IMC (Índice de Massa Corporal)
O IQ (Índice de Quetelet) mais conhecido como IMC (Índice de massa corporal) é o método comumente utilizado e adotado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) para diagnosticar o sobrepeso e obesidade.
Sobrepeso e Obesidade
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a obesidade é o acúmulo anormal ou excessivo de gordura corporal que apresenta risco à saúde.
A prevalência dessa condição vem crescendo consideravelmente nas últimas décadas em vários países, inclusive no Brasil. Segundo a OMS, a obesidade mais que dobrou ao redor do mundo desde 1980. Em 2014, mais de 1.9 bilhões de adultos, com idade a partir de 18 anos, apresentavam sobrepeso, sendo que 13% desses foram considerados obesos. As crianças, por sua vez, com mais de 5 anos, que estavam acima do peso, nesse mesmo ano, somavam cerca de 41 milhões.
Benefícios de usar o IMC
Limitações do IMC
Por exemplo, atletas de resistência ou pessoas muito musculosas como fisiculturistas e pessoas envolvidas com exercícios de levantamento de peso, devem evitar utilizar o IMC para avaliação do estado nutricional pois os resultados poderão ser imprecisos.
Um fisiculturista, por exemplo, com peso de 130 kg e altura de 1,75 m, apesar de ter um percentual de gordura baixo, será classificado como obeso quando utilizar o cálculo do IMC.
No caso de um maratonista ou um triatleta o cálculo do IMC pode resultar em magreza ou desnutrição devido ao baixo peso em relação a altura desse tipo de atleta.
Variação no cálculo do IMC
Quando utilizarem o peso para calcular o IMC, os nutricionistas e outros profissionais de saúde devem estar atentos a fatores que podem alterar o peso do paciente de forma anormal.
No caso de edema e ascite bem como as medicações usadas para tratá-los, podem causar acumulo de líquidos aumentando artificialmente o peso e mascarando as alterações na constituição corporal.
O aumento anormal de um órgão ou o crescimento tumoral em estados patológicos também podem causar aumento artificial do peso.
Como calcular o IMC
O IMC é calculado dividindo-se o peso do indivíduo por sua altura ao quadrado, conforme a fórmula abaixo:
Por exemplo, Maria pesa 80 kg e tem 1,75 m de altura.
IMC = Peso ÷ (Altura × Altura)
IMC = 80 ÷ (1,75 × 1,75)
IMC = 80 ÷ 3,06
IMC = 26,1
IMC para grupos diferentes
A forma de avaliar o IMC, pode variar em função de gênero e idade.
Existem valores de referência diferentes para calcular o IMC de acordo com cada grupo:
Como calcular o IMC em (adultos)
Por exemplo, Maria tem um IMC de 26,1.
Classificação: Sobrepeso.
Risco: Aumentado.
Compare o IMC obtido com a tabela abaixo.
Classificação do IMC em adultos segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde)
Aplicável: adultos
Classificação do IMC em adultos segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) | ||
Classificação | IMC | Risco |
Magreza Grau III | < 16 kg/m² |
|
Magreza Grau II | 16 a 16,9 kg/m² |
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Magreza Grau I | 17 a 18,4 kg/m² |
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Eutrofia | 18,5 a 24,9 kg/m² |
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Sobrepeso | 25 a 29,9 kg/m² | Aumentado |
Obesidade Grau I | 30 a 34,9 kg/m² | Moderado |
Obesidade Grau II | 35 a 40 kg/m² | Grave |
Obesidade Grau III | > 40 kg/m² | Muito grave |
Fonte: WHO (1995), WHO (1997) |
Como calcular o IMC em (idosos)
Alguns autores entenderam que os idosos são um grupo de risco para o desenvolvimento de desnutrição precisando de maior reserva para preveni-la, sendo assim, mesmo não havendo consenso para o cálculo do IMC em idosos, alguns autores desenvolveram classificações específicas para os idosos com diferentes pontos de corte.
Por exemplo, João tem um IMC de 22,5 e está com 67 anos.
Classificação: Peso normal (eutrófico), segundo o protocolo de Lipschitz (1994).
Escolha a referência que você vai usar e compare o IMC com a tabela abaixo.
Pontos de corte para a classificação do IMC (Índice de Massa Corporal) em Idosos.
Aplicável: idosos
Pontos de corte para a classificação do IMC (Índice de Massa Corporal) em Idosos. | ||||
Referências | Magreza (IMC kg/m²) | Eutrófico (IMC kg/m²) | Sobrepeso (IMC kg/m²) | Obesidade (IMC kg/m²) |
Perisinoto et al. (2002) | < 20 | 20 a 30 | > 30 | *** |
Lipschitz (1994) ** | < 22 | 22 a 27 | > 27 | *** |
Burr e Phillips (1984) (Homens) * | < 18,9 | 19 a 30 | > 30 | *** |
Burr e Phillips (1984) (Mulheres) * | < 18,2 | 18,2 a 33,8 | > 33,8 | *** |
Projeto SABE (OPAS/OMS) | < 23 | 23 a 28 | 28 a 30 | > 30 |
* Ponto de corte utilizado = percentil 10 para magreza e percentil 90 par excesso de peso; ** Ponto de corte utilizado atualmente pelo Ministério da Saúde – Sisvan; *** Os autores não classificaram obesidade, somente sobrepeso. |
IMC por idade (crianças e adolescentes)
O IMC por Idade é considerado um ótimo indicador para avaliar sobrepeso e obesidade em adolescentes.
Embora seja um ótimo indicador de gordura corporal, procure utilizar o IMC por Idade juntamente com outros indicadores nutricionais, não esqueça que o IMC não consegue determinar a composição corporal.
1 - Marque no eixo vertical do gráfico o IMC e no eixo horizontal a idade.
2 - Defina o ponto em que as linhas se encontram e determine o percentil correspondente.
3 - Verifique em qual faixa de percentil o valor obtido se encaixa e obtenha o diagnóstico nutricional.
4 - Compare o resultado obtido com as tabelas abaixo.
Por exemplo, Renata tem um IMC de 18 e está com 4 anos.
Classificação: Risco de Sobrepeso. (> 85 Percentil a ≤ 97 Percentil).
Do nascimento aos 5 anos
Classificação do IMC por idade em crianças de 0 a 5 anos.
Percentil | Escore Z | Diagnóstico nutricional |
< Perc. 0,1 | < Esc. -3 | Magreza acentuada |
≥ Perc. 0,1 a < Perc. 3 | ≥ Esc. -3 a < Esc. -2 | Magreza |
≥ Perc. 3 a ≤ Perc. 85 | ≥ Esc. -2 a ≤ Esc. +1 | Eutrofia |
> Perc. 85 a ≤ Perc. 97 | ≥ Esc. +1 a ≤ Esc. +2 | Risco de sobrepeso |
> Perc. 97 a ≤ Perc. 99,9 | ≥ Esc. +2 a ≤ Esc. +3 | Sobrepeso |
> Perc. 99,9 | > Esc. +3 | Obesidade |
Fonte: Sisvan MS (2009).
Dos 5 aos 19 anos
Classificação do IMC por idade em crianças e adolescentes de 5 a 19 anos.
Percentil | Escore Z | Diagnóstico nutricional |
< Perc. 0,1 | < Esc. -3 | Magreza acentuada |
≥ Perc. 0,1 a < Perc. 3 | ≥ Esc. -3 a < Esc. -2 | Magreza |
≥ Perc. 3 a ≤ Perc. 85 | ≥ Esc. -2 a ≤ Esc. +1 | Eutrofia |
> Perc. 85 a ≤ Perc. 97 | ≥ Esc. +1 a ≤ Esc. +2 | Sobrepeso |
> Perc. 97 a ≤ Perc. 99,9 | ≥ Esc. +2 a ≤ Esc. +3 | Obesidade |
> Perc. 99,9 | > Esc. +3 | Obesidade grave |
Fonte: Sisvan MS (2009).
Como calcular o IMC em (gestantes)
No Brasil, o Ministério da saúde utiliza o estudo realizado por Atalah (2007) para acompanhar o estado nutricional da gestante.
Para a avaliação da gestante, será utilizado o gráfico de IMC / Semana de gestação.
Este gráfico é composto de quatro categorias que permitem a classificação da gestante. Na vertical os valores do IMC e na horizontal as semanas gestacionais. O valor do IMC deve ser localizado no gráfico, considerando a semana gestacional na medição. A zona no gráfico em que as linhas se cruzam corresponde ao diagnóstico nutricional.
Por exemplo, Fernanda tem um IMC de 24,5 e está na 28° semana de gestação.
Classificação: Peso normal (A - Adequado).
Como opção, podemos usar a tabela de avaliação nutricional da gestante segundo o índice de massa corporal: IMC / Semana de gestação de Atalah.
Avaliação nutricional da gestante segundo o Índice de Massa Corporal IMC por semana gestacional | ||||||
Semana gestacional | Baixo peso (BP) IMC ≤ | Adequado (A) IMC entre | Sobrepeso (S) IMC entre | Obesidade (O) IMC ≥ | ||
6 | 19,9 | 20 | 24,9 | 25 | 30 | 30,1 |
8 | 20,1 | 20,2 | 25 | 25,1 | 30,1 | 30,2 |
10 | 20,2 | 20,3 | 25,2 | 25,3 | 30,2 | 30,3 |
11 | 20,3 | 20,4 | 25,3 | 25,4 | 30,3 | 30,4 |
12 | 20,4 | 20,5 | 25,4 | 25,5 | 30,3 | 30,4 |
13 | 20,6 | 20,7 | 25,6 | 25,7 | 30,4 | 30,5 |
14 | 20,7 | 20,8 | 25,7 | 25,8 | 30,5 | 30,6 |
15 | 20,8 | 20,9 | 25,8 | 25,9 | 30,6 | 30,7 |
16 | 21 | 21,1 | 25,9 | 26 | 30,7 | 30,8 |
17 | 21,1 | 21,2 | 26 | 26,1 | 30,8 | 30,9 |
18 | 21,2 | 21,3 | 26,1 | 26,2 | 30,9 | 31 |
19 | 21,4 | 21,5 | 26,2 | 26,3 | 30,9 | 31 |
20 | 21,5 | 21,6 | 26,3 | 26,4 | 31 | 31,1 |
21 | 21,7 | 21,8 | 26,4 | 26,5 | 31,1 | 31,2 |
22 | 21,8 | 21,9 | 26,6 | 26,7 | 31,2 | 31,3 |
23 | 22 | 22,1 | 26,8 | 26,9 | 31,3 | 31,4 |
24 | 22,2 | 22,3 | 26,9 | 27 | 31,5 | 31,6 |
25 | 22,4 | 22,5 | 27 | 27,1 | 31,6 | 31,7 |
26 | 22,6 | 22,7 | 27,2 | 27,3 | 31 | 31,8 |
27 | 22,7 | 22,8 | 27,3 | 27,4 | 31,8 | 31,9 |
28 | 22,9 | 23 | 27,5 | 27,6 | 31,9 | 32 |
29 | 23,1 | 23,2 | 27,6 | 27,7 | 32 | 32,1 |
30 | 23,3 | 23,4 | 27,8 | 27,9 | 32,1 | 32,2 |
31 | 23,4 | 23,5 | 27,9 | 28 | 32,2 | 32,3 |
32 | 23,6 | 23,7 | 28 | 28,1 | 32,3 | 32,4 |
33 | 23,8 | 23,9 | 28,1 | 28,2 | 32,4 | 32,5 |
34 | 23,9 | 24 | 28,3 | 28,4 | 32,5 | 32,6 |
35 | 24,1 | 24,2 | 28,4 | 28,5 | 32,6 | 32,7 |
36 | 24,2 | 24,3 | 28,5 | 28,6 | 32,7 | 32,8 |
37 | 24,4 | 24,5 | 28,7 | 28,8 | 32,8 | 32,9 |
38 | 24,5 | 24,6 | 28,8 | 28,9 | 32,9 | 33 |
39 | 24,7 | 24,8 | 28,9 | 29 | 33 | 33,1 |
40 | 24,9 | 25 | 29,1 | 29,2 | 33,1 | 33,2 |
41 | 25 | 25,1 | 29,2 | 29,3 | 33,2 | 33,3 |
42 | 25 | 25,1 | 29,2 | 29,3 | 33,2 | 33,3 |
Fonte: Atalah |
Programação de ganho de peso:
Gestação única
IMC Atual – Ganho de peso (kg) recomendado durante a gestação | |||
Estado nutricional inicial (IMC) | Ganho de peso total no 1º trimestre | Ganho de peso semanal médio no 2º e 3º trimestres | Ganho de peso total na gestação |
Baixo Peso (BP) | 2,3 | 0,5 | 12,5 – 18,0 |
Adequado (A) | 1,6 | 0,4 | 11,5 – 16,0 |
Sobrepeso (S) | 0,9 | 0,3 | 7,0 – 11,5 |
Obesidade (O) | - | 0,3 | 7,0 |
Fonte: Instituto de Medicina dos EUA (IOM), 1995 |
Para calcular o IMC Pré-Gestacional utilize a formula:
IMC (Índice de massa corporal) | ||
Peso Pré-Gestacional (kg) ÷ (Estatura (m) × Estatura (m)) | ||
Classificação do IMC em adultos segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) | ||
Classificação | IMC | Risco |
Magreza Grau III | < 16 kg/m² |
|
Magreza Grau II | 16 a 16,9 kg/m² |
|
Magreza Grau I | 17 a 18,4 kg/m² |
|
Eutrofia | 18,5 a 24,9 kg/m² |
|
Sobrepeso | 25 a 29,9 kg/m² | Aumentado |
Obesidade Grau I | 30 a 34,9 kg/m² | Moderado |
Obesidade Grau II | 35 a 40 kg/m² | Grave |
Obesidade Grau III | > 40 kg/m² | Muito grave |
Fonte: WHO (1995), WHO (1997) |
IMC Pré-Gestacional – Ganho de peso recomendado durante a gestação | ||
IMC (kg/m²) Pré-gestacional | Ganho de peso total (kg) | Ganho de peso semanal (g/semana) |
< 19,8 (baixo peso) | 12,5 a 18 | 500 a partir do 2° trimestre |
19,8 a 26 (eutrofia) | 11,5 a 16 | 400 a partir do 2° trimestre |
26,1 a 29 (sobrepeso) | 7,0 a 11,5 | 300 a partir do 2° trimestre |
> 29 (obesidade) | 7,0 a 9,1 | 200 a partir do 2° trimestre |
Fonte: Instituto de Medicina dos EUA (IOM), 1992 |
IMC Atual - Recomendação de ganho de peso semanal por período gestacional gemelar | ||||
Ganho de peso semanal (g) | Baixo peso IMC < 19,8 | Eutrofia IMC 19,8 – 26 | Sobrepeso IMC 26,1 – 29 | Obesidade IMC > 29 |
0 - 20ª semana | 0,56 – 0,78 | 0,45 – 0,67 | 0,45 – 0,56 | 0,34 – 0,45 |
20ª - 28ª semana | 0,67 – 0,78 | 0,56 – 0,78 | 0,45 – 0,67 | 0,34 – 0,56 |
> 28ª semana | 0,56 | 0,45 | 0,45 | 0,34 |
IMC Atual - Recomendação de ganho de peso total por período gestacional gemelar | ||||
Objetivo de ganho de peso (kg) | Baixo peso IMC < 19,8 | Eutrofia IMC 19,8 – 26 | Sobrepeso IMC 26,1 – 29 | Obesidade IMC > 29 |
Até 20ª semana | 11,3 – 15,8 | 9 – 13,5 | 9 – 11,3 | 6,75 – 9 |
Até 28ª semana | 16,7 – 22 | 13,5 – 19,8 | 12,6 – 16,7 | 9,5 – 13,5 |
28ª a 38ª semana | 22,5 – 27,9 | 18 – 24,3 | 17,1 – 21,2 | 13 – 17,1 |
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