Quantas vezes você ouviu alguém dizer que os sonhos são apenas banalidades ou sinais das suas vivências diurnas? Muitas, com certeza! Na jornada do autoconhecimento humano é quase impossível sabermos tudo a respeito da nossa cultura, ancestralidade e a da nossa natureza.
Não sabemos, e provavelmente nunca compreenderemos, tudo sobre nós mesmos. E os sonhos, se interpretados, podem ser nossos aliados nesse grande percurso da vida.
Neste estudo vamos abordar sobre o que são os sonhos para a psicanalise no cuidado de Freud e de Jung, suas diferenças e ainda os principais conceitos da obra “A Interpretação dos Sonhos”, que trata o sonho como uma realização de desejos. Acompanhe!
As bases da teoria psicanalítica
Para garantir que os sonhos não passem de insignificâncias, como muitos creem, o pai da psicanálise, Sigmund Freud concebeu em 1900, o livro, “A Interpretação dos Sonhos”. A obra é um clássico da psicanálise que viria a revolucionar a visão sobre a significância dos sonhos.
Nessa revolucionária e talvez mais importante obra, Freud chega a muitos resultados. Entre eles a constituição do aparelho psíquico e o entendimento de consciente e inconsciente que empresta fundamento às elaborações fantasiosas.
O censor dos conteúdos
De acordo com Freud, o inconsciente produz conteúdos quase sempre impactantes e que há um “censor interno” que proíbe que esses assuntos sejam manifestados pelo inconsciente.
Contudo, quando adormecemos, o “censor” baixa um pouco a vigília e o inconsciente por sua vez distorce a sua informação, a fim de que ela passe pela censura. Assim, os sonhos são para Freud o “caminho legítimo para o inconsciente”.
No livro ele explica que o que sonhamos, na maioria das vezes, não é aquilo que se mostra ou se sente, mas algo mais profundo que precisa de uma interpretação para ser entendido.
E a distorção, por sua vez, é originária em especial dos mecanismos de condensação que podem ser a concentração de ideias ou conteúdos com pontos em comum, ou mesmo a fusão de ideias/afetos/desejos parecidos para desfocar o verdadeiro objeto; e do deslocamento, quando há troca de um objeto latente por uma de suas partes constituintes.
Deste modo, todo sonho tem um conteúdo latente e um manifesto. O manifesto é aquele que nos lembramos, ou seja, a história do sonho. Por outro lado, o conteúdo latente é aquele conteúdo verdadeiro, mas censurado — objetivo da interpretação do analista, que vai precisar buscar e tornar consciente o conteúdo latente.
O significado dos sonhos para a psicanálise
Se considerarmos a psicologia como a ciência do autoconhecimento e que sempre considerou os sonhos nesta jornada, quem vai nos conduzir nesta interpretação dos sonhos serão os dois mais notáveis psicólogos do período moderno: Freud e Jung.
Para Sigmund Freud, vanguardista por seus estudos sobre as mensagens do nosso inconsciente, os sonhos são uma forma da psique de “realizar desejos”. São ensaios por parte do inconsciente para solucionar um desacordo, seja ele recente ou algo do passado.
Já para Carl Jung psiquiatra, psicoterapeuta e fundador da psicologia analítica, o sonho é uma fração do exercício psíquico involuntário, mas que dispõe de considerável consciência, a fim de ser reproduzida no estado de vigília. Desse modo, os sonhos são as manifestações psíquicas que mais nos apresentam elementos “irracionais”.
A diferença entre Freud e Jung
Freud partia da interpretação de que todos os conteúdos dos sonhos tinham causa em experiências anteriores, desejos e traumas. Ao apreciar os sonhos, Freud sugere considerar que:
- sonhos podem estar manifestando desejos;
- sonhos podem estar recordando fatos que aconteceram na véspera.
Contrário à abordagem de Freud, Jung vê os pensamentos oníricos como uma finalidade e atua com elas e não com as suas causas. No momento de “examinar” um sonho, Jung pondera que:
- perceba os símbolos nos sonhos;
- amplie o conteúdo dos sonhos;
- leve em conta a função compensatória dos sonhos.
Logo, na busca constante pelo nosso eu, os sonhos desempenham papel fundamental. Descobrir o que são os sonhos para a psicanálise é o mesmo que ampliar nosso entendimento do mundo e desenvolver a nossa personalidade.
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