Nome em outros idiomas
- Inglês: humble plant, live-and-die, sensitive plant, shame plant, touch-me-not
- Francês: sensitive
- Alemão: sinnpflanze
- Espanhol: dormidera, sensitiva
Origem, distribuição
Espécie originária da América Central e América do Sul e já considerada pantropical (sua distribuição cobre as regiões tropicais de todos os continentes).
Descrição
A planta cresce na forma de um pequeno arbusto ramificado, espinhoso, ereto ou alastrando-se até altura de 1 m. Ciclo anual ou bianual, normalmente se espalha em áreas desgastadas que se tornaram improdutivas ou cujos solos perderam a capacidade de produção.
Tem rápida e acidental dispersão graças aos seus propágulos que colam aos cabelos de mamíferos e de vestuário humano. Propágulos são células que se desprendem de uma planta adulta para dar origem a uma nova planta, geneticamente idêntica à planta de origem (clone).
As hastes são lenhosas na base, duras, cilíndricas, castanho-avermelhadas ou roxas, púberes e suportam espinhos espalhados ao longo dos entrenós. Os espinhos têm de 3-4 mm de comprimento, são compactados, ligeiramente curvados, duros e afiados.
A raiz é longa e robusta. As folhas são verde-escuro, bipinadas e peludas. As pinas estão em dois pares (às vezes em apenas um par) surgindo próximas da ponta do pecíolo. O pecíolo é cerca de 2,5 cm de comprimento e as pinas são 2,5-5 cm de comprimento.
As estípulas são linear-lanceoladas de 7-8 mm de comprimento. Folhetos e folhas dobram-se rapidamente quando recebem estímulos externos e também quando chega a noite.
É uma das principais plantas daninhas de muitas culturas tropicais.
Quando tocadas (sismonastia) ou exposta ao calor, suas folhas se fecham rapidamente, uma estratégia natural de defesa contra predadores principalmente insetos herbívoros, que ao pularem sobre uma folha, veem ela sumir rapidamente e ficam sem o alimento. Em pouco tempo a folha volta ao normal . Também fecha suas folhas sob o sol forte, para evitar perda excessiva de água através da transpiração.
Infusão Utilizam-se na medicina popular tanto as folhas em infuso ou suco (em cataplasmas) quanto a raiz. Tem propriedades purgativas sendo tóxica em altas doses.
São indicadas nas afecções do fígado, prisão de ventre e em gargarejo para inflamações da boca, garganta e dor de dente ou em cataplasma para reumatismos articulares ou tumores.
Em sua composição já foi isolado o alcaloide mimosina ou leucenol que foi também isolado em algumas espécies do gênero Leucaena e verificado que possui propriedades tóxicas a depender da quantidade e interação com bactérias intestinais dos animais alimentados com essa leguminosa (Leucaena glauca).
A dormideira contém substâncias que inibem a proliferação e eliminam a bactéria Streptococcus mutans, a principal responsável pelo aparecimento da cárie. Não é preciso exterminar totalmente essa bactéria, pois ela habita naturalmente a boca. O interessante é inibir o seu crescimento por um tempo, para evitar que ela se multiplique além do necessário e provoque cáries, conforme comprovado por pesquisadores brasileiros da Universidade Estadual do Norte Fluminense.
Na medicina ocidental, a raiz de M. pudica é usada no tratamento da insônia, irritabilidade, TPM, menorragia (perda abundante de sangue durante o período menstrual), hemorroidas, feridas na pele e diarreia, tratamento da tosse convulsa (coqueluche) e febre em crianças. Há evidência de que é eficaz no alívio dos sintomas da artrite reumatoide.
Principais constituintes
M. pudica contém mimosina, um alcaloide tóxico. Uma substância parecida com adrenalina foi identificada no extrato de suas folhas. Há relatos da presença de crocetina dimetil ester no extrato da planta. E ainda tubulina, um dos vários membros de uma pequena família de proteínas globulares. Uma nova classe de fitohormônio ativo - turgorin - pode ser encontrado na planta.
Raízes contêm tanino até 10%. As sementes contêm uma mucilagem composta de d-xilose e ácido d-glucorônico. O extrato da planta contém óleos verde-amarelo até 17%. A triagem fitoquímica preliminar do extrato de folhas da dormideira mostrou a presença de componentes bioativos tais como terpenoides, flavonoides, glicosídeos, alcaloides, quininas, fenóis, taninos, saponinas e cumarinas.
Usos tradicionais - Ayurveda
Na Índia, as diferentes partes da planta estão em uso popular para o tratamento de várias doenças desde há muito tempo.
A Ayurveda declara que sua raiz é amarga, azeda, refrescante, vulnerária, alexifármaco (um modo antigo de se referir a antídoto, contraveneno). É usada no tratamento da lepra, disenteria, reclamações vaginais e uterinas, inflamações, sensação de queimação, asma, fadiga, doenças da pele (leucoderma) e doenças do sangue.
No Unani Sistema de Saúde (integrante do Sistema de Saúde da Índia) a raiz é resolutiva (atua contra inflamação) e útil no tratamento de doenças resultantes de impurezas do sangue e bile, febres biliares, hemorroidas, icterícia e hanseníase.
A decocção da raiz é usada com água em gargarejo para reduzir a dor de dente. É muito útil nos casos de diarreia, disenteria amebiana, contenção de sangramento (hemorragia) e cicatrização. É indicada em preparações de ervas para distúrbios ginecológicos. Tem propriedades que curam doenças de pele. É indicada em condições de bronquite, fraqueza geral, impotência e tratamento de distúrbios neurológicos.
Médicos herbalistas têm recomendado para bronquite, fraqueza geral e impotência. Todas as partes da planta: raiz, caule, folha, flor e fruto são utilizadas como medicamento neste tradicional Sistema de Saúde.
Trabalhos recentes demonstraram que o extrato da planta pode ser usado no controle do parto. Alguns autores informam que esta erva pode substituir pílulas anticoncepcionais. Segundo diferentes pesquisas feitas até agora, a casca da espécie Mimosa tenuiflora serve para relaxar a mente, aliviar depressão, sofrimento mental, irritabilidade, palpitações graves e amnésia.
É um potenciador de humor e melhora a circulação do sangue. Alguns acreditam que M. pudica pode reduzir o aparecimento de calvície.
Atividades farmacológicas da dormideira
O extrato metanólico da raiz apresentou boa atividade de cicatrização de feridas, provavelmente devido a presença de constituintes fenóis.
A atividade antimicrobiana do extrato metanólico de M. pudica foi testada em diferentes concentrações contra Aspergillus fumigatus (fungo presente no ar atmosférico e habitante da mucosa das vias respiratórias de animais), Citrobacter divergens (bactéria gram-negativa) e Klebsiella pneumoniae (enterobactéria causadora da pneumonia, infecções urinárias, são facilmente encontradas nas feridas e nas infecções hospitalares). A atividade antimicrobiana deve-se a presença de componentes bioativos tais como terpenoides, flavonoides, glicosídeos, alcaloides, quininas, fenóis, taninos, saponinas e cumarinas.
O extrato etanólico das folhas de M. pudica nas doses 200 e 400 mg / kg foi testado nas atividades anti-inflamatória e analgésica. A presença de flavonoides no extrato etanólico pode ser positivo para essas atividades.
A decocção de folhas tem atividade anticonvulsivante (ou anticonvulsiva) no tratamento de crises convulsivas. Atividade antidiarreica do extrato etanólico de folhas foi avaliada utilizando-se vários modelos experimentais em ratos albinos Wistar. O extrato metanólico bruto da parte aérea de M. pudica foi testado in vitro para atividade antioxidante. O extrato etanólico das folhas foi investigada para atividade antimalárica contra infecções por Plasmodium berghei (parasita causador da malária) em ratos.
O extrato etanólico das folhas de M. pudica foi avaliado quanto à sua atividade hepatoprotetora contra tetracloreto de carbono (CCl4) induzida por danos no fígado em ratos albinos Wistar. Atividade anti-helmíntica foi avaliada em diferentes extratos das sementes. Também foram avaliadas as atividades anti-hiperglicêmica (extrato de clorofórmio das folhas), antiúlcera (extrato etanólico de folhas) e antiveneno de serpentes (extrato aquoso de raizes secas).
Outros usos
Planta melífera, é muito apreciada por abelhas.
É uma planta ornamental, cultivada no exterior compondo tapetes com rosas.
Devido a sua capacidade de promover o crescimento de células saudáveis, a espécie Mimosa tenuiflora (tepezcohuite tree, em inglês) é utilizada em xampus, cremes e sabonetes.