quinta-feira, fevereiro 1

COMO É FEITO O TESTE RESPIRATÓRIO DE HIDROGÊNIO NO AR EXPIRADO? VAMOS ENTENDER!

A análise do hidrogênio no ar expirado vem se tornando  uma importante ferramenta para o diagnóstico de algumas condições clínicas que afetam o trato gastrointestinal.

O método se baseia no fato de que carboidratos não  absorvidos no intestino delgado sofrem fermentação  bacteriana no intestino grosso, com produção de hidrogênio, que é absorvido pelo epitélio intestinal, transportado para os pulmões pela corrente sanguínea e exalado  na respiração. A execução do exame, portanto, implica a  coleta da respiração exalada mediante sopros seriados do  paciente em um equipamento de medição de hidrogênio  por sensor eletroquímico.

O teste começa com coleta do sopro em jejum e, depois, em tempos seriados após ingestão de um carboidrato – lactulose para investigação de sobrecrescimento bacteriano no intestino delgado e lactose para investigação  de intolerância a esse açúcar, por um período de três horas.

Para a acurácia dos resultados, os pacientes devem  seguir dieta pobre em alimentos fermentáveis no dia anterior ao exame, bem como a higiene oral e o jejum preconizados, além de procederem a sopros efetivos durante  a coleta.

Vale ponderar que o teste de hidrogênio no ar expirado  fica limitado em indivíduos com microbiota intestinal produtora de metano. Evidentemente, pode haver situações  duvidosas, de modo que cada resultado deve ser interpretado individualmente, à luz da história clínica.

INTOLERÂNCIA À LACTOSE:

A lactose é o principal carboidrato presente no leite de  mamíferos e necessita da enzima lactase para sua digestão. Após os 2 anos de idade, os níveis dessa enzima se reduzem, o que configura um padrão maturacional normal.  Contudo, ocorrem mutações no gene que codifica a lactase em algumas populações, cuja presença leva o organismo a continuar a produzi-la. A não persistência da lactase afeta dois terços da população mundial e acarreta má absorção de lactose, podendo ou não ocasionar sintomas.

A fisiopatologia da condição decorre do fato de que a  lactose não absorvida no intestino delgado vai para o cólon, onde é fermentada por bactérias, com formação de gases H2 , CH4 , CO2 e ácidos graxos de cadeia curta, além de  aumento de água na luz intestinal. Entre as manifestações  clínicas clássicas estão distensão abdominal, flatulência e  diarreia, que, quando presentes, caracterizam a intolerância  à lactose.

Não existe um método diagnóstico padrão-ouro nesse  contexto, mas, por ser seguro e não invasivo, o teste do hidrogênio no ar expirado é hoje considerado o exame de escolha para essa finalidade. A má absorção de lactose é baseada na elevação dos níveis de hidrogênio durante o exame. Já  a presença de sintomas durante o teste indica intolerância à  lactose.

SOBRECRESCIMENTO BACTERIANO NO INTESTINO DELGADO:

Caracterizado por aumento anormal da quantidade de bactérias e/ou alterações qualitativas na população bacteriana do  intestino delgado, o sobrecrescimento bacteriano no intestino  delgado (SBID) é favorecido por anormalidades anatômicas  e de motilidade intestinal, como na neuropatia autonômica  causada pelo diabetes, supressão ácida e imunodeficiências,  além de distúrbios gastrointestinais funcionais, a exemplo da  síndrome do intestino irritável. Causa dor e distensão abdominal, flatulência e diarreia, com possibilidade de provocar  deficiências nutricionais específicas e comprometimento do  estado nutricional.

O padrão-ouro para o diagnóstico de SBID é o estudo da  microbiota no conteúdo jejunal, que, no entanto, tem custo  alto e é invasivo e de difícil execução. Dessa forma, a análise do hidrogênio no ar expirado vem ocupando lugar de  destaque na investigação de suspeita desses casos, como na  síndrome da alça cega, em alterações do trânsito intestinal,  em ressecções gástricas e intestinais e em deficiências nutricionais sem outra causa documentada, como na de vitamina  B12.

DIETA HOLÍSTICA PARA QUEM ESTÁ COM A BEXIGA DOLOROSA E PROSTÁTITE CRÔNICA:

As sensibilidades alimentares são cada vez mais conhecidas, porém, nem sempre são diagnosticadas.

Os  alimentos mais frequentemente envolvidos com alergia alimentar são:ovos, peixes e frutos do mar, soja, amendoim, nozes, castanhas e glúten. O consumo desses alimentos pode desencadear uma reação alérgica no organismo. A bexiga contém células capazes de liberar grandes quantidades de histamina e outras substância inflamatórias causando dor e outros sintomas irritativos.

Alguns estudos sugerem que mais de 90% pessoas conseguem identificar algum tipo de alimento, bebidas ou suplementos alimentares que provocam piora dos sintomas. Para alguns, os sintomas podem piorar até cerca de 4 horas após o consumo desses alimentos.  Sendo assim, a eliminação de alguns alimentos pode trazer benefícios.

Entre os alimentos que devem ser evitados podemos citar o café, bebidas alcoólicas, alimentos temperados. Todos os tipos de temperos industrializados, vinagre e molhos para saladas, são altamente desaconselháveis.

Mas Infelizmente a lista de alimentos potencialmente prejudiciais é ampla e o efeito sobre cada indivíduo é variável. Alguns esquemas de tratamento recomendam afastar todos os alimentos suspeitos durante trinta dias. Se houver melhora dos sintomas, cada alimento pode ser reintroduzidos gradativamente, avaliando-se seu efeito sobre uma possível piora dos sintomas.

O consumo de alimentos ou suplementação moderada com substâncias anti-oxidandes também poderia trazer benefícios. O uso de bicarbonato de sódio nas refeições parece produzir melhora dos sintomas.

O uso glicerofosfato de cálcio tem sido recomendado durante as principais refeições pois, agiria diminuindo a acidez dos alimentos.

ALIMENTOS QUE SÃO PERMITIDOS:

FRUTAS:

Frutas não muito doces ou pequenas quantidades de suco de frutas; escolher entre maças, peras, damasco, cereja, mirtilo, blueberries, pêssegos, framboesa, morango, caqui.  Pode haver uma certa intolerância até que a bexiga esteja recuperada.

VEGETAIS:

VEGETAIS CRUS ASSADOS OU NO VAPOR:

Escolher entre vagens, abobrinha, brócolis, couve-flor, repolho chinês, alcachofra, inhame, batata doce, pepino, aipo, cenoura, alface e outros vegetais e ervas verdes. 

Evite somente os vegetais que parecem problemáticos. Algumas pessoas parecem especialmente sensíveis aos vegetais ricos em oxalato; couve, beterraba, espinafre, ruibarbo.

Muitas pessoas também reagem negativamente aos vegetais da família das solanáceas (batata, tomate, pimentão).

GRÃOS:

Arroz, milheto(milho safrinha), amaranto, trigo sarraceno, arroz selvagem, quinoa e outros grãos, porém em pequenas quantidades. Também podemos tentar pequenas quantidades de pão e massas que não contenham glúten.

PROTEÍNAS:

Salmão, truta, linguado, bacalhau. Os frutos do mar devem ser frescos ou congelados, evitando a liberação de grandes quantidades de histamina.  Perú, frango, carneiro e carne de gado. Evitar carne  de porco e de gado confinado.

CASTANHAS, SEMENTES E ÓLEOS:

Óleo de oliva virgem e extra virgem, óleo de girassol, óleo de gergelim, manteiga de amêndoas e óleo de coco. Nozes, sementes de abóbora, amêndoas, gergelim, tohini (pasta de gerglim). O coco não deve conter açúcar.

BEBIDAS:

Água mineral, leite de arroz, leite de amêndoas e leite de cânhamo. Chás de ervas suaves e bem diluídos. Sucos de frutas e vegetais frescos, escolhidos entre os permitidos. 

TEMPEROS:

Endro, orégano, coentro, alecrim, tomilho, açafrão, sal marinho, algas, gengibre. Se tiver  intolerância ao alho; tente pequenas quantidades. A tolerância à canela também é variável. 

ADOÇANTES:

Xarope de agave e stevia. Algumas pessoas não toleram o aspartame.

O leite com pequena quantidade de  café descafeinado também pode ser adoçado com pequenas quantidades de mel.

ALIMENTOS QUE DEVEM SER EVITADOS:

FRUTAS:

Frutas cítricas. Indivíduos parcialmente curados podem utilizar lima e limão em pequenas quantidades, apenas como tempero. Frutas secas, especialmente aquelas com grande quantidade de dióxido de enxofre, normalmente utilizado para manter a cor. Uvas. Há outras frutas que pioram alguns indivíduos, apesar de derem alcalinas e anti-inflamatórias.

VEGETAIS:

Batata, berinjela, pimentas vermelhas ou verdes, tomates. Evitar esses alimentos pode ser importante se o paciente apresenta artrite ou dores articulares. Os tomates crus parecem ter melhor tolerância do que os cozidos.

GRÃOS:

Grão que contêm glúten, incluindo trigo, cevada, centeio. A aveia pode ser tolerado por alguns.

PROTEÍNA ANIMAL:

Carne de gado confinado e porco. Alimentos processados como bacon, salame, copa, defumados e outros embutidos. Alguns embutidos contêm glúten.

MARISCOS:

Ovos; algumas pessoas podem tolerar os ovos utilizados no preparo de biscoitos, bolos e outros produtos. 

NOZES:

Amendoim e manteiga de amendoim. Evitar outras nozes escuras, descoloradas, ou aquelas com odor rançoso. 

LEGUMES:

Feijão e lentilha, exceto em pequenas quantidades. Aquelas sensíveis aos alimentos ricos em oxalato devem ter cuidado especial.

PRODUTOS DE USO DIÁRIO:

Leite, creme, iogurte, queijo e outros produtos feitos com leite de vaca. Evitar também a manteiga; todas as margarinas e pastas que contêm gordura trans. Evitar também a maioria dos óleos refinados, especialmente os processados com calor.

BEBIDAS:

Bebidas carbonadas; soda; chá preto; álcool; suco de frutas cítricas.

TEMPEROS:

Pimenta Caiena. Páprica, pimenta preta e outras pimentas.

ADOÇANTES:

Açúcar refinado, incluindo o branco e o mascavo. Açúcar de milho. Aspartame, sacarina. 

RECOMENDÇÃO:

Reintroduza cada alimento procurando identificar aqueles que lhe fazem mal mas, sempre evite glúten, açúcar.

terça-feira, janeiro 30

CÂNCER DE LARINGE: DEFINIÇÃO, DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

A laringe é um órgão piramidal composto de cartilagem, músculo e membranas. Ele está localizado na região da garganta, entre a traqueia e a base da língua, e é separado da epiglote, que é uma válvula que se fecha ao engolir e se abre ao respirar para permitir que o ar flua.

A laringe pode ser dividida em três compartimentos diferentes: subglote, glote e supraglótico. As cordas vocais estão localizadas na glote, e as pequenas pregas vibram com a passagem do ar e fazem parte do trato vocal.

Os tumores malignos podem aparecer em qualquer parte da laringe, mas 60% deles ocorrem na glote. O tipo mais comum é o carcinoma de células escamosas, que ocorre principalmente entre as idades de 50 e 70 anos.

Epidemiologia do Câncer de Laringe:

O câncer de laringe é um câncer comum de cabeça e pescoço, com mais homens do que mulheres. A maioria dos pacientes com câncer de laringe tem mais de 60 anos. Fumar é o maior fator de risco e mais de 95% das pessoas afetadas são fumantes. O alcoolismo também aumenta o risco. O número de pessoas que sofrem de câncer de laringe está diminuindo, o que provavelmente se deve às mudanças nos hábitos de fumar.

O câncer de cordas vocais geralmente causa sintomas mais cedo, se espalha menos e tem uma taxa de cura mais alta do que os cânceres em outras partes da garganta.

Quadro clínico do Câncer de Laringe:

O câncer de laringe costuma ter sua origem nas cordas vocais e causa rouquidão rapidamente. Se uma pessoa estiver rouca por mais de 2 a 3 semanas, deve procurar atendimento com profisional de saúde urgente. 

Os cânceres que têm origem em outras partes da laringe se desenvolvem mais lentamente primeiro causam outros sintomas que não rouquidão, tais como:

Perda de peso
Dor de garganta
Dor de ouvido
Voz de “ovo na boca” (falando como se estivesse com um ovo quente na boca)
Dificuldade para engolir ou respirar.

Diagnóstico do Câncer da Laringe:

Laringoscopia;
Biópsia;

Exames de imagem para estadiamento:

Para diagnosticar um câncer laríngeo, o médico inicialmente examina a laringe através de um tubo de visualização fino e flexível, utilizado para a visualização direta da laringe (laringoscópio) e colhe uma amostra de tecido para ser examinada ao microscópio (biópsia). Com bastante frequência, é realizada uma biópsia na sala de cirurgia, com o paciente sob anestesia geral . Em caso da presença de câncer, a pessoa também passar por testes de estadiamento para determinar o quanto o câncer se propagou, incluindo:

Radiografia do tórax;

Tomografia computadorizada (TC) do pescoço ou tórax;
Tomografia por emissão de pósitrons (PET).
Prognóstico do Câncer de Laringe
Quanto maior o câncer de laringe, mais ampla é a distribuição e pior é o prognóstico. Se o tumor também invadir músculos, ossos ou cartilagens, é menos provável que seja curado. 

Aproximadamente 85% a 95% dos pacientes com câncer não disseminado (metástase) de pequenas cordas vocais sobrevivem por 5 anos, enquanto menos de 45% dos pacientes com câncer de laringe se espalham para os linfonodos locais. Para pacientes com câncer que se espalharam para além dos nódulos linfáticos locais, a chance de sobreviver por mais de 5 anos é de cerca de 30%.

Tratamento do Câncer de Laringe:

O tratamento do câncer de laringe leva em consideração o estágio da doença e conta com os seguintes recursos: quimioterapia, radioterapia e cirurgia. Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior será a taxa de cura, e a taxa de cura inicial pode chegar a mais de 90%.

A remoção cirúrgica da laringe (laringectomia total) só é adequada para casos avançados que não respondem a outras formas de tratamento, pois envolve afonia e colocação de traqueotomia definitiva. Porém, mesmo nesses casos, uma prótese vocal traqueoesofágica pode ser utilizada para restaurar a voz do paciente, que transfere parte do ar da traquéia para o esôfago ou laringe eletrônica, chamada de voz robótica monotônica.

segunda-feira, janeiro 29

CÂNCER DE PULMÃO: PREVENÇÃO, SINTOMAS DIAGNÓSTICO

No fim do século XX, o câncer de pulmão se tornou uma das principais causas de morte. 

PREVENÇÃO:

O consumo de derivados do tabaco está na origem de 90% dos casos de câncer de pulmão, independentemente do tipo.

Não fumar é o primeiro cuidado para prevenir o câncer de pulmão, esta ação permite a redução do número de casos (incidência) e de mortalidade.

Comparados com os não fumantes, os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes mais riscos de desenvolver câncer de pulmão. Em geral, as taxas de incidência em um determinado país, refletem seu consumo de cigarros.

Manter alto o consumo de frutas e verduras é recomendado. Deve-se evitar, ainda, a exposição a certos agentes químicos (como o arsênico, asbesto, berílio, cromo, radônio, urânio, níquel, cádmio, cloreto de vinila e éter de clorometil), encontrados principalmente no ambiente ocupacional.

Exposição à poluição do ar, infecções pulmonares de repetição, deficiência e excesso de vitamina A, doença pulmonar obstrutiva crônica (enfisema pulmonar e bronquite crônica), fatores genéticos (que predispõem à ação carcinogênica de compostos inorgânicos de asbesto e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos) e história familiar de câncer de pulmão favorecem o desenvolvimento desse tipo de câncer.

SINTOMAS:

Os sintomas mais comuns do câncer de pulmão são:

Tosse;
Dor no peito;
Rouquidão;
Perda de apetite;
Falta de ar;
Fadiga;
Tosse com expectoração; contendo sangue;
Infecções;
 
Infelizmente, no câncer de pulmão a maioria dos sintomas aparecem nas fases mais avançadas da doença.

Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e aparecem crises em horários incomuns para o paciente. Pneumonia de repetição pode, também, ser a manifestação inicial da doença.

DIAGNÓSTICO:

A maneira mais fácil de diagnosticar o câncer de pulmão é através de raio-X do tórax, complementado por tomografia computadorizada. A broncoscopia (endoscopia respiratória) deve ser realizada para avaliar a árvore traquebrônquica e, eventualmente, permitir a biópsia. É fundamental obter um diagnóstico certeiro, seja pela citologia ou patologia.

Uma vez obtida a confirmação da doença, é feito o estadiamento, que avalia o estádio de evolução, ou seja, verifica se a doença está restrita ao pulmão ou disseminada por outros órgãos. O estadiamento é feito através de vários exames de sangue e radiológicos, como dosagens enzimáticas, tomografias e PET Scan/CT.

Do ponto de vista anatomo-patológico, o câncer de pulmão é classificado em dois tipos principais: pequenas células e não-pequenas células (85%). O tumor de não-pequenas células corresponde a um grupo heterogêneo composto de três tipos histológicos principais e distintos: carcinoma epidermóide, adenocarcinoma e carcinoma de grandes células.

A expressão tumor oat cell , que corresponde aos tumores do grupo de pequenas células, ganhou importância na linguagem médica por ser um subtipo especial de câncer pulmonar. As principais características são: rápido crescimento, grande capacidade de disseminação e invasão cerebral frequente.

domingo, janeiro 28

FISIOPATOLOGIA SINTOMAS E TRATAMENTO DO CÂNCER DE TIREÓIDE:

A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, responsável pela produção dos hormônios triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), os quais estão envolvidos com diversos processos relacionados, principalmente, ao metabolismo do organismo. O carcinoma de tireoide classifica-se em subtipos, levando-se em consideração as características histológicas que ele apresenta, bem como o curso clínico da doença. Dentre os vários tipos de neoplasias malignas que podem acometer a glândula, o câncer papilífero se apresenta como o subtipo mais comum.

No carcinoma papilar, as alterações genéticas ocorridas em células foliculares, por exemplo, caracterizam um cenário ideal para a multiplicação celular descontrolada e a instauração do processo cancerígeno. Dentre as mutações envolvidas no surgimento do câncer de tireoide, as ocorridas no gene responsável pelos receptores de tirosina-quinase e no gene BRAF da via da MAPK (MAP quinase), figuram entre as principais quando se trata do carcinoma papilar.

O segundo subtipo mais comum de câncer de tireoide é o carcinoma folicular, e a sua gênese está relacionada a mutações pontuais no gene RAS e na via de sinalização da fosfatidilinositol 3-quinase (PI3K/AKT). Além disso, mutação no gene supressor de tumor PTEN, pode levar a sua inativação e o desencadeamento do câncer. Já o terceiro e menos comum subtipo de câncer de tireoide é o carcinoma medular, o qual está relacionado as alterações ocorridas nas células parafoliculares da glândula.

EPIDEMIOLOGIA:

Dentre os cânceres de cabeça e pescoço, o carcinoma de tireoide é o mais comum no Brasil. Além disso, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) dos 500000 casos de câncer estimados para o ano de 2016, 6960 deles seriam de tireoide. Levando-se em consideração o sexo do paciente, as mulheres são mais afetadas do que os homens, e no país a região com maior incidência de carcinoma de tireoide é o Sul.

FATORES DE RISCO:

O maior fator de risco para o surgimento do câncer de tireoide é a exposição à radiação ionizante, principalmente, durantes as duas primeiras décadas de vida. A deficiência de iodo na alimentação pode contribuir para o desencadeamento do carcinoma folicular.

QUADRO CLÍNICO:

Em geral, o carcinoma papilar se apresenta como um nódulo assintomático, podendo também ser identificado a presença de massa em um ou mais linfonodos da região cervical, o que indica um possível processo de metástase. Ademais, em sua grande maioria os nódulos se apresentam de forma isolada e se movimentam livremente com a tireoide, o que dificulta a sua diferenciação com um nódulo benigno durante o exame físico. Porém, com o avançar da doença alguns problemas podem surgir, tais como a rouquidão, tosse e dispneia. Já os pacientes acometidos pelo carcinoma folicular apresentam um nódulo indolor e de crescimento lento. Assim como o carcinoma papilar, o carcinoma medular caracteriza-se por uma massa no pescoço, a qual pode estar associada a rouquidão ou disfagia. Além disso, dentre os sintomas iniciais associados ao carcinoma medular, pode-se citar quadros de diarreia decorrentes da produção do hormônio peptídeo vasoativo intestinal (VIP), o qual pode ser secretado pelas células tumorais.

DIAGNÓSTICO:

Durante o exame físico, a percepção de tireoide com pouca mobilidade e nódulo com aspecto endurecido pode apontar indício de malignidade. Além disso, a presença de linfonodomegalia na região cervical, associada ao quadro anteriormente descrito, levanta indícios de metástase.

A pulsão aspirativa por agulha fina (PAAF) é utilizada como método diagnóstico para o carcinoma papilífero e o folicular, podendo-se identificar inclusões e até calcificações nas papilas no primeiro e infiltração da cápsula que envolve os folículos no segundo. Durante a realização da PAAF, a agulha deve ser direcionada para a parte sólida do nódulo. Além disso, através da Ultrassonografia (USG) da região cervical no carcinoma papilar, pode-se identificar focos de metástase. No carcinoma medular, além da realização da PAAF, a dosagem de calcitonina também pode auxiliar no diagnóstico.

ESTADIAMENTO:

O estadiamento da American Joint Committee on Cancer (AJJC) 8ª edição (2017) é recomendado para os carcinomas diferenciados de tireoide, tais como o carcinoma papilar, o folicular e o medular. Por meio dele, em associação com a classificação TNM – T: tamanho do tumor primário; N: o número e onde estão localizados os linfonodos metastáticos; M: a presença ou não de metástase à distância, pode-se, levando-se em consideração a idade do paciente, predizer o risco de mortalidade e o tratamento a ser adotado.

TRATAMENTO:

Pacientes que apresentam carcinoma papilar unifocal, sob a forma de microcarcinomas, sem disseminação linfonodal, indica-se a realização de uma lobectomia – retirada do lobo da tireoide onde está instalado o processo cancerígeno.

Para carcinoma folicular altamente invasivo, carcinoma papilar maior que 1 cm ou de qualquer tamanho que seja invasivo ou que já esteja em processo de metástase, recomenda-se a Tireoidectomia total (TT), onde se faz a retirada completa da glândula. Após a TT, o paciente deve fazer uso de levotiroxina (LT4), uma vez que a sua administração irá suprimir o TSH produzido pela adenohipófise, uma que ele pode estimular o crescimento de células neoplásicas remanescentes.

EM CASO DE CARCINOMA MEDULAR RECOMENDA-SE A TT:

Em pacientes com diagnostico de disseminação linfonodal ou com tumores maiores que 4 cm, realiza-se a linfadenectomia, que consiste na retirada de um ou mais linfonodos que estejam envolvidos na drenagem do tumor.

Na tireoide em que foi retirado um tumor ou na qual não é possível fazer a retirada do nódulo, pode-se lançar mão da Radioiodoterapia, a qual consiste na administração de iodo radioativo (I-131) na glândula.

sábado, janeiro 27

FISIOPATOLOGIA DO CÂNCER DE PRÓSTATA: SINTOMAS E TRATAMENTO

O câncer da próstata é a malignidade não cutânea mais comum nos homens. O câncer de próstata é a única doença histológica cuja acentuada heterogeneidade clínica varia desde uma doença indolente, clinicamente irrelevante, até um fenótipo agressivo, rapidamente fatal. A incidência de câncer de próstata clinicamente diagnosticado reflete os efeitos do rastreamento usando a dosagem do teste do antígeno prostático específico (PSA).

FISIOLOPATOLOGIA:

A testosterona é necessária para a manutenção de um epitélio prostático normal e sadio, mas é também um pré-requisito para o desenvolvimento de câncer de próstata. Os cânceres de próstata expressam níveis altos de receptores androgênicos, e a sinalização através do receptor androgênico resulta em crescimento, progressão e invasão pelo câncer de próstata. A inibição da sinalização, pela redução cirúrgica ou farmacológica das concentrações de testosterona, resulta em apoptose e involução do câncer de próstata. Os eventos biológicos que cercam o desenvolvimento clínico do câncer de próstata androgênio-resistente não estão bem descritos, mas a amplificação do receptor androgênico, que é um evento comum nesses pacientes, presumivelmente torna o câncer sensível a concentrações diminutas de androgênio ou outros ligantes do receptor androgênico. A identificação das variantes de encaixe de receptores de androgênio que são constitutivamente ativas e independentes de ligantes as mantém como um mecanismo potencial pela qual a verdadeira resistência ao hormônio se desenvolve.

PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA:

Atualmente, muitas organizações recomendam o rastreamento com PSA, mas o U.S. Preventive Services Task Force recomenda o rastreamento para homens com mais de 70 anos e não é nem a favor nem contra o rastreamento em homens mais jovens. De dois grandes estudos randomizados de rastreamento utilizando os níveis de PSA, um relatou uma redução na mortalidade específica por câncer de próstata, mas não foi encontrada uma redução global da mortalidade.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICA:

A maioria dos pacientes com doença no estágio inicial, restrita ao órgão, é assintomática. 

SINTOMAS MICCIONAIS OBSTRUTIVO:

Hesitação Fluxo urinário intermitente  
Perda de força do fluxo;
Os tumores localmente avançados também podem resultar em hematúria e hematospermia. 

O câncer de próstata com disseminação para os linfonodos pélvicos ocasionalmente causa edema dos membros inferiores ou desconforto nas áreas pélvicas e perineais. 

DIAGNÓSTICO:

Mais de 60% dos pacientes portadores de câncer de próstata são assintomáticos, e o diagnóstico só é estabelecido devido a um alto nível de PSA nos testes de rastreamento.

Embora o toque retal apresente baixas sensibilidade e especificidade para diagnosticar o câncer prostático, a biópsia de um nódulo ou de uma área de enduração revela um câncer em torno de 50% das vezes, sugerindo que a biópsia de próstata deve ser realizada em todos os homens com nódulos palpáveis.

O nível do PSA apresenta uma sensibilidade bem melhor, mas uma baixa especificidade porque patologias benignas como hipertrofia prostática benigna e prostatite podem causar níveis falso-positivos do PSA sérico.

A cintilografia óssea só deve ser feita nos pacientes com níveis de PSA superiores a 10 ng/mL, e a tomografia computadorizada (TC) abdominal e pélvica ou a ressonância nuclear magnética geralmente não são bons métodos para pacientes com níveis de PSA inferiores a 20 ng/mL.

Mais de 95% dos tumores da próstata são adenocarcinomas, e é frequente haver lesões multifocais.

ADENOCARCINOMA PROSTÁTICA:

O adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens. O câncer de próstata está junto ao câncer colorretal em termos de mortalidade por câncer.

Os carcinomas da próstata surgem mais comumente na glândula periférica externa e podem ser palpáveis pelo toque retal.

Microscopicamente, eles são adenocarcinomas com diferenciação variável. As glândulas neoplásicas são revestidas por uma única camada de células.

A gradação do adenocarcinoma de próstata pelo sistema Gleason correlaciona com o estágio patológico e prognóstico.

ESTADIAMENTO ESTÁGIO T1:

É o câncer de próstata não palpável detectado apenas em exame patológico, observado por acaso após a ressecção transuretral de hipertrofia benigna (T1a e T1b) ou em uma amostra de biópsia obtida graças a um nível elevado de PSA (T1c, a fase clínica mais comum no momento do diagnóstico). 

ESTÁGIO T2:

É um tumor palpável que parece estar restrito à glândula prostática (T2a se envolver um único lobo, T2b se envolver dois lobos). 

ESTÁGIO T3:

Se o tumor apresentar extensão além da cápsula prostática (T3a se for focal, T3b se houver comprometimento das vesículas seminais). 

ESTÁGIO T4:

São aqueles com invasão das estruturas adjacentes, como o colo da bexiga, o esfíncter urinário externo, o reto, os músculos elevadores ou as paredes pélvicas laterais.

METÁSTASES NODAIS:

Podem ser microscópicas e detectáveis apenas por biópsia ou linfadenectomia, ou podem ser visíveis em estudos de imagem. As metástases à distância ocorrem predominantemente para os ossos, mas, ocasionalmente, pode haver metástases viscerais.

TRATAMENTO:

O câncer da próstata é tratado por cirurgia, radioterapia e manipulações hormonais. Mais de 90% dos pacientes que recebem essas terapias podem esperar viver por mais de 15 anos. Atualmente, o tratamento mais comum para câncer de próstata clinicamente localizado é a prostatectomia radical. O prognóstico após a prostatectomia radical é baseado no estágio patológico.

sexta-feira, janeiro 26

COMO O CÂNCER AFETA A QUALIDADE DO SONO:

A falta de sono é capaz de comprometer seriamente nossa saúde. Dormir bem fortalece nosso sistema imunológico e nos ajuda na prevenção de várias doenças, entre elas o câncer. Só que a conexão entre os dois não se resume a uma questão de defesa do nosso organismo. Sono e câncer tem uma relação que pode seguir por uma vida inteira.

Neste artigo vamos entender quais os principais pontos dessa influência mútua. É importante destacar que a ciência segue estudando essa relação. Mas conhecer o que já se sabe sobre ela é necessário para cuidarmos cada vez melhor da nossa saúde.  

Qualidade do sono e câncer:

Não ter um horário regular para dormir ou acordar todos os dias, dormir rápido demais ou levar muito tempo para dormir ou ainda sofrer de algum distúrbio do sono que impeça uma noite de descanso de qualidade. Todas essas situações prejudicam a qualidade do sono! Quando não melhoramos o que está atrapalhando nossas noites, corremos o risco de desenvolver câncer.

E não existe quem escape das consequências de um sono ruim. Homens e mulheres podem ser prejudicados. Se elas dormem mal, aumentam o risco de desenvolver câncer de mama. Se eles dormem mal, aumentam o risco de desenvolver câncer de próstata.

Na China, uma análise de mais de 415 mil casos de câncer de mama encontrou correlação entre a duração do sono e o desenvolvimento de tumores na mama. Acontece que quanto mais a mulher dormia, mais cresciam as chances de um tumor surgir. O que mostra a necessidade do cuidado com as horas de sono.

Em Taiwan, uma investigação foi feita com o histórico médico de mais de 80 mil homens. O objetivo era ver a relação entre sono e câncer de próstata. E os cientistas encontraram. De cada 10 mil homens, 9,6 tinham algum distúrbio do sono e foram diagnosticados com câncer de próstata nos anos seguintes. Quando eles não tinham distúrbios, a taxa de diagnóstico caiu para 6,4 por 10 mil.

Como o câncer afeta a qualidade do sono:

Dormir bem ajuda a prevenir, mas no caso de pessoas que já realizam tratamento, a relação entre sono e câncer se dá de outra forma. A doença pode atrapalhar a hora do descanso. As pessoas podem sentir ou ter: 

Dores ou desconfortos 
Problemas gastrointestinais ou urinários;
Estresse, ansiedade e depressão
Infecção e febre;
Tosse ou dificuldade em respirar;
Ondas de calor e suores noturnos;
Efeitos colaterais de medicamentos;
Além disso, o horário de sono pode ser interrompido como resultado da fadiga diurna e cochilos. O tratamento ou o câncer em si podem também induzir sintomas de distúrbios do sono. É importante sempre conversar com um profissional de saúde para saber como lidar com essas questões de uma forma que o sono não seja tão prejudicado.

Alterações no ciclo circadiano e o câncer:

O ciclo circadiano é o nosso famoso “relógio biológico”. Ele é o responsável por regular uma série de funções que acontecem no nosso organismo em um período de 24 horas, entre elas o sono. Quando não respeitamos este ciclo, estamos causando uma alteração que é capaz de prejudicar a saúde.

E como acontece uma disrupção do ciclo circadiano? Quando, por exemplo, ficamos:

Expostos à luz depois que o dia anoitece;
Mudamos constantemente de fuso horário, o que causa jet lag ;
Trabalhamos trocando de turnos; 
Temos problemas com o sono. 
Assim que o sol se põe, o cérebro entende que é hora de começar a produzir melatonina, o hormônio do sono. Na sociedade moderna, nós acabamos atrapalhando esse ciclo natural ao nos expor às telas. É por este motivo que é recomendável não mexer no celular antes de dormir.

Acontece que as disrupções no ciclo circadiano podem levar as pessoas a desenvolverem câncer. Entre os tipos de tumores que podem surgir por conta dessa alteração estão os de mama, cólon, ovário, próstata, fígado, pâncreas e pulmão.

Pessoas que trabalham mudando de turno podem ser as mais propensas a desenvolver a doença.

Como melhorar o sono?

Em relação ao sono, o que podemos fazer para evitar o câncer é dormir bem. Se você não consegue descansar a noite, procure um profissional de saúde Ele vai descobrir se você está enfrentando algum distúrbio do sono e indicará o tratamento adequado. 

Procure praticar também uma rotina de higiene do sono. Evite usar o celular antes de dormir, se alimente bem, pratique exercícios, tome um banho morno antes de ir para a cama, não beba café antes de dormir.  

Não tome medicamentos para dormir sem orientação de um  profissional de saúde.

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