Você teve sintomas de diarreia, constipação e dores abdominais? Pode ser a Síndrome do Intestino Irritável (SII), que tem certas semelhanças com a Doença de Crohn. Hora de entender mais sobre o assunto! Há muitas formas de tratamento, lembrando que fitoterápicos podem ajudar no tratamento. 

Desconfortos e dores abdominais são sintomas desagradáveis e muitas vezes subestimados quando pensamos em cuidar da nossa saúde. Afinal, são sintomas nada específicos e podem ocorrer por diversas razões. Porém, não devemos ignorar sinais do nosso corpo e nem esperar por mais dor para buscar ajuda!

Se você tem notado diarréias ou constipação com frequência, dores e mudança na consistência das fezes, é melhor ir atrás de orientação para checar se é a Síndrome do Intestino Irritável (SII), Doença de Crohn ou até mesmo outra coisa.

Vamos ver alguns dados sobre essas duas doenças?

  • A Síndrome do Intestino Irritável é considerada comum, com 2 milhões de casos relatados ao ano no Brasil.

  • O sexo feminino tem mais chance de ter a Síndrome do Intestino Irritável, relatando piora dos sintomas no período menstrual.

  • Já a Doença de Crohn atinge ambos os sexos na mesma proporção.

  • Os casos por ano da Doença de Crohn são 150 mil no Brasil.

  • Pessoas judias asquenazes têm maior tendência a manifestar a Doença de Crohn.

  • Tanto SII quanto a Doença de Crohn não tem cura, embora existam tratamentos!

O que é a Síndrome do Intestino Irritável (SII)?

A Síndrome do Intestino Irritável é um distúrbio que atinge justamente o final do trato digestivo, o intestino, causando dores na área abdominal, gases e diarreia e/ou constipação. Esses sintomas são recorrentes e pioram a qualidade de vida dos pacientes, que sentem dor e constrangimento pelos sintomas. Geralmente, a SII aparece na adolescência, mas pode surgir no começo da idade adulta.

Por se manifestar em intervalos sem regularidade definida, pode demorar um pouco para as pessoas perceberem que não são sintomas isolados e que devem buscar ajuda. Essa demora também é influenciada pela faixa etária mais comum em que se manifesta a SII, já que adolescentes estão entendendo mais sobre o próprio corpo — porém, adolescentes geralmente não têm muita familiaridade ou condições de irem atrás de orientação e ajuda do profissional de saúde sozinhos.

Além das dores e da diarreia e/ou constipação, existem outros sintomas importantes para ficarmos atentos. 

Sintomas da Síndrome de Intestino Irritável:

A SII não é nada silenciosa: pacientes relatam dores e quem sofre de constipação ou diarreia com frequência distingue muito bem os sintomas e sabe quando a frequência de visitas ao banheiro mudou, tanto para mais quanto para menos — afinal, pacientes com SII podem sofrer de Prisão de Ventre ou intestino muito solto.

Veja abaixo todos os sintomas relacionados com a Síndrome de Intestino Irritável:

  • Dores no abdômen
  • Cólicas
  • Constipação (prisão de ventre/intestino preso)
  • Diarreia (intestino solto)
  • Sensação de não esvaziar o intestino
  • Gases
  • Mal-estar
  • Perda de apetite
  • Muco nas fezes
  • Inchaço

Pacientes com SII também sofrem impactos emocionais pelo distúrbio, já que os sintomas causam constrangimento. Embora transtornos psicológicos possam ser anteriores ao surgimento desse distúrbio ou possam simplesmente ocorrer de forma paralela, quem tem Síndrome do Intestino Irritável costuma conviver com o receio de não controlar gases ou a diarreia — pior ainda se não for capaz de encontrar um banheiro logo.

Causas da Síndrome de Intestino Irritável:

Não existe uma causa definida para SII. Até o momento, não foram identificadas causas anatômicas em exames laboratoriais e é provável que seja multifatorial. Ao que se define hoje, a Síndrome de Intestino Irritável é um distúrbio de interação intestino-encéfalo que pode ser agravado por uma série de fatores:

  • Fatores psicológicos e psiquiátricos — Mais comuns são ansiedade e depressão, mas não se descartam outros transtornos e questões psicológicas não resolvidas, que podem envolver até casos de violência/abuso físico e/ou sexual. A piora da ansiedade e/ou depressão agrava os sintomas de SII.
  • Fatores fisiológicos — Sensibilidade intestinal e alteração da motilidade intestinal. O intestino mais sensível tem mais tendência à irritação e inflamação, bem como aumentar suas contrações. Flutuações hormonais também interferem, mas são sutis.

Outros aspectos importantes a serem lembrados nos fatores de agravamento de SII são:

  • Alimentação
  • Estresse
  • Uso de medicamentos

Diagnóstico da Síndrome de Intestino Irritável:

A SII necessita de diagnóstico do profissional de saúde que é feito com base nos sintomas — averiguando frequência e gravidade. Também é importante descartar outras doenças! Mais detalhes são vistos em exames físicos, por exemplo a colonoscopia. Doenças diferentes e mais graves podem ser confundidas com SII, portanto é muito importante buscar acompanhamento do  profissional de saúde até chegar o diagnóstico e também durante o tratamento.

Alguns detalhes verificados pelos profissionais de saúde são:

  • Se o paciente tem intolerância à lactose
  • Se o paciente é celíaco
  • Alterações recentes na dieta
  • Se a diarreia foi induzida por medicamentos ou até abuso de laxantes
  • Ocorrência ou não de gastrite
  • Se é Síndrome pós-colecistectomia
  • Ocorrência ou não de doenças parasitárias e/ou bacterianas

Tratamento da Síndrome de Intestino Irritável:

Todo tratamento deve ser conversado muito bem entre profissionais de saúde e pacientes, já que é necessário manter cuidados efetivos e também que sejam fáceis para incluir na rotina. A SII não tem cura, então boa parte desses cuidados seguirá para a vida inteira — lembrando que, dependendo da remissão ou avanço de sintomas, o tratamento poderá ser adaptado.

É possível minimizar ou evitar os sintomas através de mudanças no estilo de vida, mas há pacientes que precisam de intervenções medicamentosas e terapia também.

Então se você tem dúvidas de como tratar, confira diretrizes básicas de cuidados com SII:

Alimentação:

Quando pacientes recebem o diagnóstico de SII, podem surgir dúvidas sobre o que comer, mas profissionais de saúde também vão esclarecer como será a melhor alimentação durante o diagnóstico. Em geral, evita-se itens como bebidas gaseificadas, bebidas estimulantes, alimentos ricos em gordura, frituras, pimentas e ultraprocessados/embutidos.

Até mesmo alguns alimentos considerados mais saudáveis devem ser consumidos em moderação, dependendo da sensibilidade, mas isso deve ser analisado individualmente.

Em geral, recomenda-se moderar o consumo de alimentos que "fermentam" e produzem muito gás no organismo, potencialmente sensibilizando o trato digestivo — seriam os alimentos com alto teor FODMAPS, como feijão, lentilhas, ervilhas, repolhos, couve-flor, produtos lácteos, adoçantes... Isso depende da gravidade dos sintomas, se é sentido mais constipação ou diarréia e quais são a recomendação do profissional de saúde. 

É favorável manter o alto consumo de líquidos, principalmente água. Ingerir fibras é importante, mas não se esqueça de beber muita água. E também não precisa ser uma dieta exageradamente rica em fibras, principalmente no começo ou se seu principal sintoma for constipação. Acrescente fibras aos poucos.

Pacientes com SII ainda podem ter uma alimentação muito interessante, com alimentos probióticos, ovos, frutas (como morangos, melões, tangerinas), carnes brancas e itens sem lactose ou desnatados, dependendo da sensibilidade.

Atividades físicas:

Exercícios físicos regulares ajudam no combate ao estresse e também auxiliam as funções intestinais, especialmente nos pacientes de SII cujo sintoma principal seja a constipação. Não existem regras muito específicas para decidir qual atividade física é melhor para SII, o importante é que pacientes consigam aderir a uma rotina regular.

Algumas fontes indicam atividades aeróbicas como caminhadas ou danças, além de exercícios de baixo impacto que envolvam mais especificamente a relação entre corpo, mente e espiritualidade, como yoga e Tai Chi. Não existem dados sobre contraindicações para musculação, apenas recomenda-se não exagerar na intensidade de quaisquer exercícios. Há evidências de que atividades físicas regulares contribuem para a microbiota do intestino!

Terapia:

A Síndrome do Intestino Irritável tem grande relação com os estados emocionais dos pacientes. Inclusive, é comum dizer que o intestino é o "segundo cérebro", por produzir grande quantidade de neurotransmissores e ser também um responsável por transformar estímulos psíquicos em respostas físicas no corpo — algo chamado de somatização visceral. Por exemplo, em situações de estresse, ansiedade e depressão, é possível que pessoas desenvolvam sintomas de diarreia ou constipação. Em pacientes com SII, essa relação é bem evidente e merece muita atenção.

Assim, a terapia para quem tem SII é muito indicada para melhorar a qualidade de vida e o lado psíquico, trazendo mais segurança para lidar com desafios da rotina.

Também existem Fitoterápicos específicos para ajudar na Ansiedade.

Intervenção Medicamentosa:

São vários os medicamentos envolvidos no tratamento de SII, principalmente no cuidado com sintomas mais intensos de dor.

Em pacientes cujo principal sintoma seja a constipação, são administrados laxantes. Já quem sente mais diarreia, terá a recomendação de antidiarreicos.

Fármacos antiespasmódicos, do grupo de anticolinérgicos, são recomendados sem grande frequência para interromper as contrações da musculatura visceral. É possível também discutir-se o uso de suplementos e de probióticos em casos de pacientes que sofreram de diarreias muito frequentes.

Antidepressivos podem auxiliar no tratamento também, embora seja necessário discutir-se bem os benefícios e efeitos colaterais esperados.

Não aposte na automedicação, não inicie e/ou interrompa o tratamento recomendado por profissionais antes do prazo determinado.

Glúten e a Síndrome de Intestino Irritável:

Há indícios controversos sobre a relação do glúten e sintomas de SII. Para relembrar, o glúten é um composto de proteínas presente na composição de grãos e cereais, como trigo e aveia. Glúten não faz mal para pessoas que não sejam celíacas ou que não tenham sensibilidade, então não há necessidade de evitar alimentos com glúten se você não for celíaco, intolerante ou se não tiver sintomas negativos associados ao glúten — lembrando sempre que, ao notar prejuízos na saúde, é necessário consultar um profissional de saúde. 

Existem estudos, como o da " Universidade de Palermo " ( Itália)  que avaliam a existência de benefícios na exclusão de glúten em pacientes com SII. No entanto, novos estudos duplo-cego conduzidos pela "Universidade uppsala e a Universidade Chalmers de tecnologia ( Suécia) avaliaram que o glúten não teve impacto significativo nos pacientes com SII.

A Sensibilidade Não-Celíaca ao Glúten apresenta sintomas que se sobrepõem ao SII; deste modo, há a possibilidade de que pacientes diagnosticados com a Síndrome de Intestino Irritável tenham, na realidade, a Sensibilidade Não-Celíaca ao Glúten. Ou é possível que essas duas condições coexistam em alguns pacientes.

E o que fazer?

Primeiramente, você pode buscar atendimento médico para conferir a existência da doença celíaca através de testes alérgicos.

Se você tiver a Doença Celíaca, aí o ideal é evitar glúten mesmo. E se não for isso, você pode começar a monitorar e avaliar sua dieta para conferir sensibilidade ou não ao glúten, mesmo que seja a Sensibilidade Não-Celíaca ao Glúten.

Dietas livres de glúten exigem muita atenção e também investimento em alimentos específicos. Portanto, fazer esse monitoramento trará mais clareza se será necessário ou não eliminar esse item da sua alimentação. Procure entender mais sobre o glúten e leia rótulos antes de comprar comida!

É possível prevenir a Síndrome de Intestino Irritável?

Não existem indícios que seja possível prevenir o surgimento da Síndrome do Intestino Irritável ou detectar o distúrbio antes que os sintomas apareçam. A causa exata é desconhecida e, até o momento, não há cura. Pessoas com rotinas menos estressantes, que mantêm alimentação saudável e atividades físicas regulares, possivelmente podem desenvolver SII mais tarde do que geralmente ocorre na adolescência; mas caso elas já sejam propensas à síndrome, ela tem chance de surgir sem avisos.

 

E qual é a diferença entre a Síndrome de Intestino Irritável e a Doença de Crohn?

Antes de falar qual é a principal diferença entre a SII e a Doença de Crohn, vamos lembrar o que é a Doença de Crohn: é uma doença inflamatória e crônica, que também não tem cura e nem causas ou origens específicas. Porém, ela apresenta mais complicações e pode oferecer mais riscos à saúde de pacientes em caso de sintomas sem tratamento.

A principal diferença entre SII e a Doença de Crohn é que a Doença de Crohn é considerada uma doença autoimune.

A Doença de Crohn afeta o intestino na maior parte dos casos, mesmo que possa afetar qualquer parte do trato gastrointestinal. Tem sintomas semelhantes à SII, como diarreia, flatulências, inchaço e cólica, mas existem diferenças notáveis:

  • Dores nas articulações
  • Febre
  • Náusea e vômito
  • Sangue nas fezes
  • Fadiga e enfraquecimento (devido a perda de nutrientes)
  • Perda de apetite
  • Perda de peso

Nesse caso, são usados medicamentos diferentes no tratamento, como anti-inflamatórios corticosteroides e até mesmo imunossupressores. Também são indicadas vitaminas em caso de perda de nutrientes, mas em geral o tratamento da Doença de Crohn requisita mais atenção porque necessita de exames periódicos para avaliar a presença de câncer colorretal — já que pacientes com Doença de Crohn tem mais chance de desenvolvê-lo.

Se o paciente estiver tomando imunossupressores, também é necessário investigar possíveis interações medicamentosas com quaisquer outros fármacos que sejam necessários tomar, evitar vacinas durante o período de uso do medicamento e até cirurgias.

As recomendações gerais de pacientes com SII servem para Doença de Crohn: Buscar orientações profissionais de saúde para uma alimentação mais adequada (monitorando quais itens não fazem bem), buscar atividades físicas moderadas, tentar evitar estresse e cuidar da saúde emocional. Para pacientes de Crohn, também indica-se avaliar sempre o aspecto das fezes.

6 Fitoterápicos para irritações no Intestino:

E será que existem aliados na natureza para nos ajudar a tratar a irritações no intestino?

Felizmente, sim! Apenas mantenha em mente que há casos em que é necessário manter medicamentos convencionais (alopáticos) com acompanhamento, pelo menos por um tempo. Também é possível usar os fitoterápicos junto dos alopáticos, com o conhecimento e acompanhamento de profissionais da saúde.

1 ) Boswelia — Apesar das inúmeras indicações tradicionais da Boswellia serrata, como febres e tosses, hoje a medicina aposta mais em estudos da eficácia dessa espécie para inflamações. Ela inibe uma enzima que faz parte de processos inflamatórios e pode amenizar inflamações associadas à SII e também Doença de Crohn. Porém, é muito importante que o paciente não tenha sintomas de gastrite! 

2 ) Tanchagem — Essa é uma planta muito versátil. Para Síndrome de SII e Doença de Crohn, pode trazer benefícios por suas ações anti-inflamatórias através de glicosídeos iridóides e ácidos ursólico e oleanólico. Assim, auxilia no alívio de inflamações gastrointestinais. 

3 ) Macela— A Macela serve principalmente para o alívio de dores gástricas, como desconfortos no estômago, e cólicas. Tradicionalmente, ajuda em dores e induz relaxamento, sendo usada de forma semelhante à Camomila, embora sejam plantas diferentes.

4 ) Camomila — A Camomila é sempre lembrada como uma opção de chá que oferece aconchego e ela também vai auxiliar nos sintomas de SII porque, além de favorecer a tranquilidade emocional, ajuda a acalmar o intestino. 

5. Capim limão — Para a surpresa de muita gente, o Capim Limão também é uma opção interessante para amenizar sintomas de SII. Além de ajudar em cólicas, seus efeitos calmantes são indicados para nervosismo e inquietação, que agravam a constipação ou diarreia. 

6 ) Lipia- O uso medicinal associado à Lípia se refere principalmente aos seus efeitos calmantes. Os constituintes do óleo essencial são responsáveis pelos efeitos sedativos e relaxantes, amenizando sintomas de SII quando provocados por estresse.