Linfadenopatia, a qual comumente é chamada de adenopatia ou linfadenomegalia, é definida como linfonodos apresentando tamanho > 1 cm, consistência ou número anormais. A extensão da linfadenopatia é definida como localizada quando envolve apenas uma região e generalizada quando envolve mais de uma região.
Diante de linfadenopatia, deve-se avaliar tamanho, local, consistência e número de linfonodos aumentados, assim como idade do paciente, duração da linfadenopatia, exposições e sintomas associados.
ETIOLOGIAS:
Câncer.
Hipersensibilidade.
Infecções.
Doença vascular do colágeno.
Distúrbios linfoproliferativos atípicos.
Doença granulomatosa.
Outras causas.
Câncer
No paciente com linfadenopatia, câncer é mais frequente se idade > 40 anos. Geralmente, as neoplasias hematológicas manifestam-se com sintomas constitucionais (febre, sudorese noturno, perda de peso não intencional (> 10% nos últimos 6 meses).
Os linfonodos supraclaviculares têm maior probabilidade de estarem associados a câncer que os linfonodos aumentados em outros sítios.
SÍNDROME DE HIPERSENSIBILIDADE:
Linfadenopatia reativa pode ocorrer pelas seguintes síndromes de hipersensibilidade: doença do soro, sensibilidade a medicamentos, relacionada à vacinação, doença do enxerto contra hospedeiro.
Os medicamentos que causam linfadenopatia são alopurinol, atenolol, captopril, carbamazepina, hidralazina, penicilinas, fenitoína, quinidina, SMX-TMP, terbinafina.
INFECÇÃO É CAUSA COMUM DE LINFADENOPATIA:
Ao EF, pode haver sinais de doença localizada para indicar a presença de infecção, incluindo IVAS, febre, ulceração cutânea ou picada de insetos recentes. Deve-se questionar sobre consumo de carne mal passada, comportamentos sexuais de alto risco, uso de drogas IV, transfusão recente e viagem recente.
Infecções virais: EBV, CMV, HBV, HCV, adenovírus, herpes-zóster, HSV, HIV, HTLV-1, caxumba, sarampo, rubéola.
Infecções bacterianas: estafilococos, estreptococos, TB, sífilis primária e secundária, tularemia, brucelose, leptospirose, clamídia (LGV).
Infecções fúngicas: histoplasmose, coccidiodomicose, criptococose.
Parasitárias: toxoplasmose e leishmaniose.
Doença Vascular do Colágeno
Suspeita-se de DAI se linfadenopatia associada a artralgias, mialgias, rigidez matinal ou exantema. Sendo as principais LES, AR, síndrome de Sjögren.
DISTÚRBIOS DE LINFOPROLIFERATIVOS ATIPICOS:
São doenças raras em que há febre, sudorese noturna, perda de peso, hepatoesplenomegalia e linfadenopatia. Geralmente, necessita-se de biópsia para o diagnóstico.
Exemplos são doença de Castleman, doença de Kawasaki, doença relacionada à Ig64.
Doença Granulomatosa
Linfadenopatia ocorre em sarcoidose, TB e hanseníase, principalmente.
ABORDAGEM E HISTÓRIA:
Idade: em idade avançada, há maior probabilidade de etiologia maligna.
Sintomas de infecção: incluem faringite, conjuntivite, ulceração cutânea, sensibilidade localizada, feridas ou secreções genitais, febre e sudorese noturna.
Sintomas de câncer metastático: perda de peso não intencional, disfagia, disfonia, tosse, hemoptise, dor óssea, entre outros.
Sintomas constitucionais: febre, sudorese noturna e/ou perda de peso sugerem neoplasia maligna, especialmente linfomas. Artralgias, erupções cutâneas e mialgias sugerem DAI.
HISTÓRIA MEDICAMENTOSA: INDAGAÇÃO AO PACIENTE SOBRE DROGAS USADAS:
Duração da linfadenopatia: a linfadenopatia persistente (> 4 semanas) sugere infecção crônica, doença vascular do colágeno ou neoplasia maligna subjacente, enquanto a linfadenopatia localizada e de curta duração geralmente acompanha algumas infecções.
EXAME FÍSICO:
Avalia-se os linfonodos quanto ao tamanho, consistência, mobilidade, distribuição e simetria dos linfonodos.
Tamanho: são anormais se > 1 cm (no entanto, os linfonodos inguinais podem ter até 2 cm). Linfonodos < 1 cm raramente são clinicamente significativos. Os linfonodos > 2 cm que persistem > 4 semanas devem ser avaliados.
Consistência: não é confiável para diferenciar entre etiologias malignas e benignas. Em geral, os linfonodos rígidos são mais comumente observados em neoplasias malignas. Linfonodos sensíveis à palpação sugerem etiologia inflamatória.
Mobilidade: linfonodos normais podem ser movidos livremente no espaço subcutâneo. Os anormais podem se tornar fixos ou emaranhados aos tecidos adjacentes ou a outros nódulos por cânceres invasivos. A avaliação da mobilidade de linfonodos supraclaviculares é melhorada se o paciente realizar manobra de Valsava durante o exame.
Distribuição: pode ser localizada (linfonodos aumentados em 1 região) ou generalizada (linfonodos aumentados em 2 ou mais regiões não contíguas). Geralmente, a linfadenopatia generalizada é manifestação de doença sistêmica.
Localização: linfonodos supraclaviculares, poplíteos, ilíacos e epitrocleares palpáveis são anormais e são mais sugestivos de neoplasias. Adenopatia supraclavicular esquerda (nódulo de Virchow) sugere câncer gastrointestinal ou torácico. Linfadenopatia inguinal pode ocorrer em pacientes saudáveis.
LINFADENOPATIA CERVICAL:
Os linfonodos cervicais drenam o couro cabeludo, pele, cavidade oral, laringe e pescoço. Causas mais comuns de linfadenopatia cervical são infecção e neoplasia maligna.
As infecções mais comuns são faringite bacteriana, abscesso dentário, mononucleose infecciosa, TB e tinha capilar (em crianças).
AS NEOPLASIAS INCLUEM CABEÇA, PESCOÇO E TIREÓIDE:
LINFADENOPATIA SUPRACLAVICULAR:
Esses linfonodos drenam o TGI, TGU e pulmões. Se aumentados, suspeita-se de neoplasias malignas. A prevalência de neoplasias malignas na presença de linfadenopatia supraclavicular é de 54 a 85%. O nódulo de Virchow está associado à presença de neoplasia abdominal ou torácica. Outras causas comuns incluem LH, LNH, carcinoma broncogênico e de mama.
LINFADENOPATIA AXILAR DRENA OS MMSS,MAMA E TÓRAX:
Causas de linfadenopatia axilar incluem infecções cutânea estreptocócica ou estafilocócica, carcinoma de mama metastático, melanoma metastático, implantes mamários de silicone.
LINFADENOPATIA EPTROCLEAR:
Drena a ulna, antebraço e mão. É raro linfadenopatia em saudáveis.
Causas incluem linfoma, LLC, mononucleose infecciosa, infecções locais em MMSS, sarcoidose, sífilis secundária e HIV.
LINFADENOPATIA INGUINAL:
Drena o abdome inferior, genitália externa, canal anal, terço inferior da vagina e MMII. Aumento de até 2 cm pode ser normal.
Causas incluem celulite, IST, LH, LNH, melanoma metastático e CEC metastático das regiões penianas e vulvar.
LINFADENOPATIA MEDIASTINAL:
Se unilateral, pode ser secundária a infecções ou neoplasias malignas. Se bilateral, pode ser causada por sarcoidose e outras doenças granulomatosas e cânceres. Se linfonodos calcificados, sugere TB, histoplasmose ou silicose.
LINFADENOPATIA ABDOMINAL:
Se limitada ao espaço mesentérico ou retroperitoneal, sugere altamente câncer. Os aumentos em linfonodos periumbilicais são conhecidos como nódulos é um sinal clássico de adenocarcinoma gástrico.
ESPLENOMEGALIA:
Pode estar associado à linfadenopatia em mononucleose, cânceres hematológicos, linfoma, TB, HIV, LES.
EXAMES COMPLEMENTARES:
Se história e EF forem insuficientes para diagnóstico específico, pode-se realizar exames como hemograma completo, cultura faríngea, teste monospot, teste de HIV, sorologias para hepatite, inoculação de PPD, radiografia torácica.
BIÓPSIA:
Linfadenopatia generalizada, nos quais os estudos iniciais não são diagnósticos.
LINFADENOPATIA PERSISTENTES:
localizada, nos quais os estudos iniciais não são diagnósticos e há risco elevado para neoplasia maligna.
Pacientes que apresentem linfadenopatia cervical com risco aumentado de neoplasia. Deve-se encaminhar a ORL.
Suspeita de neoplasia maligna.
A biópsia é feita excisional. Caso não seja possível, pode-se fazer punção por agulha grossa. A punção por agulha fina é mais útil para obter células para a citopatologia.
EXAMES DE IMAGEM:
Podem diferenciar entre linfadenopatia benigna e maligna e ser usadas para selecionar linfonodo com características suspeitas de neoplasia maligna para biópsia.
US: os linfonodos malignos apresentam-se mais arredondados, com hilo não é visível, necrose intranodal, reticulação, calcificação, fosqueamento.
TC: permite diferenciar entre linfonodos benignos e malignos com base na composição.
CONCLUSÃO:
Uma linfadenopatia, pode, portanto, ser benigna ou maligna. As causas malignas, mais raras, devem ser descartadas. Há diversos exames complementares que permitem estabelecer um diagnóstico etiológico, entretanto o mais importante é uma história clínica bem colhida e um exame físico feito adequadamente, os quais, na maioria das vezes, permitem chegar a um diagnóstico etiológico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário