sexta-feira, abril 7

PSICANÁLISE E FILOSOFIA, FITOTERÁPIA E HOMEOPÁTIA:

Aqui neste artigo vamos conhecer a relação entre a Psicanálise e filosofia? Paira ainda no horizonte dos debates dialéticos, de tese versus contra- tese, a busca de uma possível síntese dentro da esfera das ciências psicológicas que versa sobre uma questão crônica e complexa a ser desvendada e que frequentemente aparece em várias vertentes de estudos. Afinal: a Psicanálise é uma psicoterapia ou uma filosofia terapêutica?

Psicanalise e filosofia terapêutica:

Muitos ramos das ciências psicológicas possuem uma compreensão de que a sua vertente ou linha psicológica é uma mera filosofia terapêutica. Analistas divergentes tem um entendimento diverso e diferente, de que a Psicanálise nasceu e tem seu ‘dna’ e hereditariedade no berço das ciências médicas. Setores das ciências médicas notadamente muitos médicos e psicólogos conservadores relutam em aceitar a Psicanálise como ato médico mas aceitam como um campo do saber em apartado que seria uma psicoterapia. 

Adotaram uma visão e percepção de que a Psicanálise é apenas uma forma de psicoterapia, mas não seria ato médico. Que o ato médico é privativo e monopólio dos médicos. A questão suscita controvérsias.

Porque ao mesmo tempo a Medicina também não aceita a Psiquiatria como um campo independente, um bacharela de graduação própria, mas, apenas como uma especialização ou uma pós graduação seja ‘stricto senso’ (mestrado ou doutorado) ou ‘latu senso’ (especialização). No Brasil para ser psiquiatra tem que passar pelo corredor da formação de Médico. Muitos países não adotam o modelo brasileiro.

Psiquiatra, Psicanálise e filosofia:

Existem países que possuem o curso específico para a graduação de bacharel em Psiquiatra. Não existe a necessidade da pessoa se formar em Medicina como pré-requisito e fazer uma pós-graduação para ser psiquiatra como no caso brasileiro. No mesmo passo, os filósofos refutam a ideia de que a filosofia seja uma forma de terapêutica, movimento que se iniciou com a criação da chamada Filosofia Pratica (década de 60 com Lou Marinoff e Marc Sautet) .

Anos depois, no Brasil surgiu a escola da Filosofia Clínica ( com Lúcio Packter, década de 1980) que levantou mais polêmicas. Porém, a Filosofia Clínica adotou uma metodologia toda própria onde não existe patologia, mas estados existenciais; não existe paciente, mas partilhante entre outros conceitos. Contudo, permaneceu o debate sobre o ato médico. Ora, se a Psicanálise é aceita de quase consenso que é uma modalidade de a psicoterapia ela passa a ser ato médico e exerce o ato médico.

Importante destacar que o ato clínico também foi alvo da tentativa de monopólio pela Medicina, porém, não logrou êxito, Muitos campos do saber passaram a desenvolver suas clínicas. Atualmente temos Sociologia Clínica, Advocacia Clínica, Engenharia de Patologia e Clínica, Filosofia Clínica, Arquitetura Clínica, Mecânica Clinica, Teologia Clínica, Contabilidade Clinica entre outros campos emergentes.

Medicina, Psicanálise e filosofia:

Porém, a Medicina em especial no Brasil vem deflagrando muitas escaramuças jurídicas no sentido de tentar se apropriar do ato médico. O ato médico na ótica da Medicina implica na capacidade de requisitar exames e proceder receituário farmacológico rumo a cura (remissão da patologia). Este é o eixo que a Medicina vem buscando conservar já com muitas derrotas.

A Medicina luta na arena social, tanto administrativa, política como judicial, no sentido de não permitir além dela outros ramos do saber realizarem exames médicos e receitas ou seja, o ato médico. Lembrando que exames são atos clínicos.

Vários setores contestam a Medicina de que os exames não são meramente médicos, mas clínicos e servem para diagnósticos e que farmacêuticos, odontólogos (dentista), veterinários, enfermeiros, psicológicos, biomédicos, psicanalistas, possam requisitar exames e proceder também receituários competindo com os médicos. A Dermatologia por exemplo, luta para se desvincular da Medicina, pois vem perdendo espaços para os dentistas que já aplicam botox no rosto e fazem até cirurgias estéticas.

Psicanalise e o ato médico:

O ato médico democratizado esta no centro das discórdias e contendas neste viés. Os médicos não querem aceitar de jeito nenhum que o ato médico seja aberto e democrático e sim, continue fechado, autocrático e monopólio exclusivo deles. O paradoxo que muitos destacam seria o fato da Psicanalise entrar na batalha ao lado dos que querem libertar o ato médico do jugo e domínio exclusivo dos médicos.

Ora, argumentam, se a Psicanalise é uma psicoterapia e não um ato médico, seria um grande contra senso como tem persistido. Médicos argumentam que a grade de formação curricular de muitos cursos não contemplam uma visão da dinâmica farmacológica.

Já ocorreram conflitos no sentido de psicanalistas receitarem remédios comprados em farmácias ou manipulados, e serem contestados como exercício ilegal de profissão e até alguns chamados de curandeiros, xamãs, aprendizes de feiticeiros, vigaristas e falcatruas.

Psicanálise e filosofia, fitoterapia e homeopatia:

Porém, muitos casos eram de receituário de drogas para sono, ou acalmar os nervos, chamados de fitoterápicos que possuem princípios ativos extraídos de chás, e são considerado psicoterápicos da mera Fitoterapia, que estuda e cataloga os chás, como por exemplo, a passiflora que é para induzir o sono. Ou ainda, receitam a linha da homeopatia.

Vários casos pretéritos onde psicólogos e psicanalistas ou outras vertentes foram indiciados e acusados acabaram nos seus processos sendo completamente absolvidos, abrindo um flanco de dano moral porque a imputação de prática de ato médico ilegal foram completamente repelidos eis que o Psicólogo e o Psicanalista podem receitar fitoterapia e homeopatia se tiverem cursos na área. E muitos tinham e apresentavam seus certificados e diplomas. Havia um equívoco.

Não eram casos de ‘alopatia’ mas sim de fitoterapia e homeopatia, que são privativos do ato médico, assim como a cromoterapia, que é uso de cores; som terapia, uso de sons de varias linhas. Acupuntura; uso da catarse de grupo também foram questionados, como sala de nudismo, teoria do grito e banhos com ervas. O próprio CFM Conselho Federal de Medicina do Brasil aceitou algumas práticas, como válidas.

Acupuntura:

A acupuntura foi uma delas que teve resolução aprovando como prática possível de ato médico. O uso de banho com argila também foram questionados. Ora, não existe óbice algum aos psicólogos e aos psicanalistas seja de que vertente ou linha forem, se querendo e havendo necessidade, receitarem fitoterapia ou homeopatia desde que tenham cursos capacitando pra tal.

O que não podem receitar é alopatia que é psicofármaco industrial do ato médico por hora Porque existe um entendimento de estender o ato médico aos que praticam ato médico. Quem labora em psicoterapia pratica ato médico. O cacique de uma tribo pratica ato médico no nível cultural deles e médico com CRM e vinculado ao CFM não pode entender que o cacique seja um vigarista charlatão e criminoso.

Neste caso entra a já chamada Antropologia cultural clínica. É algo cultural e local. Havendo necessidade de receitar homeopatia e/ou fitoterapia ou ainda, algumas formas de terapia como cromoterapia e som terapia pode ser feito pelo psicólogo e pelo psicanalista, não existem óbices desde que realmente capacitados.

A psicoterapia:

Algumas formas de terapia são vedadas como receita o eletrochoque, lobotomia (ou leucotomia) ou disparos de laser no cérebro ou ainda experiências com chás especiais como de cipó que geram alucionações e delírios de aparições de santos e divindade como o famoso caso do cipó ‘Ayahuasca’ conhecido como ‘santo-daime’ em que pese este caso específico do daime esteja na controvérsia. 

Outras controvérsias são as cirurgias por espaço em que médicos tentaram obstruir e consideram parapsicologia como retirar catarata. Então, o fato é que a Psicanálise não é uma forma de filosofa terapêutica. A Psicanálise é uma psicoterapia que tem seu método e se reveste de ato médico e ato clínico. Ato médico porque em ultima análise também visa a remissão ou cura.

Outro ponto a ser questionado são os curso EaD e-learning síncrono ou assíncrono que a Medicina não aceita que o curso de bacharel em ciências médicas seja feito na modalidade a distância com práticas em pontos homologados e certificados pelo MEC e CFM, algo incompreensível. Estimular os psicólogo a seguir a mesma visão e não aceitar o EaD.

Indústria farmacêutica, Psicanálise e filosofia:

Os farmacêuticos não aceitaram proibir EaD bem como biomédicos e enfermeiros desde que haja pontos práticos autorizados e fiscalizados pelo MEC de aplicação da teoria ou seja, a ‘práxis’. A libertação de todos os cursos para a modalidade EaD seria um ganho espetacular para o país que possui grandes distâncias evitando migração de jovens e gerando as vocações locais.

E aulas por telemetria se revelaram mais eficazes, mais baratas. Bastam os convênios com os pontos presenciais inspecionados, homologados, autorizados e certificados para práticas o que não querem aceitar em nome do monopólio do ato médico. Permanece ainda um estereótipo e um ranço tosco contra o avanço tecnológico. A consulta por teleconferência é uma realidade em vários países.

O conselho de psicologia lutou para proibir junto ao MEC do curso on line de Medicina, e a OAB que visava também proibir o Direito, aderiram a este grande retrocesso conservador mantendo as chamadas bolhas fechadas, ou nichos, com antiga visão de capitanias ou feudos do coronelismo ou formação de redutos ou castelinhos de interesses com a hierarquização do saber. 

Considerações finais:

Por fim, resta a questão da Psicanálise ser bacharelado e licenciatura, curso universitário. Muitos analistas convergentes apoiam a independência total da Psicanalise e também da Psiquiatria e a estruturação de seus cursos próprios. Que para ser psiquiatra não precise mais fazer o caminho e o funil da Medicina.

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quinta-feira, abril 6

VOLTA: " É ASSIM POR SETE VEZES " TEXTO ( 1 REIS 18-43 )

O sucesso é certo quando o Senhor o tem prometido. Embora você possa ter suplicado mês após mês sem evidências de resposta, não é possível que o Senhor seja surdo quando seu povo é sincero numa questão que diz respeito à Sua glória.
O profeta no cume do Carmelo continuou a lutar com Deus, e nunca por um momento deu lugar ao medo de que ele fosse rejeitado nos átrios de Jeová.
Seis vezes o servo voltou, mas em cada ocasião, nenhuma palavra foi dita, apenas “Vá novamente.”
Nós não devemos sonhar com incredulidade, mas manter a nossa fé até mesmo setenta vezes sete. A fé manda a esperança voltar e olhar, expectante, do cume do Carmelo, e se nada for visto, ela a envia outra vez. Assim, longe de ser esmagada pelo desapontamento repetido, a fé é animada para pleitear com mais fervor com seu Deus. Ela é mantida humilde, mas não é envergonhada: seus gemidos são mais profundos, e seus suspiros mais veementes, mas ela nunca relaxa nem retira sua mão.
Seria mais agradável à carne e ao sangue ter uma resposta rápida, mas as almas cristãos aprenderam a ser submissas, e acham bom esperar pelo Senhor e no Senhor. Respostas adiadas, muitas vezes põem o coração a sondar a si mesmo, e assim levam à contrição e à reforma espiritual: golpes mortais são assim desferidos na corrupção de nossa natureza decaída no pecado, e as câmaras de imagens mentais são purificadas. O grande perigo é que os homens desfaleçam e percam a bênção.
 não caiam nesse pecado, mas continue em oração e vigie.
Por fim, a pequena nuvem foi vista, a indicação certa de torrentes de chuva, e assim também com você – certamente será dado o sinal para o bem, e você subirá como um príncipe que prevalece para desfrutar a misericórdia que você buscou.
Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós: o seu poder com Deus não estava em seus próprios méritos. Se a sua oração da fé pôde tanto, por que não a sua? Suplique sob a cobertura do sangue precioso com insistência incessante, e lhe será feito de acordo com seu desejo! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS ORIENTA, NOS CONSOLA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

PSICANÁLISE E RELIGIÃO: UMA ANÁLISE E UMA HISTÓRIA:

Neste artig, desenvolveremos o conceito de Psicanálise e Religião. Trata-se de uma abordagem relevante, pois desde o princípio a influencia da religião foi de fundamental importância para entendermos como o sujeito formulou suas plataformas culturais, que de certa forma, ajudou na formação do desenvolvimento psíquico do sujeito de acordo com o contexto existencial em que o indivíduo foi formado, contribuindo no processo da análise, dando ao analista a capacidade de interpretar dores, traumas que surgem a partir da busca do sujeito por um alívio em torno da religião.

Entendendo a Psicanálise e a Religião:

Sigmund Freud, criador da Psicanálise, demonstrou grande e significativa preocupação com a influência da Religião na forma de como a Psicanálise deveria tratar o indivíduo, razão pela qual, algumas manifestações radicais do ponto de vista de como esta força religiosa influenciariam na pratica da Psicanálise, Sigmund Freud demonstra claramente seu interesse em blindar a Psicanálise de qualquer outra ciência (inclusive da medicina), que pudesse engessar a forma com o qual a Psicanálise trataria livremente, as lesões de ordens psíquicas desenvolvidas pelo sujeito.

Com a tese aqui abordada, buscaremos com este artigo  desmistificar, com responsabilidade e conteúdo histórico, que grande parte das declarações de Freud em torno da Religião, caminhou na via da concepção pessoal, sempre tendo como pano de fundo, os relatos advindos de sua convivência existencial judaica, contudo, em nenhum momento, tanto em sua fala informal, como nos métodos fundamentais em Psicanálise, o conteúdo psicanalítico desconstruiu a Religião colocando-a como um mal, ou uma intervenção antagônica que pudesse levar ao sujeito para um nível de intratabilidade no que concerne aos mecanismos contidos no tratamento Psicanalítico.

No primeiro capítulo desta abordagem, traremos o perfil do médico fundador da Psicanálise Sigmund Freud, tendo como objetivo, delinear sua legalidade para expor suas preocupações e percepções em torno de uma visão negativa, ou seja, mostraremos que, ao se posicionar em relação à Religião, Freud não tem como objetivo usar a psicanálise em detrimento da Religião exatamente, mas não deixar acessos para que a Psicanálise fosse vista como “ciência religiosa”, ou “ciência judaica”.

Psicanálise e Religião no segundo capítulo:

Em nosso segundo capítulo, mostraremos o que e psicanálise e vamos refletir sobre como a Psicanálise chegou ao contexto religioso e como importantes autores, como o Pastor protestante Oskar Pfister, soube identificar e distinguir o capricho e a preocupação de Freud em torno do cuidado em deixar a Psicanálise livre de forças científicas periféricas, sem a necessidade de ver a Religião como uma opção desnecessária e antagônica.

Concluindo, procuramos em síntese pontuar em nosso capítulo terceiro as considerações de Pfister em torno da crítica de Freud à Religião.

O pastor protestante procura trazer a baila a importância da Psicanálise e da Religião em torno do objetivo comum em aliviar o sofrimento da alma doente, mesmo que por caminhos e meios distintos. Freud e Oscar pfister são defensores de vias distintas, porém com objetivos iguais: a cura do sofrimento da alma.

Freud no contexto da Religião:

Sigmund Freud foi um médico judeu neurologista talentoso, crítico, e de certa forma, com perfil libertário. Ele nasceu na cidade de Freiburg in Mähren, no dia 6 de maio de 1856. É tido como o “pai da Psicanálise”. Na verdade, o primeiro nome de Freud era: Sigismund Schlomo Freud, obtendo a mudança de seu nome em 1878. Freud era filho de Jakob Freud e Amalia Nathansohn e era o primogênito de oito filhos do casal. A história do povo judeu mostra a devoção judaica em torno da religião monoteísta mais antiga do mundo que pode ainda incluir o cristianismo e outras ramificações.

Era extremamente incomum a existência de um judeu que não estivesse ligado de corpo e alma a religião judaica e suas tradições. Tratava-se de um povo extremamente devoto e fiel aos princípios do judaísmo já na infância. Por ser judeu, Freud foi perseguido pelo nazismo em 1933 diante da grande fúria anti-semita e boa parte de seus livros foram queimados na Alemanha. Não obstante a sua origem judaica, Freud declarou-se “ateu convicto”, e relutou com todas as forças ser visto com as lentes do judaísmo em torno de suas teses. Suas obras elaboradas e suas formulações sobre a psicanálise e outras abordagens jamais carregaram sentimentos genealógicos, ou quaisquer conotações que pudessem trazer a baila um sentimento voltado ao povo judeu como sempre foi até os dias de hoje, bastante comum em biografias de ícones judaicos.

Diante de todo este desejo de não deixar exposto qualquer vínculo religioso-judaico sobre sua trajetória como médico, bem como mais tarde sobre suas teorias em relação a Psicanálise, é possível perceber que há uma preocupação primária, que só poderá ser entendida a partir de alguns personagens que começam a surgir no cenário de uma Psicanálise com as bases já organizadas. Carl Gustav Jung – Em 1900, Freud traz ao público uma Obra concluída em 1899 (A Interpretação dos Sonhos), este conteúdo é visto pelo médico como a sua principal obra em torno de suas teorias. É através desta Obra que um médico Psiquiátrico jovem, habilidoso, suíço, Carl Gustav Jung, obtém uma extraordinária experiência no estudo sobre os sonhos, que daria mais tarde os pilares de sua teoria sobre Psicologia analítica.

Jung e Freud:

Jung não se contenta em apenas acompanhar de longe os comentários de Freud sobre os sonhos e em 1907, se integra ao lado de Freud e se estabelece como seu principal discípulo. Embora Jung tivesse trazido significativas contribuições para Freud no amadurecimento de suas teorias, como por exemplo, um melhoramento da visão de Freud sobre a psicose no tratamento com psicanálise, uma vez que a psiquiatria já se avançava bastante no tratamento de psicóticos e já dominava com solidez o campo da esquizofrenia tendo no bojo do tratamento destas doenças significativos conhecimentos, o desejo primordial de Freud em relação a Jung estava exatamente fora destas contribuições de desenvolvimento em torno da teoria psicanálitica, Freud via em Jung uma grande oportunidade de extirpar de uma vez a possibilidade da psicanálise se transformar numa ciência-judaica.

Em princípio, Freud se vê confortável com o desempenho e o ajuste de Jung em torno da psicanálise e a possibilidade desta continuidade aos conteúdos apresentados por Freud ao seu discípulo admirável. Nosso compromisso nesta abordagem, não seria expor aqui como se deu a não continuidade desta parceria entre Freud e Jung, pois isto desviaria nossa finalidade em relatar a preocupação de Freud quanto o envolvimento da Religião na teoria Psicanalítica, contudo, é importante registrar que o rompimento de Jung com Freud se deu por volta de 1914, depois de 7 anos de trabalhos juntos. Jung acreditava que a visão dualista de Freud em torno do que é libido, bem como o inconsciente concentrado apenas no sujeito precisava ser amadurecida.

O psiquiatra autor da psicologia analítica tornou mais abrangente à questão do inconsciente, trazendo uma linha que ele chamou de “Inconsciente coletivo”, bem como desenvolveu a teoria dos arquétipos e simplificou a libido como apenas “uma só coisa”, diferente de Freud que a dividiu entre a sexualidade e o interesse. É importante aqui salientar que foi através de Jung que Freud conheceu o Pastor protestante, também suíço, Oskar Pfister.

Freud e Oskar Pfister:

Um debate construtivo entre Psicanálise e Religião, Oskar Pfister era um pastor protestante (luterano) suíço, contemporâneo de Carl Gustav Jung, que o apresentou a Freud. Sua história, seus artigos, sua interação com Freud mostra um religioso apaixonado pela psicanálise e que não foi vencido pela forma característica e incisiva com a qual Freud o refutava.

Ao contrário disso, Pfister, se mostra seguro e convicto na sua interlocução, com estilo ético e com argumentação elegante fundamentada sempre na motivação prioritária da psicanálise e da Religião, ou seja, suas respostas sempre caminhavam em torno, não da supremacia da Religião em detrimento da psicanálise, mas no objetivo das duas vias terem como finalidade lutar para livrar o sujeito do sofrimento, provenientes das lesões provocadas pelas crises traumáticas do cotidiano existencial do sujeito.

Pfister chegou a escrever mais de 200 artigos sobre diversos temas. Em sua Obra: “O Cristianismo e a Angustia” de 1944, já no prefácio, ele transcorre de forma envolvente a maneira com a qual conheceu os degraus da psicanálise e exclama: “Tão logo procurei aplicar os novos conhecimentos na cura de almas, provei a alegria do descobridor e do auxiliador, sempre de novo experimentada. Principalmente o estudo das neuroses fóbicas e compulsivas, como também suas seqüelas na vida religiosa e moral, abriu meus olhos para as principais conexões e suas leis…”

Embora Pfister demonstrasse uma busca apaixonante pelo entendimento profundo da psicanálise na interação com Freud, era patente o vínculo de afetividade que havia entre ambos, é o que descreve Carlos Dominguez Morano em sua Obra intitulada: “Psicanálise e Religião – um diálogo Interminável”: “… era agradável o impacto que este causava em seus filhos. São numerosas as referências a este respeito em sua correspondência” (p. 35). O entendimento de Pfister em trazer a religião para uma interatividade em consonância com a psicanálise se deu em observância ao mal que os dogmas trouxeram para os conceitos de religiosidade contidos no cristianismo.

Psicanálise e Religião da angústia:

Segundo suas próprias afirmações, a religião saiu da via do amor para uma “religião de angustia” em função dos dogmas, ou seja, entende-se que, em sua avaliação, Deus saiu da condição de um Pai amoroso, fazendo do cristianismo uma estrada coercitiva, apresentando-se como um Pai dogmático. Impregnado pela magia da teoria psicanalítica, Pfister se ajusta a sua convicção, transformando-se num potencial psicanalista, sem se afastar de sua fé e sua vocação sacerdotal. Embates entre ateus e religiosos sempre foram agressivos, aliás, é uma característica comum entre ambos. Freud, ateu convicto, e Pfister, protestante do mesmo naipe, deram uma nova roupagem para este embate.

No livro Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939) – Um diálogo entre a psicanálise e a fé cristã, deparamo-nos com duas figuras antagônicas atípicas, pois, de certa forma, ambos se entrelaçam diante da busca em torno do sofrimento humano, mostrando com isto que, Psicanálise e Religião, embora sejam caminhos distintos e livres em suas construções e bases, estão correlacionadas no seu objetivo áureo, ou seja, ajudar ao indivíduo no alívio de dores existenciais.

Diante deste exposto, surge uma reflexão importante que responde, talvez, a razão pela qual esta relação entre Freud e Pfister não transcorre num rompimento de amizade a exemplo do que aconteceu entre Freud e Jung, pois a psicanálise, objeto de defesa de Freud e Religião sendo representada por Pfister, não obstruíram o contato permanente entre ambos, ao passo que, na relação Freud e Jung, não há nenhum viés religioso envolvido, contudo, o rompimento da amizade entre estes dois ícones foram expressivos.

Declarações de Jung em resposta ao campo religioso não dão apoio concreto do ponto de vista positivo em torno da religião, bem como também, não há nada tão radical que coloque em xeque a força da Religião e a sua eficácia em torno do sujeito. Ao contrário da relação entre Freud e Jung, a Religião, ou o perfil sacerdotal de Pfister, parece ter sido a razão pela qual não houve cisão entre Freud e Pfister, uma vez que, não é comum o entrosamento ajustado entre ateus e religiosos como se deu entre o médico e o pastor. A relação entre Freud e Pfister no que concerne a Psicanálise e a Religião não corresponde coerentemente com as reações de Freud na temática religiosa em outros momentos.

A obra de Freud

Na Obra “O futuro de uma ilusão"  Freud responde a um colega de medicina sobre uma entrevista concedida no outono de 1927, onde um jornalista teuto-americano, depois de uma visita, publicou a resposta de Freud sobre sua “falta de fé religiosa”, bem como sua indiferença em relação à vida depois da morte. Segundo Freud declara na página 179 no título: “Uma experiência Religiosa”, as declarações de Freud foram amplamente lida pelo público, trazendo entre outras, uma carta descrevendo um testemunho de um médico americano que teve sua fé esmorecida quando observou uma senhora sendo levada para uma sala de dissecção, fazendo-o questionar a existência de Deus diante de uma cena tão comovente, provocando com isso, o seu afastamento da igreja. Na continuidade da experiência, o médico conta que ouviu uma voz que falou a sua alma, pedindo-lhe que considerasse o passo que ele estava planejando dar em torno de sua fé.

Depois de replicar sobre a voz ouvida na sua alma, o médico relata: “No decorrer das semanas seguintes, Deus tornou claro à minha alma que a Bíblia era a sua Palavra, que os ensinamentos a respeito de Jesus Cristo eram verdadeiros e que Jesus Cristo era a nossa única Salvação. Após uma revelação tão clara, aceitei a Bíblia como sendo a Palavra de Deus, e Jesus Cristo como meu salvador pessoal. Desde então, Deus se revelou para mim, por meio de muitas provas infalíveis” (p. 179). Depois de ter implorado a Freud para refletir sobre sua posição em função da crença de que Deus existe e de que este se revelaria a ele em sua alma, Freud relata a forma com a qual respondeu ao seu colega de profissão: “Enviei-lhe uma resposta polida, dizendo que ficava feliz em saber que essa experiência o havia capacitado a manter sua fé.

Quanto a mim, Deus não fizera o mesmo comigo. Nunca me permitiria escutar uma voz interior e se, em vista da minha idade, não se apressasse, não seria culpa minha se eu permanecesse até o fim da minha vida o que agora sou – um judeu infiel” (p. 180). O relato desta experiência contada por Freud como “Uma experiência Religiosa” é relatada por Freud em Cartas entre Freud & Pfister (1909-1939), onde ele diz: “Não sei se o senhor adivinhou a ligação secreta entre “A Questão da Análise Leiga” (1926), e o “O Futuro de uma Ilusão” (1927)… Freud continua dizendo: “Na primeira, quero proteger a psicanálise dos médicos; na segunda, dos sacerdotes.

A crítica de Oskar Pfister à concepção de Freud sobre Religião:

Quero entregá-la a uma categoria de curas de alma seculares, que não necessitam ser médicos e não podem ser sacerdotes.” Esta afirmação de Freud à Pfister parece demonstrar uma expressão radical com objetivo de não permitir que haja uma “apropriação indébita” em torno não só da Religião, como também da medicina em relação a teoria psicanalítica, preocupação já mencionada no primeiro capítulo desta tese como quando Freud deseja ter Jung como uma possibilidade de blindar a psicanálise da religião judaica.

A maneira com a qual Freud viu a religião valendo-se da forma psicanalítica de abordagem acabou mostrando um caminho jamais explorado antes. Para o médico, a religião estava apoiada numa diretriz de relação ambivalente entre o pai e o filho, questão relacionada à sua tese sobre o complexo de Edipo, Freud entendia que, como a religião estava focada em uma “ilusão”, este foi o caminho pelo qual o sujeito buscou lidar com a realidade. O que Freud quer dizer na verdade, é que a Religião tem como base estrutural diligente a dinâmica da pulsão e que isso se resolveria através de um estímulo sistemático em torno da racionalidade e que bastava o indivíduo caminhar nas vias da razão.

Para Freud, bastava “educar” a sociedade em torno da realidade, foi o que ele propôs em sua obra: “O futuro de uma ilusão” de (1927). Embora em sua obra “O futuro de uma ilusão” Freud procura trazer à baila sua forma característica contundente de defesas técnicas e filosóficas, ficou claro as lacunas expostas diante das tendências em escrever os processos biológicos com as mesmas explicações que permeiam as leis físicas da química que permite interpretar a matéria inanimada, ou seja, foi uma forma freudiana de decompor os conceitos complexos da discussão por vias simplificadas.

Complexo de Édipo, Psicanálise e Religião:

Oskar Pfister vai estruturar sua crítica à Freud contrapondo sua afirmação sem desconstruir a beleza estética do discurso de Freud, pelo contrário, ele (Pfister), caminha na estrada em que Freud está, porém, adiciona razões significativas fazendo paralelos com o que foi exposto sem a necessidade de desconstruir radicalmente as afirmações do pai da psicanálise. Para Pfister, uma coisa era apresentar a conotação dúbia ambivalente na Religião a partir da relação pai e filho, mostrar a relação entre o Complexo de Édipo e a criação de uma Religião e outra coisa é dizer que a Religião possa ser resumida a apenas essas facetas especificamente. As discussões entre a psicanálise e os conceitos da fé cristã entre Freud e Oskar Pfister se dá entre os anos de 1909 e 1939.

As cartas trocadas entre os autores destacam um desempenho de cordialidade amistosa, porém que em dado momento a temperatura aquece e decorre numa conotação sarcástica entre ambos, contudo, é patente o respeito. Durante as trocas de correspondências o pastor Pfister procura mostrar ao médico Freud uma via da religião da qual o pai da psicanálise não atentou, isto é, a parte positiva da Religião que levava o sujeito para o mesmo lugar na qual os objetivos da psicanálise estavam correlacionados. O assunto sobre fé cristã foi evidente desde as primeiras correspondências entre o médico e o pastor. Em 18 de Janeiro de 1909, Freud escreve ressaltando sobre suas pesquisas psiquiátricas terem encontrado guarida em uma “cura de almas espiritual”. Apesar destas afirmações aparentemente amigas, na prática, Freud insiste na preocupação em deixar a psicanálise exposta.

A resposta crítica de Pfister Os debates entre Freud e Pfister sempre foram conduzidos de forma bem branda e amistosa, até que Freud publica: “O futuro de uma ilusão” em 1927. A amizade entre Freud e Pfister era tão expressiva que mesmo antes da publicação desta obra Freud envia uma carta a Pfister afirmando que a obra seria lançada em breve, e que o motivo do adiamento até o presente momento se daria em consideração ao próprio Pfister (carta de 16/10/1927). O que Freud relata é o seguinte: “Nas próximas semanas sairá uma brochura da minha autoria, que tem muito a ver com o senhor.

Eu já a teria escrito há tempo, mas adiei-a em consideração ao senhor, até que a pressão ficou forte demais. Ela trata – fácil de adivinhar – da minha posição totalmente contrária à Religião – em todas as formas e diluições, e mesmo que isto não seja novidade para o senhor, eu temia e ainda temo que uma declaração pública lhe seja constrangedora.

Música, Filosofia e Religião:

O senhor me fará saber, então, que medida de compreensão e tolerância ainda consegue ter para com este herege incurável.” A resposta do pastor protestante Oskar Pfister demorou apenas 5 dias para ser enviada, e diga-se de passagem, com uma dissertação bastante cordial. Segue: “No tocante à sua brochura contra a Religião, sua rejeição à Religião não me traz nada de novo. Eu a aguardo com alegre interesse. Um adversário de grande capacidade intelectual é mais útil à Religião que mil adeptos inúteis. Enfim, na Música, Filosofia e Religião eu sigo por caminhos diferentes dos do senhor. Não poderia imaginar que uma declaração pública sua me pudesse melindrar; sempre achei que cada um deve dizer sua opinião honesta de modo claro e audível.

O senhor sempre foi paciente comigo, e eu não o seria com o seu ateísmo? Certamente o senhor também não vai levar a mal se eu oportunamente expressar com franqueza minha posição divergente. Por enquanto fico na posição de alegre aprendiz” (FREUD, 2009, carta de 21/10/1927). Ao receber a resposta de Pfister, Freud parece ter ficado aliviado, contudo, a elegância com a qual o pastor responde parece motivar a exposição da “obra de guerra”.

Freud ainda recebe com entusiasmo o desejo de Pfister em publicar uma resposta critica. Em 22 de Outubro de 1927, Freud responde: .“Da sua magnanimidade eu não esperava outra resposta à minha ‘declaração de guerra’. Alegro-me diretamente pelo seu posicionamento público contra minha brochura; será um refrigério em meio ao coro desafinado de críticas, para o qual estou preparado. Nós sabemos que, por caminhos diferentes, lutamos pelas mesmas coisas para os pobres homenzinhos.”

Freud então cumpre com o enunciado e publica seu livro: “O futuro de uma ilusão” em 1927. Após a publicação da obra de Freud, Pfister responde de uma forma a deixar exposta sua atenção minuciosa em torno daquilo que Freud expôs na obra em tese. A resposta de Pfister não está fundamentada exatamente em defender a Religião, mas em trazer ao debate com Freud, o paralelo de finalidade e objetivos comuns entre a Psicanálise e a Religião.

No percurso da exposição de Pfister, o pastor não omite os caminhos tortuosos da Religião em torno dos dogmas que incentivam " neuroses psiquicas" bem como também, não deixa de expor os caminhos extremos contidos no entendimento de Freud quando este coloca a Religião como uma ilusão fruto da busca do sujeito neurótico. Em sua resposta, Pfister deixa clara a sua visão de como ele entende a relação Psicanálise e Religião. O religioso é ousado em afirmar que a Psicanálise de certa forma, serve para “purificar” a fé imatura, sendo ainda, um instrumento que contribui no amadurecimento de uma Religião concisa e sólida.

Sofrimentos humanos, Psicanálise e Religião:

Ousadamente, Pfister descreve que Freud combate a Religião valendo-se da própria religião, pois sua busca e seu objetivo é chegar à verdade e que de certa forma, tenta entender o amor. Segundo Pfister: “Quem trabalha para aliviar os sofrimentos humanos trabalha em favor do reino de Deus” (2003, p. 18): “Afinal, quem lutou de modo tão gigantesco pela verdade e brigou tão heroicamente pela redenção do amor, este é, quer queria sê-lo ou não, segundo os parâmetros do evangelho, um fiel servo de Deus. E não está longe do reino de Deus quem, pela criação da Psicanálise, elaborou o instrumento pelo qual são serradas as cadeias das almas sofredoras e são abertas as portas do cárcere” É patente que a principal arma de Pfister é insistir em mostrar que Psicanálise e a Religião obedecem aos mesmos objetivos, mas que, diferem nos meios.

O protestante não hesita em caminhar na direção de que, tanto a Psicanálise, quanto a Religião, busca aliviar sofrimentos em torno do sujeito. O desejo de Pfister em eliminar a rixa existente entre ambos os domínios parece querer dizer que os dois caminhos estão significativamente relacionados. Em Pfister (2003, p. 19): “Volto-me com toda a determinação contra sua apreciação da Religião […]. Contudo, faço-o também na esperança de que alguns, que ficaram refratários à Psicanálise com a rejeição da fé religiosa pelo senhor, voltem a contrair amizade com essa ciência, como método e síntese de reconhecimentos empíricos”.

Estrategicamente, Pfister busca trazer o conceito de “ilusão” para o debate e usa o termo para fundamentar sua tese e seu pensamento, tudo isso, sem colocar em xeque a tônica que Freud idealizou para transcorrer sua elucidação em torno da Religião. Inicialmente, o que Pfister vai dizer sobre “ilusão”, tem conotação positiva em torno daquilo que ele pretende afirmar.

Na verdade, o que Pfister quer ressaltar é que há possibilidade de coexistência da ilusão em torno da realidade, se este caminho for adaptado. Segundo Pfister (2003, p. 20), “na ilusão pode estar investido muito raciocínio realista existente”. Dessa forma, a relação entre ilusão e realidade se afasta daquela proposta por Freud (1927) em “O futuro de uma ilusão”. Freud defendia que a Religião seria uma “neurose obssesiva os obsessão neurótica,"  Pfister, não nega tal conceito, contudo, ele define esta neurose a partir de uma “religião” que não foi concebida a partir de sua essência. O que Pfister diz é: “as obsessões são inconfundíveis em várias religiões primitivas, que ainda não conhecem nenhuma constituição eclesiástica, e também em todas as ortodoxias” (2003, p. 21.

A figura do Deus Pai:

Na concepção de Pfister, a Religião era evolutiva e que na medida em que o amadurecimento vai chegando, a culpa existencial recebido pelo sujeito na ortodoxia dogmática vai sendo vencida e superada: “creio que, pelo contrário, as mais sublimes elaborações religiosas justamente suspendem a obsessão” (2003, p. 23). Pfister não se restringe apenas em trazer ao representativo da religião a figura do Deus Pai, mas também traz ao debate a figura de Jesus Cristo como fator primordial em torno da neurose propriamente dita.

Segundo sua exposição, Jesus não só supera a neurose coletiva de seu adeptos, como também trás um caminho mais maduro, possibilitando a cura de lesões traumáticas. A trajetória de Jesus enquanto homem designou-se em retirar a reflexão do sujeito pela via da culpa, levando-o para o caminho do amor: “Jesus contrapõe seu ‘mandamento’ do amor ao monismo neurótico obsessivo-compulsivo, que impõe um pesado jugo através das crenças ao pé da letra e do meticuloso cerimonialismo” (2003, p. 23).

Falando sobre a neurose coletiva intensificada pela figura de Jesus Cristo, Pfister diz o seguinte: “Jesus venceu a neurose coletiva de seu povo introduzindo no centro da vida o amor que, na verdade, é moralmente purificado. Na sua concepção de pai, totalmente purificada das toxinas da ligação edípica, constatamos que foram totalmente vencidos a heteronomia e todo o constrangimento das amarras. O que se exige das pessoas não é outra coisa senão aquilo que corresponde à sua essência e sua vocação verdadeira, o que favorece o bem comum e – para também dar lugar ao ponto de vista biológico – uma saúde máxima do indivíduo e da coletividade” (2003, p. 23-24), Entende-se nesta colocação de Pfister, que o amor no Evangelho por meio de Jesus Cristo, a Lei mosaica está superada e cumprida, pois, ao contrário da Lei que apenas mostrava o erro e a forma com o qual o sujeito deveria ser punido, agora, pela Lei do amor, em Jesus Cristo, Deus não deve ser aplacado com cerimoniais de sacrifícios, mas visto pelo próximo através do amor, ou seja, para Pfister, a religião dentro de um processo de desenvolvimento e amadurecimento provoca a humanização combatendo o primitivismo obsessivo.

Pfister ainda não perde a oportunidade de lamentar o fato de Freud ter negligenciado as partes mais sublimes da religião. Na concepção de Oskar Pfister, as compulsões individuais concebidas pelo sujeito estão na “pré-religião” e que o cristianismo “israelita-cristão” seria um vislumbrar de um amadurecimento libertário com objetivos de anular a compulsão, sendo esta a fonte de humanização proposta pelo discurso do pastor psicanalista. Pfister não hesita em discorrer sobre a questão da religião imaginária em torno do desejo. Sua palavra é cristalina e e concorda com Freud no ponto de que a Religião é permeada pelo desejo.

Segundo Pfister (2003, p. 27), “eu já sabia havia tempo que as representações de Deus e do além muitas vezes são pintadas com as cores da paleta do desejo” Quando Pfister faz a sua defesa dentro deste desempenho de avaliação sistemática, seu objetivo não é desmerecer o entendimento do pai da psicanálise, mas trazer a baila o descuido de Freud em restringir na religião esta brecha, pois não seria algo caro apenas à Religião, e sim estaria presente também na própria ciência, assim como o desejo também permearia o próprio ateísmo.

Conclusão sobre Psicanálise e Religião:

O desejo, portanto, circula em todo tipo de criação humana  e tenderia a uma evolução que parte de desejos egoístas para aqueles que visam se afastar do seu caráter egocêntrico à medida que o ser humano evolui. É percebível que Pfister não deseja priorizar o discurso religioso em detrimento da concepção de Freud com a psicanálise, pelo contrário, o pastor protestante busca fomentar a importância da psicanálise em harmonia com os princípios maduros da fé cristã. Outro ponto a considerar neste debate entre Freud e Pfister, é o cuidado que o sacerdote possui com a alma de seu interlocutor no que concerne a sua aceitação dentro do contexto do público religioso.

Pfister a todo tempo, tenta apresentar Freud como uma ferramenta de Deus em torno da cura de almas, mesmo que fora dos pilares de princípios da religião. Freud, por sua vez, nunca reivindicou para si nenhum tipo de aceitação religiosa e, como foi dito no decorrer desse artigo, sua crítica à religião é bastante incisiva e mesmo que em vários sentidos ela possa ser entendida como reducionista, abre um excelente caminho para o diálogo.

É bem fácil perceber um desvio do diálogo entre Freud e Oskar Pfister para um terreno não propriamente voltado para a psicanálise. Ambos os autores se limitam a trafegar no conceito de ilusão deixando de lado temas mais caros à doutrina psicanalítica tais como os conceitos de culpabilidade e ambivalência. Quase nenhum espaço é dado a livros como Totem e Tabu (FREUD, 1913) e Moisés e o monoteísmo (FREUD, 1939). O objetivo conciliatório de Pfister em torno da questão do amor que tem em Jesus o grande paradigma acaba por deixar a versão do conceito psicanalítico em relação ao amor centrado na análise mais importantes desse sentimento, mais ligado à agressividade, ao ódio e à pulsão de morte. 

Ao trazermos o psiquiatra suíço Carl Gustav Jung para as primeiras linhas deste trabalho relaciona-se ao fato de Freud ter vislumbrado a possibilidade de a psicanálise ter sido vista como uma ciência-judaica por seus conterrâneos, apenas pelo fato de Freud ter sido judeu. A ruptura entre Jung e Freud, de certa forma, radicalizou o discurso do médico em torno da religião, pois, de certa forma, Freud acaba por continuar sendo protagonista em torno da psicanálise, obrigando-o a ter na religião, ao que parece a possibilidade de num futuro não distante, a religião se apropriar, assim como a medicina, das bases da psicanálise.

quarta-feira, abril 5

COMO DEVEMOS PRESTAR UM CULTO RACIONAL A DEUS:

Não podemos servir a Deus corretamente e de modo aceitável, a menos que nós o adoremos regularmente, e como podemos fazer isso, se formos ignorantes dos fundamentos da fé que são radicados na Sua Palavra?
Estaremos longe de oferecer um “culto racional” a Deus,                  ( Romanos 12-1 ) se não entendermos os fundamentos da fé cristã. Como o culto pode ser racional quando falta isto?
Os fundamentos da nossa fé enriquecem a mente: é uma lâmpada para os nossos pés, que nos dirige em todo o curso do Cristianismo, como o olho dirige o corpo. O conhecimento dos fundamentos é a chave de ouro que abre os principais mistérios da fé.
Daí ser tão enfatizada a necessidade de revelação para o conhecimento da vontade de Deus, como o apóstolo o expressa na sequência de             ( Romanos 12-1 ) pela apresentação de nossos corpos como sacrifícios vivos a Deus, pela renovação da nossa mente pela Palavra pelo seu Espírito, de modo que não conformados ao mundo, ou seja, estando santificados, possamos conhecer qual seja a Sua boa, perfeita e agradável vontade em relação a tudo o que revelou nas Escrituras, para que possamos cultuá-lo da forma correta e aceitável, que o apóstolo chama de “culto racional”, ou seja, não baseado em sentimentos, emoções, imaginações, e pensamentos oriundos do próprio homem, e não na verdade, como ela se encontra em Cristo Jesus, e revelada na sua Palavra.
Muito deste culto racional se refere à nossa transformação à imagem de Cristo, pela mortificação do pecado e revestimento das virtudes do Senhor (humildade, mansidão, ternura, bondade, amor, alegria, longanimidade, justiça, misericórdia etc).
Há muito fogo estranho sendo oferecido no templo do Espírito que é o nosso próprio corpo. Quanto o Espírito é agravado e entristecido com isto, e somente não somos consumidos como foram os dois filhos de Arão no passado, porque estamos numa dispensação onde Deus tem sido completamente longânimo para com as nossas negligências e ignorância.
Mas permaneceremos no erro, tendo uma vez sido iluminados em nosso entendimento que há um modo correto de se viver para Deus e cultuá-lo?
Nosso Senhor afirmou a necessidade de estarmos firmemente fundados com nossa casa espiritual sobre a rocha do conhecimento e prática da Palavra.
Para isto é necessário cavar profundamente nas Escrituras para chegarmos ao fundamento (Cristo) para que sejamos edificados pelo Espírito mediante a Palavra exata do evangelho.
Pelo quê e como interceder se não sabemos o que é e o que não é aprovado por Deus?
Como disciplinar e exortar se não tivermos a régua do conhecimento celestial e divino, pela qual as ações devem ser medidas com amor, misericórdia e longanimidade?
Se a semente da graça da nova criatura que foi implantada em nós não estiver devidamente arraigada na Palavra, a planta da nova vida não crescerá e dará frutos, por falta de raízes fortes e firmes.
Quando não se possui a plenitude da Palavra, que é a única coisa que pode satisfazer à alma, esta buscará o seu contentamento em novidades vãs, e formas de culto sensual, que jamais poderão mantê-la naquela paz e vida que Cristo veio nos dar.
Se não houvesse a necessidade do devido aprendizado da Palavra, por que então Deus levantaria, pastores e mestres, entre outros ministérios, com o propósito de fazê-lo! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONDUZ, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, E AINDA NOS ANIMA ".

O QUE SIGNIFICA AFASIA? QUAIS SÃO OS SINTOMAS? COMO PREVENIR E COMO TRATAR?

Definição:

afasia: substantivo feminino. Origem etimológica do grego: aphasía ‘id.’, através do francês aphasie ‘id.’

1. FILOSOFIA: no ceticismo, abstenção consciente de qualquer juízo originada pelo reconhecimento da ignorância a respeito de tudo que transcenda as possibilidades cognitivas do ser humano.

2. NEUROLOGIA: enfraquecimento ou perda do poder de captação, de manipulação e por vezes de expressão de palavras como símbolos de pensamentos, em virtude de lesões em alguns centros cerebrais e não devido a defeito no mecanismo auditivo ou fonador; logastenia.

A partir deste momento tentarei trazer a todos uma parcela de conhecimento deste distúrbio cerebral, para que possamos entender melhor. 

Tipos de afasia:

A afasia possui, segundo a American Stroke Association, identificados três tipos distintos, de Wernicke (Compreensiva), global (como o próprio nome diz é mais completa) e de Broca (Expressiva).

• De Wernicke = é a síndrome de Wernicke-Korsakoff (SWK) e tem como característica a amnésia anterógrada, que significa que o paciente não consegue lembrar-se de informações novas ou acontecimentos recentes. As informações que devem ser armazenadas na memória de curto prazo desaparecem.

A causa mais comum é por dano ou trauma cerebral, tal como uma pancada na cabeça ou por deficiência de tiamina, que é comumente encontrada em alcoólatras e pessoas com desnutrição.

Ainda sobre os tipos de Afasia:

• Global = ocorre quando há perda total de capacidade de compreensão, fala, leitura e escrita. As causas associadas a este distúrbio estão no AVC (Acidente Vascular Cerebral), tumores cerebrais, Alzheimer, ou demais doenças degenerativas ou impactos que acometem o lado esquerdo do cérebro.

• Afasia de Broca (parte do cérebro humano responsável pela expressão da linguagem, contém os programas motores da fala) = também conhecida como afasia expressiva é um transtorno neurológico que é caracterizado pela dificuldade em se expressar de forma verbal, porém há compreensão preservada. Neste transtorno a pessoa sente grande dificuldade em dizer as palavras que querem e por vezes fazem substituições que não fazem sentido no contexto.

Existe ainda a dificuldade de construir frases com mais de duas palavras. Esta afasia ocorre por lesão causada na área de Broca sendo causada geralmente por um AVC (Acidente Vascular Cerebral). Conforme percebemos pelas definições anteriormente comentadas, as causas mais comuns e associadas à afasia estão no AVC (Acidente Vascular Cerebral), tumores cerebrais, doenças degenerativas (Alzheimer) ou impactos na cabeça que acontecem no hemisfério esquerdo do cérebro ou nas regiões frontais e temporais à esquerda.

Da desconfiança ao diagnóstico de o que é Afasia:

Há dois principais grupos de afasias, divididos pela fluência do discurso do paciente:

I. Afasias fluentes: Neste grupo as pessoas são capazes de falar com facilidade. Nesse tipo, os pacientes geralmente não entendem o que está sendo conversado e nem sempre percebem que as demais pessoas não os compreendem.

II. Afasias não fluentes: Neste grupo a pessoa tem dificuldade para se expressar e achar palavras, às vezes omitindo-as, e falam frases muito curtas. Mas podem entender o que as outras pessoas estão falando e é neste grupo que a pessoa tem consciência de suas dificuldades, o que pode causar irritação e por vezes frustração.

III. Para as pessoas que convivem com o paciente que está com afasia é possível identificar que a pessoa fala palavras irreconhecíveis e por vezes não consegue entender o que outras pessoas estão falando. Quando ocorrem estas situações de desconfiança é imprescindível encaminhar a pessoa à uma consulta com um Neurologista (profissional clínico capacitado a diagnosticar este e demais distúrbios cerebrais), que fará exames neuropsicológicos apropriados.

Como tratar um paciente com afasia:

O tratamento da afasia depende de sua causa. Por vezes é recomendada cirurgia para retirada de um tumor ou medicação destinada a tratar sintomas de AVC (Acidente Vascular Cerebral). Serão necessários tratamentos com fonoaudiólogos para buscar a reabilitação e a recuperação das habilidades de expressão oral e escrita e a compreensão verbal, bem como tratamentos com terapeutas ocupacionais, psicanalistas, fisioterapeutas e psicólogos.

São necessários exercícios diários e constantes, que podem e devem ser executados em casa e no consultório. É possível falar em cura no tratamento da afasia? As pessoas que têm afasia podem voltar a falar, porém dependerá do nível de conhecimento prévio (se o cérebro era bem estimulado com conhecimentos gerais, conhecimento de outros idiomas, ou seja, se o cérebro era bem ativo).

Também dependerá do momento em que o paciente iniciou o tratamento, bem como o tempo de estimulação e internação e também por fatores emocionais associados ao ocorrido, como por exemplo a depressão.

É possível evitar-se a afasia?

Não é possível prevenir diretamente, porém a prevenção ocorre quando são evitadas ou há prevenção de doenças de base, tais como AVC (uma das principais causas). Deve-se controlar seus fatores de risco, tais como: controle do colesterol, obesidade, sedentarismo, controle da pressão arterial e tabagismo.

– “a gente conhece as palavras. A gente se lembra das palavras… mas não vem… a palavra!”

– “Fala pouco… é afásico! Fala muito… é afásico também! Mas tem problema de se expressar! Isso que é afásico”.

– “só cumprimento… só… mas… falar não! falo… eu cumprimento… cumprimento a gente fala… mas fala assim…”

– “nós temos a mente normal! … as pessoas não sabem disso… acha que nós temos deficiência mentais! Afasia não é deficiência mental!”

Conclusão: causas, sintomas, prevenção e tratamentos:

Por ser basicamente causada por eventos físicos, como traumas e ocorrência de AVC (Acidente Vascular Cerebral), fica quase impossível prevenir a afasia, porém há algumas ações que podem ajudar a diminuir os riscos. A atividade física constante é importante para manter a saúde física e mental, e por este motivo deve-se evitar o sedentarismo.

A boa e saudável alimentação também ajuda a evitar e/ou diminuir a possibilidade de ocorrência da Afasia. A convivência familiar e com pessoas próximas pode ser normal ou bem próximo da normalidade nos casos em que o paciente passa por tratamentos adequados e tem uma reabilitação especializada.

terça-feira, abril 4

A NATUREZA DA REVELAÇÃO ESPIRITUAL:

Deus está próximo; “Nele vivemos, nos movemos e existimos.” A eternidade está próxima; estamos à beira da mesma. A morte está próxima, avançando em nossa direção com passos apressados. As verdades da Palavra de Deus são mais certas em si, e da maior consequência para nós. Mas não percebemos nenhuma destas coisas, e não somos afetados por elas, porque nosso entendimento é obscuro, e porque há paredes espessas de ignorância, preconceito e incredulidade, perante os olhos da mente, e que as mantêm afastadas da nossa visão, mesmo aquelas noções de verdade que por vezes, pegamos ouvindo e lendo, mas são como janelas num quarto escuro, elas são adequadas para permitir a entrada da luz, mas não podem produzir qualquer luz de si mesmas.
Penso, portanto, que podemos concluir, que Deus está revelando essas coisas para nós somente para significar a sua efetiva mudança em nós pelo seu Espírito Santo, assim como ele nos dispõe e nos permite a experimentá-las. Ele envia uma luz divina para a alma, e as coisas começam a parecer tão simples, e perguntamo-nos na nossa antiga estupidez, por que não pudemos percebê-las antes. Pelo poder do seu Espírito, com o qual ele quebra as paredes que nos prendiam e nos confinavam ao nosso modo de ver, e uma nova e impensada perspectiva aparece de repente diante de nós. Então a alma vê o perigo em que se encontrava: “Eu pensei que me protegia, mas eu acho que eu estou no meio dos inimigos. A culpa me persegue, o medo, o laço, e a cova, estão diante de mim, que caminho deverei seguir?” Então ele percebe seu erro: “Embora meus pontos de vista estivessem confinados, eu pensei que não havia nada além do tempo de vida para ser cuidado, mas agora eu vejo uma eternidade sem limites para além disso.” Isto traz também um vislumbre das glórias do mundo melhor, das belezas da santidade, da excelência de Jesus. Esta luz é primeiramente fraca e imperfeita, mas cresce mais forte através da utilização de meios designados, e como é aumentada, cada coisa aparece com uma forte evidência.
Podemos mais particularmente ilustrar esta obra do Espírito Santo, com o modo que ele influencia as principais faculdades da alma, o entendimento, afeições e vontade. Por natureza, a vontade é perversa e rebelde, e as afeições alienadas de Deus; a causa primária desses transtornos está na escuridão do não entendimento. Aqui, então, começa a mudança.
O Espírito de Deus ilumina o entendimento, pelo que o pecador percebe que as coisas são, tal como representadas na palavra de Deus, que ele é um transgressor contra a lei divina, e por esse motivo desagradável para a ira de Deus, perante a qual ele não é somente culpado, mas corrompido e impuro, e totalmente incapaz ou para reparar os males passados, ou para mudar o seu próprio coração e vida. Ele vê que o grande Deus poderia justamente recusar-lhe a graça, e que ele não tem qualquer recurso para oferecer ao tribunal de juízo.
Esta descoberta iria afundá-lo em desespero, se ela não fosse mais longe, porque, pela mesma luz que ele descobre a si mesmo, ele começa a ver a idoneidade, sabedoria e glória, no método de salvação revelado no evangelho.
Ele lê e ouve sobre a pessoa, sofrimentos e ofícios de Cristo, de uma forma muito diferente do que ele fizera antes, e como que, atendendo à palavra ministrada, suas apreensões de Jesus e de seu entendimento tornam-se mais claros e distintos, uma esperança espiritual acontece e aumenta em sua alma, e os efeitos certeiros disso é que ele se sente seu amor ficar forte por Aquele, que tanto o amou e que morreu por seus pecados. Contemplando, por fé, o Senhor Jesus Cristo, como sangrando e morrendo na cruz, e sabendo para quem, e em que conta, ele sofreu, ele aprende a odiar, com um ódio amargo, esses pecados que o pregaram lá. O amor incrível de Cristo o constrange a considerar todas as coisas que ele antes valorizava, como escória e esterco, para a excelência do conhecimento de seu Salvador.
Nem a sua fé pára por aqui, ele vê aquele que uma vez sofreu e morreu, subindo triunfante do túmulo, e ascendendo ao céu no caráter do representante, amigo, e precursor de seu povo. Tendo tal Sumo Sacerdote , ele é incentivado a permanecer perto de Deus, para reivindicar um interesse nas promessas, em relação à vida que agora existe, e que está por vir. Assim, possuindo, no começos da graça, um penhor da glória que deverá ser revelada, uma verdadeira, universal, mudança ocorre necessariamente nas afeições. Agora, as coisas velhas já passaram; e tudo se fez novo: a alma já não se une voluntariamente ao pó, ou pode ser satisfeita com as coisas terrenas, mas tem sede de comunhão com Deus, e de um aumento de santidade. O pecado não é mais aceito, ou prazeroso, mas se opõe e vigia contra ele, e qualquer desvio da santa vontade de Deus excita o mais sincero pesar e humilhação, e leva à aplicação renovada do sangue e da graça de Jesus para o perdão e força. Assim, a vontade é semelhantemente introduzida numa sujeição incondicional e se rende ao poder de Cristo, e atua voluntariamente em seu serviço, como já fizera antes contra ele.
Para que o que é denominado de liberdade da vontade humana deveria consistir numa indiferença suspensa entre o bem e o mal, é um refinamento, que, no entanto admirado e aplaudido por muitos, é igualmente contrário tanto à razão sadia e à experiência universal. A vontade, em todas as pessoas e casos, é determinada pelos atuais ditames do entendimento, e a inclinação dos afetos.
Por discorrer tanto assim sobre o Espírito de Deus, eu não quero dizer, como você pode perceber pelo que eu deixei agora de dizer, que pretendo excluir sua santa palavra, ou a pregação do evangelho. Todas essas verdades e perspectivas já estão contidas na palavra de Deus, mas sem a luz do Espírito elas não são discernidas. Elas são pregadas a você no culto público. Nós testificamos uma e outra vez as coisas que temos visto e ouvido da palavra da vida; e quando são, em alguma medida afetadas com a evidência, estamos prontos para saber como qualquer um de vocês pode, eventualmente, evitar percebê-las, até que lembremos como éramos e, então, sabemos, por experiência própria, que devemos pregar, e vocês ouvem em vão, a menos que agrade ao Senhor abrir seus corações. Mas, observem,
1. O Espírito de Deus ensina e ilumina por sua palavra como instrumento. Não há revelação a partir dele, senão a que é (assim como a nossa percepção disto) derivada das Escrituras.
Pode-se supor iluminações e fortes impressões sobre a mente, nas quais a palavra de Deus não tem lugar ou preocupação; mas isso por si só é suficiente para desaprová-las, e para provar que não provêm do Espírito Santo. Pois,
2. As Escrituras são a regra nomeada e provada, pela qual todas as nossas pesquisas e descobertas, todas as nossas aquisições no conhecimento religioso, devem ser provadas. Se elas são realmente de Deus, elas estarão sob esta regra, e respondem à palavra face a face como diante de um espelho, mas não o contrário. “À lei e ao testemunho; se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” ( Isaías 8-20 ) Se aqueles que desprezam todas as alegações da influência do Espírito de Deus, com entusiasmo, não têm sido frequentemente informados, e esperamos que, reconheçam, não a revelação interna, mas por meio da palavra de Deus, e em concordância com ela, eles seriam menos inescusáveis em repetir as acusações de loucura e paixão, que ignorantemente são lançadas contra a obra do Espírito, e a todos os que professam a dependência dele.
Para aqueles que são inquiridores da verdade realmente sinceros e santos, o que tem sido dito sobre esta parte do nosso assunto, vai, espero, sugerir a conveniência de duas direções. A partir daí aprender,
1. a estabelecer um valor alto para a palavra de Deus. Tudo o que é necessário para te tornar sábio para a salvação está lá, e neste precioso livro você pode encontrar uma direção para todas as dúvidas, a solução de todas as dificuldades, a promessa adequada para cada circunstância. Poderá ser informado de sua doença pelo pecado, e o remédio fornecido pela graça. Você pode ser instruído a conhecer a si mesmo, para conhecer a Deus e Jesus Cristo, no conhecimento de quem se levanta para a vida eterna. As maravilhas do amor que redime, as glórias da pessoa do Redentor, a felicidade do povo redimido, o poder da fé, e a beleza da santidade, estão aqui de maneira útil e confortável, salvar da morte, e trazer algo do céu à terra.
Mas essa verdadeira sabedoria não pode ser encontrada em qualquer outro lugar. Se você se afastar das Escrituras, em busca tanto de presente paz ou esperança futura, sua procura vai acabar em decepção. Esta é a fonte de águas vivas: se você abandoná-la, e dar preferência às cisternas rotas de sua própria imaginação, elas o abandonarão quando você mais precisar delas. Exulte, portanto, que um tal tesouro é colocado em sua mão, mas se alegre com tremor. Lembre-se que isso não é tudo o que você quer: a menos que Deus lhe dê um coração para usá-lo corretamente, seu privilégio somente agravará a sua culpa e miséria. Portanto lembre-se,
2. da necessidade da oração. Pois, embora as coisas de consequência mais próxima de você na Bíblia, e você deveria lê-la mais e mais, até você conhecer todo o livro de memória, mas você não vai entender, ou discernir a verdade como ela está em Jesus, a menos que o Senhor, o Espírito o revele a você. A dispensação da verdade está na sua mão, e sem ela todas as vantagens imaginárias de superior capacidade, a aprendizagem, a crítica , e os livros, se mostrarão tão inúteis como para o cego. O grande incentivo é que este Espírito infalível, tão necessário para nos guiar pelo caminho da paz, é prometido a todos os que sinceramente o buscarem. Por este Espírito outorgado Jesus é exaltado, e ele disse: “Todo aquele que vier a mim, de maneira alguma o lançarei fora.” Portanto, regue a sua leitura com a oração frequente. Agora passamos aos,

Caracteres das pessoas que têm sucesso em suas inquirições, e têm as coisas relativas à salvação de Deus reveladas a eles, pois eles são,

Chamados de bebês.

1 . Elas são em sua maior parte bebês na estima do mundo. Eles são desprezados pelo sábio e prudente por causa de suas capacidades fracas, pequenas realizações, e sua aparente insignificância na vida comum. Mas o Senhor não negligencia nenhuma deles. Ele não faz acepção de pessoas. Nas bênçãos da sua providência comum, aqueles que estão mais imediatamente à sua própria mão, como o ar e a luz, a saúde e a força, as faculdades da visão e audição etc, ele dá tão livremente, e em tão grande perfeição, assim para os pobres como para os ricos, para os ignorantes quanto para os aprendizes. E assim é com relação à sua graça. Nossa incapacidade é fundada na nossa natureza, e é comum a todos, e não em qualquer nomeada circunstância. Ele está tão pronto para salvar o plebeu quanto o nobre. Muitos dos grandes e sábios ficam ofendidos com isso. Como eles ocupam a terra, estão dispostos a ocupar o céu do mesmo modo, somente para si. Mas o Senhor tem designado de outra forma, e isto tem sido uma reprovação constante do evangelho, pois aquelas poucas pessoas comuns ( marcos 12-37; João 7: 48-49 ) têm pensado que vale a pena ser notado.

2. Eles são bebês em sua própria estima.

Não que alguns sejam mais humildes do que os outros por natureza e, portanto, o Senhor lhes dá uma preferência por conta disso, pois por natureza somos todos iguais, igualmente destituídos do menor bem; mas a expressão nos ensina, que aqueles a quem o Senhor tem o prazer de revelar estas coisas, ele primeiro esvazia e humilha, os retira de toda glória terrena, e os leva a uma dependência dele. O verdadeiro cristãos é frequentemente comparado a um criança pequena, e é fácil de entender esta instrutiva comparação.
1. A criança ou o bebê têm pouco conhecimento, e sua capacidade e poderes são ainda muito débeis. Todos, cujo entendimento tem sido espiritualmente iluminado irão reconhecer a si mesmos crianças a esse respeito. O pouco que sabem lhes convence de sua ignorância.
Eles estão convencidos de que sua visão das coisas é fraca, parcial, confusa; que seus julgamentos são fracos; que se o Senhor não prevenisse isto, eles são muito susceptíveis de serem enganados pela astúcia de Satanás, e pela traição de seus próprios corações. Eles sentem que não têm em si mesmos suficiência de pensar corretamente.
2. A criança é dócil ao ensino. Consciente da sua própria ignorância, eles ouvem tudo sobre elas, e acho que cada um está qualificado para lhes ensinar algo. Entre os homens ninguém é verdadeiramente dócil, mas aqueles que sabem que precisam ser ensinados. O homem natural, se possui algumas vantagens, acha que todos precisam da sua ajuda. O cristão humilde dá esta prova, pela confissão de que sua ignorância é genuína, e que o seu coração, está desejoso de aprender com todos. Ele está pronto para ouvir e tardio para falar, e para abrir mão de suas convicções carnais. Embora ele não vá concordar com cada coisa que ele ouve sem prova ou exame, ele está disposto a receber instrução, e é agradecido àqueles por quem ele é instruído. Ele está com medo de ser enganado, de ceder a preconceitos e, portanto, alegremente melhora todos os meios de informação.
3. A criança é simples e dependente. Ela não tem razão, mas implicitamente recebe o que é dito por seus pais, ou por aqueles a quem ele acha mais sábios do que ele. Tal resignação, de fato, os cristãos se atrevem a fazer de sua compreensão a todos os homens, porém podem estimá-los no principal, pois ele aprendeu com a palavra de Deus, a não colocar sua confiança no homem, mas este é o desejo do coração renovado, no que diz respeito ao ensino da Palavra e do Espírito de Deus. Ele não permite arrazoar ou questionar aqui, nem que ele venha a dizer com Nicodemos: “Como pode ser essas coisas?” É o suficiente para ele que Deus tem dito isto, e é capaz de torná-lo bom. Isto é um temperamento feliz. Desta forma inumeráveis dificuldades que surgem a partir de aparências e sofismas são evitadas, e a mente, pela fé, navega em segurança em todo o imenso oceano de conjecturas e opiniões que os insubordinados à palavra de Deus estão prontos a levantar.
É verdade que há vários graus desta simplicidade, e em quem possui em maior medida, há um remanescente princípio de orgulho e incredulidade, que lhe custa muitas orações e muitos conflitos para serem subjugados. Mas isso, em algum grau, é essencial para o caráter daqueles que são ensinados por Deus, que eles desejam e se esforçam para se submeterem totalmente à sua orientação e vontade, em todas as coisas.
Aqui, então, está um tópico apropriado para o auto-exame. Que cada um pergunte ao seu coração, tenho esta disposição simples, como uma criança?
Se você tem, se for o seu desejo ser ensinado por Deus, se a sua palavra é a sua regra, se você depende do seu Espírito para ensinar-lhe todas as coisas, e para levá-lo como se fosse pela mão, sensato que, a menos que você seja assim conduzido e guiado, você certamente se extraviará; seja grato por isso, aceite-o como um símbolo para o bem. Você nem sempre foi assim; houve um tempo quando você era sábio aos seus próprios olhos, e prudente em sua própria visão. Você tem uma boa razão em esperar que o Senhor, que tem já lhe ensinou a depender dele, vai lhe mostrar tudo o que é necessário para você conhecer.
Porém, se este não for o caso, e se inclinar para o seu próprio entendimento, que surpresa há em que você esteja ainda andando na escuridão e na incerteza? Você vai dizer, li a Bíblia diligentemente; eu não tenho sofrido pequenas dores para examinar as coisas, para ver qual das muitas divisões que existem entre os cristãos possui a verdade, mas eu ainda estou perdido. Certamente, se algumas doutrinas religiosas foram proibidas nas Escrituras, eu deveria tê-las encontrado lá? Eu respondo, sem diminuir sua sagacidade ou sua sinceridade, seu caso é facilmente contestado a partir do versículo que estamos considerando; se suas perguntas não são realizadas em humilde dependência do Espírito de Deus. Também muitas instâncias que poderiam ser produzidas por homens que laboram por anos naquilo que parece um dos mais louváveis empreendimentos, a saber, a explanação das Escrituras para o uso de outros, têm no final estado num grau notável de instabilidade de opiniões em si mesmos, e os únicos frutos visíveis de suas leitura e do esforço empreendido, foram erro, invenção e insatisfação, de modo que seus trabalhos têm sido um exemplo para a primeira parte do nosso texto, uma prova no ponto como as coisas de Deus são muitas vezes escondidas completamente do sábio e do entendido! Que Deus nos abençoe, nos guarde e nos dê a paz, " LEIA A BÍBLIA, A BÍBLIA ELA NOS FORTALECE, NOS CONSOLA, NOS ORIENTA, NOS CONDUZ, E AINDA NOS ANIMA ".

VAMOS ENTENDER O QUE É PARAFILIA; SEGUNDO A PSICANÁLISE?

Nesse artigo vamos examinar para entender o que são as parafilias. Vamos responder uma indagação: ‘As parafilias podem ser curadas?’ Existe um dado inegável de que as parafilias crescem de forma assustadora, na pós-modernidade dos tempos líquidos, muitas delas gerando escândalos e processos penais e precisam de uma abordagem técnica. 

Entendendo as parafilias:

Neste enfoque, (pequeno artigo), vamos examinar um tema que tem reverberado muito e que vem efetivamente mostrando alta incidência social com repercussões e desfechos muitas vezes policiais e penais: as parafilias.

Vamos entender e compreender o que são as parafilias, suas características e peculiaridades; os escândalos públicos e privados envolvendo parafilias; se é possível uma cura ou um plano de tratamento pelo menos alopático ou internação e recolhimento em clínicas dos portadores da condição; as consequências de risco penal e por fim, vamos responder se as parafilias são curáveis.

O tema é instigante e muito polêmico, e ainda, no domínio das pesquisas das ciências P (Psiquiatria, Psicologia e Psicoterapias, onde a Psicanálise se insere) e merece mais taxa de atenção social. Porém, temos que entender o conceito do que são as parafilias, antes de aprofundar uma abordagem mais técnica.

O que são as ‘parafilias’?

Desde a antiguidade já existem relatos sobre as ‘parafilias’. Na Bíblia temos vários cases relatando o travestismo, voyeurismo, zoofilia, exibicionismo, bestialismo com punições graves e até com lapidação (morte por apedrejamento) No mundo contemporâneo atual tem um marco, ano de 1952, quando a APA (Associação de Psiquiatria Americana) através do DSM- 1 (Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais) lançou luzes sobre esse transtorno como condutas sexuais desviantes com distúrbios de personalidade psicopática.

Os estudos foram evoluindo, até que no DSM 5, (2013) foi muito melhor definida a parafilia como um estado de interesse psicossexual intenso e persistente voltado para manifestações de condutas e postura das intersecções humanas e também com animais e objetos (fetiches) atingem o genital ou carícias em terceiros, com ou sem consentimento. São atos deflagrados ‘por homens e mulheres’, com a busca de satisfação de jeitos variados de predileções e fetiches diferentes ao longo da existência. Importante salientar que a parafilia não é postura apenas masculina.

Existem muitas mulheres parafilicas. A condição do transtorno pode ser ocultada ou dissimulada, mas o ato ou o fato parafílico tem incidência e repercussão em ambos os sexos. As parafilias são variações do comportamento sexual que foge ao padrão estabelecido pela sociedade. O termo ‘parafílico’ vem do grego, ‘para’ que significa ‘paralelo a’ e ‘filia’ que significa ‘de apego à’, sendo fantasias e imaginações, bem como atos concretos, ou comportamentos frequentes, intensos e sexualmente estimulantes que envolvem objetos, animais ou pessoas (crianças ou adultos, até idosos) e geram sofrimento ou humilhação de si próprio ou do parceiro marcados por um grau de descontrole com impacto na esfera mental e cognitiva, gerando traumas, e afetando a vida relacional do indivíduo e gerando ainda, risco de dano para terceiros, sendo que em muitos casos acabam em processos penais. Separei alguns tipos de parafilias para que possamos entender melhor. 

Tipos e peculiaridades específicas das parafilias e dos transtornos parafilicos:

Existem vários tipos de ‘parafilias’, quanto a personificação do outro, quanto ao visual ou imagética, quanto ao objeto, muitos ligadas as atos pós-morte, ligados a dor psíquica e fisiológica, anatômicos, olfativos, quanto a fluídos e excrementos, quanto a relação interpessoais e até ligados a furtos e roubos. Podemos citar alguns tipos: bestialismo, necrofilia, assédio sexual e moral, violentação, pedofilia, incesto, exibicionismo, adultério, autossatisfação (sadomasoquismo), travestismo, voyeurismo, fetichismo, asfixiofilia ou hipoxifilia, sadismo, masoquismo que pode ser independentes entre si ou unidos; podofilia (adoração dos pés), não confundir com pedofilia (atos com crianças); mortofilia, cropofilia, zoofilia, edofilia, frotteurismo, narratofilia, Kleptofilia, entre outros tipos e subtipos.

Para o DSM-5/2013, as parafilias atualmente são considerada práticas sexuais atípicas de grau não patológico a menos que os sintomas se traduzam em mal-estar no contato pessoal ou interpessoal ou socio profissional, o que poderá, em tese e a priori, ser denominado de perturbação parafilica, e neste caso, vai ter uma reclassificação de grau patológico, pois estaremos diante do ‘transtorno parafílico’. O DSM-5 resultou de lutas muitos fortes do movimento social que se autoproclama libertário mas que muitos chamam de libertino, e incorporou condição existencial no lugar de doença mental, porém, resistiram os critérios das peculiaridades que não foram abalados.

Até tentaram superar esses critérios das especificidades, mas a literatura e a pesquisa da prática clínica foi vitoriosa, eis que, no conjunto de critérios toda a parafilia que cause sofrimento ou prejuízo aos indivíduos ou animais ou mesmo objetos valiosos, que implique risco de dano pessoal e patrimonial, a parafilia em questão, seja de que tipo for, passa a ser condição de transtorno parafílico merecendo intervenção até com internação. Possuímos vários exemplos, como a pedofilia, pessoa que se aproximam de creches para ganhar confiança de crianças e com elas praticar atos parafílicos, rapto, cárcere privados e tudo mais.

Escândalos públicos e privados envolvendo parafilias:

Outro exemplo clássico, chefes ou diretores de organizações públicas ou privadas, que praticam atos e fatos parafílicos de forma descontroladas. Recentemente tivemos um grande escândalo suspeito de parafila. Não podemos confundir a paquera e flerte com cantadas, que não tem pressão mas que tem o lado lúdico com atos parafílicos que possuem forte pulsão de desejo e pressão psicológica, humilhação e submissão, gerando escândalos e constrangimentos.

É comum no mundo atual, porque a parafilia é algo mundial, que esta em transição da modernidade para pós-modernidade eclodirem escândalos envolvendo parafílicos geralmente em atos de assédio sexual seguido do moral, porque envolve dominação, humilhação e muita pressão psicológica. A vítima é compelida a aceitar os atos e tenta resistir. Algumas reagem se escondendo do autor ou evitando o cerco que se estabelece.

A parafílico não desiste tão fácil de submeter às vítimas usando várias táticas, tirar fotos, roçar, passar mão nas nádegas, dar tapinhas ‘na bundinha’ como eles mesmos referem, alguns mordendo mamilos por cima das roupas, beijando beiradas das mamas das mulheres, ofertando colinho em gabinetes. Alguns instalam câmeras ocultas em banheiros e se masturbam em suas salas de trabalho. Existem casos de furtos de calcinhas e sutiãs em alojamentos femininos para cheirar (parafilia olfativa).

Um transtorno:

Outros usam binóculos para espiar apartamentos e casas, o voyeurismo. O uso de drones espiões por parafílicos vem crescendo. Muitas vezes são descobertos ou denunciados e se transformam em grandes escândalos tanto públicos como privados com desfechos judiciais e indenizações. Além da responsabilização penal. Existem algumas inovações em sentenças judiciais que obrigam os autores a se tratarem para tentar a remissão (cura) da condição numa transação penal de composição de danos. Busca judicial da remissão da condição do transtorno de parafiia.

Muitos autores de atos e fatos envolvendo a prática de vários tipos de parafilia que venha eventualmente de público e são amplamente divulgadas na Mídia, ficam surpresos com desfechos de sentenças inovadoras, em vários países, onde magistrados e acusação ministerial, os Ministérios Públicos e Defensorias, impõem como pena acessória a obrigação natural de se tratarem e buscarem uma possível remissão (ou cura) da condição. Muitos recorrem a uma alopatia (uso de remédios psicofarmacos) e até ficam internados em clínicas por um período, sob supervisão médica, na esperança de se livrarem do estigma e informar o Poder Judiciário da evolução numa transação em troca do fim da pena de prisão.

O portador da condição uma vez preso sem tratamento possível vai continuar na toada se expondo e desencadeando mais casos mesmo entre seus pares presos. O parafílico sem ajuda esta num beco sem saída. Sozinho e sem assistência não tem como sair do labirinto em que esta aprisionado. Não consegue achar a porta de saída. Por isso que tais inovações de composição são bem vistas pelos operadores das ciências  (Psicologia, Psiquiatria, Psicoterapias, onde a Psicanálise encontra-se inserida).

Uma condição singular:

Em muitos cases o transtorno de parafilia não é bem especificado, precisa de pesquisa para o correto achado, o que envolve um bom estoque de tempo dos especialistas que se debruçam sobre cada caso. A parafilia é uma condição bem singular, cada caso é um caso bem peculiar, envolve historicidades e enraizamentos. Existe e é bem real com vários exemplos do risco penal e também do despreparo judicial em lidar com tais condições existenciais.

O Poder Judicial e as esferas policiais, no Brasil, ainda estão muito despreparadas para lidar com as condições existenciais psicopatológicas. Alguns operadores do Direito ficam surpresos porque nunca ouviram falar de muitas parafilias e nem sabem que existem. Algumas defesas e acusações não raro, pedem prazos para estudar a condição eis que desconheciam.

Conclusão:

Face ao que foi exposto, vamos ofertar uma opção de resposta ao questionamento levantado: ‘As parafilias podem ser curadas?’. A questão envolve uma série de complexidades porque o mecanismo de ação e reação dos parafílicos é vinculado a pulsão e desejo, que são forças psíquicas ligadas a evolução psicossexual de cada pessoa dentro de suas circunstâncias e cenários de vida que é chamado de enraizamento existencial. O estudo do enraizamento da pessoa é fundamental. Pesquisadores tentam decifrar a condição existencial que é muito singular.

Impossível uma resposta padrão generalizado bem como na formulação do diagnóstico tem que ser levado em conta que cada caso é um caso bem peculiar com suas especificidades e o achado da causa sempre é difícil. Ainda permanece a atuação sobre os efeitos inclusive com o desfecho penal quando o caso vira processo. O estudo do cérebro e das pontes neurológicas, poderão num futuro possível, revelar alopatias eficazes que ainda não temos.

A alopatia atual poderá no máximo, auxiliar em desarmar cadeias de episódios havendo consciência e força de vontade da pessoa em tentar lutar contra pulsão num processo treinado em clinica de auto monitoramento. Alguns erram o time do momento de agir e dá a recaída. O trabalho terapêutico mais eficiente, mas não eficaz tem sido na esfera cognitiva para o indivíduo ir se monitorando e quando sentir o início da pulsão (start) deflagrando recorrer a uma alopatia preventiva de auxiliar e tentar aguentar o episódio, que alguns chamam do ‘clic da pulsão’ até ser desligada, mas ela voltará porque é cíclica nos portadores da condição.

Uma energia incontrolável:

Evidente que envolve período até de ideação quando a pessoa se reprime muito e tenta aprisionar a pulsão que é uma energia incontrolável. O avanço da ressonância magnética poderá ajudar como já vem ajudando a decifrar o mecanismo em diversas patologias mentais como na esquizofrenia.

Portanto, entendemos que não existe uma cura (remissão) para parafilias e nem alopatia eficaz e que poderá haver o auxílio clínico de treinamento de uma reatividade cognitiva auto-monitorada para minorar a emergência cíclica da condição e segurar e deter a sua eclosão nervosa. Infelizmente, partilham muitos analistas, nada mais do que isso.

Ofertar a esperança de uma cura sem sua efetividade passa a ser um risco para o próprio portador da condição existencial. O indivíduo precisa aprender ir se conhecendo bem como seus gatilhos e ir se auto monitorando. Para muitos portadores, conviver com a parafilia será para vida toda onde a análise com ótimos profissionais será um grande caminho.

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