A BÍBLIA certamente é o livro mais vendido no mundo e a sua história ainda não tem uma bibliografia consistente. Nem mesmo nas redes sociais encontramos informações confiáveis acerca da história do livro mais importante da humanidade.
Vamos fazer um resumo básico, usando como bibliografia a própria Bíblia.
O primeiro fragmento bíblico foi o Decálogo, um conjunto de 10 palavras que formavam um código, basicamente uma constituição, mais comumente denominado de dez mandamentos. Israel iria se tornar um país por ordem do próprio Deus. Sendo Deus o próprio autor desse país, não cometeria o erro de faltar com uma constituição. O Decálogo foi uma constituição tão perfeita que até hoje os países seguem esse exemplo: um código básico, superenxuto, como deve ser toda espinha dorsal legislatória de um país.
A criação do Estado de Israel, teve sua bibliografia legislativa superorganizada. A Bíblia é o livro da História de Israel.
Ao contrário que muitos pensam Deus deu para Moisés no Monte Horebe, e não no Monte Sinai, duas tábuas contendo uma constituição, também chamada de dez mandamentos, por várias vezes chamado de Livro da aliança ou Livro do Pacto.
O Livro da Aliança, o Livro do Pacto, o Livro das Guerras do Senhor e o Livros das Leis, especialmente esse, eram os livros sagrados do povo do deserto. Não confundam os livros sagrados com os livros do pentateuco. Esses são os livros de História do povo de Israel, que nós hoje os temos por sagrados. Os livros do pentateuco são livros históricos que falam dos livros sagrados do povo de Israel. Os livros do Pentateuco foram escritos bem depois.
Deus deu ainda para Moisés no Horebe, o estatuto e as leis, nada mais, nada menos que códigos legislatórios que fariam o papel de leis complementares ao decálogo, funcionando como espécie de código civil.
Mesmo assim, Moisés desceu do Monte Horebe num lugar chamado Sinai, com apenas com duas tábuas debaixo do braço. Provavelmente os estatutos e a lei foram escritos bem mais tarde.
A lei e os estatutos ficaram na memória de Moisés, para ser escrito tempos depois no Monte Ebal, hoje na cidade de Nablus na Cisjordânia. Seria essa a famosa toral oral dos judeus?
O Livro das Leis, esse mesmo, além de escrito bem depois e bem longe da Península do Sinai, no Ebal, é o mais sagrado dos livros. Também chamado de livro de Moisés ou livro das Leis de Moisés e teve que ser escrito a cal, sem uso de ferramentas cortantes, conforme diz a Bíblia.
Essa fase da Bíblia chama-se litófila, por se encontrar ainda escrita em superfícies de pedra. A pedra foi a superfície mais antiga que o homem procurou para escrever e foi bastante duradoura, considerando que no Brasil, até nos anos 50, do século passado alunos da rede escolar usavam a lousa de pedra como caderno.
A Bíblia tinha que ser escrita em pedra, era a única superfície conhecida. Deus não poderia dar a Moisés um livro de papel, ou código num CD ROM. Ele o fez no material que o povo conhecia. Tinha que ser escrita em pedra porque tinha que ter caráter definitivo, tinha que durar por gerações e gerações.
Outro material que foi o mais usado de todos os tempos foi o barro. Escrever no barro (ostracas) era literalmente uma moleza, porém os livros sagrados não podia ser escritos nesse material, uma vez que ele contem impurezas tais como fezes e urina de toda espécie de ser vivente. Não há registro do livro sagrado em ostracas. Muito embora Josué escreveu um livro rapidamente, registrando uma incursão israelita. Não foi um livro sagrado, ordenado por Deus, foi apenas um registro histórico de uma incursão que fez, por isso provavelmente escreveu em tábuas de barro.
O barro contém impurezas, por isso os antigos escribas não o usaram como base para receber o texto sagrado. Esse material, posteriormente chamado ostracon ou ostraca, foi usado por muitos e muitos anos, porém para livros laicos e pequenos documentos.
Existem outras fases na escrita, como a fase dos metais. Há referências embora muito pequenas de que fragmentos bíblicos foram escritos em diversos metais entre os quais o chumbo, bronze e ouro. No êxodo há referência de inscrições em ouro; Jó escreve em chumbo e os macabeus escreveram em placas de bronze. Há referência desses materiais na própria Bíblia.
O papiro foi oprimeiro dos materiais flexíveis a ser usado. No livro deuterocanônico de Tobias, lê-se que ele casou de papiro passado com Sara, num cartório local. Depois veio o pergaminho. O Apóstolo Paulo percebe a diferença: Diz ele “traga-me os livros e os pergaminhos”. Que livros? Os laicos evidentemente, e os pergaminhos os livros sagrados, os salmos, a torá, enfim.
A Bíblia fala muito de textos escritos em tábuas, mas que provavelmente não são literalmente tábuas de madeira e sim de argila. A tábua de madeira também não poderia receber o texto do livro sagrado, uma vez que apodrece e o cupim come. Zacarias escreveu o nome do filho provavelmente numa tabuinha de madeira, por se tratar de uma inscrição rápida e não um livro sagrado,ordenado por Deus.
Como se fazia então para escrever em tábuas de pedra, sendo que o texto desses livros eram muito grandes, e há referências bíblicas que andavam de um lado para o outro com esses livros. Não era pequeno o livro, haja vista que escriba Esdras levou sete dias lendo ao povo, da manhã até o meio-dia. Os antigos escribas faziam uso da escrita consonantal, que eliminava vogais, preposições, espaços, pontuações e tudo mais que poupasse espaço. Isso não é novidade, quem não se lembra do bug do milênio, quando fazíamos de tudo para economizar espaço em computador.
Por isso, várias traduções, inclusive a Ave Maria, dizem que os dez mandamentos eram apenas dez palavras. O Livro da Aliança, não era tão grande pois cabia dentro da Arca da Aliança. A Bíblia diz que eram folhas de ardósias fatiadas em lâminas de mais ou menos um centímetro de espessura.
Se tinham de ser escritos em pedra – e de forma esculpida, para dar-lhe caráter definitivo – por que o Livro das Leis, escrito no Monte Ebal (Dt 27:2-8), não podia ser gravado na pedra com o uso de instrumentos cortantes? Por que teve de ser escrito em cal, um material extremamente corruptível? Simplesmente para que o povo mantivesse as leis na memória que era a melhor das superfícies para se gravar as leis divinas.
Sabe-se que Moisés recebeu de Deus, no Horebe, duas tábuas, os estatutos e as leis (Êx 24:12). Qual a diferença entre mandamentos, juízos, preceitos, estatuto e lei; diversas vezes repetidas e citadas na Bíblia? Afinal, que diferenças poderia haver entre o Livro do Pacto ou Livro da Aliança, recebido no Sinai, para o Das Leis, escrito no Monte Ebal tempos depois e muitos quilômetros adiante?
Se a lei foi dada a Moisés, que leis a Bíblia diz que Abraão obedecia? (Gn 26:5) Que leis eram aquelas que Moisés comentou com seu sogro Jetro que ensinava o povo, antes de receber as tábuas no monte? (Êx 18:16)
Enfim, essas e outras centenas de informações o leitor pode encontrar no Livro a História da Bíblia. Nesse precioso livro você acompanhará toda a trajetória textual do livro sagrado, todos os materiais, todas as versões bíblicas, toda a história por que passou a Bíblia, desde o Decálogo, passando pela Septuaginta, Vulgata, tradução de João Ferreira de Almeida para a língua portuguesa, até a Biblia online! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".