segunda-feira, maio 30

O NARCISISMO NA PSICANÁLISE?

Você já ouviu falar sobre o narcisismo? Se você for procurar pela palavra no dicionário, verá que a definição é que o narcisismo é o amor excessivo de uma pessoa por ela mesma. Provavelmente você já conheceu algumas pessoas com essa característica. O que muitos não sabem é que esse é um conceito da psicanálise muito discutido por vários estudiosos.

Significado do narcisismo

Primeiramente, vale lembrar que a palavra “narcisismo” faz referência a um mito. De acordo com o poeta romano Ovídio (obra “Metamorfoses”), Narciso era um rapaz muito belo. Certo dia, seus pais procuraram o oráculo Tirésias para descobrirem o futuro de seu filho. Souberam que ele teria uma vida longa caso não visse o seu próprio rosto.

Narciso, no mito grego, apaixona-se por si mesmo. Apaixona-se pelo reflexo de sua imagem nas águas de um rio. Narciso vai se curvando na direção da água. Por conta deste mito, deu-se o nome de narcisista ( ou narciso ) À uma flor que costuma nascer as margens de rios ou lagos e que tomba em direção à água. 

Não é um processo ingênuo, porque ele cobra um preço alto: Narciso morre afogado, como consequência do amor desmedido por si mesmo.

Esta morte pode ser vista também como uma morte metafórica, para definir o conceito de narcisismo: quando nos fixamos apenas em nossa verdade, “morremos para o mundo” e para novas descobertas.

Uma das características do jovem Narciso era a sua arrogância. Além disso, ele despertava o amor de muitas pessoas, inclusive de ninfas como Eco. Ela, no entanto, foi desprezada pelo rapaz e recorreu ao auxílio da deusa Némeses para se vingar.

A divindade, em resposta, fez com que o jovem se apaixonasse pela sua própria imagem refletida em um rio. O resultado desse encantamento, foi a autodestruição de Narciso. A deusa então o transformou numa flor que leva o seu nome.

A incapacidade de suportar a ambiguidade

Freud escreveu: “A neurose é a incapacidade de suportar a ambiguidade“.

Uma forma possível de compreender esta frase é pensar que uma psique rígida (inflexível) sofrerá por querer impor sua realidade psíquica aos fatores externos, não os compreendendo em sua complexidade.

Esta rigidez pode ser reflexo de situações como o narcisismo.

A psicanálise vê o narcisismo como:

  • resultado de um ego fragilizado, pois o ego precisa se defender e se autoafirmar como supremo (e isso não é sinal de força!);
  • este ego fragilizado (para se defender de sua fraqueza) cria uma autoimagem de força;
  • a terapia psicanalítica contra o narcisismo implica em permitir o contato do analisando com outras possibilidade de ver o mundo e de aceitar as outras pessoas.

Poderíamos pensar que, no extremo, o que se entende por narcisismo seja não tolerar a ambiguidade, não tolerar a diversidade, não tolerar a complexidade. Porque a pessoa narcisista simplifica o mundo a si mesmo, à sua autoverdade, fechando-se à alteridade (ao outro), fechando-se a descobertas. Seria um exemplo de “não tolerar a ambiguidade”.

Não significa que a pessoa narcisista necessariamente vá se isolar do mundo. Mesmo em constante conflito com os outros, é recorrente o narcisista precisar dos outros, exatamente para ter uma referência sobre a qual se sobressair.

O ego fortalecido versus o ego narcísico

Todos nós somos um pouco narcísicos. Isso é importante porque o ego precisa criar defesas ao organismo e à vida psíquica do ser. É uma forma de defesa e uma forma de delimitarmo-nos frente ao mundo externo e aos outros.

A questão é que o ego fortalecido

  • terá um fundo de desconfiança sobre si mesmo,
  • buscará outros conhecimentos,
  • avaliará os fatos por diversas perspectivas,
  • saberá sobre si o suficiente para se amar, mas sem que isso se torne “fechar-se” e
  • estará aberto a ouvir e conviver com o outro.

Enquanto o ego fragilizado representaria um narcisismo exagerado, que fecharia o sujeito em si mesmo e o faria ver o outro como ameaça. Como resultado, é recorrente a pessoa narcisista:

  • fazer-se elogios desmedidos, ou
  • utilizar-se das outras pessoas principalmente focando em seus objetivos pessoais, ou
  • demonstrar agressividade quando questionado ou contrariado.

A terapia psicanalítica tem como uma de suas principais conquistas o processo de fortalecimento do ego, superando ou amenizando o narcisismo.

O narcisismo na psicanálise

A palavra “narcisismo” foi utilizada pela primeira vez na área da psicanálise pelo alemão Paul Nacke em 1899. Em seu estudo sobre perversões sexuais, ele fez uso desse termo para nomear o estado de amor de uma pessoa por si mesmo.

O narcisismo para Freud

Para Sigmund Freud, o narcisismo é uma fase do desenvolvimento das pessoas. É um estágio em que verifica-se a passagem do autoerotismo, ou seja, do prazer que é concentrado no próprio corpo, para eleição de outro ser como objeto de amor. Essa transição é importante porque o indivíduo adquire a habilidade de conviver com aquilo que é diferente.

Essa passagem é denominada por Freud como narcisismo primário. É o momento em que o ego é eleito como objeto de amor. Ele se diferencia do autoerotismo, que é uma fase em que o ego ainda não existe.

narcisismo secundário, por sua vez, consiste no retorno da afeição ao ego depois que ela foi destinada a objetos externos. De acordo com o pai da psicanálise, todas as pessoas são narcisistas em certo ponto, já que elas contêm em si um ímpeto pela autoconservação.

O narcisismo para Klein

A austríaca Melanie Klein apresenta uma outra noção de narcisismo primário. De acordo com as suas ideias, o bebê já internaliza o objeto nas fases correspondentes ao narcisismo e ao autoerotismo. Dessa forma, ela discorda da ideia de Freud de que existam estágios em que não há relações de objeto. Para Klein, desde o início o bebê já estabelece relações de afeto a pessoas e coisas externas.

Para Klein, o narcisismo seria um instinto destrutivo. O interesse narcisista representaria uma agressão dirigida ao objeto. Assim, a renúncia desse interesse se constitui uma manifestação de amor e de proteção.

O narcisismo para Houser

De acordo com Houser, o narcisismo protege o psiquismo. Isso porque ele permite que o sujeito constitua uma imagem íntegra de si mesmo.


O narcisismo para Lacan

O psicanalista Jacques Lacan também estudou o narcisismo. Segundo ele, um bebê quando nasce, não se conhece e, por essa razão, se identifica com a imagem de filho que a sua mãe gostaria de ter. Esse movimento é chamado pelo psicanalista de “suposição do sujeito”. Dessa forma, pode-se afirmar que, nessa fase, a presença do outro é fundamental.

No entanto, no momento em que o sujeito observa o seu próprio reflexo no espelho, ele passa a se reconhecer na imagem refletida, que ele acredita ser real. Nesse estágio, o eu se identifica a partir da imagem do outro. Pode-se afirmar que o estágio do espelho é uma simbologia narcísica, pois o sujeito se aliena em si mesmo.

O narcisismo para Luciano Elia

De acordo com o psicanalista Luciano Elia, o narcisismo é um processo no qual um indivíduo entende a imagem do seu corpo como sua e, por essa razão, se reconhece nela.

O narcisismo enquanto patologia

Observe que praticamente todas as teorias acima entendem o narcisismo não como uma patologia, mas como parte do desenvolvimento e diferenciação do ego. Algumas dessas teorias (é verdade) irão pensar que em determinados graus e formas de manifestação, o narcisismo pode caracterizar-se como patológico. É sobre isso que falaremos agora.

É importante então apontar o que é o transtorno de personalidade narcisistaEsse é um distúrbio em que uma pessoa tem uma ideia exagerada de sua própria importância.

Veja algumas características:

  • As pessoas que sofrem com esse problema geralmente acabam tendo dificuldades de se relacionar já que elas mostram irritação quando são contrariadas ou questionadas, além de também supervalorizarem as suas opiniões.
  • Pessoas narcisistas também demonstram incapacidade de se colocar no lugar de outra pessoa, isto é, uma dificuldade de demonstrar empatia.
  • Muitos teóricos afirmam haver tendência à depressão, além de que pessoas narcisistas poderem desenvolver dependência de álcool ou drogas.

Causas

Acredita-se que as causas desse distúrbio sejam tanto genéticas quanto ambientais. Assim, entende-se que esse é problema pode ser passado de uma geração para a outra. No entanto, também é possível afirmar que pais que não sejam suficientemente bons (superprotegendo ou abandonando) os seus filhos podem contribuir para que os traços narcisistas se desenvolvam neles.

Tratamento

A psicoterapia é a forma de tratamento mais recomendável para esse tipo de distúrbio. Normalmente uma pessoa narcisista não irá procurar ajuda de algum profissional por causa do seu transtorno, uma vez que ela teria dificuldade em identificar algum problema em seu comportamento. O que acaba as motivando a buscar o auxílio de um profissional são os problemas associados ao narcisismo, como a depressão, o luto pelo término de um relacionamento e a dependência das drogas, por exemplo.

Pode-se afirmar que o tratamento é benéfico pois ele ajuda a pessoa que tem o distúrbio a entender como se relacionar melhor, além de auxiliá-la a entender os seus próprios sentimentos.

Conclusões finais a respeito do narcisismo

Pode-se afirmar, portanto, que o narcisismo é um conceito muito importante para a psicanálise. Muitos estudiosos se valeram desse conceito para explicarem a formação da identidade de um indivíduo. Além disso, ele também é entendido como um transtorno que pode prejudicar a vida de certas pessoas caso não seja realizado um tratamento.

domingo, maio 29

O QUE SIGNIFICA CIÚMES? QUAIS SÃO OS SINTOMAS? COMO TRATAR?

ciúmes é um sentimento inerente aos seres humanos e que pode estar presente nas mais diversas relações.

É bem verdade que, em geral, esse sentimento nos provoca mais descontentamentos do que felicidade mas você sabe classificar o seu ciúmes?

Provavelmente essa não seja uma tarefa tão fácil, por isso, vamos entender todos os aspectos que estão envolvidos com essa emoção, para que você possa entender o quanto o ciúmes está interferindo na sua vida e nas suas relações.

O que é o ciúmes?

O ciúmes é um sentimento de insegurança que vem do medo de perder uma pessoa, em que o seu maior desejo é preservar e permanecer em uma relação.

Em uma relação, o ciúme pode estar presente quando existe desconfiança, insegurança, tendência ao controle e posse, dentre outros fatores que dificultam confiar na outra pessoa.

Para ela, relações mal-sucedidas anteriormente também podem influenciar. “Relações anteriores em que houve traição ou um relacionamento abusivo e muitos conflitos amorosos também podem contribuir para que o ciúme esteja presente na nova relação”

Na maioria dos casos, ter ciúmes em alguma relação é completamente normal. Porém, quando esse grau de ciúmes é desproporcional, constante e até mesmo sem fundamento, podemos vivenciar o ciúmes obsessivo, que está mais relacionado a necessidade de controle e desconfiança, do que de amor. 

O que é ciúmes obsessivo?

Como mencionamos, o ciúmes obsessivo é o tipo de ciúme que se afasta do sentimento de amor e se torna algo abusivo e controlador, podendo ser considerado, inclusive, um transtornos obsessivos. 

É no ciúmes obsessivo que pensamentos negativos e muitas vezes sem fundamento invadem a consciência e se tornam recorrentes, a ponto de se tornar um sofrimento.

Essa espiral destrutiva de relacionamento, costuma ter como consequência o rompimento da relação.

A pessoa ciumenta obsessiva não costuma ter uma visão realista do seu próprio comportamento, não enxergando que o limite pessoal está sendo destruído e invadido.

Em geral, o ciumento obsessivo busca evidências a qualquer custo e chance de desmascarar algo que, às vezes, está apenas em sua própria imaginação, não dando ouvidos a argumentos reais e provadores do contrário.  

Ciúmes saudável x obsessivo

Agora você deve estar se perguntando, então qual a diferença entre o ciúmes saudável e o obsessivo?

Como você deve perceber, o ciúmes inerente ao ser humano, ou seja, o saudável, está na esfera apenas do receio e preocupação em se distanciar das pessoas e das relações que criamos.

É um sentimento que não atrapalha, controla ou machuca a vida do outro e nem a de si próprio.

Já o ciúmes obsessivo ou também chamado de ciúmes patológico, pode ser considerado um distúrbio mental, que obceca, causa sofrimento e torna-se um transtorno repleto de hostilidade e impactos negativos entre as pessoas.  

Ciúmes obsessivo diagnóstico

Segundo o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV-TR, 2002), é um Transtorno Delirante Paranóico centrado na obviedade sem motivo evidente ou justo de que está sendo traído ou enganado pelo parceiro.

Nesse transtorno,  pequenas evidências, como chegar mais tarde em casa, perfumes diferentes ou até mensagens privadas, tornam-se uma justificativa acumulada para o delírio, que pode levar até a medidas extremas com acusações verbais, violência e abuso.  

Causas do ciúmes

As causas do ciúmes podem ser variadas de acordo com as pessoas e as relações, mas sua base é sempre a questão de insegurança, falta de autoconfiança e baixa autoestima. 

Essas inseguranças podem ter origens anteriores, como outros relacionamentos amorosos, como comentamos aqui, mas podem ir além, remontando lembranças da infância ou de uma relação entre pais e filhos distante e ausente.

Para esses casos, a pessoa exprime sua necessidade de afeto e carência que vem desde a fase infantil para o seu parceiro ou amigos. Outra causa comum é a insegurança fonte de alguma experiência de humilhação ou trauma.

Sintomas do ciúmes

É difícil nos darmos conta dos sintomas que podem indicar um excesso de ciúmes ou até os sinais de um ciúmes obsessivo, mas em geral há algumas atitudes e sensações mais genéricas:

  • Pensamentos de traição e abandono;
  • Busca constante por pistas ou evidências que indiquem uma traição;
  • Medo excessivo de perder a pessoa, causando até mal-estar físico;
  • Análise constante dos pensamentos, gestos e atitudes do outro;
  • Violação da privacidade;
  • Controle excessivo do dia a dia do outro;
  • Interferência nas relações pessoais e profissionais do outro;
  • Criação de situações imaginárias que levam a conclusões sem sentido;
  • Insônia: agitação, ansiedade e até depressão: 
  • Sentimento de solidão e tristeza profunda quando não está junto ao outro.

Ciúmes: tratamento

Você pode achar que ciúmes não tem tratamento ou cura, mas a verdade é que existe sim formas de você administrar melhor esse sentimento e até se livrar dos sintomas obsessivos.

E uma ferramenta que pode nos ajudar, tanto como indivíduo ou como casal, é a psicoterapia Com a ajuda de um especialista você irá conseguir identificar o que está por trás desse sentimento e irá desenvolver habilidades para superá-lo.

“Existem muitos casais que veem o ciúme como prova de amor e forma de preocupação, e usam inclusive a famosa frase ‘Quem ama cuida’.

Nesses casos, quando ambos têm a mesma ideia e o ciúme não é um problema, ele pode ser saudável sim, pois ajuda a manter o relacionamento”, 

A terapia, assim como para outras questões da nossa vida, nos ajuda a nos transformar nas pessoas que gostaríamos de nos conhecer.

Ela estimula a inteligência emocional  a autoestima e o autoconhecimento, que são importantes quesitos para estarmos bem, acima de tudo, com nós mesmos.

Para vítimas de ciúmes obsessivo

Se você é uma vítima de uma outra pessoa ciumenta obsessiva, é bom não se intimidar e tentar lutar pelos seus direitos de existir e viver com liberdade e cercada de amor.

É muito importante que você saiba avaliar o grau de obsessão do seu parceiro ou parceira, para que não haja um perigo iminente que possa colocar você e sua integridade moral e física em perigo.

Quando você é permissivo e deixa que haja o controle por parte do obsessor, você não ajuda a resolver a situação, ao contrário, só o torna ainda mais agressivo e fora da realidade.

Dicas para não ser tão ciumento

Há também algumas dicas dos especialistas que podem ajudar a controlar e a lidar melhor com o seu ciúmes.

Lembrando, que ter uma ajuda profissional, caso você já tenha se identificado com os sintomas, é ainda a melhor opção para se livrar desse sentimento.

De qualquer forma, vale algumas ações e pensamentos para você começar a trabalhar esse problema dentro de si hoje mesmo:

  • Trabalhe a autoestima: quando estamos felizes conosco, estamos felizes com o mundo. Pessoas com autoestima elevada são mais seguras e cultivam boas relações;
  • Tenha inteligência emocional: a inteligência emocional irá lhe conectar com as suas mais profundas relações com os seus próprios sentimentos, fazendo que não seja uma surpresa constante as suas reações, decepções e sucessos;
  • Tenha pensamentos positivos: deixar-se levar por pensamentos negativos e que só atrapalham a sua vida, podem refletir também nas pessoas com quem você se relaciona. Ter empatia  e resiliência para tratar os acontecimentos na vida podem te tornar mais positivo;
  • Converse: abrir o diálogo e deixar clara as suas incertezas e inseguranças, ou a tal famosa D.R. (discutir a relação) pode ser extremamente útil, pois já expõe toda a sua imaginação e realidade para ser conversada abertamente;
  • Pratique atividades físicas e hobbies: nada melhor do que ocupar o tempo com atividades que estimulam nosso corpo e mente. Essa prática, além de ocupar a cabeça, traz benefícios para o corpo e consequentemente para a autoestima;
  • Saiba dizer não, e sim também: limite é a palavra-chave, tanto para você ter para as outras pessoas, como para si. Não se deve fazer tudo que todos pedem, é preciso se conectar com as suas verdadeiras vontades e desejos para ser feliz.                                            

O QUE SIGNIFICA NEUROPSICANALISE NA ATUALIDADE?

neurociência é um campo do saber que estuda a mente a partir da análise física dos processos cerebrais. Freud foi um médico que é considerado por muitos o pai também da neurociência. Entretanto, Freud foi além da abordagem da medicina na época, e incluiu também a dimensão do simbólico. Faremos um percurso sobre a neurociência desde Freud até os dias atuais.

O surgimento de uma nova disciplina

De acordo com Sigmund Freud, psicanálise é o nome de um procedimento para a investigação de processos mentais. Esses processos são quase inacessíveis por qualquer outro modo. Ela é um método para o tratamento de distúrbios neuróticos e uma coleção de informações psicológicas que gradualmente se acumularam numa “nova” disciplina.

Sendo assim, na definição elaborada por Freud, pode ser acrescentada um tratamento possível da psicose e perversão .

Ainda segundo o seu criador, a psicanálise cresceu num campo muitíssimo restrito. No início, tinha apenas um único objetivo — o de compreender algo da natureza daquilo que era conhecido como doenças nervosas ‘funcionais’. Isto é, com vistas a superar a impotência que até então caracterizava seu tratamento médico.

Assim, em sua opinião, os neurologistas daquele período haviam sido instruídos a terem um elevado respeito por fatores químico-físicos e patológico-anatômicos.

Então, esses profissionais não sabiam o que fazer com o fator psíquico e não podiam entendê-lo. Deixavam-no aos filósofos, aos místicos e — aos charlatães. Além disso, consideravam que o psíquico não tinha nada a ver com a suas funções.

Transferência e resistência em Psicanálise

Os primórdios da psicanálise datam de 1882, quando Freud, médico recém formado, trabalhou na clínica psiquiátrica de Theodor Meynert. Mais tarde, em 1885, trabalhou com o médico francês Charcot, no Hospital Salpêtrière (Paris, França).

Sigmund Freud foi um médico interessado em achar um tratamento para os sintomas neuróticos ou histéricos dos pacientes. Portanto, ao escutar seus pacientes, Freud acreditava que seus problemas se originaram da não aceitação cultural.

Os desejos desses pacientes eram reprimidos, relegados ao inconsciente. Ele notou também que muitos desses desejos se tratavam de fantasias de natureza sexual. O método básico da psicanálise é o manejo da transferência e da resistência em análise.

Assim, o analisado, numa postura relaxada, é solicitado a dizer tudo o que lhe vem à mente.

Suas aspirações, angústias, sonhos e fantasias são de especial interesse na escuta, como também todas as experiências vividas são trabalhadas em análise. Escutando o analisado, o analista tenta manter uma atitude empática de neutralidade. Isto é, uma postura de não-julgamento, visando a criar um ambiente seguro.

O inconsciente só é conhecido por causa de algumas teorias

A originalidade do conceito de inconsciente, introduzido por Freud, deve-se à proposição de uma realidade psíquica, característica dos processos inconscientes. Por outro lado, analisando-se o contexto da época, observa-se que sua proposição estabeleceu um diálogo crítico à proposições Wilhelm Wundt (1832 — 1920) da psicologia com a ciência.

A ciência tem como objeto a consciência entendida na perspectiva neurológica, opondo-se aos estados de coma e alienação mental.

Muitos relatam a questão de como observar o inconsciente. Se a Freud deve-se o mérito do termo “inconsciente”, surge mais um questionamento. Como ele pode ter tido acesso a seu inconsciente para verificar seu mecanismo? Sabe-se que não é o inconsciente que dá as coordenadas da ação humana.

Não é possível abordar diretamente o inconsciente. O conhecemos somente por suas formações:

  • atos falhos
  • sonhos
  • Chistes
  • sintomas diversos expressos no corpo

Uma multiplicidade de abordagens

Outro ponto a ser levado em conta sobre o inconsciente é que ele introduz na dimensão da consciência uma opacidade. Isto indica um modelo no qual a consciência aparece, não como instituidora de significatividade, mas como receptora da significação desde o inconsciente. Pode-se prever que a mente inconsciente é um outro “eu”.

Essa é a grande ideia de que temos do inconsciente, uma outra personalidade atuante, em conjuntura com a nossa consciência.

O modelo psicanalítico da mente considera que a atividade mental é baseada no papel central do inconsciente dinâmico. O contato com a realidade teórica da psicanálise, põe em evidência uma multiplicidade de abordagens.

Elas têm diferentes níveis de abstração, conceituações conflitantes e linguagens distintas. Mas isso, deve ser entendido em um contexto histórico cultural e em relação às próprias características do modelo psicanalítico da mente.

Diversas dissidências da matriz freudiana foram sendo verificadas ao longo do século XX. A psicanálise, por sua vez, atingiu seu apogeu nos anos 1950 e 1960.

O método psicanalítico e suas oposições

As principais oposições que enfrentou o criador da psicanálise foram C. G. Jung e Alfred Adler. Eles participavam da expansão da psicanálise no começo do século XX. Carl G. Jung, inclusive, foi o primeiro presidente da Associação Internacional de Psicanálise (IPA). Isso foi antes de sua renúncia ao cargo e de deixar de seguir as ideias de Freud.

Outras oposições importantes foram Otto Rank, Erich Fromm e Wilhelm Reich. No entanto, a partir da teoria psicanalítica de Freud, fundou-se uma tradição de pesquisas envolvendo a psicoterapia. Além disso, envolviam o inconsciente e o desenvolvimento da práxis clínica, com uma abordagem puramente psicológica.

Ramificações que foram, sem dúvida, influenciadas pela tradição psicanalítica, embora tenham conferido uma visão particular para os conteúdos da psicologia clínica:

  • psicoterapia humanista/existencialista,
  • psicoterapia reichiana,
  • Constelação Familiar etc.

A amplitude da Psicanálise e o surgimento da Neurociência

Na atualidade, a Psicanálise já não se limita à prática e tem uma amplitude maior de pesquisa. É centrada em outros temas e cenários, desenvolvendo-se como uma ciência psicológica autônoma. Hoje fica muito difícil afirmar se a Psicanálise é uma disciplina da Psicologia ou uma Psicologia própria.

Após Freud, muitos outros psicanalistas contribuíram para o desenvolvimento e importância da Psicanálise. Entre alguns, podemos citar Melanie Klein, Winnicott, Bion e André Green. No entanto, a principal virada no seio da psicanálise, que conciliou ao mesmo tempo a inovação e a proposta de um “retorno a Freud” veio com o psicanalista francês Jacques Lacan.

A partir daí, outros importantes autores surgiram e convivem em nosso tempo, como Françoise Dolto, Serge André, J-D Nasio e Jacques-Alain Miller.

Neurociência e Psicanálise

Uma das recentes tendências é a criação da neuropsicanálise, segundo Soussumi, tendo como antecedentes a fundação do grupo de estudos de neurociência e psicanálise.

Ocorreu no Instituto de Psicanálise em 1994 com a participação de Arnold Pfefer, e o neurocientista da Universidade de Columbia como James Schwartz. Ele, a partir de 1996, fica com a coordenação de Mark Solms, psicanalista inglês com formação em neurociência. Mark vinha trabalhando em Londres e publicando trabalhos sobre o assunto desde a década de 1980.

Assim, Mark e Pfeffer, em 2000 , organizam o I Congresso Internacional de Neuro-Psicanálise, e é criada a Sociedade Internacional de Neuro-Psicanálise.

Destaca-se ainda nesse ínterim a publicação de um artigo intitulado Biology and the future of psychoanalysis: A new intellectual framework for psychiatry. Ele foi escrito pelo neurocientista Eric Kandel, em 1999. Segundo Kandel, a neurociência poderia fornecer fundamentos empíricos e conceituais mais sólidos à psicanálise.

Então, um ano após a publicação do referido texto, em 2000, Kandel recebe o prêmio Nobel de medicina.

Ele contribuiu muito na Neurobiologia, introduzindo o conceito de plasticidade neural.

sábado, maio 28

O QUE SIGNIFICA SUJEITO, SUPOSTO, SABER PARA LACAM?

Vamos abordar o tema da “Psicanálise moderna” e os riscos do “suposto analista” gozador do “suposto saber”. Afirmou Lacan: “em termos de latitude e de longitude, as coordenadas que o analista deve ser capaz de atingir para, simplesmente, ocupar o lugar que é o seu, o qual se define como aquele que ele deve oferecer vago ao desejo do paciente para que se realize como desejo do Outro” (Lacan, 1960-1961/1992, p. 109)

O suposto saber

Que a psicanálise está “na moda” não é novidade, mas é surpreendente o fato de uma abordagem terapêutica que tem por essência a posição de seus profissionais como meros objetos de transferência, posição essa que implica diretamente na busca pessoal pela desglamourização no setting analítico, quando o profissional compreende que todo o movimento surge, uma vez adotado o semblante de analista.

A partir e em prol do discurso do paciente a sua frente; fica evidente a dissonância entre as exigências ocupacionais da Psicanálise e os moldes culturais que estão a se apresentar ao longo das últimas décadas.

“[…], basta supor que o analista, mesmo à sua revelia, coloque por um instante seu próprio objeto parcial, seu agalma, no paciente com quem está lidando. Aí, com efeito, se pode falar de uma contraindicação (sic), mas, como veem, nada menos que localizável – ao menos enquanto a situação do desejo do analista não é explicitada” (Lacan, 1960-1961/1992, p. 195)

A " dadiva " da Psicanálise e o sujeito suposto saber

Retornando ao argumento proposto em um artigo anteriormente publicado sob o titulo “Psicanálise e o transformar pela fala.” no qual proponho que “A “dádiva” da Psicanálise está em gerar as condições para o pleno redizer e redescrever dos elementos que compõem os fundamentos de nossas formas de sofrer.

O falar abre as portas para o simbólico que opera, digere, revitaliza e, essencialmente desconstrói o “não dito” que se faz sintoma propiciando sua “cura”. Uma vez que toda a atuação se dá sobre as vivências não elaboradas, transformar o abstrato atuante em verbo é dissolver as mazelas em sua essência tornando o processo analítico curativo e não levianamente “sintomático”.”.

Questiono-me então como seria possível a prática de uma psicanálise na qual encontremos, por qualquer “razão”, as suas fundações em concepções de valores oriundos da história de qualquer outro que não do próprio paciente, sendo ainda mais “assombroso”, dados os mecanismos transferenciais e suas muitas vezes imprevisíveis consequências, que tais fundações pautem-se na história de vida e consequentes concepções pessoais do analista.

As idealizações culturais e o suposto saber

É fundamental para a prática analítica a compreensão de que, a clínica psicanalítica define-se amoral por compreender a si própria como uma teoria dos sintomas inerentes à condição de sujeitos tecidos de linguagem que somos, compreendendo que valores morais assim como seus opostos na esfera da imoralidade, seriam formações subjetivas oriundas de idealizações culturais e consequentemente também reflexos dos mesmos sintomas sobre os quais a psicanálise propõe-se a atuar.

Em suma, a amoralidade psicanalítica surge da necessidade de atuação sobre o “sujeito in natura”, em um constante esforço para manter-se “alheia” ao emaranhado de fantasias que envolve e tece as bases de nossa civilização.

Se um suposto setting analítico ergue-se tendo como base os valores culturais pessoais do também suposto analista, tem-se de imediato a dissolução das possibilidades da prática psicanalítica em si, pela anulação das condições de manutenção do manejo transferencial em função de propiciar a auto ressiginificação do paciente passando o “não analista” a ser mero “aconselhador” e o paciente.

A relação do analista

A conquistar o gozo sem precedentes de uma gigantesca fonte de autorizações para possíveis repetições e consequentemente consolidações de seus sintomas em um processo que estaria a rebatizar suas formas de sofrer travestindo-as em prol dessa nova forma de gozar ante a cada “aprovação” provinda do novo “Senhor de seu Eu”, o “tão desejado outro” agora também travestido, porém sob a alcunha de “analista”.

“A angústia tem relações estreitas com a identificação. Se na identificação se trata de algo que sucede no nível do desejo do sujeito em sua relação ao desejo do Outro, […] Ao ser assim, obriga o sujeito a colocar-se periodicamente a questão do que é o desejo do psicanalista, desejo sempre presumido, jamais definido, e podendo, na psicose e a todo instante, devenir desse lugar do Outro, de onde surge para o analisante a angústia” (Lacan, 1961-1962)

Mecanismos de defesa

Tendo como fato que, os mecanismos de defesa aos quais estamos “todos sujeitos”, atuam naturalmente para preservar o equilíbrio do aparelho psíquico, garantindo dessa forma que o sujeito mantenha-se “funcional” ante a relação das demandas do mundo exterior para com as demandas do próprio sujeito.

Podemos concluir usando como exemplo a projeção, que consiste na percepção alterada do outro quando o sujeito passa a projetar como pertencente ao outro os atributos de si próprio reconhecidos pelo ego como insuportáveis, que, a forma mais “palpável” de conhecermos a nós mesmos, estaria na percepção das vias que alicerçam os argumentos pelos quais descrevemos o outro; em suma, um discurso é pleno em validez para o sujeito que o tece.

Podemos então concluir que, do ponto de vista psicanalítico, atuar sobre um paciente a partir dos ecos da própria história e consequentemente do próprio discurso, é inviabilizar a existência de qualquer mecanismo passivo de definição.

QUAL É O SIGNIFICADO DE PSICOLOGIA DA RELIGIÃO?


O que é religião? Para o sociólogo francês, Êmile Durkheim, religião “é um sistema unificado de crenças e práticas relativas a coisas sagradas, que unem, numa comunidade moral chamada igreja, a todos que as aderem”. Apesar de nem todos entrarem em um consenso sobre o que é religião, sabemos que ela existe desde os primórdios, com o homem pré-histórico. Mas como a psicologia vê a religião? Você sabia que existe a psicologia da religião? Sabe sobre o que ela se trata? 

Portanto, neste texto iremos lhe mostrar a psicologia da religião e os seus estudiosos.

O que é psicologia da religião?

A psicologia da religião é um campo de estudos da psicologia, que foca em estudar o comportamento, as crenças e as experiências religiosas. No entanto, no Cristianismo, a psicologia da religião é um subcampo da Teologia Pastoral

Apesar do nome, a psicologia da religião não estuda a religião em si, mas a o comportamento religiosos, com aspectos cognitivos e afetivos, do ponto de vista da psicologia, com aplicação de princípios e métodos da psicologia. Quando falamos de “comportamento religioso”, é considerado qualquer atitude, individual ou coletiva, que tenha uma referência específica ao divino. 

Além disso, a psicologia da religião também estuda a relação do indivíduo com a religião, a adesão e o afastamento de uma religião, e até os comportamentos não-religiosos. 

É preciso lembrar que que os psicólogos da religião não negam ou afirmam a existência de figuras religiosas. Entretanto, eles querem entender o que leva as pessoas a crer ou não em tais figuras. 

História da psicologia da religião

Desde o início a psicologia da religião busca explicar três coisas:

  1. Apresentar uma descrição dos objetos de investigação, sejam eles rituais religiosos, experiências, atitudes ou condutas.
  2. Explicar de maneira psicológica o porquê da ascensão de tais fenômenos.
  3. Esclarecer os resultados, podendo ser de forma negativa ou positiva.

Não se sabe ao certo quando surgiu a psicologia da religião. Porém, os pioneiros da psicologia e da psiquiatria, desde o início, se interessaram pelo comportamento religioso.

William James foi um psicólogo e filósofo americano, e é considerado por muitos o criador da psicologia da religião. 

James foi o primeiro a diferenciar religião institucional e religião pessoal. Para ele, a religião institucional refere-se ao grupo religioso, desempenhando um grande papel na cultura da sociedade. Já a religião pessoal, seu ponto de maior interesse, é a qual o indivíduo tem a experiência mística, podendo ser vivenciada independentemente da cultura.

Quando estudou as experiências religiosas pessoais, William James distinguiu a religiosidade de “mente saudável” e de “alma doente”. As pessoas com a mente saudável tendem a ignorar o mal do mundo e focar no bem. No entanto, os indivíduos com predisposição a ter uma religião de alma doente não conseguem ignorar a maldade e o sofrimento. Dessa forma, essas pessoas precisam de uma experiência unificadora, religiosa ou não, para que o bem e o mal de reconciliem.

William James ainda diz que a hipótese do pragmatismo origina da eficácia da religião. Se uma pessoa realiza e acredita nas atividades religiosas, e elas dão certo, a prática parece ser, aos olhos da pessoa, a escolha adequada.

Freud

O pai da psicanalise Sigmund Freud, explicou a gênese da religião em inúmeros dos seus estudos. No livro “Moisés e o Monoteísmo”, Freud reconstrói a história bíblica com suas teorias. 

Freud ainda diz que a religião é como uma ilusão, “é uma fantasia da qual um homem deve ser libertado para crescer até a maturidade”. O psicanalista ainda vê a ideia de Deus como uma imagem do pai, e a crença religiosa como uma coisa infantil e neurótica. Para ele, a religião é disfuncional e a alina o homem de si mesmo.

Carl Jung

Ao contrário de Freud, o psicanalista Carl Jung adotou uma postura mais solidária à religião e preocupada com a apreciação positiva do simbolismo religioso. 

Jung estudou e considerou a questão da existência metafísica de Deus, sem obter resposta, e acabou adotando um tipo de agnosticismo.

Para Jung é importante que a pessoa adote e desenvolva atitudes religiosas, independentemente do credo, porque, para ele, a principal função da religião é evitar dissociações neuróticas da psique.

Alfred Adler

O psiquiatra Alfred Adler acredita que o ser humano sempre tenta compensar a inferioridade que vê. A religião entra na questão é por meio da crença em Deus, um ser perfeito e onipotente. Esse Deus ordena que as pessoas sejam perfeitas, seguindo as suas “ordens”. Dessa maneira, compensamos as imperfeições e sentimentos de inferioridade quando nos identificamos com esse Deus.

Ainda, segundo Adler, a maneira e nossas ideias de como vemos Deus, são indicadores de como vemos o mundo. As ideias mudam em conjunto com a nossa visão do mundo. Adler complementa que Deus motiva as pessoas a agir, gerando consequências reais para nós e para os outros.

A interpretação psicológica pela psicologia da religião

Desde a criação da psicologia da religião, surgiram inúmeras interpretações de como se dá o fenômeno religioso. O fenômeno religioso é essa adoção ou não do ser humano de um determinada religião. Algumas delas são

Para Freud, como foi dito anteriormente, a religião é a projeção infantil da figura paterna. Ele acredita que a religião seja uma ilusão, porque leva o homem a fugir da sua realidade e das contingências humanas, e não porque ela seja má. 

jung

Já para Carl Jung, a experiência religiosa é resultado do inconsciente coletivo, que é composto por energias dinâmicas e símbolos de significação universal. Ademais, o pensamento junguiano acredita que a experiência religiosa é essencial para o funcionamento harmonioso do psiquismo e auxilia o ser humano a compreender realidades do universo, que são desconhecidas por outras áreas de estudos. 

Gordon Allport

O psicólogo americano, Gordon Allport, acredita que a experiência religiosa é algo estritamente pessoal. Essa experiência está sujeita às leis de evolução psicológica, e, segundo Allport, o aspecto intelectual é mais importante do que o aspecto emocional.

Allport ainda completa que a religião é de suma importância na integração da personalidade do homem. A religião é o esforço do ser humano para se juntar à criação e ao Criador, com o intuito de ampliar e completar a sua personalidade.

Anton Boisen

Anton Boisen foi um estudioso americano, e acreditava que a experiência religiosa tinha a mesma dinâmica que a esquizofrenia Para ele, tanto a experiência religiosa quanto a esquizofrenia, são tentativas profundas à integração do “eu”. A personalidade, quando se vê ameaçada ao ponto de desintegração, recorre ao método mais eficaz para evitar a catástrofe.

O papel da religião segundo a psicologia da religião

A psicologia da religião, em todos os seus anos de existência, teve 3 hipóteses que ilustram o papel da religião. São elas: hipótese da secularização, hipótese da transformação religiosa e hipótese da divisão cultural.

Secularização

A hipótese da secularização acredita que a ciência e a tecnologia tomarão o lugar da religião. Para essa primeira hipótese, a religião deve estar separada da política, ética e psicologia. 

O filósofo contemporâneo, Charles Taylor, explica que a hipótese da secularização nega a transcendência, divindade e racionalidade nas crenças religiosas.

Transformação religiosa

Alguns desafios enfrentados pela hipótese de secularização levaram a algumas revisões, originando a hipótese de transformação religiosa. Essa hipótese acredita que as tendências ao individualismo e à desintegração individual, resultarão em mudanças na religião. Tais mudanças resultaram numa prática religiosa mais individualizada e espiritualmente focada. 

Divisão cultural

Como resposta à hipótese da transformação religiosa, o cientista político americano Ronald Inglehart elaborou um tipo de hipótese da secularização renovada.Seu argumento se baseia na premissa que a religião só se desenvolve para que a necessidade de segurança do homem seja preenchida. 

Essa hipótese, de certa forma, explica o porquê da religião ter sido deixada em segundo plano em países desenvolvidos, e em países em desenvolvimento ainda ser algo, de certa forma, primordial. A insegurança social, econômica e cultural auxilia para o protagonismo da religião.

Religião e psicoterapia segundo a psicologia da religião

A conduta e a crença religiosa dos pacientes têm sido cada vez mais consideradas para o tratamento com psicoterapias. Dessa forma, acabou surgindo a psicoterapia teísta, que consiste em princípios teológicos, visão da personalidade e da psicoterapia teísta. 

Por conseguinte, os psicoterapeutas tentam minimizar o conflito reconhecendo e respeitando as visões religiosas do paciente. Ainda existe uma certa discussão no que se trata se o psicólogo pode ou não utilizar no tratamento práticas e princípios religiosos de forma direta, como a oração, e a graça.

O QUE SIGNIFICA SOCIÓLOGIA DA RELIGIÃO?

religião é constituída por crenças e práticas relacionadas a assuntos sagrados e que visam a ajudar uma sociedade a compreender o significado e o propósito da vida. A religião busca responder a perguntas e a explicar o que é aparentemente inexplicável. A religião tenta explicar por que as coisas acontecem e desmistificar as ideias de nascimento e morte. A religião influencia a forma como as pessoas reagem aos ambientes onde vivem.

A religião sempre foi, e continua sendo, um elemento importante em praticamente toda sociedade. Há evidências de que mesmo as mais antigas sociedades possuíam símbolos religiosos e praticavam cerimônias religiosas. Evidentemente, o fato de que há diferentes religiões significa que há diferenças entre elas. Não obstante, a religião é um elemento fundamental da sociedade e da experiência humana.

As religiões cuja base é a existência de um único Deus é denominada monoteísta. As religiões que acreditam na existência de vários deuses são denominadas politeístas.

Os sociólogos estudam a religião tanto como um sistema de crenças como uma instituição social. Por ser um sistema de crenças, a religião influencia o que as pessoas acreditam e como elas enxergam o mundo. Como instituição social, a religião possui uma estrutura organizacional, fundamentada em crenças e praticas, e inclui a socialização de seus membros.

Sob a perspectiva sociológica, não importa a opinião das pessoas sobre a religião. O que é importante é conseguir estudar a religião de forma objetiva, por meio de seus contextos sociais e culturais.

Teorias sociológicas sobre a religião

Há muitas perspectivas sociológicas a respeito da religião. As ideias de Durkheim, Weber e Marx continuam a influenciar a Sociologia da religião.

O sociólogo Émile Durkheim definiu a religião como um sistema compartilhado de rituais e crenças que define o que é sagrado e o que é profano e que une uma comunidade de religiosos.

As obras de Émile Durkheim destacam as funções que a religião serve para a sociedade, independentemente de como é praticada ou de que crenças religiosas são adotadas pela sociedade. Isso é denominado teoria funcionalista. De acordo com Durkheim, a religião é uma força integrativa na sociedade porque tem o poder de influenciar crenças coletivas. A teoria funcionalista define a religião como servindo diversas funções para a sociedade: dá significado e propósito à vida; oferece às pessoas o sentimento de que elas pertencem a uma coletividade; fortalece a união e a estabilidade social; serve como um agente de controle social; promove o bem estar, tanto físico como psicológico; e motiva as pessoas a trabalhar para que haja mudanças sociais.

O sociólogo Max Weber enxergava a religião de forma diferente: como um apoio a outras instituições sociais. Weber acreditava que o sistema de crenças religiosas fornecia uma estrutura cultural que fomentava o desenvolvimento de outras instituições sociais, como a economia.

Durkheim e Weber estudavam as formas como a religião contribui para a coesão da sociedade. Já Karl Marx enxergava a religião como causa de conflitos e opressão na sociedade. Marx acreditava que a religião era o meio utilizado para oprimir as classes e promover a estratificação, pois os ensinamentos religiosos apoiam o conceito de hierarquia e da subordinação do homem às autoridades religiosas. Karl Marx declarou que a religião era o “ópio das massas”: que a religião, como uma droga, causa com as pessoas se satisfaçam com sua condição existente.

De acordo com a teoria do conflito, que foi influenciada pelas obras de Karl Marx, a religião pode fortalecer e promover a desigualdade e o conflito social. A teoria do conflito afirma que a religião ajuda a convencer os pobres a aceitar a sua condição de pobreza passivamente. Além disso, critica a religião por ser motivo de tanta hostilidade e violência entre pessoas e nações.

Tanto Max Weber como Karl Marx analisaram o papel e a influência que a religião exerce sobre as instituições, como a economia e a política.

teoria da interação simbólica estuda o processo por meio do qual as pessoas se tornam religiosas. Essa teoria ajuda a explicar como a mesma religião pode ser interpretada de forma diferente por diferentes grupos ou em épocas diferentes ao longo da história. Em outras palavras, o contexto molda o significado da crença religiosa. Por meio dessa perspectiva, os textos religiosos não são a verdade, e sim, interpretações humanas. Assim, diferentes pessoas ou grupos podem interpretar a Bíblia de formas diferentes.

Essa perspectiva enfatiza as formas como os indivíduos interpretam suas experiências religiosas e afirma que crenças e práticas não são sagradas a menos que as pessoas as considerem como tal. A partir do momento que são consideradas sagradas, passam a ser especiais e significativas, dando significado à vida das pessoas. 

O QUE SIGNIFICA RECORDAR, REPETIR E ELABORAR?

Com o título desse estudo já nos deparamos com o questionamento: Fazer análise nos leva a recordar, repetir ou elaborar?
 É bastante comum quem irá fazer uma análise, achar que o tratamento só se da através da recordação dos fatos. Porém não é bem assim, o analista da algum valor para a recordação, mas ele sabe que a memória é seletiva, traiçoeira e muito “amiga” do ego. Apenas recordamos daquilo que nos interessa e como nos interessa.
 Portanto, esquecimentos e distorções são esperados pelo analista. Mas então se percebemos que não é recordar, será que seria repetir? Foi então que Freud fez uso de um termo interessante: compulsão a repetição, ou seja, quando estamos com o analista repetimos de forma sutil ou de maneira escancarada, certas situações que nos permitam obter de forma parcial ou ate mesmo completamente uma dose de prazer durante nossa vida. Mesmo que nos queixamos disso, continuamos a repetir com o analista.
 Essas repetições dizem muito do paciente. Quando o analisando se interessa por essa repetição e de alguma maneira dispende um esforço de elaboração das possíveis causas, algo começa a mudar, ou seja, para a repetição. A pulsão pode ficar um pouco mais livre, o investimento libidinal vai para outros objetos. Paramos de repetir para experimentares coisas novas. É por isso que uma análise demanda tempo, pois elaborar significa de alguma maneira ressignificar alguns aspectos da nossa vida e principalmente certos elementos que não gostamos de admitir. 
 “Deve-se dar ao paciente tempo para conhecer melhor esta resistência com a qual acabou de se familiarizar, para elaborá-la, para superá-la, pela continuação, em desafio a ela, do trabalho analítico segundo a regra fundamental da análise.”                   

quinta-feira, maio 26

O QUE SIGNIFICA AROMATERAPIA?

Segundo a Associação Brasileira de Aromaterapia “É a prática terapêutica que se utiliza das propriedades específicas dos óleos essenciais 100% puros, de origem botânica conhecida e com sua composição química completa, como a natureza produziu.”.

Usada no dia a dia, é uma forma agradável de manter a saúde e beleza do seu corpo, proporcionando bem-estar familiar e profissional. Transforma os pequenos rituais diários de cuidados com o corpo em momentos de prazer e relaxamento, colocando todo o encanto da Natureza em sua companhia.

Tem servido como um importante apoio a tratamentos tradicionais de saúde e na cosmetologia, por sua eficácia e facilidade de utilização.

A Aromaterapia é usada popularmente na Europa há mais de 80 anos. É também praticada por médicos, enfermeiros e outros profissionais da área da saúde para o tratamento de disfunções orgânicas.

Surgiu há mais de 70 anos, a partir de um acidente com o químico francês Gattefossé que queimou seriamente a mão e, instintivamente, mergulhou-a em uma vasilha contendo óleo essencial de lavanda, o ferimento cicatrizou rapidamente, em poucos dias, sem deixar marcas. Depois, junto com os médicos franceses Balaiche, Lapraz e Valnet, realizaram várias pesquisas sobre as propriedades medicinais, aplicaram em pacientes com doenças graves. Porém, a pioneira em introduzir uma visão holística foi a bioquímica Margaret Maury, desenvolvendo métodos de aplicação em massagens e inalação.

E como funciona Os óleos essenciais estimulam, através do olfato, o sistema nervoso central, o cérebro, a memória e a psique, pois induzem a liberação de substâncias neuroquímicas, que podem ser sedativas, estimulantes ou relaxantes. Quando usados na pele, suas propriedades medicinais penetram nos poros atingindo a corrente sanguínea, o sistema linfático, chegando aos órgãos. Os óleos possuem a capacidade de restabelecer o equilíbrio da mente e de todos os sistemas do corpo humano, suas características também auxiliam na elevação espiritual, no relaxamento, na meditação e na sensação de bem-estar

Usam-se os óleos essenciais para prevenção e tratamento de todos os desequilíbrios energéticos que possam estar afetando o corpo físico, emocional e vibracional.

1) Plano Físico

Fortalece as defesas naturais do corpo físico, agindo como um estímulo para o equilíbrio das funções do corpo, restabelecendo as energias, provocando um bom funcionamento em todos os Sistemas Orgânicos, devido à complexa composição química dos óleos essenciais, as propriedades estimulante, relaxante, antisséptico, afrodisíaco, digestivo, cicatrizante, analgésico, diurético, imune estimulante e outros. Podem ser usadas através de massagens, banhos e compressas.

2) Plano Psicológico

É uma atuação mais sutil, atua na mente, nas emoções, chegando às camadas mais profundas do inconsciente. Para entender um pouco mais, é preciso reconhecer que através do:

• Sistema Olfativo, e o começo dele é o nariz, entram as moléculas aromáticas, que percorrem um caminho até o hipotálamo, uma região do cérebro que está ligada à regulagem de várias atividades do corpo, incluindo o sistema endócrino, responsável pelo estimulo e inibição das funções orgânicas, como, o crescimento, ciclos reprodutivos sexualidade e equilíbrio do metabolismo do corpo.

• Sistema Nervoso Autônomo, onde está a maior parte de nossas atividades inconscientes, responsável pela manutenção da vida como a digestão, o ritmo cardíaco, a respiração, o controle da temperatura e, também, a fome, sede, memória e olfato.

3) Plano Vibracional

Os óleos essenciais carregam, em suas moléculas, as vibrações energéticas de sua origem. As plantas da natureza possuem um campo energético que nos beneficiam. Assim, podemos dizer que o óleo essencial no tratamento de aromaterapia cuida do Ser Humano como um todo, no seu plano físico, emocional e energético. Essa atuação regula as funções dos chacras, fortalecendo o corpo astral e consequentemente desenvolvendo o bem estar. 


AFINAL O QUE É MELANCOLIA?

Muitas pessoas associam a melancolia a um estado de espírito bastante triste que se assemelha à depressão. E você sabe o que é melancolia?

melancolia é uma tristeza imensa, sendo real na vida de muitas pessoas, no entanto nem sempre é identificada e tratada como se deve. A saúde mental precisa de cuidados assim como a saúde física. 

O que é melancolia, afinal?

Uma pessoa que é melancólica se sente triste, solitária, mal-humorada e pensativa. Mas um estado mental melancólico nem sempre precisa terminar em terapia. 

Sendo assim um melancólico permite que suas emoções sejam substituídas em vez de suprimidas, ele lida com problemas em vez de fugir deles. 

Os principais sinais de melancolia 

Segundo as estatísticas, o aspecto clínico da melancolia é um estado mental, que é mais comum em mulheres com idade próxima a 50 anos. Embora exista uma tendência a manifestar essa condição em adolescentes e jovens.

Os principais sintomas pelos quais podemos concluir que isso é melancólico, que flui suavemente para a depressão são esses:

  • Diminuição do humor, desejo sem causa e desânimo. Pensamentos suicidas são possíveis.
  • Sentimento de culpa em tudo o que acontece, baixa autoestima, autoflagelação frequente.
  • Sonolência constante e desejo de dormir, é difícil levantar de manhã.
  • Indiferença a tudo o que acontece por aí.
  • O que costumava ser divertido cessou. É chamado anedonia.
  • A necessidade de satisfação física pode ser reduzida. Por exemplo, eu não quero comer.
  • Concentra-se em problemas que antes eram considerados insignificantes (o que é chamado de cair em frustração).
  • Inibição de ação.
  • Diminuição da atenção: é difícil mudar de um assunto para outro.
  • Diminuição da memória: é difícil assimilar novas informações e reproduzir as antigas.

A Classificação Internacional de Doenças costumava destacar “melancolia sem causa estabelecida” e “evolucional”, associada ao envelhecimento e a uma psique mais instável.

No momento, não existe tal definição em psiquiatria. Condições semelhantes pertencem à seção da depressão.

Para conhecer a diferença entre a depressão e o estado de melancolia, aconselhamos ler todo esse artigo. 

As causas da Melancolia

Aqui está uma lista dos fatores mais comuns que levam a um estado de melancolia:

  • Temperamento congênito (melancólico) e você não pode fugir disso em qualquer lugar. Se os pais tiveram uma disposição semelhante de caráter, é mais provável que a criança a herde.
  • Complexo de inferioridade. 
  • A presença de fobias, quando você sempre vive com medo.
  • Velhice. Uma pessoa tem muitas doenças somáticas (corporais, não mentais), não há como realizar seus velhos sonhos, a vida está chegando ao fim.
  • Problemas psicológicos: um estado de frustração, amor não correspondido, problemas no relacionamento com os pais, perda de um ente querido.
  • Doenças somáticas (corporais, ao contrário de psicológicas), especialmente de natureza crônica. Eles esgotam muito o sistema nervoso, a psique humana.

Melancolia: prós e contras

Considere as vantagens e desvantagens da melancolia, se for um tipo de temperamento características que são inerentes ao longo da vida. Afinal, se este é um sinal de depressão, você precisa tratar imediatamente. 

Pessoas melancólicas são pessoas criativas. Eles costumam se tornar: artistas, músicos. Essas pessoas percebem mais sutilmente o mundo ao seu redor, são propensas a análises, a criatividade é desenvolvida. 

Eles são empáticos (amam as pessoas), não interrompem o interlocutor, podem ouvir e simpatizar.

Se uma pessoa desse tipo estiver interessada em algum tópico, ela aprofundará seu conhecimento e poderá falar sobre isso o quanto quiser, apesar de sua introversão (isolamento).

Pessoas melancólicas estão constantemente envolvidas na introspecção, analisam seus valores e motivações. Isso os ajuda a encontrar o caminho certo para si mesmos. 

Elas também sabem muito sutilmente sentir as outras pessoas.

Muitos pensamentos pessimistas sobre suas atividades. Portanto, muitas vezes elas podem não atingir seu objetivo. Uma espécie de aparência de perfeccionismo.

Propenso a doenças mentais. Especialmente, para uma depressão prolongada.

Organizadores melancólicos e muito pobres de seu próprio tempo, não cumprem seu plano. Confiar a eles o trabalho de um gerente é uma péssima ideia. 

Eles realmente não gostam de se apressar para algum lugar, o que muitas vezes irrita as pessoas ao seu redor que vivem em um ritmo diferente.

como se livrar da melancolia?

Para começar, você não deve se prender, mas continuar a se comunicar com seus entes queridos. Então haverá menos tempo e espaço na cabeça para fazer a autoflagelação. 

Além disso, vale a pena compartilhar sobre sua condição, para que as pessoas ao seu redor ajudem e apoiem.

Se você absolutamente não quer contar a seus amigos, pense sobre a causa da melancolia. Talvez haja problemas no trabalho ou necessidades não atendidas. Então você precisa trabalhar com o próprio fator negativo, tentar mudar alguma coisa.

Também é frequentemente tratada com antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina. Esses medicamentos ajudam a inibir a degradação da serotonina e da noradrenalina no cérebro, resultando em quantidades mais altas desses produtos químicos “bons”.

Além da medicação, a terapia é comumente usada para tratar pessoas que têm com características melancólicas. Uma combinação desses dois métodos de tratamento geralmente é mais eficaz do que qualquer abordagem por si só.

A terapia pode ajudar as pessoas a:

  • ajustar a uma crise ou outro evento estressante
  • substituir crenças e comportamentos negativos por positivos e saudáveis
  • melhorar as habilidades de comunicação
  • lidar com desafios e resolver problemas
  • aumentar a autoestima
  • recuperar uma sensação de satisfação e controle na vida.

O QUE É O METABOLISMO DO FERRO?