quinta-feira, fevereiro 1

COMO É FEITO O TESTE RESPIRATÓRIO DE HIDROGÊNIO NO AR EXPIRADO? VAMOS ENTENDER!

A análise do hidrogênio no ar expirado vem se tornando  uma importante ferramenta para o diagnóstico de algumas condições clínicas que afetam o trato gastrointestinal.

O método se baseia no fato de que carboidratos não  absorvidos no intestino delgado sofrem fermentação  bacteriana no intestino grosso, com produção de hidrogênio, que é absorvido pelo epitélio intestinal, transportado para os pulmões pela corrente sanguínea e exalado  na respiração. A execução do exame, portanto, implica a  coleta da respiração exalada mediante sopros seriados do  paciente em um equipamento de medição de hidrogênio  por sensor eletroquímico.

O teste começa com coleta do sopro em jejum e, depois, em tempos seriados após ingestão de um carboidrato – lactulose para investigação de sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado e lactose para investigação  de intolerância a esse açúcar, por um período de três horas.

Para a acurácia dos resultados, os pacientes devem  seguir dieta pobre em alimentos fermentáveis no dia anterior ao exame, bem como a higiene oral e o jejum preconizados, além de procederem a sopros efetivos durante  a coleta.

Vale ponderar que o teste de hidrogênio no ar expirado  fica limitado em indivíduos com microbiota intestinal produtora de metano. Evidentemente, pode haver situações  duvidosas, de modo que cada resultado deve ser interpretado individualmente, à luz da história clínica.

INTOLERÂNCIA À LACTOSE:

A lactose é o principal carboidrato presente no leite de  mamíferos e necessita da enzima lactase para sua digestão. Após os 2 anos de idade, os níveis dessa enzima se reduzem, o que configura um padrão maturacional normal.  Contudo, ocorrem mutações no gene que codifica a lactase em algumas populações, cuja presença leva o organismo a continuar a produzi-la. A não persistência da lactase afeta dois terços da população mundial e acarreta má absorção de lactose, podendo ou não ocasionar sintomas.

A fisiopatologia da condição decorre do fato de que a  lactose não absorvida no intestino delgado vai para o cólon, onde é fermentada por bactérias, com formação de gases H2 , CH4 , CO2 e ácidos graxos de cadeia curta, além de  aumento de água na luz intestinal. Entre as manifestações  clínicas clássicas estão distensão abdominal, flatulência e  diarreia, que, quando presentes, caracterizam a intolerância  à lactose.

Não existe um método diagnóstico padrão-ouro nesse  contexto, mas, por ser seguro e não invasivo, o teste do hidrogênio no ar expirado é hoje considerado o exame de escolha para essa finalidade. A má absorção de lactose é baseada na elevação dos níveis de hidrogênio durante o exame. Já  a presença de sintomas durante o teste indica intolerância à  lactose.

SOBRECRESCIMENTO BACTERIANO NO INTESTINO DELGADO:

Caracterizado por aumento anormal da quantidade de bactérias e/ou alterações qualitativas na população bacteriana do  intestino delgado, o sobrecrescimento bacteriano no intestino  delgado (SBID) é favorecido por anormalidades anatômicas  e de motilidade intestinal, como na neuropatia autonômica  causada pelo diabetes, supressão ácida e imunodeficiências,  além de distúrbios gastrointestinais funcionais, a exemplo da  síndrome do intestino irritável. Causa dor e distensão abdominal, flatulência e diarreia, com possibilidade de provocar  deficiências nutricionais específicas e comprometimento do  estado nutricional.

O padrão-ouro para o diagnóstico de SBID é o estudo da  microbiota no conteúdo jejunal, que, no entanto, tem custo  alto e é invasivo e de difícil execução. Dessa forma, a análise do hidrogênio no ar expirado vem ocupando lugar de  destaque na investigação de suspeita desses casos, como na  síndrome da alça cega, em alterações do trânsito intestinal,  em ressecções gástricas e intestinais e em deficiências nutricionais sem outra causa documentada, como na de vitamina  B12.

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