HEMOGRAMA:
DEFINIÇÃO:
Exame que expressa as condições do sangue periférico de um indivíduo. Importante diagnóstico para alterações hematológicas e sistêmicas. O hemograma é constituído de três partes: eritograma (série vermelha), leucograma (série branca) e plaquetas (série plaquetária).
ERITROGRAMA:
O eritrograma avalia a série eritrocítica e compõe-se da contagem de hemácias, dosagem de hemoglobina, determinação do hematócrito e índices hematimétricos (Volume Corpuscular Médio- VCM, Hemoglobina Corpuscular Média- HCM, Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média- CHCM e Índice de Anisocitose Eritrocitária-RDW).
HEMÁCIAS:
São células pequenas, circulares e sem núcleo. São os mais numerosos tipos celulares no sangue.
HEMOGLOBINA:
É uma substância pigmentada, formada por duas partes: (1) heme, que contém um átomo de ferro que se combina reversivelmente com uma molécula de oxigênio e (2) globina. A principal função da hemoglobina é o transporte de oxigênio e gás carbônico, permitindo as trocas gasosas para o metabolismo orgânico. Ela é útil no diagnóstico de anemia e deve ser o primeiro valor observado.
HEMATRÓCITOS:
Constitui a proporção dos eritrócitos totais no sangue entre o volume de hemácias presentes no plasma. É útil na indicação para transfusão e papa de hemácias.
INDICE HEMATRIMETRICOS:
HCM:
Hemoglobina corpuscular média Conteúdo de hemoglobina em cada hemácia. Fornece a informação do tipo de anemia, se é com pouca hemoglobina (hipocrômica) ou hemoglobina aumentada (hipercromica).
VCM:
Volume corpuscular médio reflete o volume médio das hemácias (tamanho da hemácia) é importante para definir se a anemia é de eritrócitos de pequeno volume ou de grande volume.
CHCM:
Concentração de hemoglobina corpuscular média, concentração de hemoglobina para determinado hematócrito. É expressa em porcentagem.
RDW:
Índice de anisocitose eritrocitária indica o grau de variação no tamanho dos eritrócitos.
LEUCOGRAMA:
LEUCÓCITOS:
São elementos figurados do sangue que estão envolvidos no sistema de defesa do organismo contra doenças e infecções. Alguns leucócitos são capazes de passar através da parede intacta dos vasos, processo denominado diapedese, agindo principalmente no tecido conjuntivo frouxo.
NEUTRÓFILOS OU SEQUIMENTADOS:
São capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde protegem o corpo e fagocitam bactérias e substâncias estranhas ao organismo.
BASTONETES:
Células precursoras do neutrófilo. Em infecções bacterianas agudas pode-se encontrar um desvio a esquerda, ou seja, uma elevação do número de bastonetes.
EOSINÓFILOS:
O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas, e durantes as infestações parasitárias. Os eosinófilos são mais seletivos e atuam no sistema digestório, respiratório e na pele.
BASÓFILOS:
Possuem grânulos relativamente grandes, liberam histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina (previne a coagulação do sangue). Desempenham papel importante nas reações alérgicas e anafiláticas.
LINFÓCITOS:
São o segundo tipo mais abundante de leucócitos (após os neutrófilos), são importantes nas respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos.
MONÓCITOS:
Atuam nos processos inflamatórios restaurando tecidos (são um marcador de cicatrização).
PLAQUETAS:
São fragmentos de células presentes no sangue que é formado na medula óssea. A sua principal função é a formação de coágulos, participando, do processo de coagulação sanguínea. Liberam fatores destinados a aumentar a vasoconstrição e a iniciar a reconstituição da parede vascular.
INDICAÇÃO CLÍNICA:
Avaliação de anemias, neoplasias hematológicas, reações infecciosas e inflamatórias, acompanhamento de terapias medicamentosas, avaliação de distúrbios plaquetários;
Fornece dados para classificação das anemias de acordo com alterações na forma, tamanho, cor e estrutura das hemácias e consequente direcionamento diagnóstico e terapêutico;
Orienta na diferenciação entre infecções viróticas e bacterianas, parasitoses, inflamações, intoxicações e neoplasias através das contagens global e diferencial dos leucócitos e avaliação morfológica dos mesmos;
Através de avaliação quantitativa e morfológica das plaquetas sugere o diagnóstico de patologias congênitas e adquiridas.
PREPARO DO PACIENTE:
Jejum desejável de 4 horas (Atentar para a orientação do laboratório)5.
INTERPRETAÇÃO:
A interpretação clínica dos resultados deverá levar em consideração o motivo da indicação do exame, o estado metabólico do paciente e estratificação do risco para estabelecimento das metas terapêuticas.
VALORES DE REFERÊNCIAS:
Os valores de referência podem variar em função do método e reagente utilizado, portanto, esses valores devem estar claramente citados nos laudos de resultados de exames laboratoriais.
VALORES CRÍTICOS:
Hematócrito < 18% ou > 54%
Hemoglobina < 6,0 g/dL ou > 18,0 g/dL
Leucócitos < 2.500/mm3 ou > 30.000/mm3
Plaquetas < 5.000/mm3 ou > 1.000.000/mm3
ALTERAÇÕES:
2 ) DOSAGEM DO FERRO:
DEFINIÇÃO:
O ferro é um dos componentes presentes na hemoglobina e encontra-se distribuído no organismo em diferentes formas, para captação de oxigênio e nutrição corporal. A determinação do ferro sérico (FS) é usada no diagnostico diferencial para anemias, hemocromatose e hemossiderose. Sinônimo: Ferro sérico.
INDICAÇÃO CLÍNICA:
A dosagem de ferro está indicada na avaliação de normalidade e diagnóstico de alterações como anemias, especialmente naquelas hipocrômicas e microcíticas.
PREPARO DO PACIENTE:
JEJUM DE 8 HORAS
INTERPRETAÇÃO E CONDUTA:
Deve realizar anamnese, abordando aspectos direcionados ao exame de ferro sérico, como antecedentes familiares, hábitos alimentares, uso de álcool, drogas e tabaco, perda de sangue recorrente. Em caso de mulheres, perguntar sobre a data da última menstruação, fluxo menstrual, em seguida realizar o exame físico avaliando o nível de consciência, a função cardíaca e pulmonar, a avaliação da pele, dos membros inferiores e superiores.
VALORES DE REFERÊNCIA:
Recém-nascidos: de 100 A 250 mcg/dL;
Crianças menores de 1 ano: entre 40 a 100 mcg/dL;
Crianças de 1 a 12 anos: entre 50 a 120 mcg/dL;
Adultos - Homens: entre 65 A 175 mcg/dL;
Mulheres: entre 50 A 170 mcg/dL.
VALORES DIMINUÍDOS:
Anemia ferropriva;
Perda de sangue crônica;
Doenças crônicas (p. ex., lúpus, artrite reumatoide, infecções crônicas);
Terceiro trimestre da gravidez e pílulas anticoncepcionais contendo progesterona;
Remissão de anemia perniciosa;
Absorção inadequada de ferro;
Anemia hemolítica (HPN).
VALORES AUMENTADOS:
Anemias hemolíticas, principalmente talassemia, anemia perniciosa em recidiva (anemias não hemolíticas);
Intoxicação aguda por ferro (crianças);
Síndromes de sobrecarga de ferro;
Hemocromatose, sobrecarga de ferro;
Transfusões (múltiplas), ferro intramuscular, tratamento impróprio com ferro;
Hepatite aguda, lesão hepática;
Deficiência de vitamina B6;
Intoxicação por chumbo;
Leucemia aguda;
Nefrite.
OBSERVAÇÕES:
O diagnóstico da deficiência de ferro pode levar ainda a detecção de adenocarcinoma gastrointestinal, um fato extremamente importante. Uma minoria significativa de clientes com anemia megaloblástica (20% a 40%) tem deficiência de ferro concomitante. A anemia megaloblástica pode interferir na interpretação da avaliação do ferro, portanto os exames devem ser repetidos 1 a 3 meses após a reposição de folato ou vitamina B12.
No período pré-menstrual pode elevar os níveis de ferro em 10% a 30% que caem no período da menstruação. Na gravidez há possibilidade de elevação inicial do ferro devido a progesterona e queda do ferro por aumento da sua necessidade. Uso de anticoncepcional oral pode elevar o ferro acima de 200mcg/dL.
Níveis aumentados são encontrados na hemossiderose, hemocromatose, talassemias e na hemólise da amostra.
3 ) GRUPO SANGUÍNEO E FATOR RH:
DEFINIÇÃO:
O sistema ABO são classificações do sangue humano nos quatro tipos existentes: A, B, AB e O. O fator Rh, também chamado de antígeno D, pode ou não estar presente nas membranas das hemácias. Se estiver presente, o paciente é classificado como Rh+. Pacientes Rh+ não têm anticorpos contra o antígeno Rh. Por outro lado, se o paciente não expressar o antígeno Rh nas membranas das hemácias, ele é classificado como Rh-. Pacientes Rh- também não possuem anticorpos contra o antígeno Rh, mas podem vir a desenvolvê-los, caso sejam expostos a sangue Rh+1.
DOENÇA HEMÓLITICA PERINATAL:
(DHPN), também conhecida como eritroblastose fetal caracteriza-se por destruição das hemácias do feto ou recém-nascido (RN) por anticorpos maternos que atravessam a placenta, levando à anemia fetal. É causada por incompatibilidade entre os grupos sanguíneos da mãe e do feto, sendo, na maioria dos casos, responsabilidade dos antígenos eritrocitários dos grupos Rh e ABO. Sinônimos: Rh; Fator de classificação de grupos sanguíneos; Fator Rhesus.
INDICAÇÃO CLÍNICA:
Transfusões, pré-operatórios, transplantes e exame pré-natal.
INTERPRETAÇÃO E CONDUTA:
Deve realizar anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual.
OBSERVAÇÕES:
Todas as gestantes devem ter o grupo ABO e o fator Rh determinados no período pré-gestacional ou na primeira consulta de pré-natal;
Se parceiro Rh negativo, não é necessário acompanhar o Coombs indireto materno;
A determinação do grupo sanguíneo é feita rotineiramente no pré-natal, como parte da investigação da possibilidade de incompatibilidade materno-fetal. Após o nascimento, é feita a determinação rotineira na criança e, em casos com suspeita de incompatibilidade é feito o teste de Coombs direto, para pesquisar a presença de anticorpos ligados às hemácias da criança;
A incompatibilidade sanguínea do Fator Rh materna e do bebê pode ocasionar eritroblastose fetal.
4 ) TESTE DE COOMBS INDIRETO:
DEFINIÇÃO:
A pesquisa de anticorpos irregulares (RAI) é um exame indispensável no contexto da segurança imunológica das transfusões, das gravidezes e da exploração dos estados autoimunitários antieritrocitários. Esta pesquisa tem por meta concluir pela presença ou ausência de anticorpos irregulares séricos. No caso de positividade, é realizada uma identificação da especificidade e a titulação dos anticorpos.
Esse exame deve ser realizado rotineiramente em amostras de gestantes Rh negativo no primeiro trimestre da gravidez. Sinônimos: Coombs indireto; Teste de antiglobulina indireto.
INDICAÇÃO CLÍNICA:
O teste de Coombs indireto detecta a presença de anticorpos anti Rh em indivíduos Rh-, sendo útil na doença hemolítica do recém-nascido e na investigação de anemias hemolíticas autoimunes. É rotineiramente utilizado na triagem pré-transfusional.
INTERPRETAÇÃO E CONDUTA:
Deve realizar anamnese, abordando aspectos epidemiológicos, além dos antecedentes familiares, pessoais, ginecológicos e obstétricos e a situação da gravidez atual.
OBSERVAÇÕES:
O exame de Coombs indireto é positivo nas seguintes situações:
Incompatibilidade do sangue;
Anemia hemolítica autoimune ou induzida por medicamentos;
Doença hemolítica da eritroblastose fetal;
Todas as mulheres com Rh- não sensibilizadas (Coombs indireto negativo) devem receber 300mcg de imunoglobulina anti-D nas primeiras 72 horas, pós o parto de um recém-nascido com Rh+ e Coombs direto negativo.
• Informar se gestante, história de transfusão de sangue ou uso de medicamentos.