segunda-feira, abril 10

A NECESSIDADE E OS BENEFÍCIOS DA ORAÇÃO INTERCESSORA:

A necessidade e benefício da intercessão, considerada como um exercício de amor universal. Como todas as categorias de homens devem orar e interceder junto a Deus uns pelos outros. Como tal intercessão pacifica e reforma os corações daqueles que a utilizam. Que a intercessão é uma grande e necessária parte da devoção cristã, está muito evidente nas Escrituras.

Os primeiros seguidores de Cristo, parecem ter se suportado em amor, e mantido todas as suas relações e correspondência, através de orações mútuas.

Paulo, seja escrevendo para as igrejas, ou a pessoas em particular, mostra sua intercessão permanente por eles, que era o assunto constante de suas orações.

Assim, disse aos Filipenses: “Dou graças ao meu Deus por tudo que recordo de vós, fazendo sempre, com alegria, súplicas por todos vós, em todas as minhas orações,” ( filipenses 1: 1-3 ).

Aqui vemos, não somente uma contínua intercessão, mas executada com muita alegria, como também mostra que era um exercício de amor, no qual ele se regozijava altamente. Sua devoção teve também o mesmo cuidado por pessoas em particular; como aparece na seguinte passagem: “Dou graças a Deus, a quem, desde os meus antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti nas minhas orações, noite e dia.” –      ( 2 Timóteo 1-3 ).

Quão santo e amigável foi isso, como digno de pessoas que foram elevadas acima do mundo, e relacionadas entre si, como novos membros de um reino do Céu!

Apóstolos e grandes santos não somente beneficiam e abençoam igrejas particulares e pessoas privadas, mas eles mesmos também recebem graças de Deus pelas orações dos outros. Assim diz Paulo aos Coríntios: “ajudando-nos também vós, com as vossas orações a nosso favor, para que, por muitos, sejam dadas graças a nosso respeito, pelo benefício que nos foi concedido por meio de muitos.”   ( 2 coríntios 1-11 ).

Esta foi a antiga amizade dos cristãos, unindo e cimentando os seus corações, não por considerações mundanas, ou humanas paixões, mas pela comunicação mútua de bênçãos espirituais, por orações e ações de graças a Deus.

Foi essa intercessão santa, que levantou os cristãos a tal estado de amor mútuo, que excedeu tudo o que havia sido elogiado e admirado na amizade humana. E quando o mesmo espírito de intercessão estiver mais uma vez no mundo, quando o cristianismo tiver o mesmo poder sobre os corações das pessoas, então isto que tinha sido antes, estará novamente na moda, e os cristãos serão novamente a maravilha do mundo, por causa daquele excelente amor que possuírem mutuamente.

Porque uma intercessão frequente a Deus, rogando-lhe com sinceridade para perdoar os pecados de toda a humanidade, para abençoá-los com a sua providência, iluminá-los com o seu Espírito, e trazê-los para sempre à felicidade duradoura, é o exercício mais divino em que o coração do homem possa estar engajado.

Esteja portanto, diariamente, de joelhos, numa solene, e determinada execução desta devoção, orando pelos outros com a importunação e sinceridade que você usa para si mesmo; e encontrará todas as pequenas paixões e fraquezas naturais morrerem, o seu coração crescer grande e generoso, deleitando-se com a felicidade comum dos outros, assim como você usava apenas para deleitar a si mesmo.

Porque aquele que ora diariamente a Deus, para que todos os homens possam ser felizes no céu, toma o caminho mais deleitável para fazê-lo desejar, e procurar sua felicidade na terra. E é quase impossível para você, implorar e rogar a Deus para fazer qualquer um feliz nos mais elevados deleites da sua glória por toda a eternidade, e ainda assim estar preocupado para vê-lo desfrutar os menores dons de Deus, neste curto e baixo estado de vida humana.

Quando, portanto, uma vez que você tenha habituado o seu coração para um sincero desempenho desta intercessão santa, você tem feito uma grande coisa, para torná-lo incapaz de rancor e inveja, e para fazer com que se deleite com a felicidade de toda a humanidade. Este é o efeito natural de uma intercessão geral por todos os tipos de homens.

Apesar de estarmos tratando toda a humanidade, como vizinhos e irmãos, como qualquer ocasião oferece, ainda, já que somente podemos viver na real companhia de poucos, e somos em nosso estado e condição mais particularmente relacionados com uns do que com outros, por isso quando nossa intercessão é feita um exercício de amor para aqueles entre os quais a nossa sorte está caída, ou que pertencem a nós numa relação mais próxima, isto então traz o maior benefício para nós mesmos, e produz seus melhores efeitos em nossos próprios corações.

Se, portanto, você deve sempre mudar e alterar as suas intercessões, de acordo como as necessidades que seus conhecidos pareçam exigir; rogando a Deus para livrá-los de tais e tais males particulares, ou para lhes conceder este ou aquele dom especial, ou bênção, tais intercessões, além da grande caridade delas, teriam um efeito poderoso sobre o seu próprio coração.

Seria mais agradável para você, ser cortês e condescendente com tudo o que se refira a você, e que não seja capaz de dizer ou fazer uma coisa rude, ou difícil para aqueles que têm sido o motivo de suas compassivas intercessões.

Pois não há nada que nos faça amar mais uma pessoa do que orar por ela. Isto irá encher o seu coração com uma generosidade e ternura, que lhe darão um melhor e mais doce comportamento, do que qualquer coisa que se chama de bons modos. Ao considerar a si mesmo como um advogado junto a Deus, pelos seus vizinhos e conhecidos, nunca iria achar difícil estar em paz com eles. Seria fácil suportar e perdoar aqueles para os quais você implorou por misericórdia e perdão divinos.

Tais orações como estas, entre vizinhos e conhecidos, iria uni-los uns aos outros pelos laços mais fortes de amor e ternura. Seria exaltar e enobrecer suas almas, e ensinar-lhes a se considerarem mutuamente num estado mais elevado, como membros de uma sociedade espiritual, daqueles que são criados para o gozo comum da bênçãos de Deus e que são co-herdeiros da mesma glória futura.

Se um pai estivesse fazendo diariamente orações a Deus, para que ele inspirasse seus filhos à verdadeira piedade, grande humildade e estrita temperança, o que poderia ser mais propenso a se fazer senão o próprio pai se tornar exemplar nessas virtudes?
Quão envergonhado ele seria caso lhe faltasse essas virtudes, que ele considerava necessárias para os seus filhos? Assim que suas orações pela sua piedade, seria um certo meio de exaltar a elevação da sua própria devoção.

Quão religiosamente um pai deveria conversar com seus filhos, a quem considerasse como seu pequeno rebanho espiritual, cujas virtudes ele formaria com o seu exemplo, incentivado por sua autoridade,nutrido seu conselho, e levado a prosperar por suas orações a Deus por eles?

Quão temeroso ele estaria de todas as maneiras gananciosas e injustas de aumentarem o seu dinheiro, de se tornarem muito apreciadores do mundo, para que isto não os tornasse incapazes de receber as graças, que ele tão frequentemente rogava a Deus para conceder-lhes?

Sendo estes os efeitos simples, felizes, desta intercessão, todos os pais, espero, que almejam o verdadeiro bem-estar de seus filhos no coração, que desejam ser seus verdadeiros amigos e benfeitores, e viverem entre eles no espírito de sabedoria e de piedade, não deveriam negligenciar um meio, tanto de elevar a sua própria virtude, e para fazer um bem eterno àqueles amados que estão tão perto deles, pelos laços mais fortes da natureza.

Este seria um triunfo sobre si mesmo, seria humilhar reduzir o seu coração à obediência e ordem, que o próprio diabo temeria tentá-lo novamente da mesma maneira, quando visse que a tentação se transformou em tão grande forma de mudar e reformar o estado do seu coração.

E ainda, se em qualquer pequena diferença, ou mal-entendidos que você tenha tido com um parente ou vizinho, ou qualquer outra pessoa, então você deve orar por eles de uma forma mais específica, do que a forma comum, rogando a Deus que lhes dê toda a graça e bênção, e a felicidade que puder ser imaginada, e assim teria tomado a via mais rápida para reconciliar todas as diferenças e esclarecer toda incompreensão.

Este seria o grande poder da intercessão cristã; em remover todas as paixões impertinentes, amolecer o seu coração para uma maior longanimidade, e para melhor julgar todas as diferenças que acontecerem entre você e qualquer um dos seus conhecidos.
Os maiores ressentimentos entre amigos e vizinhos, na maioria das vezes surgem de pequenos erros, o que é um certo sinal de que sua amizade é meramente humana, não fundada em considerações religiosas, ou apoiada por tais orações mútuas, como os primeiros cristãos faziam.

Porque tal devoção deve necessariamente destruir tais contendas, ou ser destruída por elas.
Você não pode ter qualquer mau humor, ou mostrar qualquer comportamento indelicado para com uma pessoa pela qual você tem intercedido como seu advogado para com Deus! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONDUZ, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, E AINDA NOS ANIMA ".

sábado, abril 8

A GRAÇA DE DEUS E A CONDUTA DO CRISTÃO:

“Por isso o reino dos céus pode ser comparado a certo rei que quis ajustar contas com os seus servos. E começando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que lhe devia dez mil talentos. Não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo o que tinha, para que a dívida fosse paga. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, mandou-o embora e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários. Lançando mão dele sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe: Sê generoso para comigo e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis. Antes, foi encerrá-lo na prisão, até que saldasse a dívida.”          (Mateus 18: 23-30 ).

Na Bíblia encontramos por diversas vezes a ocorrência da palavra Graça. Em termos gerais, a palavra Graça significa: O amor e o favor imerecido de Deus para com os homens, e está relacionado com o perdão e a salvação que os cristãos recebem ao aceitarem Jesus como Senhor e Salvador. Nenhuma pessoa é digna de salvação e de perdão, muito menos do favor de Deus, pois nascemos no pecado e nossos erros eram inúmeros. Contudo, pela Graça, alcançamos em Cristo a redenção e a vida eterna.

Infelizmente, muitos esquecem continuamente dessa misericórdia concedida sobre as suas vidas e, mesmo sendo perdoados e consolados pelo Senhor, não são gratos a Ele. Jesus, quando enviou seus discípulos a pregar pelas aldeias e cidades, disse: “De graça recebestes, de graça dai”               ( Mateus 10-8 ). Quando Jesus disse isto, Ele não se referia somente à cura e ao poder de expulsar demônios, mas a tudo quanto eles tinham recebido, inclusive a Graça.

A Graça não se refere a algo que a pessoa mereça receber, caso contrário deixaria de ser Graça. Está relacionado com algo que, mesmo sem merecer, alguém recebe de outrem. Segundo a  Graça está relacionado com “Benevolência, favor, mercê e perdão”.

Todos recebem em Cristo, de graça, da Graça de Deus, mas, em contrapartida, muitos não agem com gratidão. E como ser grato? O servo da passagem bíblica citada no início dessa mensagem também recebeu da Graça de seu senhor, tendo sido perdoado da dívida que tinha. Ele devia dez mil talentos ao seu senhor que, traduzido para uma linguagem de hoje seria equivalente ao seguinte:

1 talento equivale a 6000 denários – 1 denário é igual ao salário de 1 dia de trabalho de um trabalhador. Imaginemos que um homem receba 1200 reais de salário por mês. Dividindo-se 1200 por 30 dias (igual a 1 mês), temos que esse funcionário ganha 40 reais por dia (denário). 10000 talentos são exatamente 60 milhões de denários ou 2 bilhões e 400 milhões de reais para um funcionário com salário diário de 40 reais. Uma enorme dívida com certeza!

O senhor daquele servo lhe perdoou a dívida, mesmo sendo uma conta exorbitante. Contudo, esse mesmo servo não perdoou um companheiro que lhe devia apenas 4000 reais (100 denários) e mandou que ele fosse preso. Recebeu da Graça, mas não deu Graça. Foi consolado, mas não consolou. Foi perdoado, mas recusou-se a perdoar….

E o que temos visto hoje é tão diferente assim? Quantas pessoas você odeia, quanta mágoa guarda no coração? Quanto rancor tem preenchido o seu interior por causa de uma pequena ofensa, de uma discussão ou uma briga e você se recusa a perdoar essa dívida, lançando essa pessoa na prisão dos seus sentimentos, esperando que a dívida seja paga… O interessante é que, se alguém prende uma pessoa que lhe deve algo, aí sim é que a dívida não poderá ser paga, pois estando preso, não há renda a gerar!

Ninguém pode pagar a Deus pela Graça recebida Dele, nem recompensá-lo na mesma medida. Apenas 4000 reais não podem compensar o perdão de 2 bilhões e 400 milhões de reais, mas o que agrada o Senhor é ver que, independente do tamanho da ofensa ou dívida, aprendemos com Seu exemplo superior de Amor e perdoamos mesmo que a pessoa não mereça, porque tivemos uma aula de Sua Graça.

Pois a Deus agradou perdoar e salvar o homem, pela Graça, para que vivamos em Graça e cresçamos até a perfeição de Sua Imagem e Semelhança.

Que Deus os abençoe, nos guarde e nos dê a paz " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS ORIENTA, NOS CONSOLA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

FREUD E A ABORDAGEM POLÍTICA: FREUD E SUAS IDEIAS PARA ENTENDER A POLÍTICA:

A psicanálise e os estudos de Freud sobre o comportamento humano auxiliaram e auxiliaram na compreensão da política. Assim como auxiliam em tratar pessoas na Primeira Grande Guerra. Não obstante, apesar de abordar esse tema em seus estudos, Freud e a política em sua vida pessoal, acabaram sendo distantes. Além de sua relação com a política ter sido um pouco ambígua.

Freud viveu a Primeira Grande Guerra, e esteve bem próximo do nazismo, ideologia esta que ele declarava claramente odiar. Por outro lado, ele se mantinha à distância do que estava ocorrendo. E isso, mesmo após o crescimento do movimento nazista e das violências por ele difundidas. Inclusive quando os nazistas chegaram à Áustria, cuja invasão ocorreu em 1933 e onde Freud então vivia.

Mesmo com a cidade de Viena sendo tomada pelos nazistas, Freud hesitou em deixá-la. Nessa época, ele já estava idoso e estabelecido profissionalmente, e já era amplamente conhecido pelos seus estudos. Apenas após muita pressão é que ele acabou sendo tirado de Viena. Seus livros foram queimados pelos nazistas.

Além dessa questão do nazismo, vivenciada de perto, Freud vivenciou a Primeira Grande Guerra. Ele quase vivenciou a Segunda Grande Guerra, que eclodiu em 1939, ano em que ele faleceu. Além dessas questões, a relação entre Freud e a política, mesmo que à distância em sua vida pessoal, esteve presente em sua obra.

Abordagem política em Totem e Tabu:

No livro Totem e Tabu, Freud e a política dessa obra, é tratada por meio do mito político freudiano. Vê-se a política quando ele aborda a origem da sociedade e a questão do equilíbrio social.

Estão presentes questões como o parricídio, o incesto e a exogamia (cruzamento de indivíduos não aparentados ou com grau de parentesco distante). Essas questões nos levam a reflexões sobre a obra de Freud e a política. Elas nos permitem dissertar sobre a civilização e repensar nos nossos atuais moldes sociais e políticos.

Nessa obra, Freud também lança as questões da lei moral e da culpa à antropologia de sua época. Ele coloca a ideia de que a substituição do pai é feita pelo animal totêmico e leva à reflexão sobre as religiões. Como ateu, Freud acaba criando uma crítica sobre as religiões. Além disso leva à reflexão sobre os aspectos negativos nelas presentes, e como eles repercutem nas sociedades.

A presença do homem, ou macho, como líder nas sociedades também é colocada em reflexão. Em Totem e Tabu há um pai violento e ciumento. Ele guarda as fêmeas para si e expulsa os filhos, conforme eles crescem. Assim, para reverter essa situação, os filhos homens acabam se juntando para matar o pai. Essa história, alegoria ou mito remete muito à história de Édipo e o complexo por Freud abordado em seu estudo.

Além disso, nessa alegoria, Freud e a política colocada em questão nos leva à reflexão sobre os fundamentos das organizações. Sejam organizações sociais, religiosas ou morais. Organizações que, muitas vezes, são fundadas a partir da repressão de instintos inerentes ao ser humano. Assim como também surgem a partir da violência e da agressão. Além de se pensar – ou repensar – a comum medida ou comparação de forças e a luta pelos poderes, nas sociedades.

A psicanálise e a política:

Ao trabalhar a luta por poder e a sublimação dos desejos, Freud explora os diferentes domínios e hierarquias sociais. Esses temas são muito pertinentes no pensamento na modernidade.

Outra questão sobre Freud e a política, com base na moral, é o fato de que a psicanálise trouxe contribuições significativas aos estudos biográficos de agentes políticos. Ele questionou o método cartesiano e propôs a centralidade de aspectos inconscientes em detrimento dos conscientes. A partir desse método, se pode analisar tanto agentes políticos quanto fenômenos de massa, presentes na história da psicologia política.

Os textos sociais de Freud contribuíram muito, tanto para a psicologia social quanto para a psicologia política. As teorias psicológicas e psicopatológicas da psicanálise devem ser consideradas nesse intuito. Elas auxiliam na reflexão sobre eventos sociais, que tenham ou não caráter político.

Assim, a psicanálise não deve ser vista como uma ciência pela qual se faz uma análise isolada de fatos sociais e políticos. Então, apesar de o pensamento freudiano poder ser aplicado à política, não podemos esquecer que ele oferece limitações nesse sentido. A psicanálise deve, na verdade, contribuir para outras ciências ou disciplinas e agregar nessa análise ou reflexão. Sejam elas as ciências políticas, a sociologia, a história ou a própria psicologia política.

As características sociais e psicológicas auxiliam na compreensão do comportamento social. Além do que, devemos no lembrar de que a psicanálise não se restringe à obra de Freud. Outros psicanalistas também contribuíram para compreendermos melhor a política, as sociedades e a moral.

Freud e a compreensão sobre a Política:

Portanto, apesar de Freud ter abordado, primariamente, alguns assuntos, como arte e religião. Não podemos separar Freud e a política de seus estudos, ainda que esta esteja num segundo plano em sua obra. Apesar de alguns estudiosos dizerem que a política ficou completamente esquecida na obra de Freud e do discurso psicanalítico. Pode se dizer que Freud abordou-a em sua obra, mesmo que não diretamente.

Além disso, ele acaba propondo reflexões políticas e sociais pertinentes, inclusive, para temas de grande interesse atual. Dentre eles, a disputa pelo poder e as hierarquias sociais. E também temas relacionados ao comportamento humano, como: sublimação dos instintos e desejos, exclusão, agressão e violência.

Além do que, é importante, na atualidade, que pensarmos na questão da psicanálise e em sua relação com a política. Esta indagação deve ser feita, inclusive, pois ela pode tratar de uma importante questão para o futuro da própria psicanálise.

Isto é, deve-se ir além de repensar a política e a história a partir do discurso freudiano e pós-freudiano. Também é importante refletirmos sobre a pertinência da psicanálise na contemporaneidade, a partir desses temas sempre atuais e presentes nos mais diversificados campos de estudo. 

sexta-feira, abril 7

OBEDIÊNCIA: A PROVA DO NOSSO AMOR AO SENHOR:

Não existe algo como o chamado exclusivismo dos cristãos, até mesmo porque ninguém é cristão por nascimento, pois se requer a conversão a Cristo, que muitas vezes ocorre até mesmo no final da vida de muitos neste mundo.
Tudo o que se prega no evangelho, e na Palavra de Deus como um todo, quanto à distinção entre os que servem e os que não servem a Deus, os que o amam e aqueles que não o amam, enquanto se vive aqui embaixo, não configura e nem mesmo seria possível configurar, uma distinção de caráter exclusivista com vistas a beneficiar uns poucos contra o malefício de muitos.

Assim, o caráter da pregação e do ensino evangélicos não visa intimidar, perturbar ou até mesmo recriminar aqueles que não se converteram ainda a Cristo, ou que não venham a se converter, porque o motivo de tal pregação e ensino é sempre por amor e para convidar à participação do amor divino, por meio do arrependimento e da fé em Cristo.

Os grandes alertas e até mesmo ameaças constantes da Palavra de Deus contra a incredulidade relativa à verdade revelada, tem em vista despertar para o grande perigo desta posição, uma vez que sem a recepção voluntária do amor de Deus em nossos corações, não será possível alcançar aquele estado de bem-aventurança eterna que ele tem prometido conceder a todos os que forem perdoados e justificados dos seus pecados por causa da união deles com o Seu Filho Unigênito. Para ilustrar esta verdade, estamos inserindo a seguir uma tradução e adaptação de parte de um texto de autoria de Charles Simeon, em domínio público, intitulado: Obediência, a Prova do Nosso Amor.

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14-21 ).

É suposto por muitos, que professarmos uma certeza de nossa aceitação por Deus é uma grande presunção. Mas, ao mesmo tempo, reconhecemos que como uma profissão pode ser feita muito erroneamente, e por pessoas que enganam as suas almas, nós não podemos admitir que não exista tal coisa como uma certeza bíblica da nossa salvação; ao contrário, afirmamos que a consciência de uma mudança tão grande como ocorre na conversão não pode deixar de existir em algum grau, e que nosso bendito Senhor ensinou todo o seu povo a esperar: “Naquele dia sabereis que eu estou no meu Pai , e vós em mim, e eu em vós.” Se de fato tal persuasão fosse para ser entretida sem ser submetida a qualquer teste, seria muito perigoso, mas, se tivermos uma regra infalível pela qual se possa prová-la, então nós não temos nenhuma razão para duvidar.

A verdade é que, nesta mesma passagem em que o Senhor sancionou uma garantia do nosso estado, ele estabeleceu um critério pelo qual todas as nossas profissões devem ser julgadas: nenhuma experiência nossa que não for achada em conformidade com esse padrão, nos dá o direito de esperar as recompensas e a consolação do seu Evangelho.

Não devemos imaginar que a adoção de certos sentimentos, ou a união de nós mesmos a um determinado conjunto de pessoas, ou a manifestação pública de preceitos sociais ou religiosos, com uma forte confiança sobre a segurança de nosso próprio estado; tudo isto, somente, não comprova que exista o verdadeiro amor a Cristo na alma. Há uma marca, e somente uma, pela qual podemos formar qualquer decisão de julgamento sobre os estados dos homens, e que é, “por seus frutos os conhecereis”. Os únicos que realmente amam o Senhor Jesus Cristo, são aqueles que revelam uma consideração verdadeira para com os seus mandamentos. Eles os guardam em seus corações.

Aqueles que “amam sinceramente o Senhor Jesus Cristo” desejam uma perfeita conformidade com sua mente e vontade. Com isto em vista, eles estudam seus mandamentos: não os leem de uma forma superficial, mas meditam neles, e os buscam, e imploram a Deus para abrir-lhes à sua mente ao entendimento deles, e são gratos por qualquer luz que possa ser lançada sobre eles, mesmo que estes mandamentos condenem as suas próprias condutas; eles entesouram a verdade dando-lhe boas-vindas em suas mentes, e a ocultam em seus corações, como uma regra de sua conduta, para que não mais pequem contra Ele.

Aqueles que verdadeiramente amam a Cristo sempre andarão no caminho de seus mandamentos.
Se alguém investigar a sua conduta geral, irá encontrá-los trabalhando não tanto para a carne que perece, mas para aquilo que permanece para a vida eterna. Eles buscam primeiro o reino de Deus e a sua justiça e não ajuntam tesouros na terra, mas no céu.
Assim, não serão achados aprisionados a vaidades, egoísmos, iras, porque são ordenados a preferir os outros em honra antes de si mesmos.

Eles serão achados estando contentes em quaisquer circunstâncias, e não murmurando, ou rancorosos e vingativos, porque sabem que não devem julgar os outros; ao contrário estão dispostos a perdoar seus ofensores.
Este é o critério pelo qual todo homem deve ser julgado quanto à certeza da salvação, e, embora existam imperfeições, mesmo no melhor dos cristãos autênticos, todavia isso permanece verdadeiro, quanto a revelar o caráter comum de todos os que realmente amam a Cristo; todos os demais, sejam eles quais forem, somente enganam as suas próprias almas.

“Sabeis também que ele se manifestou para tirar os pecados, e nele não existe pecado.
Todo aquele que permanece nele não vive pecando; todo aquele que vive pecando não o viu, nem o conheceu.
Filhinhos, não vos deixeis enganar por ninguém; aquele que pratica a justiça é justo, assim como ele é justo.” ( 1 João 3: 5-7)

( Tiago 1-22 ) Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.

Tiago 1-26 ) Se alguém supõe ser religioso, deixando de refrear a língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã.

( Mateus 7-21 ) Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.

( Mateus 7-23 ) Então, lhes direi explicitamente: nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS ORIENTA, NOS CONSOLA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

PSICANÁLISE E FILOSOFIA, FITOTERÁPIA E HOMEOPÁTIA:

Aqui neste artigo vamos conhecer a relação entre a Psicanálise e filosofia? Paira ainda no horizonte dos debates dialéticos, de tese versus contra- tese, a busca de uma possível síntese dentro da esfera das ciências psicológicas que versa sobre uma questão crônica e complexa a ser desvendada e que frequentemente aparece em várias vertentes de estudos. Afinal: a Psicanálise é uma psicoterapia ou uma filosofia terapêutica?

Psicanalise e filosofia terapêutica:

Muitos ramos das ciências psicológicas possuem uma compreensão de que a sua vertente ou linha psicológica é uma mera filosofia terapêutica. Analistas divergentes tem um entendimento diverso e diferente, de que a Psicanálise nasceu e tem seu ‘dna’ e hereditariedade no berço das ciências médicas. Setores das ciências médicas notadamente muitos médicos e psicólogos conservadores relutam em aceitar a Psicanálise como ato médico mas aceitam como um campo do saber em apartado que seria uma psicoterapia. 

Adotaram uma visão e percepção de que a Psicanálise é apenas uma forma de psicoterapia, mas não seria ato médico. Que o ato médico é privativo e monopólio dos médicos. A questão suscita controvérsias.

Porque ao mesmo tempo a Medicina também não aceita a Psiquiatria como um campo independente, um bacharela de graduação própria, mas, apenas como uma especialização ou uma pós graduação seja ‘stricto senso’ (mestrado ou doutorado) ou ‘latu senso’ (especialização). No Brasil para ser psiquiatra tem que passar pelo corredor da formação de Médico. Muitos países não adotam o modelo brasileiro.

Psiquiatra, Psicanálise e filosofia:

Existem países que possuem o curso específico para a graduação de bacharel em Psiquiatra. Não existe a necessidade da pessoa se formar em Medicina como pré-requisito e fazer uma pós-graduação para ser psiquiatra como no caso brasileiro. No mesmo passo, os filósofos refutam a ideia de que a filosofia seja uma forma de terapêutica, movimento que se iniciou com a criação da chamada Filosofia Pratica (década de 60 com Lou Marinoff e Marc Sautet) .

Anos depois, no Brasil surgiu a escola da Filosofia Clínica ( com Lúcio Packter, década de 1980) que levantou mais polêmicas. Porém, a Filosofia Clínica adotou uma metodologia toda própria onde não existe patologia, mas estados existenciais; não existe paciente, mas partilhante entre outros conceitos. Contudo, permaneceu o debate sobre o ato médico. Ora, se a Psicanálise é aceita de quase consenso que é uma modalidade de a psicoterapia ela passa a ser ato médico e exerce o ato médico.

Importante destacar que o ato clínico também foi alvo da tentativa de monopólio pela Medicina, porém, não logrou êxito, Muitos campos do saber passaram a desenvolver suas clínicas. Atualmente temos Sociologia Clínica, Advocacia Clínica, Engenharia de Patologia e Clínica, Filosofia Clínica, Arquitetura Clínica, Mecânica Clinica, Teologia Clínica, Contabilidade Clinica entre outros campos emergentes.

Medicina, Psicanálise e filosofia:

Porém, a Medicina em especial no Brasil vem deflagrando muitas escaramuças jurídicas no sentido de tentar se apropriar do ato médico. O ato médico na ótica da Medicina implica na capacidade de requisitar exames e proceder receituário farmacológico rumo a cura (remissão da patologia). Este é o eixo que a Medicina vem buscando conservar já com muitas derrotas.

A Medicina luta na arena social, tanto administrativa, política como judicial, no sentido de não permitir além dela outros ramos do saber realizarem exames médicos e receitas ou seja, o ato médico. Lembrando que exames são atos clínicos.

Vários setores contestam a Medicina de que os exames não são meramente médicos, mas clínicos e servem para diagnósticos e que farmacêuticos, odontólogos (dentista), veterinários, enfermeiros, psicológicos, biomédicos, psicanalistas, possam requisitar exames e proceder também receituários competindo com os médicos. A Dermatologia por exemplo, luta para se desvincular da Medicina, pois vem perdendo espaços para os dentistas que já aplicam botox no rosto e fazem até cirurgias estéticas.

Psicanalise e o ato médico:

O ato médico democratizado esta no centro das discórdias e contendas neste viés. Os médicos não querem aceitar de jeito nenhum que o ato médico seja aberto e democrático e sim, continue fechado, autocrático e monopólio exclusivo deles. O paradoxo que muitos destacam seria o fato da Psicanalise entrar na batalha ao lado dos que querem libertar o ato médico do jugo e domínio exclusivo dos médicos.

Ora, argumentam, se a Psicanalise é uma psicoterapia e não um ato médico, seria um grande contra senso como tem persistido. Médicos argumentam que a grade de formação curricular de muitos cursos não contemplam uma visão da dinâmica farmacológica.

Já ocorreram conflitos no sentido de psicanalistas receitarem remédios comprados em farmácias ou manipulados, e serem contestados como exercício ilegal de profissão e até alguns chamados de curandeiros, xamãs, aprendizes de feiticeiros, vigaristas e falcatruas.

Psicanálise e filosofia, fitoterapia e homeopatia:

Porém, muitos casos eram de receituário de drogas para sono, ou acalmar os nervos, chamados de fitoterápicos que possuem princípios ativos extraídos de chás, e são considerado psicoterápicos da mera Fitoterapia, que estuda e cataloga os chás, como por exemplo, a passiflora que é para induzir o sono. Ou ainda, receitam a linha da homeopatia.

Vários casos pretéritos onde psicólogos e psicanalistas ou outras vertentes foram indiciados e acusados acabaram nos seus processos sendo completamente absolvidos, abrindo um flanco de dano moral porque a imputação de prática de ato médico ilegal foram completamente repelidos eis que o Psicólogo e o Psicanalista podem receitar fitoterapia e homeopatia se tiverem cursos na área. E muitos tinham e apresentavam seus certificados e diplomas. Havia um equívoco.

Não eram casos de ‘alopatia’ mas sim de fitoterapia e homeopatia, que são privativos do ato médico, assim como a cromoterapia, que é uso de cores; som terapia, uso de sons de varias linhas. Acupuntura; uso da catarse de grupo também foram questionados, como sala de nudismo, teoria do grito e banhos com ervas. O próprio CFM Conselho Federal de Medicina do Brasil aceitou algumas práticas, como válidas.

Acupuntura:

A acupuntura foi uma delas que teve resolução aprovando como prática possível de ato médico. O uso de banho com argila também foram questionados. Ora, não existe óbice algum aos psicólogos e aos psicanalistas seja de que vertente ou linha forem, se querendo e havendo necessidade, receitarem fitoterapia ou homeopatia desde que tenham cursos capacitando pra tal.

O que não podem receitar é alopatia que é psicofármaco industrial do ato médico por hora Porque existe um entendimento de estender o ato médico aos que praticam ato médico. Quem labora em psicoterapia pratica ato médico. O cacique de uma tribo pratica ato médico no nível cultural deles e médico com CRM e vinculado ao CFM não pode entender que o cacique seja um vigarista charlatão e criminoso.

Neste caso entra a já chamada Antropologia cultural clínica. É algo cultural e local. Havendo necessidade de receitar homeopatia e/ou fitoterapia ou ainda, algumas formas de terapia como cromoterapia e som terapia pode ser feito pelo psicólogo e pelo psicanalista, não existem óbices desde que realmente capacitados.

A psicoterapia:

Algumas formas de terapia são vedadas como receita o eletrochoque, lobotomia (ou leucotomia) ou disparos de laser no cérebro ou ainda experiências com chás especiais como de cipó que geram alucionações e delírios de aparições de santos e divindade como o famoso caso do cipó ‘Ayahuasca’ conhecido como ‘santo-daime’ em que pese este caso específico do daime esteja na controvérsia. 

Outras controvérsias são as cirurgias por espaço em que médicos tentaram obstruir e consideram parapsicologia como retirar catarata. Então, o fato é que a Psicanálise não é uma forma de filosofa terapêutica. A Psicanálise é uma psicoterapia que tem seu método e se reveste de ato médico e ato clínico. Ato médico porque em ultima análise também visa a remissão ou cura.

Outro ponto a ser questionado são os curso EaD e-learning síncrono ou assíncrono que a Medicina não aceita que o curso de bacharel em ciências médicas seja feito na modalidade a distância com práticas em pontos homologados e certificados pelo MEC e CFM, algo incompreensível. Estimular os psicólogo a seguir a mesma visão e não aceitar o EaD.

Indústria farmacêutica, Psicanálise e filosofia:

Os farmacêuticos não aceitaram proibir EaD bem como biomédicos e enfermeiros desde que haja pontos práticos autorizados e fiscalizados pelo MEC de aplicação da teoria ou seja, a ‘práxis’. A libertação de todos os cursos para a modalidade EaD seria um ganho espetacular para o país que possui grandes distâncias evitando migração de jovens e gerando as vocações locais.

E aulas por telemetria se revelaram mais eficazes, mais baratas. Bastam os convênios com os pontos presenciais inspecionados, homologados, autorizados e certificados para práticas o que não querem aceitar em nome do monopólio do ato médico. Permanece ainda um estereótipo e um ranço tosco contra o avanço tecnológico. A consulta por teleconferência é uma realidade em vários países.

O conselho de psicologia lutou para proibir junto ao MEC do curso on line de Medicina, e a OAB que visava também proibir o Direito, aderiram a este grande retrocesso conservador mantendo as chamadas bolhas fechadas, ou nichos, com antiga visão de capitanias ou feudos do coronelismo ou formação de redutos ou castelinhos de interesses com a hierarquização do saber. 

Considerações finais:

Por fim, resta a questão da Psicanálise ser bacharelado e licenciatura, curso universitário. Muitos analistas convergentes apoiam a independência total da Psicanalise e também da Psiquiatria e a estruturação de seus cursos próprios. Que para ser psiquiatra não precise mais fazer o caminho e o funil da Medicina.

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quinta-feira, abril 6

VOLTA: " É ASSIM POR SETE VEZES " TEXTO ( 1 REIS 18-43 )

O sucesso é certo quando o Senhor o tem prometido. Embora você possa ter suplicado mês após mês sem evidências de resposta, não é possível que o Senhor seja surdo quando seu povo é sincero numa questão que diz respeito à Sua glória.
O profeta no cume do Carmelo continuou a lutar com Deus, e nunca por um momento deu lugar ao medo de que ele fosse rejeitado nos átrios de Jeová.
Seis vezes o servo voltou, mas em cada ocasião, nenhuma palavra foi dita, apenas “Vá novamente.”
Nós não devemos sonhar com incredulidade, mas manter a nossa fé até mesmo setenta vezes sete. A fé manda a esperança voltar e olhar, expectante, do cume do Carmelo, e se nada for visto, ela a envia outra vez. Assim, longe de ser esmagada pelo desapontamento repetido, a fé é animada para pleitear com mais fervor com seu Deus. Ela é mantida humilde, mas não é envergonhada: seus gemidos são mais profundos, e seus suspiros mais veementes, mas ela nunca relaxa nem retira sua mão.
Seria mais agradável à carne e ao sangue ter uma resposta rápida, mas as almas cristãos aprenderam a ser submissas, e acham bom esperar pelo Senhor e no Senhor. Respostas adiadas, muitas vezes põem o coração a sondar a si mesmo, e assim levam à contrição e à reforma espiritual: golpes mortais são assim desferidos na corrupção de nossa natureza decaída no pecado, e as câmaras de imagens mentais são purificadas. O grande perigo é que os homens desfaleçam e percam a bênção.
 não caiam nesse pecado, mas continue em oração e vigie.
Por fim, a pequena nuvem foi vista, a indicação certa de torrentes de chuva, e assim também com você – certamente será dado o sinal para o bem, e você subirá como um príncipe que prevalece para desfrutar a misericórdia que você buscou.
Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós: o seu poder com Deus não estava em seus próprios méritos. Se a sua oração da fé pôde tanto, por que não a sua? Suplique sob a cobertura do sangue precioso com insistência incessante, e lhe será feito de acordo com seu desejo! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS ORIENTA, NOS CONSOLA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

PSICANÁLISE E RELIGIÃO: UMA ANÁLISE E UMA HISTÓRIA:

Neste artig, desenvolveremos o conceito de Psicanálise e Religião. Trata-se de uma abordagem relevante, pois desde o princípio a influencia da religião foi de fundamental importância para entendermos como o sujeito formulou suas plataformas culturais, que de certa forma, ajudou na formação do desenvolvimento psíquico do sujeito de acordo com o contexto existencial em que o indivíduo foi formado, contribuindo no processo da análise, dando ao analista a capacidade de interpretar dores, traumas que surgem a partir da busca do sujeito por um alívio em torno da religião.

Entendendo a Psicanálise e a Religião:

Sigmund Freud, criador da Psicanálise, demonstrou grande e significativa preocupação com a influência da Religião na forma de como a Psicanálise deveria tratar o indivíduo, razão pela qual, algumas manifestações radicais do ponto de vista de como esta força religiosa influenciariam na pratica da Psicanálise, Sigmund Freud demonstra claramente seu interesse em blindar a Psicanálise de qualquer outra ciência (inclusive da medicina), que pudesse engessar a forma com o qual a Psicanálise trataria livremente, as lesões de ordens psíquicas desenvolvidas pelo sujeito.

Com a tese aqui abordada, buscaremos com este artigo  desmistificar, com responsabilidade e conteúdo histórico, que grande parte das declarações de Freud em torno da Religião, caminhou na via da concepção pessoal, sempre tendo como pano de fundo, os relatos advindos de sua convivência existencial judaica, contudo, em nenhum momento, tanto em sua fala informal, como nos métodos fundamentais em Psicanálise, o conteúdo psicanalítico desconstruiu a Religião colocando-a como um mal, ou uma intervenção antagônica que pudesse levar ao sujeito para um nível de intratabilidade no que concerne aos mecanismos contidos no tratamento Psicanalítico.

No primeiro capítulo desta abordagem, traremos o perfil do médico fundador da Psicanálise Sigmund Freud, tendo como objetivo, delinear sua legalidade para expor suas preocupações e percepções em torno de uma visão negativa, ou seja, mostraremos que, ao se posicionar em relação à Religião, Freud não tem como objetivo usar a psicanálise em detrimento da Religião exatamente, mas não deixar acessos para que a Psicanálise fosse vista como “ciência religiosa”, ou “ciência judaica”.

Psicanálise e Religião no segundo capítulo:

Em nosso segundo capítulo, mostraremos o que e psicanálise e vamos refletir sobre como a Psicanálise chegou ao contexto religioso e como importantes autores, como o Pastor protestante Oskar Pfister, soube identificar e distinguir o capricho e a preocupação de Freud em torno do cuidado em deixar a Psicanálise livre de forças científicas periféricas, sem a necessidade de ver a Religião como uma opção desnecessária e antagônica.

Concluindo, procuramos em síntese pontuar em nosso capítulo terceiro as considerações de Pfister em torno da crítica de Freud à Religião.

O pastor protestante procura trazer a baila a importância da Psicanálise e da Religião em torno do objetivo comum em aliviar o sofrimento da alma doente, mesmo que por caminhos e meios distintos. Freud e Oscar pfister são defensores de vias distintas, porém com objetivos iguais: a cura do sofrimento da alma.

Freud no contexto da Religião:

Sigmund Freud foi um médico judeu neurologista talentoso, crítico, e de certa forma, com perfil libertário. Ele nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de 1856. É tido como o “pai da Psicanálise”. Na verdade, o primeiro nome de Freud era: Sigismund Schlomo Freud, obtendo a mudança de seu nome em 1878. Freud era filho de Jakob Freud e Amalia Nathansohn e era o primogênito de oito filhos do casal. A história do povo judeu mostra a devoção judaica em torno da religião monoteísta mais antiga do mundo que pode ainda incluir o cristianismo e outras ramificações.

Era extremamente incomum a existência de um judeu que não estivesse ligado de corpo e alma a religião judaica e suas tradições. Tratava-se de um povo extremamente devoto e fiel aos princípios do judaísmo já na infância. Por ser judeu, Freud foi perseguido pelo nazismo em 1933 diante da grande fúria anti-semita e boa parte de seus livros foram queimados na Alemanha. Não obstante a sua origem judaica, Freud declarou-se “ateu convicto”, e relutou com todas as forças ser visto com as lentes do judaísmo em torno de suas teses. Suas obras elaboradas e suas formulações sobre a psicanálise e outras abordagens jamais carregaram sentimentos genealógicos, ou quaisquer conotações que pudessem trazer a baila um sentimento voltado ao povo judeu como sempre foi até os dias de hoje, bastante comum em biografias de ícones judaicos.

Diante de todo este desejo de não deixar exposto qualquer vínculo religioso-judaico sobre sua trajetória como médico, bem como mais tarde sobre suas teorias em relação a Psicanálise, é possível perceber que há uma preocupação primária, que só poderá ser entendida a partir de alguns personagens que começam a surgir no cenário de uma Psicanálise com as bases já organizadas. Carl Gustav Jung – Em 1900, Freud traz ao público uma Obra concluída em 1899 (A Interpretação dos Sonhos), este conteúdo é visto pelo médico como a sua principal obra em torno de suas teorias. É através desta Obra que um médico Psiquiátrico jovem, habilidoso, suíço, Carl Gustav Jung, obtém uma extraordinária experiência no estudo sobre os sonhos, que daria mais tarde os pilares de sua teoria sobre Psicologia analítica.

Jung e Freud:

Jung não se contenta em apenas acompanhar de longe os comentários de Freud sobre os sonhos e em 1907, se integra ao lado de Freud e se estabelece como seu principal discípulo. Embora Jung tivesse trazido significativas contribuições para Freud no amadurecimento de suas teorias, como por exemplo, um melhoramento da visão de Freud sobre a psicose no tratamento com psicanálise, uma vez que a psiquiatria já se avançava bastante no tratamento de psicóticos e já dominava com solidez o campo da esquizofrenia tendo no bojo do tratamento destas doenças significativos conhecimentos, o desejo primordial de Freud em relação a Jung estava exatamente fora destas contribuições de desenvolvimento em torno da teoria psicanálitica, Freud via em Jung uma grande oportunidade de extirpar de uma vez a possibilidade da psicanálise se transformar numa ciência-judaica.

Em princípio, Freud se vê confortável com o desempenho e o ajuste de Jung em torno da psicanálise e a possibilidade desta continuidade aos conteúdos apresentados por Freud ao seu discípulo admirável. Nosso compromisso nesta abordagem, não seria expor aqui como se deu a não continuidade desta parceria entre Freud e Jung, pois isto desviaria nossa finalidade em relatar a preocupação de Freud quanto o envolvimento da Religião na teoria Psicanalítica, contudo, é importante registrar que o rompimento de Jung com Freud se deu por volta de 1914, depois de 7 anos de trabalhos juntos. Jung acreditava que a visão dualista de Freud em torno do que é libido, bem como o inconsciente concentrado apenas no sujeito precisava ser amadurecida.

O psiquiatra autor da psicologia analítica tornou mais abrangente à questão do inconsciente, trazendo uma linha que ele chamou de “Inconsciente coletivo”, bem como desenvolveu a teoria dos arquétipos e simplificou a libido como apenas “uma só coisa”, diferente de Freud que a dividiu entre a sexualidade e o interesse. É importante aqui salientar que foi através de Jung que Freud conheceu o Pastor protestante, também suíço, Oskar Pfister.

Freud e Oskar Pfister:

Um debate construtivo entre Psicanálise e Religião, Oskar Pfister era um pastor protestante (luterano) suíço, contemporâneo de Carl Gustav Jung, que o apresentou a Freud. Sua história, seus artigos, sua interação com Freud mostra um religioso apaixonado pela psicanálise e que não foi vencido pela forma característica e incisiva com a qual Freud o refutava.

Ao contrário disso, Pfister, se mostra seguro e convicto na sua interlocução, com estilo ético e com argumentação elegante fundamentada sempre na motivação prioritária da psicanálise e da Religião, ou seja, suas respostas sempre caminhavam em torno, não da supremacia da Religião em detrimento da psicanálise, mas no objetivo das duas vias terem como finalidade lutar para livrar o sujeito do sofrimento, provenientes das lesões provocadas pelas crises traumáticas do cotidiano existencial do sujeito.

Pfister chegou a escrever mais de 200 artigos sobre diversos temas. Em sua Obra: “O Cristianismo e a Angustia” de 1944, já no prefácio, ele transcorre de forma envolvente a maneira com a qual conheceu os degraus da psicanálise e exclama: “Tão logo procurei aplicar os novos conhecimentos na cura de almas, provei a alegria do descobridor e do auxiliador, sempre de novo experimentada. Principalmente o estudo das neuroses fóbicas e compulsivas, como também suas seqüelas na vida religiosa e moral, abriu meus olhos para as principais conexões e suas leis…”

Embora Pfister demonstrasse uma busca apaixonante pelo entendimento profundo da psicanálise na interação com Freud, era patente o vínculo de afetividade que havia entre ambos, é o que descreve Carlos Dominguez Morano em sua Obra intitulada: “Psicanálise e Religião – um diálogo Interminável”: “… era agradável o impacto que este causava em seus filhos. São numerosas as referências a este respeito em sua correspondência” (p. 35). O entendimento de Pfister em trazer a religião para uma interatividade em consonância com a psicanálise se deu em observância ao mal que os dogmas trouxeram para os conceitos de religiosidade contidos no cristianismo.

Psicanálise e Religião da angústia:

Segundo suas próprias afirmações, a religião saiu da via do amor para uma “religião de angustia” em função dos dogmas, ou seja, entende-se que, em sua avaliação, Deus saiu da condição de um Pai amoroso, fazendo do cristianismo uma estrada coercitiva, apresentando-se como um Pai dogmático. Impregnado pela magia da teoria psicanalítica, Pfister se ajusta a sua convicção, transformando-se num potencial psicanalista, sem se afastar de sua fé e sua vocação sacerdotal. Embates entre ateus e religiosos sempre foram agressivos, aliás, é uma característica comum entre ambos. Freud, ateu convicto, e Pfister, protestante do mesmo naipe, deram uma nova roupagem para este embate.

No livro Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939) – Um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã, deparamo-nos com duas figuras antagônicas atípicas, pois, de certa forma, ambos se entrelaçam diante da busca em torno do sofrimento humano, mostrando com isto que, Psicanálise e Religião, embora sejam caminhos distintos e livres em suas construções e bases, estão correlacionadas no seu objetivo áureo, ou seja, ajudar ao indivíduo no alívio de dores existenciais.

Diante deste exposto, surge uma reflexão importante que responde, talvez, a razão pela qual esta relação entre Freud e Pfister não transcorre num rompimento de amizade a exemplo do que aconteceu entre Freud e Jung, pois a psicanálise, objeto de defesa de Freud e Religião sendo representada por Pfister, não obstruíram o contato permanente entre ambos, ao passo que, na relação Freud e Jung, não há nenhum viés religioso envolvido, contudo, o rompimento da amizade entre estes dois ícones foram expressivos.

Declarações de Jung em resposta ao campo religioso não dão apoio concreto do ponto de vista positivo em torno da religião, bem como também, não há nada tão radical que coloque em xeque a força da Religião e a sua eficácia em torno do sujeito. Ao contrário da relação entre Freud e Jung, a Religião, ou o perfil sacerdotal de Pfister, parece ter sido a razão pela qual não houve cisão entre Freud e Pfister, uma vez que, não é comum o entrosamento ajustado entre ateus e religiosos como se deu entre o médico e o pastor. A relação entre Freud e Pfister no que concerne a Psicanálise e a Religião não corresponde coerentemente com as reações de Freud na temática religiosa em outros momentos.

A obra de Freud

Na Obra “O futuro de uma ilusão"  Freud responde a um colega de medicina sobre uma entrevista concedida no outono de 1927, onde um jornalista teuto-americano, depois de uma visita, publicou a resposta de Freud sobre sua “falta de fé religiosa”, bem como sua indiferença em relação à vida depois da morte. Segundo Freud declara na página 179 no título: “Uma experiência Religiosa”, as declarações de Freud foram amplamente lida pelo público, trazendo entre outras, uma carta descrevendo um testemunho de um médico americano que teve sua fé esmorecida quando observou uma senhora sendo levada para uma sala de dissecção, fazendo-o questionar a existência de Deus diante de uma cena tão comovente, provocando com isso, o seu afastamento da igreja. Na continuidade da experiência, o médico conta que ouviu uma voz que falou a sua alma, pedindo-lhe que considerasse o passo que ele estava planejando dar em torno de sua fé.

Depois de replicar sobre a voz ouvida na sua alma, o médico relata: “No decorrer das semanas seguintes, Deus tornou claro à minha alma que a Bíblia era a sua Palavra, que os ensinamentos a respeito de Jesus Cristo eram verdadeiros e que Jesus Cristo era a nossa única Salvação. Após uma revelação tão clara, aceitei a Bíblia como sendo a Palavra de Deus, e Jesus Cristo como meu salvador pessoal. Desde então, Deus se revelou para mim, por meio de muitas provas infalíveis” (p. 179). Depois de ter implorado a Freud para refletir sobre sua posição em função da crença de que Deus existe e de que este se revelaria a ele em sua alma, Freud relata a forma com a qual respondeu ao seu colega de profissão: “Enviei-lhe uma resposta polida, dizendo que ficava feliz em saber que essa experiência o havia capacitado a manter sua fé.

Quanto a mim, Deus não fizera o mesmo comigo. Nunca me permitiria escutar uma voz interior e se, em vista da minha idade, não se apressasse, não seria culpa minha se eu permanecesse até o fim da minha vida o que agora sou – um judeu infiel” (p. 180). O relato desta experiência contada por Freud como “Uma experiência Religiosa” é relatada por Freud em Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939), onde ele diz: “Não sei se o senhor adivinhou a ligação secreta entre “A Questão da Análise Leiga” (1926), e o “O Futuro de uma Ilusão” (1927)… Freud continua dizendo: “Na primeira, quero proteger a psicanálise dos médicos; na segunda, dos sacerdotes.

A crítica de Oskar Pfister à concepção de Freud sobre Religião:

Quero entregá-la a uma categoria de curas de alma seculares, que não necessitam ser médicos e não podem ser sacerdotes.” Esta afirmação de Freud à Pfister parece demonstrar uma expressão radical com objetivo de não permitir que haja uma “apropriação indébita” em torno não só da Religião, como também da medicina em relação a teoria psicanalítica, preocupação já mencionada no primeiro capítulo desta tese como quando Freud deseja ter Jung como uma possibilidade de blindar a psicanálise da religião judaica.

A maneira com a qual Freud viu a religião valendo-se da forma psicanalítica de abordagem acabou mostrando um caminho jamais explorado antes. Para o médico, a religião estava apoiada numa diretriz de relação ambivalente entre o pai e o filho, questão relacionada à sua tese sobre o complexo de Edipo, Freud entendia que, como a religião estava focada em uma “ilusão”, este foi o caminho pelo qual o sujeito buscou lidar com a realidade. O que Freud quer dizer na verdade, é que a Religião tem como base estrutural diligente a dinâmica da pulsão e que isso se resolveria através de um estímulo sistemático em torno da racionalidade e que bastava o indivíduo caminhar nas vias da razão.

Para Freud, bastava “educar” a sociedade em torno da realidade, foi o que ele propôs em sua obra: “O futuro de uma ilusão” de (1927). Embora em sua obra “O futuro de uma ilusão” Freud procura trazer à baila sua forma característica contundente de defesas técnicas e filosóficas, ficou claro as lacunas expostas diante das tendências em escrever os processos biológicos com as mesmas explicações que permeiam as leis físicas da química que permite interpretar a matéria inanimada, ou seja, foi uma forma freudiana de decompor os conceitos complexos da discussão por vias simplificadas.

Complexo de Édipo, Psicanálise e Religião:

Oskar Pfister vai estruturar sua crítica à Freud contrapondo sua afirmação sem desconstruir a beleza estética do discurso de Freud, pelo contrário, ele (Pfister), caminha na estrada em que Freud está, porém, adiciona razões significativas fazendo paralelos com o que foi exposto sem a necessidade de desconstruir radicalmente as afirmações do pai da psicanálise. Para Pfister, uma coisa era apresentar a conotação dúbia ambivalente na Religião a partir da relação pai e filho, mostrar a relação entre o Complexo de Édipo e a criação de uma Religião e outra coisa é dizer que a Religião possa ser resumida a apenas essas facetas especificamente. As discussões entre a psicanálise e os conceitos da fé cristã entre Freud e Oskar Pfister se dá entre os anos de 1909 e 1939.

As cartas trocadas entre os autores destacam um desempenho de cordialidade amistosa, porém que em dado momento a temperatura aquece e decorre numa conotação sarcástica entre ambos, contudo, é patente o respeito. Durante as trocas de correspondências o pastor Pfister procura mostrar ao médico Freud uma via da religião da qual o pai da psicanálise não atentou, isto é, a parte positiva da Religião que levava o sujeito para o mesmo lugar na qual os objetivos da psicanálise estavam correlacionados. O assunto sobre fé cristã foi evidente desde as primeiras correspondências entre o médico e o pastor. Em 18 de Janeiro de 1909, Freud escreve ressaltando sobre suas pesquisas psiquiátricas terem encontrado guarida em uma “cura de almas espiritual”. Apesar destas afirmações aparentemente amigas, na prática, Freud insiste na preocupação em deixar a psicanálise exposta.

A resposta crítica de Pfister Os debates entre Freud e Pfister sempre foram conduzidos de forma bem branda e amistosa, até que Freud publica: “O futuro de uma ilusão” em 1927. A amizade entre Freud e Pfister era tão expressiva que mesmo antes da publicação desta obra Freud envia uma carta a Pfister afirmando que a obra seria lançada em breve, e que o motivo do adiamento até o presente momento se daria em consideração ao próprio Pfister (carta de 16/10/1927). O que Freud relata é o seguinte: “Nas próximas semanas sairá uma brochura da minha autoria, que tem muito a ver com o senhor.

Eu já a teria escrito há tempo, mas adiei-a em consideração ao senhor, até que a pressão ficou forte demais. Ela trata – fácil de adivinhar – da minha posição totalmente contrária à Religião – em todas as formas e diluições, e mesmo que isto não seja novidade para o senhor, eu temia e ainda temo que uma declaração pública lhe seja constrangedora.

Música, Filosofia e Religião:

O senhor me fará saber, então, que medida de compreensão e tolerância ainda consegue ter para com este herege incurável.” A resposta do pastor protestante Oskar Pfister demorou apenas 5 dias para ser enviada, e diga-se de passagem, com uma dissertação bastante cordial. Segue: “No tocante à sua brochura contra a Religião, sua rejeição à Religião não me traz nada de novo. Eu a aguardo com alegre interesse. Um adversário de grande capacidade intelectual é mais útil à Religião que mil adeptos inúteis. Enfim, na Música, Filosofia e Religião eu sigo por caminhos diferentes dos do senhor. Não poderia imaginar que uma declaração pública sua me pudesse melindrar; sempre achei que cada um deve dizer sua opinião honesta de modo claro e audível.

O senhor sempre foi paciente comigo, e eu não o seria com o seu ateísmo? Certamente o senhor também não vai levar a mal se eu oportunamente expressar com franqueza minha posição divergente. Por enquanto fico na posição de alegre aprendiz” (FREUD, 2009, carta de 21/10/1927). Ao receber a resposta de Pfister, Freud parece ter ficado aliviado, contudo, a elegância com a qual o pastor responde parece motivar a exposição da “obra de guerra”.

Freud ainda recebe com entusiasmo o desejo de Pfister em publicar uma resposta critica. Em 22 de Outubro de 1927, Freud responde: .“Da sua magnanimidade eu não esperava outra resposta à minha ‘declaração de guerra’. Alegro-me diretamente pelo seu posicionamento público contra minha brochura; será um refrigério em meio ao coro desafinado de críticas, para o qual estou preparado. Nós sabemos que, por caminhos diferentes, lutamos pelas mesmas coisas para os pobres homenzinhos.”

Freud então cumpre com o enunciado e publica seu livro: “O futuro de uma ilusão” em 1927. Após a publicação da obra de Freud, Pfister responde de uma forma a deixar exposta sua atenção minuciosa em torno daquilo que Freud expôs na obra em tese. A resposta de Pfister não está fundamentada exatamente em defender a Religião, mas em trazer ao debate com Freud, o paralelo de finalidade e objetivos comuns entre a Psicanálise e a Religião.

No percurso da exposição de Pfister, o pastor não omite os caminhos tortuosos da Religião em torno dos dogmas que incentivam " neuroses psiquicas" bem como também, não deixa de expor os caminhos extremos contidos no entendimento de Freud quando este coloca a Religião como uma ilusão fruto da busca do sujeito neurótico. Em sua resposta, Pfister deixa clara a sua visão de como ele entende a relação Psicanálise e Religião. O religioso é ousado em afirmar que a Psicanálise de certa forma, serve para “purificar” a fé imatura, sendo ainda, um instrumento que contribui no amadurecimento de uma Religião concisa e sólida.

Sofrimentos humanos, Psicanálise e Religião:

Ousadamente, Pfister descreve que Freud combate a Religião valendo-se da própria religião, pois sua busca e seu objetivo é chegar à verdade e que de certa forma, tenta entender o amor. Segundo Pfister: “Quem trabalha para aliviar os sofrimentos humanos trabalha em favor do reino de Deus” (2003, p. 18): “Afinal, quem lutou de modo tão gigantesco pela verdade e brigou tão heroicamente pela redenção do amor, este é, quer queria sê-lo ou não, segundo os parâmetros do evangelho, um fiel servo de Deus. E não está longe do reino de Deus quem, pela criação da Psicanálise, elaborou o instrumento pelo qual são serradas as cadeias das almas sofredoras e são abertas as portas do cárcere” É patente que a principal arma de Pfister é insistir em mostrar que Psicanálise e a Religião obedecem aos mesmos objetivos, mas que, diferem nos meios.

O protestante não hesita em caminhar na direção de que, tanto a Psicanálise, quanto a Religião, busca aliviar sofrimentos em torno do sujeito. O desejo de Pfister em eliminar a rixa existente entre ambos os domínios parece querer dizer que os dois caminhos estão significativamente relacionados. Em Pfister (2003, p. 19): “Volto-me com toda a determinação contra sua apreciação da Religião […]. Contudo, faço-o também na esperança de que alguns, que ficaram refratários à Psicanálise com a rejeição da fé religiosa pelo senhor, voltem a contrair amizade com essa ciência, como método e síntese de reconhecimentos empíricos”.

Estrategicamente, Pfister busca trazer o conceito de “ilusão” para o debate e usa o termo para fundamentar sua tese e seu pensamento, tudo isso, sem colocar em xeque a tônica que Freud idealizou para transcorrer sua elucidação em torno da Religião. Inicialmente, o que Pfister vai dizer sobre “ilusão”, tem conotação positiva em torno daquilo que ele pretende afirmar.

Na verdade, o que Pfister quer ressaltar é que há possibilidade de coexistência da ilusão em torno da realidade, se este caminho for adaptado. Segundo Pfister (2003, p. 20), “na ilusão pode estar investido muito raciocínio realista existente”. Dessa forma, a relação entre ilusão e realidade se afasta daquela proposta por Freud (1927) em “O futuro de uma ilusão”. Freud defendia que a Religião seria uma “neurose obssesiva os obsessão neurótica,"  Pfister, não nega tal conceito, contudo, ele define esta neurose a partir de uma “religião” que não foi concebida a partir de sua essência. O que Pfister diz é: “as obsessões são inconfundíveis em várias religiões primitivas, que ainda não conhecem nenhuma constituição eclesiástica, e também em todas as ortodoxias” (2003, p. 21.

A figura do Deus Pai:

Na concepção de Pfister, a Religião era evolutiva e que na medida em que o amadurecimento vai chegando, a culpa existencial recebido pelo sujeito na ortodoxia dogmática vai sendo vencida e superada: “creio que, pelo contrário, as mais sublimes elaborações religiosas justamente suspendem a obsessão” (2003, p. 23). Pfister não se restringe apenas em trazer ao representativo da religião a figura do Deus Pai, mas também traz ao debate a figura de Jesus Cristo como fator primordial em torno da neurose propriamente dita.

Segundo sua exposição, Jesus não só supera a neurose coletiva de seu adeptos, como também trás um caminho mais maduro, possibilitando a cura de lesões traumáticas. A trajetória de Jesus enquanto homem designou-se em retirar a reflexão do sujeito pela via da culpa, levando-o para o caminho do amor: “Jesus contrapõe seu ‘mandamento’ do amor ao monismo neurótico obsessivo-compulsivo, que impõe um pesado jugo através das crenças ao pé da letra e do meticuloso cerimonialismo” (2003, p. 23).

Falando sobre a neurose coletiva intensificada pela figura de Jesus Cristo, Pfister diz o seguinte: “Jesus venceu a neurose coletiva de seu povo introduzindo no centro da vida o amor que, na verdade, é moralmente purificado. Na sua concepção de pai, totalmente purificada das toxinas da ligação edípica, constatamos que foram totalmente vencidos a heteronomia e todo o constrangimento das amarras. O que se exige das pessoas não é outra coisa senão aquilo que corresponde à sua essência e sua vocação verdadeira, o que favorece o bem comum e – para também dar lugar ao ponto de vista biológico – uma saúde máxima do indivíduo e da coletividade” (2003, p. 23-24), Entende-se nesta colocação de Pfister, que o amor no Evangelho por meio de Jesus Cristo, a Lei mosaica está superada e cumprida, pois, ao contrário da Lei que apenas mostrava o erro e a forma com o qual o sujeito deveria ser punido, agora, pela Lei do amor, em Jesus Cristo, Deus não deve ser aplacado com cerimoniais de sacrifícios, mas visto pelo próximo através do amor, ou seja, para Pfister, a religião dentro de um processo de desenvolvimento e amadurecimento provoca a humanização combatendo o primitivismo obsessivo.

Pfister ainda não perde a oportunidade de lamentar o fato de Freud ter negligenciado as partes mais sublimes da religião. Na concepção de Oskar Pfister, as compulsões individuais concebidas pelo sujeito estão na “pré-religião” e que o cristianismo “israelita-cristão” seria um vislumbrar de um amadurecimento libertário com objetivos de anular a compulsão, sendo esta a fonte de humanização proposta pelo discurso do pastor psicanalista. Pfister não hesita em discorrer sobre a questão da religião imaginária em torno do desejo. Sua palavra é cristalina e e concorda com Freud no ponto de que a Religião é permeada pelo desejo.

Segundo Pfister (2003, p. 27), “eu já sabia havia tempo que as representações de Deus e do além muitas vezes são pintadas com as cores da paleta do desejo” Quando Pfister faz a sua defesa dentro deste desempenho de avaliação sistemática, seu objetivo não é desmerecer o entendimento do pai da psicanálise, mas trazer a baila o descuido de Freud em restringir na religião esta brecha, pois não seria algo caro apenas à Religião, e sim estaria presente também na própria ciência, assim como o desejo também permearia o próprio ateísmo.

Conclusão sobre Psicanálise e Religião:

O desejo, portanto, circula em todo tipo de criação humana  e tenderia a uma evolução que parte de desejos egoístas para aqueles que visam se afastar do seu caráter egocêntrico à medida que o ser humano evolui. É percebível que Pfister não deseja priorizar o discurso religioso em detrimento da concepção de Freud com a psicanálise, pelo contrário, o pastor protestante busca fomentar a importância da psicanálise em harmonia com os princípios maduros da fé cristã. Outro ponto a considerar neste debate entre Freud e Pfister, é o cuidado que o sacerdote possui com a alma de seu interlocutor no que concerne a sua aceitação dentro do contexto do público religioso.

Pfister a todo tempo, tenta apresentar Freud como uma ferramenta de Deus em torno da cura de almas, mesmo que fora dos pilares de princípios da religião. Freud, por sua vez, nunca reivindicou para si nenhum tipo de aceitação religiosa e, como foi dito no decorrer desse artigo, sua crítica à religião é bastante incisiva e mesmo que em vários sentidos ela possa ser entendida como reducionista, abre um excelente caminho para o diálogo.

É bem fácil perceber um desvio do diálogo entre Freud e Oskar Pfister para um terreno não propriamente voltado para a psicanálise. Ambos os autores se limitam a trafegar no conceito de ilusão deixando de lado temas mais caros à doutrina psicanalítica tais como os conceitos de culpabilidade e ambivalência. Quase nenhum espaço é dado a livros como Totem e Tabu (FREUD, 1913) e Moisés e o monoteísmo (FREUD, 1939). O objetivo conciliatório de Pfister em torno da questão do amor que tem em Jesus o grande paradigma acaba por deixar a versão do conceito psicanalítico em relação ao amor centrado na análise mais importantes desse sentimento, mais ligado à agressividade, ao ódio e à pulsão de morte. 

Ao trazermos o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung para as primeiras linhas deste trabalho relaciona-se ao fato de Freud ter vislumbrado a possibilidade de a psicanálise ter sido vista como uma ciência-judaica por seus conterrâneos, apenas pelo fato de Freud ter sido judeu. A ruptura entre Jung e Freud, de certa forma, radicalizou o discurso do médico em torno da religião, pois, de certa forma, Freud acaba por continuar sendo protagonista em torno da psicanálise, obrigando-o a ter na religião, ao que parece a possibilidade de num futuro não distante, a religião se apropriar, assim como a medicina, das bases da psicanálise.

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?