partir da utilização de nutrientes e oxigênio, é gerada uma energia química chamada de trifosfato de adenosina, mais conhecida como ATP, uma molécula essencial para a realização de todas as atividades no organismo dos seres vivos. 

Sendo assim, visto a importância das mitocôndrias para o corpo, ressaltamos que a disfunção dessas organelas pode provocar desordens e doenças, trazendo riscos à nossa saúde. O que se sabe é que tais distúrbios podem acarretar em problemas patológicos, como isquemias, cardiomiopatias, diabetes e até doenças degenerativas, como Parkinson, Alzheimer e ELA (esclerose lateral amiotrófica). 

Se as mitocôndrias não estão operando de forma correta, qualquer órgão pode ser afetado, pois todos eles precisam de energia para o crescimento, funcionamento e a manutenção. O cérebro, o coração e os músculos esqueléticos são os que mais sofrem com as mitocondriopatias, por exigirem uma grande quantidade de energia para funcionar. Certas doenças mitocondriais afetam apenas um órgão, mas muitas outras podem afetar múltiplos órgãos.

Mitocôndria e energia celular
Até aqui, você descobriu que as mitocôndrias são as organelas responsáveis pela maior parte da produção de energia (ATP) exigida por praticamente todas as células dos seres aeróbicos, ou seja, aqueles seres que dependem do oxigênio para obter energia. 

Presente em todas as células eucarióticas (que apresentam núcleo), a principal finalidade das mitocôndrias é converter energia em um condicionamento biologicamente utilizável nas diversas reações celulares, sendo responsáveis pelo processo de respiração celular. 

O mecanismo de produção de energia aeróbica é um tanto complexo e compreende diversas reações químicas e biológicas para a formação de ATP, que acontece no interior das mitocôndrias e envolve dois meios metabólicos cooperativos: o ciclo de Krebs e a cadeia respiratória. 

Ainda sobre energia, destacamos a função mitocondrial da produção de calor para o organismo. Durante a concepção de ATP pela mitocôndria, pode suceder a formação de calor como um subproduto feito no momento da transformação de energia. Até então, quase todo o calor biológico é gerado pelos processos da síntese e da hidrólise de ATP, pois, quanto maior o gasto de ATP, mais calor será produzido.

Mitocôndria e exercícios físicos
Quando inspiramos você a se cuidar, uma das principais mudanças na rotina é a prática de exercícios físicos, certo? A atividade física é essencial para um emagrecimento saudável, além de contribuir para a saúde e o bom desempenho de todo o corpo.

Não demora muito para conhecermos novos conceitos e um deles é o de “exercícios aeróbicos”. Você já sabe que a definição “aeróbico” está ligada aos seres que dependem do oxigênio para obter energia, sendo assim, é possível estabelecer uma relação entre as mitocôndrias com a prática de atividades aeróbicas, sobretudo pelo processo bioquímico que ocorre nesse meio. 

Ao realizarmos exercícios aeróbicos, como andar, correr, nadar, dançar e pedalar, ocorre a indução do aumento da nossa capacidade oxidativa, sendo um dos principais benefícios para a saúde ao realizarmos essa prática. A musculatura dos ossos é um dos tecidos mais envolvidos na realização de atividades físicas, com alta capacidade de adaptação metabólica e estrutural frente a um estímulo. Além disso, os músculos esqueléticos são ricos em mitocôndrias, portanto, grande parte do aumento da capacidade aeróbica induzido pelos exercícios aeróbicos ocorre em função de adaptações mitocondriais. 

O oxigênio que inspiramos é fundamental para a respiração celular, função principal das mitocôndrias. Estamos falando de uma condição que é prioritária para a vida humana, já que nós não vivemos sem oxigênio. Por essa razão, o metabolismo aeróbico é muito importante. Quando praticamos atividades aeróbicas, nossos movimentos corporais demandam muito mais oxigênio, por conta da maior necessidade de oxidação de substratos energéticos, como os ácidos graxos livres e glicose circulante, provenientes de carboidratos e gorduras da dieta. 

O importante é que, quanto mais intensa a contração muscular, maior será o grau de transporte, distribuição e captação de oxigênio pela célula. É por esse motivo que a atividade física realizada de modo regular e sem exageros é um bom aliado da nossa saúde. Quando a praticamos, aumentamos a nutrição celular que gerencia todo o nosso corpo. " UM CORPO INFLAMADO É UMA PORTA ABERTA PARA DOENÇAS CRÔNICAS E DEGENERATIVAS ".

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?