quarta-feira, fevereiro 7

ESTROBOLOMA: O QUE É? COMO FUNCIONA?

Podemos saber que não é mais novidade dizer que a microbiota intestinal, composta pelos milhares de bactérias e fungos que habitam essa região, impacta o funcionamento de órgãos e sistemas ao longo de todo o corpo. Mas, isso não faz com que os achados desses impactos em si deixem de ser surpreendentes. E um desses achados, que pode fazer toda a diferença na sua conduta nutricional ao cuidar de mulheres, diz respeito ao estroboloma.

Quando falamos de microbioma nos referimos a todos os genes dos microrganismos que formam uma determinada microbiota intestinal, responsáveis pela codificação de enzimas que atuam em diferentes vias metabólicas. Dentro desse conjunto, está o estroboloma: aqueles genes que, quando expressos, possuem função de metabolização do estrogênio – o que significa dizer que a microbiota de uma mulher é um importante mediador da quantidade de estradiol circulante.

VAMOS ENTENDER COMO FUNCIONA O ESTROBOLOMA:

No ambiente hepático, acontece o processo de detoxificação que funciona como uma limpeza das possíveis toxinas presentes no sangue. A fase 2 desse processo, consiste em conjugar endo e xenobióticos à moléculas como o ácido glucurônico, que serão capazes de inativá-los, ao passo que também facilita a sua excreção pelas fezes ou urina. Ao pensar nas substâncias que passam por esse processo, é possível que venham à sua mente diferentes formas de poluentes ambientais, aditivos alimentares, drogas (farmacêuticas ou não), metais pesados e outros. Mas o estrogênio circulante no sangue também passa por esse metabolismo no fígado.

QUANDO A MICRÓBIOTA ESTÁ  SADIA, A SAÚDE MENTAL ESTÁ EM DIA:

O curioso é que apenas 10% do estrogênio que passa por conjugação hepática acaba sendo efetivamente eliminado, e a explicação está justamente no intestino: alguns microrganismos presentes na microbiota são capazes de secretar enzimas chamadas β-glucuronidase ou β-glucosidase, responsáveis por desconjugar o hormônio sexual feminino estrogênio, resultando na volta à sua forma ativa, que é capaz de circular livremente pela corrente sanguínea e se ligar aos receptores de estrogênio presentes em diferentes tipos celulares nos órgãos diversos. Bactérias do gênero Firmicutes e Bacteroidetes, são as que apresentam maior número de genes capazes de expressar essas enzimas.

MAIORES NÍVEIS DE ESTROGÊNIO CIRCULANTE- É UM FATOR DE RISCO OU PROTEÇÃO?

O excesso de estrogênio parece ser um importante fator de risco para o surgimento e progressão de patologias denominadas “estrogênio dependentes”, que vão desde a endometriose até diferentes tipos de câncer receptores hormonais positivos, como alguns tipos de tumores de mama, endométrio e de ovários. O estradiol é a forma mais ativa de estrogênio, mas a estrona é outra forma desse hormônio que também pode sofrer ação dessas enzimas microbianas e ter seus níveis circulantes “aumentados” pela presença de microrganismos que carregam o gene para expressão da β-glucuronidase ou β-glucosidase – e essa forma hormonal também é capaz de estimular as vias associadas à progressão dessas condições.

Porém, existem contextos em que um aumento dos níveis circulantes principalmente de estradiol é considerado um fator de proteção, como na menopausa. Durante essa fase da vida, a mulher sofre com a redução dos hormônios sexuais femininos, e esse declínio, especialmente do estradiol, está na origem da maioria dos sintomas experienciados. Nesse sentido, uma modulação da microbiota favorecendo o crescimento de espécies produtoras de β-glucuronidase poderia ser considerada uma janela de oportunidade para melhorar os níveis circulantes de estrogênio e todos os seus efeitos nos diferentes sistemas fisiológicos.

Contudo, essa abordagem deve ser considerada com cautela: como citado anteriormente, o excesso de estradiol é considerado um fator de risco para o desenvolvimento de tumores hormônio responsivos, logo, uma análise criteriosa e detalhada dos fatores de risco individuais, incluindo histórico familiar, padrão alimentar, consumo de álcool, uso de medicamentos e estado nutricional é fundamental antes do estabelecimento de qualquer estratégia que vise o aumento do estradiol em mulheres que passam pela menopausa.                
DESAFIO: " JOGA FORA O SAL REFINADO E PASSA A USAR O SAL GROSSO BATIDO NO LIQUIDIFICADOR ".

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